Demorou mas, finalmente, a Volkswagen entra no território das picapes médias com pretensões ambiciosas: voltar a ocupar o primeiro lugar nas vendas mundiais nos próximos 5 anos. É claro que, sozinha, a Amarok, que vai competir por aqui principalmente com a Toyota Hilux e abocanhar vendas da Nissan Frontier e Mitsubishi L200 Triton, que têm preços próximos, não será a única arma usada para chegar novamente ao topo, mas, certamente dará uma boa mãozinha. De quebra, a nova picape vai dar à Volkswagen a experiência que faltava no segmento que vem crescendo em países emergentes e muito importante nos Estados Unidos. O propósito é entender o mundo das picapes para, aí sim, avançar sobre o espinhoso mercado norte-americano, onde um erro poderia colocar os planos em risco. Por isso, a Amarok será comercializada em 50 países da Europa, África, Ásia e América do Sul. Mas não na terra de Barak Obama. Das linhas instaladas na cidade argentina de Pacheco, na grande Buenos Aires, sairão neste primeiro ano 90 mil unidades do modelo, sendo 10 mil delas destinadas ao Brasil, onde chega às lojas em abril. Em 2011, a ideia é montar 120 mil veículos, com 15 mil destinados às cerca de 60% das concessionárias brasileiras – ou cerca de 350 delas. Os números de produção são um tanto modestos para quem deseja desbancar Toyota, Nissan e GM, empresas que vendem alguns milhões de veículos por ano do topo do ranking de marcas. Mais que gerar grandes volumes de venda, a função da Amarok é mesmo servir de iniciação para a marca.
Inovação Mesmo na condição de estreante, a Volkswagen decidiu aplicar na Amarok conceitos pouco usuais para uma picape média. A proposta de fazer um utilitário que tenha a maneabilidade e conforto de um carro de passeio não é nova, mas aparentemente a marca alemã levou mais a sério. E esse conceito é ainda mais acentuado na configuração destinada ao Brasil. Trata-se da versão Highline, a mais luxuosa delas. Ela vem sempre com interior em couro, rodas aro 18 e pneus 255/60, CD changer com tela de 7 polegadas touch screen no console central e ar-condicionado automático dual zone. O habitáculo também segue esta lógica e traz o design e o acabamento típico dos carros de passeios da marca, com detalhes como apoio de braço central, porta-óculos, gaveta sob o banco do motorista, espelho interno iluminado e vários porta-objetos. Até mesmo o motor TDI 2.0 biturbo a diesel é originário de automóveis “normais”, como Passat ou Golf. Ele tem 163 cv, 40,8 kgfm de torque e um comportamento extremamente suave e macio. Junto com ele, a Amarok traz boas doses de tecnologia embarcada, principalmente no que se refere a dirigibilidade e estabilidade. Tem ABS com distribuidor de frenagem que atua individualmente em cada roda, controle de tração e airbag duplo. Um dos dois únicos opcionais é o programa eletrônico de estabilidade, ESP, que é de série na versão europeia – o outro é rodas aro 19. As rodas até enfeitam o carro, mas não ajudam em meio a uma trilha. Já o ESP inclui um sistema de assistência em rampas, que retarda a liberação do freio em 3 segundos nas subidas com inclinação superior a 3º e limita a velocidade a 30 km/h e aciona a reduzida em descidas com inclinação maior que 9º. Bem equipada Mesmo de série, a Volkswagen dotou a Amarok de alguns recursos bastante úteis para o off-road. Caso do ABS off-road, uma configuração que permite curtos travamentos da roda – o que reduz a distância de frenagem em terra. E, é claro, o sistema de tração com acionamento do 4X4 e da reduzida e do bloqueio manual do diferencial traseiro por meio de botões no console central. A Amarok tem uma configuração – diesel, com tração 4X4, cabine dupla – que responde aproximadamente por metade do mercado, que foi de quase 110 mil picapes médias em 2009 no Brasil. Mas a montadora alemã planeja lançar ainda versões apenas com tração 4X2, com tração permanente e também com cabine simples até o final de 2011. Como o modelo só chega em abril no Brasil – na Europa desembarca em março –, a Volkswagen preferiu não divulgar o preço. Só admite que vai rivalizar com os modelos japoneses como Toyota Hilux, Nissan Frontier e Mitsubishi L200 Triton, os mais modernos e luxuosos do mercado brasileiro. O que permite prever que o preço da Amarok vai oscilar entre os R$ 110 mil e os R$ 120 mil das rivais.