Cidades

Entrevista Andréa Lindenberg, Carlos Coimbra

Ampliação e novos equipamentos já transformam o Hospital Universitário

Os entrevistados da semana mostram como novos equipamentos de tomografia e radioterapia, além de ampliação física, devem mudar a rotina do hospital, que busca maior eficiência

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As greves que comprometiam o atendimento do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap) são coisa do passado: não ocorrem há mais de 10 anos, desde que a instituição ficou sob a administração da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), em 2013. A superintendente da unidade, Andréa de Siqueira Campos Lindenberg, e o gerente administrativo, Carlos Alberto Moraes Coimbra, reconhecem os avanços que a empresa que gerencia os recursos humanos trouxeram para a gestão hospitalar. 

Os resultados já começam a aparecer, dentro das possibilidades dos investimentos federais – novos equipamentos, como os de radioterapia e tomografia, reformas no centro cirúrgico e na clínica médica e outras melhorias – em um hospital que ainda é integrado à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), mas que não teve grandes reformas em seus 48 anos de história. 

Atualmente, o Humap tenta sair do grande gargalo que é a regulação de urgências e emergências do município, para ajustar o foco na eficiência desses atendimentos. Para pôr fim ao problema da superlotação dos hospitais, Andréa e Carlos Alberto não têm dúvidas quanto ao caminho: prioridade da atenção básica de saúde.
 
Há quanto tempo vocês atuam na direção do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian?

Andréa: Eu estou há quase seis anos na diretoria do hospital. Permaneci por cinco anos como gerente de Atenção à Saúde, o que já era um cargo de direção. São três gerências dentro do hospital: o superintendente era o professor Cláudio Silva, e eu era praticamente a substituta imediata dele na gestão. Em janeiro deste ano, eu fui publicada como superintendente do hospital, e o Cláudio voltou à função de docente na universidade. 

Carlos: Eu também entrei com o mesmo grupo, há cinco anos. Só que eu fiquei só 42 dias na gerência administrativa, e aí saí porque o ex-governador Reinaldo Azambuja me convidou para ser secretário de Estado de Saúde, cargo em que permaneci por pouco mais de um ano. Depois, trabalhei por um período com a ex-deputada Rose Modesto e, há três anos e meio, retornei para a gerência administrativa. 

Como foi a transição da administração da reitoria para a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares?

A: Até 2013, os hospitais eram administrados, sob supervisão da universidade, por médicos e professores, cargos que não eram tecnicamente especializados para a gestão. Então, com a entrada da Ebserh, o que a gente percebeu é que houve um avanço com os recursos humanos. Eles são mais capacitados, mais especializados. O concurso público nos proporciona isso, deu uma peneirada e trouxe uma solidificação no sentido de mais planejamento.

C: O hospital ganhou muito. Quando a Ebserh foi constituída, em 2013, poucos hospitais universitários aderiram. Na época era uma guerra para fazer a adesão. Hoje, existem já 41 hospitais administrados pela rede, e a gente teve a informação na semana passada, quando estivemos em Brasília, que a existe uma fila de pedido de entrada na rede de 25 hospitais. Por ser uma empresa pública, hoje as contratações são por CLT, e isso proporciona uma flexibilidade, pois a contratação, que é por meio de concurso, não tem uma gestão tão engessada quanto a estatutária.

Como está o hospital hoje?

C: Com a entrada da Ebserh, a gente tem ganhos com a descentralização dos recursos para investimento do hospital, que tem 48 anos. Foi um hospital que ficou muito tempo sem investimento em infraestrutura física. Desde que a gente assumiu, a gente tem recebido o apoio da Ebserh no sentido de reequipar o hospital. Claro, dentro do orçamento do hospital. Mas, por exemplo, e já estava conversando isso com a Andréa: estamos trocando nosso tomógrafo, instalando um tomógrafo de 64 canais. A gente conseguiu, no projeto de expansão do governo federal, um equipamento de radioterapia novo e a construção do bunker. Hoje nós já temos uma radioterapia em funcionamento. O nosso ambulatório, que é o nosso segundo maior espaço físico e também um espaço grande e antigo, está sendo reformado, e não só a parte de hidráulica, mas também elétrica e o ar-condicionado. Inclusive, é uma obra que está em execução. 

Mais alguma obra?

C: Já temos garantido garantido no PAC, que é o Programa de Aceleração do Crescimento do governo federal, a reforma de nosso centro cirúrgico, que também é antigo. É um projeto que apenas o investimento em obra física é de R$ 12 milhões. Há ainda a troca do equipamento de hemodinâmica e toda a área dele, a reforma da área de atendimento e da radioterapia. Também estivemos em Brasília e pedimos uma emenda de bancada, de R$ 15 milhões a R$ 20 milhões, para adquirirmos um novo equipamento de ressonância magnética. 
 
Vocês falaram em upgrade do sistema de radioterapia, como este avanço poderá melhorar o atendimento em Campo Grande?

C: Aqui, em Campo Grande, tem quatro equipamentos de radioterapia em funcionamento, um no ITC [Instituto de Tratamento do Câncer], que é particular, um na Radius, que também é particular, um no Humap e um no Hospital do Câncer Alfredo Abrão. E daqui a um ano e meio, teremos a instalação de um novo aparelho no Hospital Regional.

A: Acredito que em 45 meses nosso upgrade estará concluído, e, aí, a gente conseguirá reduzir as seções de radioterapia aumentando o número de pacientes atendidos, porque com um aparelho mais moderno são necessárias menos sessões. 

Qual é a especialidade do Hospital Universitário nos dias atuais? Em que ele é referência?

A: O hospital universitário é um hospital geral, e a educação continua sendo o foco. Temos alunos dentro do hospital, muita gente trabalhando, temos 26 programas de residência. Temos lá dentro, também, alunos da graduação e, por isso, uma grande abrangência de todo o processo. Mas, por exemplo, somos referência no Estado para tratamento de doença infecciosa, somos o único hospital onde se internam pacientes portadores de HIV hoje no estado de Mato Grosso do Sul. Além disso, nós somos referência na linha de acidentes vasculares cerebrais [AVCs], principalmente AVCs isquêmicos, que a gente consegue, em um tempo muito curto, dar atendimento a esse paciente, fazer um procedimento que se chama trombólise. Com isso, a chance de esse paciente ter sequelas relacionadas ao AVC são muito pequenas. Nós também fazemos cirurgias cardíacas e bariátrica, temos atendimento em cirurgia geral, urologia e maternidade. Além disso, temos clínica médica, pediatria, né? Ortopedia, temos um movimento principalmente na área de ortopedia.

O hospital continua com a mesma capacidade de atendimento?

C: Sim, temos 210 leitos e tentamos, na medida do possível, dar um atendimento bem integrado para a população. Em breve aumentaremos um pouquinho a capacidade, para 218 leitos, com a reforma da clínica médica e do centro cirúrgico. Por exemplo, hoje, temos 5 salas no centro cirúrgico e, logo, teremos 8 muito mais espaçosas.
 
No início deste ano, o hospital anunciou que deixaria a rede de urgência e emergência do município. Como ficou essa questão?

C: Nós fazemos parte de uma estrutura chamada RUI [Rede de Urgência e Emergência]. Então, o que a gente tinha necessariamente no hospital: um número xis de leitos no nosso pronto atendimento e, por conta dessa questão da caracterização da vaga zero pelo sistema de regulação, muitas vezes a gente tinha um quantitativo de pacientes muito superior à nossa capacidade e, com isso, a assistência ficava extremamente prejudicada e a nossa mão de obra, extremamente sobrecarregada.

Também há um descontrole dos insumos, porque a gente tem um planejamento para xis leitos e acaba acontecendo de termos ípsilon leitos ocupados. Sem contar que não podemos faturar o excesso dos leitos pelo Sistema Único de Saúde [SUS], pois o SUS só paga conforme a capacidade do número de leitos, e não o excedente. 

A: O que nós pretendemos é continuar com um pronto atendimento, porém, operando em uma capacidade proporcional ao número de leitos que a gente tem. Como aconteceria: atualmente, quem regula o destino dos pacientes é o Município de Campo Grande, e a nossa expectativa é de que o controle do processo de liberação das vagas, que continuarão existindo, fique conosco. 

Em um plano ideal, o que poderia ser feito para se reduzir a demanda por leitos hospitalares em Campo Grande?

A: Acredito que, se a rede de atenção à saúde, principalmente a atenção básica, funcionasse de maneira adequada, muitos dos problemas que os hospitais enfrentam hoje, principalmente o da superlotação, seriam reduzidos. Porque a gente vê, muitas vezes, um paciente elegível para ser atendido em uma UPA ou unidade de saúde em um pronto atendimento de hospital. Com uma atenção básica melhor, haveria mais prevenção e uma demanda menor por atendimento de emergência. Por exemplo: quais são alguns dos grandes problemas da população hoje em dia? Cardiovasculares, hipertensão e diabetes, coisas que podem ser resolvidas na ponta. 

C: Eu tenho uma visão muito semelhante à da Andréa, mas também acrescentaria que uma fiscalização maior e uma campanha mais forte para o cumprimento da Lei Seca ajudaria a resolver o problema da superlotação. Quando vamos em hospitais de trauma, como a Santa Casa, verificamos leitos de CTIs bloqueados por um longo período. São pessoas feridas em acidentes causados por automóveis e motocicletas e que poderiam ter sido evitados. Além da atenção básica, uma maior fiscalização no trânsito, como ocorre em capitais como o Rio de Janeiro, seria muito importante.

Perfis

Andréa de Siqueira Campos Lindenberg

A superintendente do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap) é formada em Medicina pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), tem residência em Infectologia e mestrado e dois doutorados em sua área de atuação. Na gestão do Humap, também foi gerente de Atenção à Saúde, no período de 2017 a 2022. 

Gerson Oliveira/Correio do Estado

Carlos Alberto Moraes Coimbra

É graduado em Direito pela Universidade Católica Dom Bosco e tem especialização em Gestão de Serviços Hospitalares pelo Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein. Já foi diretor do Hospital do Câncer Alfredo Abrão e secretário de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul.

Gerson Oliveira/Correio do Estado

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Cidades

Frente fria derruba temperaturas e traz tempestades durante a semana

Temperaturas serão menores ao amanhecer, mas sobem ao longo da tarde; há possibilidade de ventos acima de 60 km/h

15/12/2025 18h27

Temperaturas devem ter ligeira queda a partir de quarta-feira e chuva está prevista para toda a semana

Temperaturas devem ter ligeira queda a partir de quarta-feira e chuva está prevista para toda a semana Foto: Marcelo Victor / Correio do Estado

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A semana começou com tempo instável em Mato Grosso do Sul, com variação entre abertura de sol e nebulosidade e chuvas, mas deve ser marcada por chuvas e queda nas temperaturas, devido à passagem de uma frente fria.

De acordo com o Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (Cemtec), para esta terça-feira (16), em decorrência do avanço da frente fria, a tendência é de tempo mais fechado, com maior cobertura de nuvens e condições para chuvas.

De forma pontual, podem ocorrer tempestades, acompanhadas de descargas elétricas e rajadas de vento.

"Essa configuração atmosférica está associada ao intenso transporte de calor e umidade, aliado à atuação de áreas de baixa pressão atmosférica", diz o Cemtec.

Ainda segundo o órgão, o avanço da frente fria, em conjunto com o deslocamento de cavados em médios níveis da atmosfera, favorece a formação de instabilidades sobre o Estado.

São esperados acumulados significativos de chuva, com valores acima de 40 mm em 24 horas, principalmente nas regiões centro-leste do estado.

Em relação à previsão de temperaturas, devem ser registradas por regiões:

  • Regiões Sul, Cone-Sul e Grande Dourados: Mínimas entre 18-22°C e máximas entre 22-32°C.
  • Regiões Pantaneira e Sudoeste: Mínimas entre 21-26°C e máximas entre 25-37°C.
  • Regiões Bolsão, Norte e Leste: Mínimas entre 21-24°C e máximas entre 28-33°C.
  • Campo Grande (Capital): Mínimas entre 22-24°C e máximas entre 25-32°C.

Ao longo da terça-feira, podem ocorrer rajadas de vento acima de 60 km/h.

Frente fria

A partir de quarta-feira (17), a previsão indica tempo mais firme, com predomínio de sol e variação de nebulosidade, em função da atuação de um sistema de alta pressão atmosférica.

No entanto, devido à passagem da frente fria, as temperaturas devem ter queda, ficando mais amenas ao amanhecer, com mínima de 16ºC.

Em Campo Grande, a mínima prevista é de 21°C, enquanto a máxima deve ser de 29°C.

Apesar da tendência de estabilidade, não se descartam pancadas de chuva e tempestades isoladas.

Entre quarta e quinta-feira (18), a previsão de temperaturas é:

  • Regiões Sul, Cone-Sul e Grande Dourados: Mínimas entre 16-19°C e máximas entre 26-28°C.
  • Regiões Pantaneira e Sudoeste: Mínimas entre 20-24°C e máximas entre 30-32°C.
  • Regiões Bolsão, Norte e Leste: Mínimas entre 18-24°C e máximas entre 27-30°C.
  • Campo Grande (Capital): Mínimas entre 21-23°C e máximas entre 27-29°C.

Alerta

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) tem dois alertas de perigo para tempestades, com vigência já a partir desta segunda-feira.

Conforme os alertas, podem ocorrer chuvas entre 30 e 60 mm/h ou 50 e 100 mm/dia, ventos intensos, entre 60 e 100 km/h.

Por este motivo, há risco de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores, alagamentos e de descargas elétricas.

O Inmet orienta que, em caso de rajadas de vento, a população não se abrigue debaixo de árvores e não estacione veículos próximos a torres de transmissão e placas de propaganda. Se possível, desligue aparelhos elétricos e quadro geral de energia.

Em caso de ocorrências relacionadas a tempestades, a orientação é entrar em contato com a Defesa Civil (199) e ao Corpo de Bombeiros (193).

Temperaturas devem ter ligeira queda a partir de quarta-feira e chuva está prevista para toda a semanaMato Grosso do Sul está em alerta para tempestades (Reprodução / Inmet)

Transporte Público

Com greve dos ônibus, viagens por aplicativos ficam 140% mais caras

100% dos ônibus da Capital estão parados e a greve deve permanecer ainda amanhã e sem prazo para terminar

15/12/2025 18h00

Todos os ônibus estão parados desde a meia noite desta segunda-feira (15)

Todos os ônibus estão parados desde a meia noite desta segunda-feira (15) FOTO: Marcelo Victor/Correio do Estado

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Menos de 18 horas após o início da greve dos motoristas do transporte público de Campo Grande, a cidade já sentiu as consequências, especialmente os trabalhadores que dependiam dos ônibus para deslocamento. 

Entre as alternativas para chegar aos locais de trabalho, o deslocamento através de aplicativos, como Uber e 99, chegou a ficar 140% mais caro. 

É o que contou a diarista Elizaneia Costa de Assis Gonçalves, de 57 anos. Ela se desloca todos os dias do bairro Bosque do Trabalho, onde mora, até o bairro Coophatrabalho, onde atende seus clientes. 

“Eu trabalho aqui há mais de 18 anos e desde a pandemia eu venho pra cá de Uber. O valor normal da viagem é de R$25 reais. Hoje, a mesma viagem estava custando R$60”, disse.

O designer gráfico Antonio Rissato também passou pelo mesmo sufoco. Ele disse que não foi pego de surpresa pela greve e se programou para se deslocar através de aplicativos, mas os preços pesaram no bolso.

“Eu me adiantei pra pedir um motorista de aplicativo, mas os preços já estavam muito inflados, geralmente eu pago de 8 a 10 reais pra vir de moto, mas hoje chegou a bater 30 reais, de carro chegou até 70, fora do normal”, contou. 

A empresa onde ele trabalha não deu opção para os usuários do transporte público, nem flexibilidade para atrasos. Mesmo assim, para ele, a greve é compreensível e reflete problemas gerados e acumulados que impactam tanto os usuários dos ônibus quanto os trabalhadores. 

“O valor do passe está lá em cima, a condição do transporte é vergonhosa e ainda por cima não pagam direito aos servidores, não existe lógica nisso. Claro, gera um atraso nos nossos horários, mas acho que o atraso maior ainda é diariamente a gente ter que ir trabalhar em péssimas condições, sem contar o estresse causado aos motoristas pela falta de pagamento”, desabafou. 

Mas o valor alto não foi o único problema. Com a alta demanda, os usuários também enfrentaram demora na espera para localizar um motorista para a corrida e um trânsito “caótico” nas primeiras horas do dia. 

Vinícius esperou mais de 20 minutos até que um motorista aceitasse sua corrida pelo aplicativo. Às 7h40 ele precisou se deslocar para outra loja filial onde trabalha, mas às 8 horas da manhã, ainda estava esperando. 

“Tudo ficou atrasado, além dos preços que subiram, o que é normal por causa da demanda. Mas complica muito a vida”, relatou. 

Sofia Bento costuma utilizar o transporte coletivo para chegar ao trabalho todos os dias, mas como soube da greve antes, se organizou para ir com o carro da família. Porém, o problema enfrentado por ela e por tantos outros foi o fluxo de carros. 

“Eu saí de casa às 7h20 e cheguei no trabalho às 7h52. Nunca gastei tudo isso para chegar. Até a rua Antônio Maria Coelho, o trânsito fluía. Dali em diante, tudo parado, um ‘fervo’”, contou à reportagem. 

Mesmo que a greve já estivesse avisada aos usuários, a surpresa foi o serviço ter sido paralisado de forma completa, já que o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) havia determinado em decisão judicial que apenas 30% dos motoristas poderiam aderir à paralisação, sob multa diária de R$ 20 mil. 

A decisão foi desrespeitada, já que 100% dos motoristas declararam greve na manhã desta segunda-feira (15). 

A audiência de conciliação entre o TRT e o Sindicato será realizada nesta terça-feira (16). 

O lado do Consórcio

O Consórcio Guaicurus, em nota enviada ao Correio do Estado na quinta-feira (18), informou que está sem dinheiro para honrar com:

  • Folha salarial
  • 13º salário
  • Custos Operacionais Básicos (combustível, manutenção da frota e encargos)

Segundo a concessionária, a ameaça de greve é causada pela crise financeira, decorrente da inadimplência nos repasses devidos pelo Poder Público (Prefeitura de Campo Grande). Os repasses abrangem o vale-transporte, subsídios e demais componentes tarifários definidos para a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do sistema.

"É crucial destacar que, apesar do acordo estabelecido com a participação e anuência do Poder Concedente (Município), a tarifa não está sendo praticada, pois os repasses necessários não estão sendo efetuados de maneira adequada e nos valores devidos. A falta de regularização imediata desses pagamentos críticos ameaça diretamente a continuidade e a qualidade da prestação dos serviços. Sem o fluxo de caixa necessário, o Consórcio está impossibilitado de honrar obrigações financeiras essenciais com vencimento iminente. O sistema opera atualmente no limite de suas capacidades, e a ausência destes repasses torna a operação inviável a curto prazo. O Consórcio Guaicurus reitera o apelo para que as autoridades competentes ajam com a máxima urgência para regularizar os débitos em atraso. A manutenção da inadimplência nos repasses inviabiliza o cumprimento dos pagamentos salariais. Desta forma, o Consórcio alerta que os trabalhadores poderão interromper legalmente suas atividades em razão do não cumprimento destas obrigações, conforme previsto no Artigo 624 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O não cumprimento destas obrigações contratuais e salariais, que derivam de um compromisso que envolvia o Poder Concedente, pode resultar na interrupção total dos serviços, o que afetará drasticamente a mobilidade urbana e a vida dos cidadãos de Campo Grande".

O lado da Prefeitura

Durante a coletiva de imprensa marcada para a manhã desta segunda-feira, a Prefeitura Municipal de Campo Grande negou que haja qualquer débito entre eles e o Consórcio Guaicurus, responsável pela manutenção do transporte público na Capital. 

Em nota, o Executivo afirmou que na semana passada foram antecipados repasses financeiros ao Consórcio Guaicurus, referentes às subvenções das gratuidades, no valor médio de R$ 3 milhões, valor que só venceria no final do mês, em uma tentativa de evitar que a greve fosse deflagrada.

"Somente este ano, a Prefeitura já repassou mais de R$ 35 milhões ao Consórcio Guaicurus, sendo R$ 19 milhões referentes às gratuidades e mais R$ 15 milhões de vale-transporte dos servidores. Ainda assim, a concessionária, que é uma empresa privada, deixa de honrar os compromissos que têm com seus funcionários e causa prejuízos a toda a população", afirma a nota. 

Segundo dados apresentados, a paralisação afetou cerca de 110 mil usuários do sistema e aproximadamente mil trabalhadores do transporte coletivo.

Manifestações

Membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Transporte Coletivo se manifestaram nas redes sobre a paralisação do transporte público de hoje. 

A vereadora Luiza Ribeiro destacou que é "inadmissível que uma empresa de grande porte, que atua há anos na cidade e recebe antecipadamente recursos do vale-transporte, alegue falta de condições financeiras para honrar compromissos básicos com seus funcionários" e que se tratam de "direitos humanos". 

Ela ressaltou que, como apurado na CPI, o Consórcio Guaicurus faturou cerca de R$1,8 bilhão desde que assumiu o serviço na Capital. Mesmoa assim, acumula reclamações diárias dos usuários, como atrasos, superlotação e condições precárias dos ônibus, com 197 ônibus acima da idade média permitida. 

A vereadora Ana Portella afirmou nas redes socias que o Consórcio Guaicurus "está fazendo isso por simples maldade". 

"Não faz sentido algum a população pagar essa fatura. Uma empresa que teve R$ 165 milhões falar que não tem recurso suficiente é má gestão. Essa empresa não pode mais continuar, esse contrato precisa ser rompido”, afirmou em vídeo.

Maicon Nogueira pediu pela intervenção do contrato de forma imediata.

"Tenho feito denúncias a meses e o Ministério Público não age. A prefeitura segue na inércia. Não tem como negociar com mafiosos. Somos reféns e ninguém faz nada”, relatou o vereador.

 

*Colaborou Naiara Camargo

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