Cidades

DISTORÇÃO DA REALIDADE

Anuário da Segurança ignora gravidade do narcotráfico em MS

Dados da Sejusp apontam que 18 toneladas de cocaína foram apreendidas em 2023. Segundo o estudo, porém, foram apenas 7,7

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Apontado como um dos mais abrangentes e importantes estudos do setor, o Anuário da Segurança Pública Brasileira, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira (18), literalmente ignora a gravidade e o tamanho do narcotráfico em Mato Grosso do Sul. 

De acordo com o estudo, no ano passado foram apreendidos 7.746 quilos de cocaína no Estado, o que representa queda de 14% na comparação com o ano anterior, quando haviam sido interceptados 9.017 quilos. 

A realidade, porém, é completamente diferente. Somente a Polícia Rodoviária Federal interceptou 15,5 mil quilos de cocaína no Estado em 2023, o que é quase 50% acima das 10,5 toneladas do ano anterior. 

A Secretaria de Justiça e Segurança Pública, Sejusp, aponta que no ano passado foram retiradas de circulação em Mato Grosso do Sul 18 toneladas de cocaína, ante 16,7 toneladas do ano anterior. 

"Destacam-se, em 2023, os estados com maiores volumes de apreensões registradas: São Paulo, com 16,9 toneladas, Mato Grosso, com 14,1 t, Paraná, com 8,3 t, Rondônia, com 3,8 t e Pernambuco, com 3,7 t", diz trecho do Anuário ao falar sobre as interceptações de cocaína no ano passado. Mato Grosso do Sul nem mesmo é citado, apesar da interceptação de volumes recores. 

MACONHA

No caso da maconha a discrepância entre o relatório do Fórum e a realidade de Mato Grosso do Sul é ainda maior. De acordo com o estudo, no ano passado foram apreendidas 87 toneladas de maconha aqui no Estado. Conforme a Sejusp, porém, o volume interceptado chegou a 420 toneladas, volume superiro ao que o Anuário diz ter sido apreendido no país inteiro. 

Com relação aos anos anteriores a diferença é ainda maior. Em 2022, segundo o Fórum, foram 96 toneladas, ante 512 computadas pela Sejusp. Já em 2021, o relatório diz que em Mato Grosso do Sul foram apreendidos 116 mil quilos, mas na prática, o volume foi de pelo menos 697 mil quilos. 

A principal explicação para esta diferença é que os responsáveis pelo estudo levam em consideração somente as apreensões feitas ou entregues à Polícia Federal. Em Mato Grosso do Sul, porém, a maior parte é feita pela PRF e pelas polícias estaduais, que em boa parte dos casos não repassam as informações à Polícia Federal. 

Por conta disso, até mesmo os dados da Sejusp são “subfaturados”, uma vez que não computam apreensões feitas pela PF ou que foram entregues a ela sem terem passado por alguma delegacia da Polícia Civil, o que ocorre em algumas interceptações feitas pela PRF o pela PM, por exemplo. 

Ou seja, nenhum órgão de segurança pública sabe exatamente o volume de entorpecentes apreendidos no país, apesar de serem eles o pivô da criminalidade de o Brasil ter a maior taxa de homicídios e mortes violentas intencionais do mundo. 

SEM NORTE

Em seu site, o Fórum Brasileiro da Segurança Pública informa que é “uma organização não-governamental, apartidária e sem fins lucrativos cujo objetivo é construir um ambiente de referência na área da segurança pública. Integrado por policiais, gestores públicos, pesquisadores, ativistas e operadores do sistema de justiça, o FBSP contribui para a transparência de informações sobre violência e na prospecção de políticas de segurança, além de pleitear a segurança pública enquanto direito social fundamental.”

Ou seja, muito mais do que simplesmente compilar números, os integrantes do Fórum têm a pretensão de nortear os debates sobre segurança pública no Brasil. 

“O fenômeno do crime organizado é hoje um dos principais desafios à segurança pública no Brasil e demanda do Estado uma nova abordagem para fazer frente ao seu crescente poder. Hoje, o país precisa lidar com ao menos 72 facções criminosas de base prisional (Senappen, 2024), que têm no narcotráfico uma de suas principais fontes de poder econômico”, diz trecho do Anuário, que tem 404 páginas.

Porém, ao ignorarem os dados reais sobre o narcotráfico, que é o foco principal das facções criminosas e está diretamente ligado aos crimes de homicídio, violência policial, roubos, furtos, entre outros, possivelmente boa parte das conclusões estudo inteiro tende a ser contaminado. 

O próprio Anuário traz números relativos a lotação de presídios e coloca o Estado com a sexta maior taxa de pessoas presas do País, sem se atentar que isso é reflexo direto do fato de Mato Grosso do Sul ser o principal corredor do narcotráfico do país. 

Segundo o estudo, a média nacional é de 419,5 presos por 100 mil habitantes. Em Mato Grosso do Sul, esta média é de 794,3 detentos por grupo de cem mil moradores. Pelo menos 40% dos quase 22 mil detentos têm envolvimento com o narcotráfico. 

O Correio do Estado procurou, por e-mail, os responsáveis pela elaboração do relatório em busca de explicações sobre a discrepância dos números, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. 
 

Cidades

Cadela Laika encontra corpo de idoso que desapareceu em Campo Grande

O idoso Joaquim Gonzales, que sofria de Alzheimer, foi localizado sem vida na tarde desta terça-feira (14), no Jardim Itamaracá

14/01/2025 18h00

Reprodução Redes Sociais

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O idoso Joaquim Gonzales, de 78 anos, natural da Espanha, que desapareceu no último domingo (12), foi encontrado morto na tarde desta terça-feira (14), nas proximidades do pontilhão do Jardim Itamaracá, em Campo Grande.

A vítima, que sofria de Alzheimer, estava desaparecida desde domingo, segundo relatos de familiares. De acordo com eles, Joaquim deixou a residência de madrugada. O corpo foi encontrado com o auxílio da cachorra Laika, do Corpo de Bombeiros.

Imagens de câmeras de segurança ajudaram a orientar as buscas. Segundo informações do Corpo de Bombeiros, Joaquim foi identificado nas gravações, e a partir disso, os militares delimitaram um perímetro de buscas.

Na região, que possui mata, foram localizados próximos a uma estrada de terra o chinelo, o boné e até um cinto que pertenciam ao idoso.

O trabalho da cachorra Laika foi fundamental para encontrar o local onde o corpo de Joaquim estava. Após a localização, os militares confirmaram que se tratava do desaparecido.

Equipamentos como drones com sensor de calor também foram utilizados durante as buscas. Durante todo o processo, familiares permaneceram mobilizados, espalhando cartazes pela cidade em busca de Joaquim.

Cadela que auxiliou nos resgates

A cadela de busca Laika do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul (CBMS), que atua ao lado do sargento Thiago Kalunga, levou poucos minutos para localizar o corpo da vítima. Em outubro de 2023 recebeu a Certificação Nacional de Cães de Busca e Resgate.

Laika, que é da raça pastor holandês, foi aprovada na prova de ‘busca urbana’ realizada nos dias 4 a 6 de outubro durante a 21ª edição do Seminário Nacional de Bombeiros (Senabom), em Gramado no Rio Grande do Sul. 

Além de estar apta para atender todos os municípios de Mato Grosso do Sul, após a certificação nacional, a cadela também está autorizada a atuar em ocorrências em todo o Brasil.

Posteriormente, no dia 13 de maio de 2024, Laika fez parte da  1º equipe especializada em busca e resgate juntamente com outros cães e militares do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul para auxiliar no resgate das vítimas na tragédia que assolou o Rio Grande do Sul. A equipe do Estado atuou no município de Encantado.

 A equipe formada pelo sargento Thiago Kalunga e os soldados Jéssica Lopes e Humberto permaneceu em torno de  10 dias atuando nos locais com as estruturas colapsadas pela enchente e inundação.

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Transtorno

Briga na Justiça: passageiros de MS sofreram 1 atraso de voo por dia em 2024

Cenário acarretou em 435 ações judiciais contra empresas aéreas no estado

14/01/2025 17h45

Saguão do Aeroporto Internacional de Campo Grande

Saguão do Aeroporto Internacional de Campo Grande Gerson Oliveira, Correio do Estado

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Os passageiros do setor aéreo em Mato Grosso do Sul sofreram com um número médio de 1 atraso de voo por dia em 2024. 

Conforme levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), esse cenário acarretou em um total de 435 ações judiciais contra empresas aéreas entre os meses de janeiro e novembro do ano passado no estado.

Os processos foram solicitados principalmente por passageiros, em busca reparação por prejuízos causados pela alteração indevida do horário das viagens.

Apesar de alto, o número de ações judiciais em Mato Grosso do Sul apresentou uma leve queda se comparado com 2023, ano em que registrou 440 processos. Em 2022, o número foi ainda maior, com 520 ações judiciais registradas.

Serviço ineficaz

A principal insatisfação dos consumidores é com a falta de resolução eficaz por parte das companhias aéreas. As buscas dos passageiros na Justiça são de valores financeiros por danos materiais e morais.

Segundo Mayra Sampaio, advogada especializada na área, a decisão de processar está diretamente relacionada à incapacidade das companhias aéreas de resolverem essas questões de forma adequada e em tempo hábil.

"Esse alto número acaba não só impactando esses processos a terem uma rápida solução, mas também o consumidor deve ter seus direitos respeitados, e infelizmente, não é o que tem acontecido por parte das companhias aéreas. Desta forma, talvez esse alto número acabe influenciando as companhias a reverem suas políticas para evitarem esses problemas judiciais", afirma.

Já para Henrique Arzabe, advogado especialista em Direito do Consumidor, o alto número de ações evidencia que, apesar da recuperação do setor aéreo após a pandemia, as companhias aéreas ainda enfrentam desafios para oferecer um serviço eficiente.

“O crescimento de casos pode ser um indicador para que as companhias revejam suas práticas e evitem recorrências judiciais, buscando soluções mais rápidas e eficazes para os consumidores”, conclui.

Atraso vs cancelamento

Ainda confome Arzabe, a diferença entre atraso e cancelamento de voo está na execução do serviço. Nesse sentido, as situações impactam o passageiro de maneira diferente.

“O atraso ocorre quando há uma nova previsão de partida e o voo é realizado, mesmo fora do horário inicial. O cancelamento, geralmente, implica maiores prejuízos para o passageiro, como a perda de compromissos ou diárias de hospedagem, além do transtorno de ter que replanejar toda a viagem”, ressalta.

Brisa Nogueira, advogada especializada em Direito do Consumidor alerta que o tempo de espera é um fator determinante para os direitos do consumidor em casos de atraso de voo.

“Em termos de direito do consumidor em relação ao atraso no voo, nós precisamos pensar quantas horas o consumidor fica ali à disposição da companhia aérea para que seja dada, se for dada, alguma providência. Até duas horas há ali uma pendência de alimentação, especialmente despesas com água e comida. Excedendo-se quatro horas de espera e havendo a necessidade de pernoite no aeroporto, é necessário que a companhia aérea faça o custeio de hospedagem, bem como transporte de deslocamento e retorno ao aeroporto, sem prejuízo do direito do consumidor de ser alocado no próximo voo, havendo disponibilidade”, afirma.

Registre provas

Vale destacar que é importante o consumidor conhecer seus direitos e ficar preparado para buscar reparação em casos de prejuízos causados por atrasos ou cancelamento de voo.

Nesse sentido, ao sentir-se lesado, é importante que o passageiro registre o maior número de provas possível, para assim, conseguir reinvindicar reparação jurídica de maneira mais eficaz.

“É muito importante o consumidor constituir a prova. Primeiro, prova do atraso do voo e, também, dos prejuízos. Se a empresa oferecer algum voucher, é importante registrar isso. Principalmente, se a empresa não o ofereceu, é fundamental ter a prova de que, por exemplo, o atraso gerou outro tipo de prejuízo, como a perda de uma diária de hotel ou reserva de carro. Relembrando que, a partir de quatro horas de atraso injustificado, é devido dano moral ao consumidor”, destaca Brisa Nogueira.

Por fim, o advogado Henrique Arzabe o consumidor não deve pensar duas vezes quando for buscar reparação caso se sinta prejudicado.

“As companhias aéreas têm a obrigação de oferecer um serviço adequado e de prestar assistência, independentemente do motivo do atraso ou cancelamento. Até porque, pequenos atrasos podem causar prejuízos significativos para o cliente, como perder uma conexão ou uma reserva. Por isso, documentar tudo é essencial para garantir que seus direitos sejam respeitados”, conclui.

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