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Após 2 meses, 20% dos pacientes que tiveram o novo coronavírus ainda têm sequelas

De acordo com pesquisa desenvolvida em Mato Grosso do Sul, mesmo pessoas que tiveram a forma leve da doença podem apresentar sintomas após a alta

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Fraqueza muscular, dificuldade respiratória, cansaço com muita facilidade e perda da sensibilidade nas extremidades do corpo, essas são as principais sequelas causadas pelo novo coronavírus (Covid-19), relatadas pelos próprios pacientes que realizam o tratamento no Centro Especializado em Reabilitação da Apae de Campo Grande (CER/APAE). 

“Fora a questão psicológica, que é bem frequente, têm pacientes que ficam bem, mas há pacientes bem desorientados, até com confusão mental. É lento o processo de recuperação, às vezes leva meses e depende de cada caso”, explica Kleber Claudio Nakayama, fisioterapeuta responsável pela triagem dos pacientes no CER.  

Algumas das sequelas relatadas acima são observadas até mesmo em pacientes que tiveram sintomas leves da doença, de acordo com a pesquisa coordenada pelo professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, o biológo James Venturini. 

“Nós avaliamos até  o momento 64 pacientes após 1 mês do início dos sintomas. Desses, já avaliamos 38 após 2 meses.  Encontramos que após 1 mês do início dos sintomas, os pacientes com Covid-19 apresentaram principalmente fraqueza [32%], tosse [20%],  anosmia [18%], que é a perda do olfato, falta de ar [5%]”, indica Venturini.

Após dois meses, 20% dos pacientes ainda relataram fraqueza e anosmia, uma porcentagem considerável para o pesquisador, principalmente pelo fato de que nesse grupo foram analisados apenas pacientes com a forma mais leve da doença. 

“Apesar de preliminares, pois ainda não fizemos o segundo braço, que são os pacientes hospitalizados, esses dados são interessantes para o comportamento da doença em Campo Grande. Ainda estamos aguardando os estudos realizados em outras regiões no Brasil serem publicados, para termos uma ideia se aqui a doença se apresentou da mesma forma”, pontua.

Além dos sintomas visíveis, os pacientes tiveram alterações em outros aspectos, como no tecido dos pulmões. “Seriam mais alterações teciduais, sem repercussão funcional”, frisa.

Ao se comparar com outros vírus, as sequelas da Covid-19 começam a ficar mais específicas. 

“Na gripe por influenza, a tosse é mais comum prosseguir por semanas, até meses, mas sem fraqueza. O que está chamando a atenção na Covid-19 é esse cansaço e a perda do olfato, que são bem diferentes da gripe normal, principalmente naqueles com sintomas leves”, indica.  

O próximo passo da pesquisa, que tem mais de 14 especialistas envolvidos, é avaliar os pacientes que tiveram os sintomas graves da doença, inclusive, que precisaram ser entubados. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES), até a sexta-feira (16), 5.801 pessoas foram internadas em Mato Grosso do Sul por causa da Covid-19.  

“Por enquanto, os dados da pesquisa são preliminares, que ainda podem alterar um pouco conforme o estudo vai avançando. Também outros parâmetros estão sendo avaliados, como lesão pulmonar, função pulmonar, marcadores imunológicos, cujos dados ainda não foram analisados”, indica.

De acordo com o pneumologista Ronaldo Perches Queiroz, a grande parte dos pacientes que procuraram atendimento no consultório médico são de pessoas que tiveram complicações causadas pela Covid-19. 

“Isso é muito importante e precisa ser debatido. A maior procura que estamos tendo hoje, tanto na rede pública como na privada, é pelo que chamamos de síndrome pós-Covid-19, em que o paciente que teve a Covid-19, às vezes os que não precisaram de internação, mas especialmente os que precisaram, apresentam uma série de sequelas, muitas delas passageiras, mas outras com risco de se tornarem permanentes”, pontua.  

Na opinião de Queiroz, a sequela mais grave é na parte respiratória. “Casos de pacientes que tiveram comprometimento muito grande em seus pulmões correm o risco de evoluir até para fibrose pulmonar”, complementa. 

A fibrose pulmonar é uma doença que causa endurecimento e redução do tamanho dos pulmões progressivamente, diminuindo a captação de oxigênio e causando falta de ar. Apesar dos tratamentos terem avançado ao longo dos anos, ainda não é possível reverter a doença.

Sequelas

Nos últimos setes meses, se infectar com o coronavírus virou o principal medo de grande parte da população. 

A falta de ar, a perda do olfato e do paladar e, em casos mais graves, a internação e a entubação, foram sentidos pelos mais de 77 mil sul-mato-grossenses. O que ninguém esperava era que a doença poderia continuar afetando a vida dos infectados, mesmo após terem recebido alta.

Foi o caso de Solange Maria Cacere, 55 anos, que se viu em uma cadeira de rodas depois de ficar 25 dias internada por causa da Covid-19. 

“Mudou bastante minha vida, vivo chorando muito, muita depressão também. A cabeça não funciona, estou fazendo tratamento com a psiquiatra e vou começar o tratamento com a psicólogo hoje”, conta.

Solange explica que chegou a perder parte do movimento dos braços, sentiu muita fraqueza e dificuldade em respirar, também usava fraldas e ficou um mês sem reconhecer as pessoas. 

“Me disseram que eu cheguei a agredir três enfermeiros e eu não lembro de nada, tenho marcas de onde me amarram na cama, porque eu queria pular e só sei porque me contaram. Deus me deu a vida duas vezes, eu não acreditava que eu ia pegar isso não, mas estou aqui, né. Se você acredita em milagre, o milagre está aqui”, diz, emocionada. Solange assegura que já melhorou, mas ainda sente falta de poder caminhar.  

Umas das fisioterapeutas que atendem na CER/APAE, Patrícia de Moraes, relatou que se impressionou com as sequelas pós-internações. 

Segundo ela, complicações são comuns em pacientes que ficam internados e entubados durante longos períodos, mas geralmente são problemas tratados com poucas sessões de fisioterapia, antes mesmo de sair do hospital.  

“Mas essas são complicações mais difíceis de reabilitar, não que seja impossível, mas não é algo tão simples como imaginávamos. A gente sempre escutou no início, ‘é como se fosse uma gripe’, mas não é. Ninguém fica gripado e precisa de reabilitação depois, fica em uma cadeira de rodas. As sequelas impactam bem mais do que imaginávamos no início, infelizmente”, lamentou.

Para ter acesso aos tratamentos, é necessário um encaminhamento médico. Depois de orientado ao ambulatório da SARS-CoV-2, como é chamado, o paciente passa por uma triagem para que os médicos saibam quais danos precisam ser tratados.

Cardiologista, fisioterapeuta, psicólogo, nutricionista, terapeuta ocupacional e fonoaudiólogo atendem no local. Não há limite de consultas, cada paciente recebe o tratamento pelo tempo que for necessário. 

De acordo com a fisioterapeuta, pode acontecer de pacientes não precisar mais de atendimento cardiológico, por exemplo, mas continuar tratando problemas motores. 

São 70 vagas disponíveis e são tratados cerca de 10 pacientes por dia. Segundo Nakayama, a procura aumentou recentemente, mas não soube dizer com exatidão a quantidade de pessoas que tratam a doença no local.

Síndrome pós-Covid

De acordo com a infectologista Mariana Croda, as sequelas relacionadas ao novo coronavírus são denominadas de síndrome pós-Covid-19 e podem atingir tanto pessoas que tiveram a fase aguda da doença quanto assintomáticos, que costumam relatar sensação de cansaço, por exemplo, mesmo após o fim da infecção.

“Há vários estudos, que a gente chama de síndrome pós-Covid-19, que podem ser sequelas hospitalares ou mesmo em pacientes que são assintomáticos ou oligossintomáticos, que tem poucos sintomas, mas que persistem com alguns após o quadro agudo. Nós temos dois caminhos, esses que persistem com os sintomas, que a gente fala sequela, e existem aqueles que têm sequelas não ligadas a doença, mas sim ao tempo de internação e entubação, são aqueles que vão para reabilitação por uma internação prolongada”, explica.

Segundo Mariana, 80% dos pacientes terão a persistência dos sintomas após 30 dias da alta hospitalar. “Isso em um quadro daqueles que ficaram minimamente internados com aqueles de um quadro prolongado”, ressalta.  

Pós-internação

Denis Ferreira, de 34 anos também contraiu o novo coronavírus (Covid-19) em setembro e chegou a ter 50% do pulmão comprometido. 

“Minha esposa pegou primeiro que eu. Ela precisou cuidar do avô que estava internado, ele acabou falecendo, mas nós pegamos a doença no mesmo período. Fiz uso de vários medicamentos, hidroxicloroquina e um anticoagulante”, explicou.

Entre os dias 4 e 11, período de internação de Ferreira, Campo Grande registrava altas temperaturas e umidade relativa do ar baixíssima. Não é permitido aparelhos de ar-condicionado ou ventiladores nas UTIs, o que causou desidratação no paciente.

“Por causa do calor eu desidratei e perdi 8 kg de massa muscular. Me hidratavam com 2 litros de soro fisiológico por dia. Depois que sai do hospital, vi que estava com muita fraqueza nos membros superiores e inferiores, minhas coxas afinaram bastante, isso até me assustou”, frisou.

Denis não teve danos na parte respiratória, mas sentiu que os pulsos do braço estavam fracos.  

“Hoje estou fazendo acompanhamento para fortalecimento dos membros superiores e inferiores. Faz três semanas que iniciei o tratamento e já senti uma grande melhora, consigo tocar a guitarra perfeitamente”.

Denis recebe atendimento na Universidade Anhanguera Uniderp, no Ambulatório de Fisioterapia Pós-Covid-19.  O serviço é gratuito e destinado a pessoas com renda familiar de até dois salários-mínimos.  

Os agendamentos deverão ser feitos pelo telefone: 99613-3710, das 8h às 12h. 

OPORTUNIDADE

Com salários de até R$ 23 mil, prefeitura de MS abre inscrições para concurso

Há oportunidade em diversas especialidades como enfermeiro, médico, cozinheira, motorista e outras

14/12/2025 14h30

Há oportunidade em diversas especialidades como enfermeiro, médico, cozinheira, motorista e outras

Há oportunidade em diversas especialidades como enfermeiro, médico, cozinheira, motorista e outras Governo de MS

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A Prefeitura de Paraíso das Águas, município localizado a 277 quilômetros de Campo Grande, abriu inscrições para um novo concurso público com vagas para todos os níveis de escolaridade e salários que chegam a R$ 23.557,03. O certame prevê a contratação de servidores efetivos, além da formação de cadastro reserva, sob o regime estatutário.

As inscrições começam às 8h deste sábado (13) e seguem até 15 de janeiro de 2026, exclusivamente pela internet, por meio do site da Fundação FAFIPA, banca responsável pela organização do concurso.

Ao todo, o edital contempla dezenas de cargos distribuídos entre a sede do município e os distritos de Bela Alvorada e Pouso Alto, com oportunidades para níveis elementar, fundamental, médio, técnico, magistério e superior. As jornadas de trabalho variam entre 20 e 40 horas semanais, conforme a função.

O maior salário ofertado é para o cargo de médico clínico geral, com remuneração de R$ 23.557,03 para carga horária de 40 horas. Também há vagas atrativas para cargos de nível superior, como engenheiro civil, arquiteto e cirurgião-dentista, com salários que ultrapassam R$ 8,5 mil.

Cargos e salários

Entre as oportunidades disponíveis estão funções nas áreas da saúde, educação, administração, fiscalização e serviços operacionais. Há vagas para enfermeiro, psicólogo, assistente social, farmacêutico, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, agente comunitário de saúde, técnico em enfermagem, além de professores de educação infantil, anos iniciais e disciplinas específicas como português, matemática, inglês, história, artes e educação física.

O edital também contempla cargos como agente de fiscalização, analista de informática, inspetor de alunos, recepcionista, motorista, operador de máquinas, auxiliar de administração, auxiliar de serviços gerais, zelador, cozinheira e trabalhador braçal, entre outros.

Os salários iniciais variam de R$ 1.664,03 a R$ 23.557,03, conforme o cargo, escolaridade exigida e carga horária semanal. As taxas de inscrição foram fixadas em R$ 90 para cargos de nível elementar e fundamental, R$ 115 para nível médio e técnico, e R$ 145 para magistério e nível superior.

Provas

O concurso público será composto por prova objetiva para todos os cargos, de caráter eliminatório e classificatório. Dependendo da função escolhida, os candidatos também poderão ser submetidos a prova discursiva, prova prática e avaliação de títulos.

A prova discursiva será aplicada para cargos como agente de fiscalização, assistente social, agentes da área da saúde, cargos administrativos e professores. Já a prova prática será exigida para funções operacionais, como motoristas, operadores de máquinas, mecânico, técnico em informática e alguns cargos administrativos.

A prova de títulos, de caráter exclusivamente classificatório, será destinada a todos os cargos, conforme os critérios estabelecidos no edital. O conteúdo programático e o cronograma completo das etapas estão disponíveis no documento publicado pela banca organizadora.

A convocação dos aprovados ocorrerá conforme a necessidade da administração municipal, respeitando rigorosamente a ordem de classificação final.

Inscrições e isenção

As inscrições devem ser feitas exclusivamente pela internet, no site www.fundacaofafipa.org.br, até 15 de janeiro de 2026. O pagamento da taxa de inscrição poderá ser efetuado até 16 de janeiro, respeitando o horário de compensação bancária.

O edital prevê isenção da taxa de inscrição para candidatos inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), com renda familiar per capita de até meio salário mínimo, e também para doadores de medula óssea, conforme a legislação federal. O prazo para solicitação de isenção vai de 13 a 23 de dezembro.

Reserva de vagas

O concurso reserva 5% das vagas para pessoas com deficiência, além de cotas para pretos e pardos (25%), indígenas (3%) e quilombolas (2%), conforme previsto em lei. Os candidatos que optarem pelas vagas reservadas concorrem simultaneamente às vagas da ampla concorrência.

O concurso público terá validade de dois anos, a contar da homologação do resultado final, podendo ser prorrogado por igual período, a critério da prefeitura.

Todas as informações detalhadas, incluindo atribuições dos cargos, conteúdos das provas e cronograma, estão disponíveis no edital publicado no site da banca organizadora.

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POLÍCIA

Após 20 anos, homem que tentou matar a esposa é preso em MS

O suspeito, de 49 anos, era foragido da Justiça de Minas Gerais e havia cometido o crime em 2006

14/12/2025 14h00

 A SIG de Três Lagoas recebeu a solicitação de apoio da Polícia Civil de Minas Gerais, para o cumprimento do mandado, com informações sobre a possível localização do foragido

A SIG de Três Lagoas recebeu a solicitação de apoio da Polícia Civil de Minas Gerais, para o cumprimento do mandado, com informações sobre a possível localização do foragido Reprodução: Polícia Civil

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Na última sexta-feira (12), um homem, de 49 anos de idade, condenado pela tentativa de homicídio qualificado contra a própria esposa, e foragido da Justiça de Minas Gerais há mais de 20 anos, foi preso pelos agentes da Seção de Investigação Geral (SIG) e do Núcleo Regional de Inteligência (NRI) de Três Lagoas.

O crime ocorreu em 2006, na cidade de Turmalina, interior do estado mineiro, quando o indivíduo, motivado por ciúmes, teria tentado matar a companheira com golpes de madeira, agindo em condições que dificultou a sua defesa.

Após o ataque, ele fugiu de Minas Gerais e, segundo as investigações, estava vivendo foragido há cerca de 10 anos em Três Lagoas.

Após ser regularmente processado, foi condenado a uma pena de quase seis anos de reclusão, em regime fechado.

Na manhã de sexta-feira (12), a SIG de Três Lagoas recebeu a solicitação de apoio da Polícia Civil de Minas Gerais, para o cumprimento do mandado de prisão, com informações sobre a possível localização do foragido.

Após diligências, o homem foi localizado em uma residência no bairro Jardim das Oliveiras, onde foi preso e conduzido até a sede da SIG, onde houve o cumprimento formal do mandado de prisão.

Em seguida, após passar por exame de corpo de delito, o condenado foi encaminhado às celas da Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (DEPAC), onde permanecerá aguardando recambiamento para o estado de Minas Gerais.

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