Com obras de pavimentação paradas há mais de 30 dias, o impasse que começou com a presença de árvores entre as ruas Dunga de Arruda e Francisco Pinto de Arruda, no Parque Dallas, próximo à Avenida Três Barras, será resolvido pela Secretaria Municipal de Infraestruturas e Serviços Públicos (Sisep) nos próximos dias.
Ao Correio do Estado, a Sisep afirmou que os trabalhos de asfalto no local serão retomados após o transplante das árvores para um novo local. A estimativa é de que a transferência da árvore seja realizada até amanhã.
O motivo da paralisação das obras de pavimentação foi a localização de duas árvores, sendo uma da espécie Cumbaru, na Rua Dunga de Arruda, e uma conhecida como carvoeiro-vermelho, localizada no cruzamento com a Rua Francisco Pinto de Arruda, via já pavimentada. A árvore seria a última da espécie em perímetro urbano na Capital.
De acordo com moradores, ambas as árvores estão no bairro há mais de 20 anos e têm sido motivo de desacordo, já que impedem a passagem de alguns veículos.
Cícera Barbosa, de 60 anos, residente no local há 20 anos, relatou o desejo da retirada das árvores. “Essa obra nem sei quantos dias tem, mais de um mês. Seria legal se tirassem as plantas e colocassem em um outro lugar para que a nossa passagem fique livre, porque do jeito que está não cabe dois carros. Então, é perigoso por enquanto”, evidenciou.
Segundo a moradora, no grupo de vizinhos do Parque Dallas, a maioria deseja que as espécies sejam transplantadas para outros lugares. “Eles entraram com abaixo-assinado para tirar as árvores, a maioria é a favor de que elas sejam realocadas”, acrescentou.
Cícera relatou que precisa dar a volta na rua para sair de casa com o carro e que o cruzamento pode ser perigoso, já que ainda não há sinalização adequada. “Do jeito que está, não sabemos de quem é a preferência na via, não há sinalização”, pontuou.
Ainda conforme a moradora, na copa do carvoeiro-vermelho existe uma colmeia de abelhas-pretas, espécie popularmente conhecida como mel-de-cachorra ou abelha-irapuá. Elas são chamadas de abelhas sem ferrão, pelo fato de terem a parte atrofiada.
Outro morador, que não quis ser identificado, ressaltou que a presença das árvores no local não atrapalha a vida dos habitantes. “Por mim não tem problema, por uma questão ambiental seria bom que elas fossem levadas para outro lugar, mas não me incomoda”, frisou.
PARECER TÉCNICO
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (Semadur) realizou a vistoria técnica e informou que é favorável ao transplante da árvore da espécia cumbaru para uma praça ou área de domínio público próximo ao local onde a espécie está plantada.
Já em relação ao carvoeiro-vermelho, a Semadur ressaltou que é contra a retirada da espécie. Entretanto, ponderou que a permanência dela só será possível com a construção de um canteiro com área permeável, tanto no entorno quanto no colo (região entre as raízes e o caule), e acrescentou a exigência de um monitoramento periódico in loco.
A árvore que será transplantada está localizada em frente a uma nova unidade de um mercado atacadista, ainda em construção. Sobre a presença das abelhas-pretas, a Semadur afirmou não ter conhecimento.
A secretaria evidenciou que a obra é aguardada por mais de cinco mil habitantes do local e terá 10 quilômetros de pavimentação.
RETOMADA DA OBRA
Ao Correio do Estado, o secretário municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos, Rudi Fiorese, esclareceu que o transplante da árvore está sendo analisado pela equipe. “Estamos providenciando o transplante dessa árvore, que foi autorizado. A Semadur já definiu um local”, afirmou.
Conforme o secretário, a expectativa é de que a espécie seja replantada em um novo local até esta sexta-feira. “Assim que a gente fizer o transplante, a empresa continua a execução do serviço. A gente espera fazer isso até o fim da semana”, disse.
Sobre a paralisação da obra, Fiorese destacou que a equipe continua trabalhando em outras ruas do bairro.
TRANSPLANTE
A ação de transferência da árvore, apesar de uma boa alternativa para a preservação do exemplar, não deixa de ser uma agressão à planta.
Conforme apurado pelo Correio do Estado, especialistas relataram que cada espécie precisa de um tempo para adaptação em um novo local.
De modo geral, o transplante de uma árvore é feito por meio de escavações ao redor das raízes, formando um torrão de terra. Depois é feito o corte e, em seguida, a planta é ensacada e transportada para o novo local.
Na localização de destino é feito um buraco do tamanho do torrão e a árvore é replantada. Por último, são colocados adubo químico, substrato e gel para reter a planta. A partir desse momento é necessário regar e cuidar como se a ela fosse uma nova muda.
SAIBA
A árvore no cruzamento com a Rua Francisco Pinto de Arruda é o único exemplar da espécie carvoeiro-vermelho registrado no perímetro urbano de Campo Grande.




