Cidades

TRABALHO

Após portaria, 20 empregadores podem sair da lista suja em MS

A relação é preenchida com empresários flagrados no Estado submetendo trabalhadores a condições análogas à escravidão; maioria dos casos é em fazendas

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Em Mato Grosso do Sul, 20 empregadores poderão sair de uma relação de empresários que foram flagrados submetendo trabalhadores a condições análogas à escravidão, isso após alteração das diretrizes de permanência nessa lista suja. A mudança foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, no fim de julho.

A iniciativa autoriza que pessoas ou empresas que foram inseridas no cadastro de empregadores que tenham submetido trabalhadores a condições análogas à escravidão peçam – antes do prazo de dois anos em que deveriam ficar nessa lista suja – um termo de ajustamento de conduta (TAC) ou um acordo judicial ao MTE ou à Advocacia-Geral da União (AGU), a fim de saírem da relação.

No entanto, essa iniciativa não é imediata, tendo que passar pela Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) e pela Secretaria Executiva da Pasta – além pela AGU – e ser aprovada pelo próprio ministério, entre outras inspeções, antes de o TAC realmente ser celebrado, fazendo com que o empregador saia da lista suja e entre no Cadastro de Empregadores em Ajustamento de Conduta (Ceac).

REPERCUSSÃO

No entanto, essa medida não foi bem-recebida pelas pessoas que combatem o trabalho escravo no País.
No Estado, o procurador do Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul (MPT-MS) Paulo Douglas Almeida de Moraes relatou que a medida é “quase um pagamento pelo crime”, uma vez que condiciona iniciativas já realizadas de acordo com a legislação trabalhista para a saída dos empregadores 
da lista suja.

“O MTE considera essa portaria um grande retrocesso na política pública de combate ao trabalho escravo. 
Isso porque a lista suja é o principal instrumento dessa política pública no sentido de dissuadir aqueles empregadores que lucram com o trabalho escravo”, pontuou Moraes.

O procurador também esclareceu que algumas afirmações que a portaria traz em seu texto são falsas, citando como exemplo a premissa de que o novo documento promove uma indenização superior 
ao trabalhador.

“Isso não é verdade, porque a portaria prevê a indenização para cada trabalhador resgatado de apenas 20 salários mínimos, quando a legislação atual, lá no artigo nº 223 G, parágrafo 1º, da CLT [Consolidação das Leis do Trabalho], já prevê o mínimo de 20 vezes o salário do trabalhador. Portanto, como os salários de cerqueiros, por exemplo, chegam facilmente a R$ 3 mil, nós estamos falando aí de R$ 60 mil, mas esse valor pode chegar até 50 vezes o salário”, argumentou Moraes.

O segundo aspecto levantado pelo procurador é de que a portaria vai criar uma discriminação entre os próprios empregadores, pois condiciona que os interessados em deixar a lista suja paguem até menos do que o previsto na legislação trabalhista.

“Nós teremos uma lista de empresas pobres, teremos uma discriminação favorecendo apenas os empregadores mais poderosos. Então a quais interesses essa lista vem atender? Infelizmente, atende ao interesse de grandes empresas e viola o interesse público em efetivamente combater 
o trabalho escravo em nosso país”, comentou.

Moraes ainda pontuou que entre os interesses do Ministério Público do Trabalho (MPT) no combate ao trabalho escravo está a desapropriação de terras nas quais trabalhadores foram resgatados em situação análoga à escravidão, pauta que está parada no Congresso. Em MS, por exemplo, os locais mais comuns em que pessoas foram encontradas sendo escravizadas são fazendas.

Na lista suja, disponível no site do MTE, 20 locais são em Mato Grosso do Sul. Desses, 19 são em áreas rurais e apenas um foi em uma obra de construção civil na Capital, no Bairro Monte Castelo. A região pantaneira é a que mais tem áreas em que trabalhadores foram encontrados em situação análoga à escravidão, sendo seis delas em Corumbá e outras três em Porto Murtinho.

Segundo o MPT-MS, no ano passado, 87 pessoas foram resgatadas em condições análogas à escravidão em propriedades rurais do Estado. Já em 2022 foram 116 trabalhadores resgatados. Neste ano, até o dia 19 de agosto, 62 pessoas foram tiradas dessa situação.

A entrada na lista suja ocorre quando os empregadores são flagrados – seja pela fiscalização trabalhista, seja pelas equipes do MTE ou do MPT – explorando ou escravizando pessoas.

A permanência nessa relação é de até dois anos, e durante esse período a SIT realiza monitoramentos constantes, a fim de verificar a regularidade das condições de trabalho no local. Em casos de ser constatada uma nova infração, o empregador vai permanecer na lista suja por mais dois anos.

Saiba

O MPT-MS informa que todos podem denunciar trabalho escravo ao órgão, no site oficial ou pelo app MPT Pardal.

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Cidades

Lula acha pacote de benefícios para indígenas insuficiente e adia vinda à MS

A visita tinha como objetivo oficializar a demarcação da Terra Indígena (TI) Ñande Ru Marangatu, em Antônio João; não há previsão de nova data

02/12/2024 14h30

Negociação atrasa e adia vinda de Lula à área indígena

Negociação atrasa e adia vinda de Lula à área indígena Divulgação

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mudou pela segunda vez a vinda para Mato Grosso do Sul. A visita tinha como objetivo oficializar a demarcação da Terra Indígena (TI) Ñande Ru Marangatu, em Antônio João. A agenda que estava programada para esta quarta-feira (04), foi adiada mas sem previsão de nova data.

Em abril, Lula veio a Campo Grande anunciar a ampliação das exportações de carne do Brasil para a China. Três meses depois, sobrevoou o Pantanal junto do Governador Eduardo Riedel (PSDB), além das ministras Simone Tebet e Marina Silva, respectivamente do Planejamento e Meio Ambiente, em virtude das queimadas do bioma.

Em justificativa, o secretário executivo Eloy Terena explicou que o adiamento se deu por pedido do próprio presidente, devido à necessidade de um maior envolvimento dos outros ministérios no momento da entrega. 

“A preocupação do presidente não é só entregar a terra. Nós queremos entregar a terra, mas também um pacote de ações, de projetos para a comunidade, para que eles possam retomar a terra e tenham condições de retomar o seu modo de vida. Então, o ministério tinha trabalhado nisso nos últimos 15 dias, num conjunto de ações com outros ministérios, só que quando nós levamos isso para o presidente, ele achou muito aquém”, afirmou.

Eloy ressaltou que a partir de agora, o projeto será reforçado com apoio do Ministério das Cidades, Ministério do Desenvolvimento Agrário, para que seja dado condições às comunidades indígenas receberem a terra, e imediatamente terem um apoio para iniciar suas atividades.

Pacote de investimentos

Conforme noticiado pelo Correio do Estado, o secretário-executivo do MPI, Eloy Terena afirmou que após a Pasta garantir a liberação dos recursos com o governo federal para o pagamento da indenização aos fazendeiros, o que ocorreu na semana passada, o ministério quer garantir outros projetos para serem implantados na terra indígena.

“A ideia é o presidente [Lula] ir entregar a terra, tem um aspecto simbólico, porque os fazendeiros já saíram. E agora estamos trabalhando para entregar um pacote de políticas públicas, para não ser só a entrega da terra, que já é uma coisa muito importante”, afirmou.

“Estamos trabalhando com outros ministérios temáticos, para ver o que cada um tem pronto para ser anunciado lá para a comunidade indígena. Então, semana que vem vamos trabalhar nisso”, complementou o secretário-executivo.

Segundo Eloy Terena, algumas ações a serem apresentadas serão do próprio MPI, como a implementação de um plano de gestão territorial da terra indígena e de um projeto de quintais produtivos, porém, também há a intenção de outras medidas a serem implantadas, a fim de ajudar os moradores da comunidade a ter mais estrutura no local.

“Estamos vendo também na área da saúde se conseguimos anunciar acesso à água potável. Estamos provocando o Ministério das Cidades para ver se eles têm alguma coisa para ser anunciado do Minha Casa, Minha Vida para a área indígena”, adicionou.

O repasse 

No último dia (14), os fazendeiros Roseli Ruiz e Pio Silva foram os últimos a deixar a terra após a União finalizar o pagamento indenizatório de R$ 27 milhões aos produtores rurais que viviam na terra situada na fronteira com o Paraguai, próximo à faixa de 150 quilômetros paralela à linha divisória do território nacional.

Anunciada pelo presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Marcelo Bertoni, a retirada dos produtores encerrou um ciclo de conflitos de 27 anos entre fazendeiros e indígenas, uma vez que o pagamento torna a terra de 9.317,216 hectares propriedade da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

Em acordo indenizatório histórico realizado em setembro último, o Supremo Tribunal Federal (STF) já havia determinado que a área é território ancestral indígena, imbróglio iniciado em 2005.

Ao todo, a União repassou R$ 27.887.718,98  a título das benfeitorias apontadas em avaliação da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em 2005, valores  corrigidos pela inflação e a Taxa Selic.

Os proprietários também devem receber indenização, pela União, no valor de R$ 101 milhões pela terra nua. O Estado deverá efetuar, em depósito judicial, o montante de R$ 16 milhões, também a serem pagos aos proprietários, repasse que deve ser concluído até o fim de 2026.

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Cuidado

Ciclone-bomba traz alerta de tempestades para 79 municípios de MS

As chuvas deverão ser mais torrenciais nesta terça-feira (3), em todos os municípios de MS, devido ao avanço de um ciclone-bomba que causou estragos na região sul do país

02/12/2024 14h00

Tempestade atingiu diversas regiões de Mato Grosso do Sul nesta semana

Tempestade atingiu diversas regiões de Mato Grosso do Sul nesta semana Álvaro Rezende / Correio do Estado

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A formação de um ciclone bomba na região sul do país trouxe instabilidade no clima de Mato Grosso do Sul para o início desta semana. O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), preocupado com o volume das chuvas intensas que causaram estragos em diversas cidades do Rio Grande do Sul, renovou o alerta de perigo laranja para tempestades até a próxima quarta-feira (4). 

O alerta se estende para os 79 municípios do estado. Em Campo Grande, onde a temperatura máxima não deve ultrapassar os 30ºC, a semana começou com o tempo fechado, e as chuvas apareceram logo no início da manhã em diversos bairros da Capital

Para a região Pantaneira, as temperaturas máximas devem atingir 33ºC em Corumbá e 32ºC em Aquidauana. Na região sul do estado, em Ponta Porã, as tabelas não devem ultrapassar os 30ºC, enquanto em Dourados a máxima pode chegar a 33ºC.

As chuvas intensas deverão ocorrer de forma torrencial a partir desta terça-feira (3). O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), preocupado com a segurança da população, alerta que, devido ao ciclone bomba, as precipitações em todas as cidades de Mato Grosso do Sul devem variar entre 30 e 60 mm/h, podendo chegar a 100 mm por dia.

Os avisos meteorológicos informam que há possibilidade de queda de granizo e risco de corte não fornecido de energia elétrica, além de danos a plantações, queda de árvores e alagamentos.

Em caso de rajadas de vento, evite se abrigar sob árvores, pois há risco de queda e descargas elétricas. Devido a esses perigos, não estacione veículos próximos a torres de transmissão e placas de publicidade. Se possível, desligue os aparelhos elétricos e o quadro geral de energia elétrica em situações de risco.

Informações, entre em contato com a Defesa Civil no 199 e também com o Corpo de Bombeiros no 193. 

O que é Ciclone Bomba 

O ciclone bomba é uma área de baixa pressão que se formou no sul da Argentina, ganhou força e avançou pela costa do Uruguai, segue avançando pelo Rio Grande do Sul. Ele deve seguir em direção ao Sudeste e Centro-Oeste do país ainda nesta segunda-feira (2).

Ainda de acordo com dados meteorológicos, o ciclone bomba, após seguir em direção ao litoral de São Paulo, deve se afastar para o Oceano Atlântico até quarta-feira (4), perdendo sua força máxima. Até a quarta-feira, ele atingirá os estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país, com chuvas intensas em 79 municípios de Mato Grosso do Sul.

 

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