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ARTIGO

Claudio Cotter: "A fisioterapia pode melhorar seu desempenho no trabalho?"

Graduado em Fisioterapia e pós-graduado em Medicina Psicossomática

Redação

14/09/2019 - 02h00
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A forma como pensamos e lidamos com a dor e a doença é importantíssima e define em muitos casos qual a gravidade dos sintomas e o quanto esses processos podem atrapalhar nossa vida pessoal e desempenho no trabalho. Na prática diária em consultório, fica claro que pacientes com atitudes positivas costumam ter sintomas mais amenos do que pacientes com atitudes negativas em relação à patologia, ou mesmo em relação à vida.

É fato que aprender a lidar com situações de dor e de diagnósticos complexos não é diferente de lidar com situações difíceis no trabalho ou na vida pessoal. Os mecanismos mentais que temos que desenvolver são os mesmos, olhando para o problema como um desafio a ser vencido, e não uma barreira intransponível.

Apesar de enxergarmos essas situações de nossas vidas como se fossem muito diferentes, nosso sistema nervoso entende como processos de soluções de problemas muito parecidos, e o que realmente difere é o nível de ansiedade e expectativas que alimentamos. Isto faz com que algumas situações sejam muito piores do que outras.

A depressão também é um fator que leva à piora dos sintomas de qualquer quadro ortopédico pela baixa taxa de liberação de serotonina e outros neurotransmissores, o que diminui o limiar de dor, fazendo com que sintomas leves se intensifiquem. Um exemplo disso é o que ocorre na fibromialgia, patologia na qual três fatores são importantes para seu diagnóstico: dores itinerantes, sedentarismo e depressão.

Se levarmos em conta que a atividade física de baixa intensidade, como fazer 30 minutos de bicicleta ergométrica, já demonstra resultados equivalentes hoje à medicação antidepressiva e que com essa simples solução já estaremos atuando sobre os três fatores, podemos concluir que o maior obstáculo desse tipo de patologia é a inércia a ser vencida. Em alguns casos, a medicação com controle de prescrição médica é importante para o impulso inicial, mas, com o tempo, é imprescindível que a medicação seja gradativamente diminuída e as atividades físicas sirvam como potencializadoras da psicoterapia, fisioterapia e outras terapias que possam ser indicadas dependendo de cada caso.

Movimentar seu corpo três a quatro vezes por semana traz benefícios sobre os sistemas circulatório, endócrino, respiratório, urinário, digestório, ou seja, praticamente todos, mas não se engane, seu sistema musculoesquelético precisa de movimentação diária. A cartilagem articular necessita de movimento para se nutrir e se lubrificar, os músculos requerem movimento para manter todo o potencial de mobilidade, flexibilidade e a drenagem dos tecidos a sua volta e, com tudo isso, seus ossos recebem mais cálcio, evitando assim a osteoporose.

A burnout é uma outra síndrome que vem sendo diagnosticada com frequência e se traduz no esgotamento do indivíduo em relação ao trabalho. Em muitos aspectos, pode se confundir com um quadro depressivo ou de fibromialgia, mas, neste caso, o sintoma se apresenta principalmente em relação às questões do trabalho, um sentimento de exaustão contínua.
Pensando dessa forma, diagnósticos extremamente complicados num primeiro momento podem se tornar problemas simples. É só entendermos todos os aspectos da doença, fragmentarmos em pedaços como pequenos problemas, os quais terão uma solução mais simples do que se olharmos para o todo.

Neste caso, a avaliação por uma equipe multidisciplinar pode ser a melhor saída. Olhar para cada parte do problema é complexo para um único profissional, mas quando o médico avalia, diagnostica e medica; o psicólogo analisa e trata questões que podem vir de outras áreas da vida ou até da infância; o fisioterapeuta analisa questões biomecânicas-posturais que podem gerar sobrecarga em articulações e músculos; o acupunturista analisa e trata desequilíbrios energéticos, ajudando na regulação de hormônios e neurotransmissores; o quiropraxista ajusta as articulações; e, por fim, a nutricionista reequilibra a dieta, o resultado do tratamento é sempre mais eficiente.

Hoje contamos ainda com a visão da psicossomática, que é uma abordagem aplicável em qualquer área da saúde. Na fisioterapia, tratamos principalmente de questões emocionais ligadas a memórias de eventos que estejam gerando dores físicas. Na avaliação, é possível o fisioterapeuta verificar se existe alguma associação que o cérebro esteja gerando entre a memória de um evento e alguma sensação física. Este processo não é consciente, portanto, o paciente não escolhe ter a dor ou a doença. O trabalho do fisioterapeuta é dissociar a memória da sensação física, a partir deste momento, e, caso ainda haja incômodo psíquico, é indicado o acompanhamento do psicólogo. Nesta situação, a continuidade do trabalho do fisioterapeuta é voltada novamente para questões ortopédico-posturais. 

ARTIGOS

Caminhos da vida

01/03/2025 07h45

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A vida depende do caminhar de cada ser. Nesse caminhar, cada qual vai definindo seus desejos, seus planos e seus limites. Mesmo que não aceite certos deles, terá que respeitar o pensar e o agir dos demais. Nesse caminhar, haverá também uma exigência de constante purificação pessoal e social.

Nessa purificação, ninguém estará só. A humanidade estará solidária. O universo estará em comum tarefa. Tudo e todos caminharão para o eterno. Todos buscando o melhor para si. Mesmo que tenha que aceitar a contribuição dos demais, prefere enfrentar certas situações contando apenas com apenas suas forças.

Assim caminha o universo. Uns procurando caminhos. Outros se acomodando. Outros rejeitando soluções. E todos querendo uma definição. Todos buscando uma luz que lhes indique uma saída. Mesmo que não seja a mais segura, mas que seja plausível para o momento e para o fato que estaria necessitando.

Cautela! Prudência! Vigilância! Paciência! Esses são valores, são forças e são estratégias para quem esteja procurando construir o caminho que conduzirá ao Reino do céu. Justamente na Bíblia Sagrada é que encontramos tudo isso: em Lucas (Lc. 6,39-45).

Nessa passagem bíblica, encontramos diversas parábolas iluminando e clareando nossas incertezas e nossas vidas. Entre elas, destacamos aquela que revela o atrevimento do cego de querer conduzir outro cego. Possivelmente, no primeiro buraco, ambos cairão e se machucarão. Nesse caso, atrevimento, muitos poderão se ferir.

Esse atrevimento poderá encontrar coordenadores de movimentos, de comunidades de fé, coordenadores de grupos sociais. Atrevem-se a se mostrar seguros quando, na realidade, são atrevidos em suas iniciativas.
Mas certos momentos, ou certas iniciativas despertavam a ganância e aguçavam a vaidade. Queriam sempre mais. Muito difícil se contentar com o que lhe era passado. Mas o Mestre não perdia a oportunidade e mostrava claramente o lugar de cada um e o perigo de querer julgar.

O julgamento pertence só a Deus. Mas em toda parte existem os que se julguem suficientemente competentes a emitir sentenças e determinar rumos e efeitos. Então, o Mestre é muito claro ao afirmar que, “antes de tirar o cisco que há no olho de seu irmão, tire a trave que está no seu”.

Somente depois poderá analisar e ver qual atitude poderá tomar. Será oportuno lembrar que, quanto mais quisermos julgar os demais, mais difícil será reconhecer os erros pessoais. Antes de juízes, seria bem mais sensato nos colocarmos como réus. E a humildade revelará o quanto somos frágeis.

Creio que seja a hora de colocar a mão no coração, sentir seu pulsar e fazer com que pulse mais suave e mais moderado, revelando humildade, delicadeza e solidariedade. Pois já é hora de ter um coração mais sensível à dor humana e ao apelo de Deus a conclamar para um amor mais humano e mãos mais divinas.

Creio que já é hora de olhar a vida com mais ternura. Já é hora de agir com mais humildade, usando palavras mais justas, abraçando as causas mais verdadeiras e comungando os sentimentos mais divinos.

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ARTIGOS

Trump, imigração e a ONU

01/03/2025 07h15

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A política de imigração nos Estados Unidos é um tema complexo e controverso, especialmente com a retomada do mandato de Donald Trump. O discurso anti-imigração do presidente eleito tem gerado preocupações sobre os impactos na economia, na sociedade e nos direitos humanos. A Organização das Nações Unidas (ONU) tem defendido a dignidade e a igualdade como pilares da convivência global, enquanto as ações de Trump priorizam a soberania nacional, muitas vezes em detrimento dos direitos de populações vulneráveis.

A política de Trump de deportação em massa e a construção de um muro na fronteira com o México são exemplos de como o discurso anti-imigração pode levar a medidas que violam os direitos humanos. A separação de famílias na fronteira e a restrição de entrada de cidadãos de determinados países também demonstram a priorização de barreiras nacionais e a exclusão de pessoas em situação de vulnerabilidade. Isso é contraditório com os princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) de 1948, que asseguram que todos os indivíduos têm direitos inalienáveis, independentemente de nacionalidade, raça ou condição migratória.

A ONU defende que os imigrantes e refugiados têm direito a buscar asilo em outros países para fugir da perseguição e que devem ser tratados com dignidade e respeito. No entanto, as políticas de Trump têm enfraquecido esse direito, como a política de Remain in Mexico, que obrigava solicitantes de asilo a permanecerem no México enquanto aguardavam o processamento de seus pedidos. Isso os expunha a condições precárias e perigosas, em contradição com os padrões internacionais de proteção humanitária.

Além disso, a economia dos Estados Unidos depende da mão de obra imigrante. A chegada dos imigrantes na América do Norte em busca de oportunidades impulsionou a infraestrutura e a inovação do país, trazendo impactos positivos para a economia. Segundo o relatório Efeitos do Aumento da Imigração no Orçamento Federal e na Economia, divulgado pelo Gabinete de Orçamento do Congresso (CBO), o aumento da imigração no país pode trazer mudanças no Produto Interno Bruto (PIB), na inflação, nos juros e no orçamento dos EUA.

A mão de obra imigrante é um fator de dependência dos Estados Unidos. Com a escassez de mão de obra qualificada especialmente nas áreas de saúde, tecnologia e construção civil, os imigrantes assumem essas funções, desempenhando papéis fundamentais em diversos setores da economia. A agricultura, por exemplo, necessita de trabalhadores para manter o abastecimento interno e as exportações. Já na área da saúde, os imigrantes ocupam postos de enfermeiros, assistentes domiciliares e médicos.

Em resumo, a política de imigração nos Estados Unidos é um tema complexo que envolve direitos humanos, economia e sociedade. A ONU defende a dignidade e a igualdade como pilares da convivência global, enquanto as ações de Trump priorizam a soberania nacional, muitas vezes em detrimento dos direitos de populações vulneráveis. É fundamental que se encontre um equilíbrio entre a proteção dos direitos humanos e a gestão da imigração para que se possa construir uma sociedade mais justa e inclusiva.

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