Artigos e Opinião

EDITORIAL

CNH, a expectativa e a realidade em MS

A CNH mais barata não pode ser apenas um anúncio bem embalado. Precisa ser uma política pública real, acessível e plenamente implementada

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A redução do valor da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) é uma pauta relevante, sensível e, sobretudo, urgente. Trata-se de um documento que vai muito além da permissão para dirigir: a CNH é instrumento de inclusão social, de acesso ao mercado de trabalho e de mobilidade.

Justamente por isso, quando o tema é tratado com pressa no discurso e lentidão na prática, o resultado é frustração para a população e desgaste para quem anuncia avanços que ainda não chegaram à maioria.

Nesta edição mostramos que, para quase a totalidade dos sul-mato-grossenses, a CNH mais barata só começa a valer, de fato, a partir de fevereiro. Apesar disso, a comunicação oficial da semana passada deu a entender que o benefício já estava plenamente em vigor no Estado, como se Mato Grosso do Sul tivesse saído à frente do restante do País.

O detalhe omitido é essencial: trata-se apenas de um projeto-piloto, um teste restrito, que não reflete a realidade enfrentada hoje por quem precisa do documento.

Marketing público precisa ser honesto e proporcional ao alcance real das medidas anunciadas. Criar a expectativa de que a CNH já está mais barata para todos, quando isso ainda não ocorre, é um erro que mina a credibilidade da política pública.

Mais do que anunciar pioneirismo, é preciso entregar resultados concretos, com prazos claros e regras bem explicadas. Celeridade administrativa e transparência caminham juntas.

A CNH mais acessível corrige uma distorção que se agravou ao longo da última década. O custo do documento tornou-se proibitivo para brasileiros de baixa renda, excluindo milhares de pessoas de oportunidades básicas de trabalho.

Em um mercado que exige mobilidade, especialmente em estados extensos como Mato Grosso do Sul, não ter habilitação significa ficar à margem de vagas formais e informais, inclusive em setores que enfrentam falta de mão de obra.

O governo federal abriu uma porta ao reduzir custos e flexibilizar etapas. Cabe agora aos estados acompanhar esse movimento com agilidade e clareza. Em Mato Grosso do Sul, onde há demanda inclusive por motoristas profissionais, como caminhoneiros, a democratização do acesso à CNH pode ter impacto direto na economia e na geração de renda.

Esperamos que, superadas as distorções de tempo e ajustada a comunicação, o Estado avance de forma efetiva. A CNH mais barata não pode ser apenas um anúncio bem embalado.

Precisa ser uma política pública real, acessível e plenamente implementada para todos os sul-mato-grossenses que dela dependem para trabalhar, circular e viver com mais dignidade.

ARTIGOS

As tendências de tecnologia que vão acelerar o Brasil em 2026

Das dezenas de apostas tecnológicas listadas anualmente por analistas globais, apenas uma fração tem aderência real à realidade brasileira

29/12/2025 07h45

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A aceleração da inteligência artificial (IA) nas empresas brasileiras neste ano mudou o eixo das discussões sobre tecnologia. De acordo com levantamento da AWS, 9 milhões de empresas no País já utilizam IA de forma sistemática – um aumento de 29% em apenas um ano.

Mas, enquanto a inteligência artificial concentra a atenção, outras tecnologias menos visíveis, porém decisivas, avançam em paralelo e preparam terreno para uma transformação estrutural.

Para entender quais serão as principais tendências que devem dominar a tecnologia de ponta no Brasil a partir do próximo ano, realizamos um levantamento no mercado nacional, cruzando dados de tendências já mapeadas pelo Gartner com informações do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Os temas identificados refletem um novo ciclo de prioridades: mais integração, menos improviso; mais segurança, menos hype. E devem orientar as decisões de investimento de empresas privadas e órgãos públicos até o fim da década.

Das dezenas de apostas tecnológicas listadas anualmente por analistas globais, apenas uma fração tem aderência real à realidade brasileira. Fatores como infraestrutura, regulação, maturidade digital e prioridades setoriais moldam o que, de fato, pode ser escalado localmente.

A seleção a seguir foca em tendências com aplicação prática e impacto direto sobre os desafios e oportunidades do País nos próximos três anos.

Plataformas de desenvolvimento nativas em IA: a forma como empresas desenvolvem software no Brasil está prestes a passar por uma transformação radical.

As plataformas nativas em inteligência artificial, que permitem criar aplicações inteiras por meio de prompts em linguagem natural, vêm sendo rapidamente adotadas por startups e empresa de grande porte no País, oferecendo um caminho direto para contornar a escassez de desenvolvedores e acelerar a entrega de soluções digitais.

A tendência, listada pelo Gartner como uma das principais transformações estratégicas para os próximos anos, aponta um cenário em que a maior parte do código corporativo será gerado, acelerado ou revisado por IA. Para um país com carência de profissionais especializados, mas alta demanda por digitalização, o salto de produtividade pode ser enorme.

Automação inteligente de processos (RPA/IPA): a busca por eficiência operacional, a escassez de mão de obra qualificada e a pressão por escalabilidade são os principais fatores que levaram a automação de processos a ocupar um papel de destaque nas estratégias de transformação digital no Brasil.

Neste ano, a tecnologia deu um salto qualitativo: o modelo clássico de automação robótica (RPA), antes limitado a fluxos fixos e tarefas repetitivas, foi incorporado a recursos de inteligência artificial, dando origem ao que o mercado já chama de IPA ou Intelligent Process Automation.

O conceito vai além de bots que replicam cliques: trata-se de sistemas que leem documentos, interpretam comandos em linguagem natural, tomam decisões com base em aprendizado de máquina e executam ações integradas entre plataformas.

Esse movimento não é novo, mas alcançou uma nova escala com a integração da IA generativa a ferramentas de automação.

E o que antes era privilégio de grandes bancos e multinacionais tornou-se acessível para empresas de médio porte, graças à proliferação de soluções SaaS, plataformas low-code e orquestradores de automação em nuvem.

ARTIGOS

Mudanças nas regras da Previdência elevam exigências para aposentadoria em 2026

Para quem já havia preenchido todos os requisitos para se aposentar até este ano, ou mesmo antes, e optou por adiar o pedido o direito adquirido permanece assegurado

29/12/2025 07h30

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Desde a reforma da Previdência de 2019, o acesso à aposentadoria pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) passou a sofrer ajustes anuais.

Em 2026, essas mudanças voltam a impactar diretamente os segurados que ainda não alcançaram o direito ao benefício e pretendem se aposentar no próximo ano. Por isso, informação e planejamento se tornam decisivos.

Quem já havia preenchido todos os requisitos para se aposentar até este ano, ou mesmo antes, e optou por adiar o pedido pode ficar tranquilo: o direito adquirido permanece assegurado.

Esses trabalhadores ainda poderão se aposentar pelas regras anteriores à reforma, inclusive utilizando períodos que ampliam o tempo de contribuição, como atividade especial (insalubridade), trabalho rural, regime próprio, serviço militar, vínculos reconhecidos em ações trabalhistas, entre outros.

A Emenda Constitucional nº 103, em vigor desde 13 de novembro de 2019, promoveu mudanças profundas tanto nas regras de acesso quanto na forma de cálculo da aposentadoria.

Uma das dúvidas mais frequentes é se a aposentadoria por tempo de contribuição acabou. A resposta é: sim e não. Ela deixou de existir como regra permanente, mas continua válida para quem já tinha direito antes da reforma ou para quem se enquadra em determinadas regras de transição, algumas delas, inclusive, sem exigência de idade mínima.

Há regras que não sofrerão alterações em 2026. Permanecem estáveis: o direito adquirido às normas anteriores à reforma; a regra permanente, que exige idade mínima de 65 anos para homens (com 20 anos de contribuição para novos filiados e 15 para os antigos) e 62 anos para mulheres, com 15 anos de contribuição; além das regras de transição do pedágio de 50% e do pedágio de 100%, que continuam exatamente como foram estabelecidas em 2019.

As mudanças efetivas de 2026 se concentram nas regras de transição progressivas. No sistema de pontos, a soma da idade com o tempo de contribuição sobe novamente: serão exigidos 103 pontos para os homens e 93 para as mulheres.

Já na regra da idade mínima mais tempo de contribuição haverá novo acréscimo de seis meses. As mulheres precisarão atingir 59 anos e 6 meses de idade, com pelo menos 30 anos de contribuição, enquanto os homens deverão alcançar 64 anos e 6 meses de idade, além de 35 anos de contribuição.

Em todas essas hipóteses, o cálculo do valor do benefício permanece o mesmo: parte de 60% da média de todos os salários de contribuição, com acréscimo de 2% ao ano que exceder 15 anos de contribuição para mulheres e 20 anos para homens.

Embora o coeficiente possa ultrapassar 100% da média, o valor final sempre estará limitado ao teto do INSS.

A regra de transição por idade para mulheres, por sua vez, já se estabilizou desde 2023 e segue em 62 anos de idade, com 15 anos de contribuição, sem novas alterações previstas para 2026.

Em síntese, 2026 não trará mudanças no cálculo dos benefícios, mas imporá requisitos mais rigorosos para a concessão da aposentadoria nas regras de transição. Idade mínima, tempo de contribuição e pontuação continuam avançando ano a ano.

Diante desse cenário, o planejamento previdenciário deixa de ser uma opção e passa a ser uma necessidade, permitindo ao segurado identificar a regra mais vantajosa e evitar perdas significativas no valor do benefício.

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