Em um cenário de fiscalização intensa e competição acirrada por contratos públicos, o compliance deixou de ser apenas um requisito regulatório. Hoje, ele é ferramenta estratégica para proteger receita e garantir continuidade de negócios. Para empresas que mantêm contratos de alto valor com o Estado, a efetividade do programa de compliance funciona como seguro contra perdas futuras e diferencial competitivo.
O ambiente em Mato Grosso do Sul mudou. A regulamentação da Lei Anticorrupção, da nova Lei de Licitações e a criação do programa de integridade estadual elevaram o padrão de exigência para fornecedores do poder público. Já não basta cumprir formalidades, é preciso demonstrar que a empresa investe em compliance e que esse investimento se reflete na prática.
Com a Resolução nº 305/2025 do CNMP, orientando o Ministério Público a cobrar medidas efetivas de integridade de prefeitos e gestores, os municípios tendem a seguir o mesmo caminho, elevando as exigências também em nível local. As empresas que se anteciparem a essa onda regulatória estarão em posição privilegiada quando ela alcançar as licitações municipais.
Esse é um ponto que muitos executivos subestimam: compliance não é apenas proteção jurídica – é também marketing institucional de alto impacto. Quando órgãos públicos, de controle e parceiros percebem que a empresa tem estrutura de integridade robusta e liderada por profissionais de peso, o valor percebido vai muito além da prevenção de riscos, gerando confiança, reduzindo resistências e fortalecendo relacionamentos estratégicos.
Contratar, por exemplo, um diretor de compliance experiente e reconhecido não é só reforçar a área técnica, mas fortalecer relações e comunicação. É dar rosto e voz ao compliance, capaz de representar a empresa em eventos, redes sociais e encontros com órgãos públicos. Hoje, sob escrutínio das mídias sociais e demandas dos stakeholders, esse diretor garante que a organização seja levada a sério, compreendida e respeitada onde importa.
Para empresas com histórico de questionamentos, isso é ainda mais relevante. A presença ativa e visível de uma liderança de compliance forte mostra que o passado foi reconhecido, lições foram aprendidas e ações concretas estão em curso para garantir um futuro diferente.
E essa narrativa precisa ser contada com consistência, não apenas em relatórios internos, mas também em espaços públicos, como jornais, redes sociais, congressos e encontros setoriais.
Embora a efetividade do compliance seja medida por evidências internas de desempenho e resultado, a percepção externa também é decisiva, pois influencia a confiança de stakeholders, órgãos públicos e consolida a reputação da empresa. Essa percepção se constrói com presença, coerência e comunicação estratégica.
Empresas que entendem isso fazem do compliance um aliado direto do negócio. Ao posicionar a integridade como valor central e investir em líderes capazes de representá-la, elas reduzem riscos, aumentam a previsibilidade e fortalecem sua posição nas concorrências (públicas ou privadas).
No fim, proteger receita hoje significa mais do que entregar o que está no contrato. Significa garantir que cada órgão público, parceiro e colaborador veja a empresa como sinônimo de confiança. E essa confiança, quando conquistada, vale tanto quanto qualquer cláusula contratual.


