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CORREIO DO ESTADO

Confira o editorial desta quarta-feira: "Visão de futuro"

Confira o editorial desta quarta-feira: "Visão de futuro"

Redação

23/08/2017 - 03h00
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A extensa lista possibilitaria, facilmente, classificar Pedro Pedrossian como “o governador das grandes obras”. Suas ações superam esse título... 

Havia muito a ser construído para garantir o desenvolvimento das terras do Centro-Oeste brasileiro que formavam os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O engenheiro Pedro Pedrossian teve papel decisivo nessa missão. Tido como visionário, o “Homem de Miranda”, sua terra natal, comandou o estado em três períodos distintos: foi eleito pela primeira vez ainda em 1965, antes da divisão; retornou ao cargo já em 1980, quando foi nomeado pelo então presidente João Figueiredo para comandar Mato Grosso do Sul, deixando o posto que ocupava como senador; depois, venceu a eleição e governou o Estado de 1991 a 1994. Realizou grandes obras que beneficiam centenas de sul-mato-grossenses. Sua despedida, aos 89 anos, é lembrada pelo seu legado de inspiração e realizações de quem acreditou no potencial e progresso desse Estado.

Estradas, avenidas importantes de Campo Grande, hospitais (Rosa Pedrossian e Câncer), Parque dos Poderes, Parque das Nações Indígenas, estádios Morenão e Douradão, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul,  Universidade Federal de Mato Grosso e Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (sede em Dourados), Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo... Foram alguns dos resultados da visão empreendedora, de uma boa dose de ousadia e da obstinação pelo desenvolvimento de Mato Grosso do Sul. Sempre gostou muito de ler e garantiu aos mato-grossenses e sul-mato-grossenses a oportunidade de ter acesso ao Ensino Superior, com a criação das universidades. As instituições construídas passaram, então, a ser mantidas pelo governo federal, como permanece até hoje. 

Pedrossian refletia e dedicava-se a planejar os investimentos para o Estado. Então, chamava os integrantes de sua equipe para repassar as coordenadas de como deveriam agir. A expansão era calculada pensando no crescimento que estava por vir e na preservação da natureza. Assim foi quando começou a formar o primeiro núcleo habitacional, onde hoje estão situadas as Moreninhas, um dos maiores bairros de Campo Grande. Executou avenidas importantes nas saídas da cidade, fomentando o surgimento de vários bairros e, de certa forma, “desenhando” o formato e a dimensão que a capital sul-mato-grossense tem hoje. Cônsul Assaf Trad, Euler de Azevedo, Costa e Silva, Gury Marques, Gunter Hans, João Arinos foram pensadas e construídas em suas gestões.

Estradas nas regiões de Ponta Porã, Bela Vista e Água Clara também foram feitas no governo Pedrossian, sempre começando com duas frentes de trabalho em lados opostos, estratégia para assegurar a conclusão.  
A extensa lista possibilitaria, facilmente, classificar Pedro Pedrossian como “o governador das grandes obras”. Mas suas ações superam esse título. Ele não se limitou a construir prédios e estradas. Pensava no que seria essencial para garantir desenvolvimento: na saúde, educação ou nos projetos de integração viária para ajudar no escoamento da produção agrícola e no crescimento das cidades. Havia uma consonância entre o que era planejado e o avanço populacional e econômico. Deixa sua marca no passado pelo brilhantismo da contemporaneidade de suas ações. Era um homem com visão de futuro, que enxergava mais longe do que muitos podiam imaginar. 
 

ARTIGOS

Melhor idade: um convite para grandes aventuras

03/12/2024 07h45

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As pessoas necessitam de um período para reavaliar as escolhas, explorar novos interesses e adquirir experiências inovadoras. O termo sabático, oriundo do hebraico shabat, está relacionado à tradição judaica de descansar a terra a cada seis anos de cultivo ininterrupto. Na terceira idade, um momento de pausa pode ser especial. Não é uma decisão fácil ou imediata, mas sim fruto de um processo de autoconhecimento e de estar disposto a sair da zona de conforto (ou de desconforto), enfrentando medos e desafios. Para que o projeto se torne exitoso, há três palavras fundamentais: antecedência, organização e planejamento.

Compartilho aqui a experiência que tive com meu marido, Paulo, de nosso período de pausa, após eu pedir afastamento do cargo de gestão que exercia há mais de 10 anos. Apesar de gostar imensamente do que fazia, não desvinculava o cansaço e o estresse que sentia a esse trabalho. Essa constatação me fez refletir e ver que era hora de “passar o bastão”, não sem antes praticar o desapego. O que fazer? O mundo tinha aberto as portas e o céu seria o limite!

Quantas possibilidades! Depois de várias “tempestades de ideias”, decidimos viajar por aproximadamente seis meses para a Europa em 2018, guiados por interesses comuns em história, cultura e arte do Velho Mundo.

Iniciamos a jornada pela Inglaterra e tivemos a oportunidade de conhecer e de interagir com pessoas de várias partes do mundo. Todo o roteiro foi em função do desejo de conhecermos as grandes obras de arte, como as contidas no British Museum, na capital inglesa, no Museu do Prado, em Madri, e no Louvre, de Paris, além de patrimônios históricos e culturais da humanidade, em lugares como Portugal e Alemanha. As vivências espirituais foram outro ponto alto do passeio, em espaços como a Sacré-Coeur, de Paris, o Self Realization Fellowship, de Dublin, e o templo de Neasden, em Londres.

Ao término de nossa viagem, voltamos com uma bagagem extraordinária de vivências e de conhecimentos que gostaríamos de passar para outras pessoas. Descobri o prazer de escrever e publiquei dois livros sobre a experiência, e Paulo entrou para o ramo do turismo. Valeu a pena? Muito!

Essa decisão precisa ter uma razão e um propósito, um plano de ação muito bem estruturado, com definição do tempo da pausa, do destino, dos custos e da preparação para o retorno, garantindo que essa experiência se reverta em crescimento pessoal ou profissional. Desperte sua criatividade e explore potencialidades que talvez nunca tenha imaginado, permitindo-se um período de pausa transformador!

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ARTIGOS

Recomendações de Herman Benjamin para os juízes

03/12/2024 07h30

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Sempre tive uma vontade grande de conhecer pessoalmente o ministro presidente do STJ, Herman Benjamin, paraibano de Catolé do Rocha, e conversar com ele para beber seus vastos conhecimentos jurídicos, filosóficos, teológicos e humanitários tão importantes para sedimentar as suas sentenças e engalanar a cátedra onde sustenta com absoluta competência. Esse sempre foi um dos meus acalentados sonhos.

O ministro está tão próximo da minha cidade Ponta Porã e não pude concretizar essa aspiração em razão da fragilidade da minha saúde. Mas as oportunidades se renovam e quem sabe um pouco mais à frente poderei concretizar esse desiderato precioso. Mas é certo também, em outra vertente, que as suas decisões inseridas nos anais dos tribunais por onde peregrinou e ainda peregrina são sábias e pedagógicas e de valor inigualável. Não são conversas vazias e destituídas de fundamentos esse indicativo lançado pelo articulista. 

São provas robustas e insofismáveis emanadas daqueles que verdadeiramente amam o Direito e ainda consagram a sua vida inteira a serviço da Justiça como instrumento fomentador da paz social. Sim, porque o Direito, embora seja uma ciência abstrata, ele atrai, seduz e nunca chega a satisfazer a inteligência do seu estudioso diante da sua grandeza e do alcance dos seus propósitos.

Desde que nascemos, com o registro de nascimento, até quando morremos, com o atestado de óbito, tudo o que fazemos ou realizamos no curso da nossa peregrinação terrena está regulamentado por normas, regulamentos, portarias, decretos e leis que formam o nosso ordenamento jurídico. Base fundamental para referendar a justa distribuição da Justiça sempre que esse reclamo bater às portas dos juízos, instâncias ou tribunais.

Nessa linha de pensamento e de coexistência pacífica entre o Estado e a sociedade civil organizada surge o Judiciário como instrumento valioso para assentar a paz social, sobretudo quando foi esse o propósito do Estado para chamar para si a responsabilidade de distribuir a Justiça. Como o Estado se trata de um ente abstrato, ele mostra a sua face na pessoa física do juiz como responsável pela aplicação da Justiça. Não pode existir nada mais sublime do que isso. 

Consolidar a paz social com a aplicação da norma jurídica capaz de serenar os ânimos dos que buscam na Justiça o último guardião para a defesa dos seus direitos. E isso se torna mais evidente quando se constata a lisura dos nossos juízes, suas condutas morais, culturais, sociais, éticas e jurídicas no contexto da sociedade em que convive, como expressão maior para conquistar a respeitabilidade dos seus jurisdicionados.

Na primeira entrevista que concedeu, e que está estampada nas páginas amarelas da edição da Veja de setembro/24, disse a cada jovem magistrado com quem se encontra que a ambição da riqueza material ou quem sonha com um emprego glamouroso não deve ser juiz, estará na profissão errada. E sentenciou dizendo que o juiz no exercício da sua função judicante nunca será rico, e quem quer ser rico, não deve fazer concurso para juiz. 

Foi o desabafo diante de tantos tormentos que sacudiram os tribunais estaduais com os afastamentos de desembargadores de seu ofícios judicantes. Mas esse desejo enlouquecido que embrutece o ser humano não reside apenas nos limites do Judiciário. Outras tantas instituições sofrem com esse pesadelo. Nem o papa Francisco com o seu colégio de cardeais rebelde, e de outros tantos padres que se utilizam da sotaina para destruir sonhos justos e santos, vive momentos do seu pontificado sem tormentos. 

Em razão desses ditames, a nossa Carta Constitucional, para evitar essa vontade condenável, reservou aos integrantes do Judiciário as garantias constitucionais da vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos como instrumentos robustos para enfrentar os poderosos e vencer os desafios que todos os dias surgem na sua rotina de trabalho.

Parabéns ao nosso Estado, que recebe as mais altas autoridades do Judiciário brasileiro pelo colóquio. Parabéns a nossa sempre linda Campo Grande, terra de José Antônio Pereira, plantador de uma cidade de gente honesta, trabalhadora e que respeita a ordem, a lei e as autoridades constituídas. 

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