Os possíveis rastros deixados a cada ataque perdem-se em meio à desorganização das apurações e o jogo de empurra.
As estratégias planejadas e discutidas para ações integradas com outros estados no reforço à segurança ainda não tiveram resultados efetivos. Esse fracasso é comprovado pela quantidade de droga que, diariamente, continua chegando ao País passando por municípios sul-mato-grossenses.
Permanece a rotina de apreensões esporádicas, mas insuficientes se comparadas à quantidade de entorpecente que passa livremente por pontos sem qualquer barreira de fiscalização. A audácia das quadrilhas, só tem aumentado. Desta vez, atacaram carro-forte na MS-156, próximo a Amambai. Com tiros de metralhadora, obrigaram o condutor a parar o veículo, forçaram os vigilantes a descer e, em seguida, usaram explosivos para fugir com toda a quantia em dinheiro. Até agora, nem sinal dos criminosos.
O caso expõe o tamanho do desafio das forças de segurança para combater a atuação dos bandidos que se contrapõe ao poder das organizações criminosas. Ataques semelhantes, com utilização de armamento pesado, têm sido mais frequente nos últimos anos. Outros estados já vivenciaram esse mesmo terror, principalmente no interior de São Paulo. Em abril deste ano, o alvo foi uma transportadora de valores em Ciudad del Este, no Paraguai. Os ladrões estavam armados com fuzis, metralhadoras e granadas. Houve troca de tiros e vários carros foram incendiados. Brasileiros chegaram a ser presos por envolvimento no crime, mas ficaram lacunas em relação às lideranças da organização envolvida.
Agências bancárias também são alvos frequentes dos criminosos que “sitiam” cidades pequenas para promover os mega-assaltos. Atacam até mesmo as unidades policiais, geralmente desestruturadas. Assim, conseguem agir livremente durante o tempo necessário para explodir caixas eletrônicos e fugir com dinheiro. Essa modalidade de crime foi apelidada de “novo cangaço” e, inclusive, tema de debate nas reuniões de secretários de segurança de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná para articular ações conjuntas na área de inteligência, trocando informações, para aprimorar as investigações e tentar evitar a repetição desses crimes. O reforço da vigilância na fronteira também esteve em discussão.
As articulações conjuntas, até agora, fracassaram. Isso porque precisariam ser ampliadas. O poder das organizações criminosas vem sendo minimizado pelo Ministério da Justiça, que deixa a incumbência de combatê-lo a cada estado. Os assaltantes aproveitam as “brechas” para agir em diferentes regiões do País. Como não há, na prática, integração na prevenção e combate, torna-se mais fácil definir quais serão os próximos alvos.
Os possíveis rastros deixados a cada ataque perdem-se em meio à desorganização das apurações e o jogo de empurra. Não se trata, obviamente, de um prejuízo para a empresa de transporte de valores. Há grave ameaça a toda sociedade, vulnerável a criminosos que terão ainda mais condições de ampliar o poder das organizações, das armas compradas e do tráfico de drogas, contando com os milhões obtidos dos ataques aos pontos frágeis da nossa falha segurança. Essa displicência e impunidade estão financiando o crime.