Um dos locais preferidos para o lazer dos moradores poderia ser mais bem aproveitado se o poder público cumprisse com suas obrigações.
O mês de aniversário de Campo Grande serve para celebrarmos conquistas e superações nesses 118 anos, mas também para refletirmos sobre aspectos que precisam ser melhorados na cidade. O Parque das Nações Indígenas – considerado um dos principais cartões-postais da Cidade Morena – expõe o contraste entre deterioração e preservação. A beleza divide espaço com monumentos e obras inacabados. Percebe-se, de imediato, que um dos locais preferidos para o lazer dos moradores poderia ser mais bem aproveitado se o poder público cumprisse com suas obrigações e finalizasse os investimentos iniciados. É preciso começar planejamento para recuperar e ocupar melhor os parques e as praças da cidade. O recurso aplicado em lazer e esporte, certamente, terá reflexos positivos para reduzir indicadores preocupantes na área da segurança e saúde.
Sem dúvida, ao mencionar o abandono de obras no Parque das Nações, vem à tona o caso mais emblemático: Aquário do Pantanal. Os gastos totais são estimados em R$ 200 milhões, sendo R$ 172 milhões somente para a parte de infraestrutura. As perspectivas de conclusão da construção dissipassem-se diante da falta de concretização das propostas e das controvérsias nas declarações oficiais. A mais recente tratativa era finalizar contrato com o Consórcio Cataratas, que viabilizaria aproximadamente R$ 24 milhões para concluir o empreendimento. Outros R$ 16 milhões estão inclusos em reserva feita ainda na gestão passada. A meta era concluir a obra gigantesca até meados do próximo ano. Mas, por enquanto, permanece o silêncio: o acordo não foi fechado e não há outro plano ainda para finalizar o investimento.
Além desse símbolo de abandono, outros permanecem esquecidos nesse mesmo espaço, como mostra reportagem do Correio do Estado de ontem. A zarabatana, que representa o Monumento ao Índio, começou ainda nos primeiros anos de criação do parque. Está inacabada e seu significado permanece desconhecido por muitos dos frequentadores. A Casa do Pantanal está totalmente pichada. Foi entregue em 2008 para disponibilizar ao público acervo ligado à vida pantaneira, mas jamais foi aberta. Desperdiça-se, ao mesmo tempo, dinheiro público e a possibilidade de contar com atrativo que valorize a cultura do Estado. Diferencia-se o Museu Dom Bosco, administrado pela Missão Salesiana, que mantém estrutura moderna para visitação do público.
Os passos iniciais já foram dados para melhorar mais um dos atrativos preferidos do campo-grandense. Basta que as gestões não abandonem planos antigos. Mesmo preceito vale para demais praças e parques da cidade que necessitam de revitalização. Hoje, é difícil encontrar parques infantis em condições de uso. Recursos não podem ser desperdiçados pela falta de manutenção. A Praça Ary Coelho, por exemplo, já necessita de outra reforma, pois não foi devidamente preservada. Cuidar dos espaços de convívio tem uma significação que extrapola as metas de investimento em infraestrutura e relaciona-se ao bem-estar coletivo. Sentimento que passa a ser partilhado com a sociedade para que também assuma papel de preservar patrimônio que pertence a todos.