O fim do ano costuma ser um termômetro natural da economia brasileira. À medida que dezembro se aproxima, o mercado de trabalho reage a um fenômeno cíclico e conhecido: a contratação de trabalhadores temporários.
Nesta edição, mostramos como está esse movimento em Mato Grosso do Sul, onde setores como comércio e serviços, tradicionalmente impulsionados pelo aumento do consumo de fim de ano, passam por um aquecimento rápido e intenso.
O que deveria ser apenas uma reação natural ao calendário se torna, neste momento específico, um desafio adicional, porque o mercado de trabalho já vinha aquecido ao longo de 2023 e 2024, pressionando ainda mais a busca por profissionais.
Quando segmentos expressivos, como comércio e serviços, começam a demandar mais trabalhadores justamente no período em que há menos disponibilidade, a equação deixa de ser trivial. Com uma taxa de desocupação entre as menores do País e um cenário de pleno emprego consolidado, a mão de obra tende a ficar mais cara – ou simplesmente a faltar.
Essa é uma distorção típica de momentos de forte expansão econômica: há espaço para vender mais, há demanda para ofertar mais serviços, mas existe também um custo de operação mais elevado, especialmente no que diz respeito ao fator humano.
O fim de ano torna essas distorções macroeconômicas ainda mais visíveis. De um lado, aumenta a demanda por vendas, impulsionada por décimo terceiro salário, maior circulação de dinheiro e tradições de consumo.
De outro, empresas precisam lidar com seus custos fixos, que também sobem quando o mercado de trabalho está aquecido. A pressão por eficiência cresce, e os empresários sentem a necessidade de reorganizar escalas, ajustar equipes e tentar equilibrar despesas com a urgência de atender os clientes.
Ainda assim, trata-se de um período de oportunidades – e muitas. Quando comércio e serviços se aquecem, toda a economia se mobiliza. A roda gira mais rapidamente, e a tendência natural é de uma distribuição mais ampla dos ganhos ao longo da cadeia produtiva.
Essa interpretação ganha ainda mais força quando colocamos em perspectiva os números recentes do PIB de Mato Grosso do Sul, que registrou o segundo maior crescimento entre os estados brasileiros em 2023.
Somado ao status de pleno emprego – que já se mantém há pelo menos dois anos –, o cenário revela algo claro: a demanda por mão de obra no Estado é alta, contínua e, em muitos casos, urgente.
O ritmo de expansão econômica mostra que Mato Grosso do Sul está crescendo não apenas em produção ou investimentos, mas também em necessidades humanas e operacionais.
É oportuno lembrar que, economicamente, a população pode ser um ativo. Estados que crescem de forma acelerada costumam, mais cedo ou mais tarde, demandar mais gente, seja mão de obra especializada, seja trabalhadores sem qualificação formal, essenciais para manter a engrenagem produtiva em funcionamento.
A impressão que fica é de que Mato Grosso do Sul pode precisar, muito em breve, de mais pessoas para acompanhar seu crescimento já contratado.
A combinação entre expansão do PIB, pleno emprego e aquecimento setorial é um sinal claro de que o Estado vive um momento de transformação e que, se bem administrado, pode consolidar um ciclo longo de prosperidade.


