Campo Grande, cuja pujança, beleza, trabalho de sua gente são reconhecidos no Brasil e no mundo, não merece sofrer com esta crise política e institucional
Campo Grande completa hoje 116 anos em meio à maior crise política desde sua fundação. No dia em que a cidade faz aniversário, a população tem muito pouco a comemorar, em meio à insegurança e à incerteza causadas pela movimentada e turbulenta dança das cadeiras nos poderes Executivo e Legislativo municipal.
Os moradores da cidade, que dependem dos projetos de médio e longo prazo para ter uma vida mais tranquila e de qualidade, são os que mais sofrem com a instabilidade política e a morosidade da Justiça.
Instabilidade política, porque há pouco diálogo e capacidade de pensar a cidade por parte dos dois últimos prefeitos, Alcides Bernal e Gilmar Olarte, e também dos atuais vereadores. Morosidade da Justiça, porque os desembargadores responsáveis pelo julgamento do recurso da decisão que determinou a recondução de Bernal à prefeitura, em maio do ano passado, simplesmente levaram 1 ano e três meses para julgar a demanda.
A incerteza causada por estes dois fatores é geradora de uma característica presente tanto na gestão de Bernal, quanto na de Olarte: a falta de compromisso com projetos que envolvem toda a cidade, e o foco ajustado para iniciativas voltadas a projetos particulares ou o desfrute da máquina pública. Foi assim com o Instituto Mirim, do qual os aliados de Bernal tomaram conta após sua saída, e tem sido assim com o excesso de servidores comissionados que Olarte nomeou enquanto foi prefeito.
O resultado da crise política que teve início em 2013 é o que se vê hoje: o primeiro aniversário da Capital em clima de tensão, insegurança jurídica e administrativa, e sem projetos e boas notícias. Sem esperança no curto prazo, porque a consequência de toda esta disputa é o sofrimento da população, que superlota os postos de saúde em busca de atendimento, que enfrenta a greve de professores mais longa da história da cidade; do motorista que trafega pelas ruas sem sinalização; e do servidor público, que neste mês recebeu seu salário com atraso, situação que deve se repetir também no próximo mês.
Uma cidade com os bons índices que apresentou ao longo de seus 116 anos de história, cuja pujança, beleza, trabalho de sua gente são reconhecidos no Brasil e no mundo, não merece sofrer com esta crise política e institucional.
O campo-grandense que trabalha honestamente, estuda, esforça-se diariamente e paga seus impostos merece viver em uma cidade que tem rumo. Este rumo pode ser dado no próximo ano, e deve ser orientado pela consciência da população.
Toda esta insegurança jurídica e administrativa pela qual a cidade - que é onde acontece a vida cotidiana - passa atualmente teve origem nas últimas eleições, quando eleitores bem-intencionados, acabaram levando a pior com escolhas equivocadas.
Que esta crise política sirva de lição para quem for escolher o próximo prefeito nas urnas, e que Campo Grande volte a ser lembrada por seu dinamismo, inovação, educação e desenvolvimento humano e estrutural.