Artigos e Opinião

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Educação 5.0 vai da tecnologia ao afeto

Hoje o conhecimento é instantâneo, mas formar apenas mentes para o mercado é insuficiente

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A mensagem do Papa Leão XIV durante o Jubileu do Mundo Educativo reacende um debate essencial: qual o verdadeiro sentido da educação em tempos de inteligência artificial (IA)?

Ele nos lembra que “a educação une as pessoas em comunidades vivas e organiza as ideias em constelações de sentido”. É disso que trata a educação 5.0: integrar tecnologia e humanidade, sem perder de vista a formação integral do ser.

Hoje, o conhecimento é instantâneo. Mas formar apenas mentes para o mercado é insuficiente. É preciso formar também corações capazes de empatia, solidariedade e transcendência. Educação é mais do que conteúdo: é cuidado, propósito, presença. Educar é um ato radical de esperança.

Leão XIV também afirma: “Vocês não são apenas destinatários da educação, mas seus protagonistas”. Este é o cerne da educação 5.0: o estudante como autor do próprio processo, em diálogo com o mundo.

Protagonismo, porém, não é solidão. Exige educadores como mentores, comunidades de acolhimento e escuta, e um ambiente emocionalmente seguro.

Outro pilar é o uso ético da tecnologia. “Sirvam-se dela com sabedoria e não permitam que a tecnologia se sirva de vocês”, alerta o pontífice. Em um mundo de telas onipresentes, a educação precisa garantir que o humano permaneça no centro. A tecnologia deve ampliar vínculos, não substituí-los.

A educação 5.0 busca exatamente essa síntese: preparar para um mundo em rede, mas enraizado em valores. Cientistas conscientes, líderes compassivos, empreendedores éticos e cidadãos planetários. Um modelo que ensina não só a programar máquinas, mas também futuros justos.

Exemplos concretos já existem. O Colégio Donaduzzi, no Paraná, alia personalização a resolução de problemas reais. Mentorias, laboratórios, iniciação científica precoce e atividades no contraturno ampliam o sentido do aprender. Como resume Ana Clara, de 17 anos: “Aqui me sinto acolhida. Venho porque quero”.

Outras iniciativas reforçam essa visão: a Steve Jobs School, na Holanda; a Ritaharju School, na Finlândia; La Cecilia, na Argentina; entre outras. São experiências que apostam na autonomia, na natureza, no trabalho em equipe e na conexão com a vida.

Mas não se deve romantizar. A Unesvo alerta que metade dos estudantes no mundo não tem acesso adequado a ferramentas digitais. O pesquisador Neil Selwyn vê a tecnologia como campo de poder, controle e desigualdade.

No Brasil, Martins (2019) denuncia a superficialidade do ensino remoto sem reflexão pedagógica. A tecnologia, sem mediação humana, não transforma: reproduz.

Por isso, menos fascínio tecnodigital e mais consciência crítica. O link não pode substituir o vínculo. A tela não pode apagar o encontro. Leão XIV fala de uma educação “desarmante e desarmada”, baseada no diálogo, no respeito e na escuta. Educação que acolhe o diferente e reconhece nele a possibilidade de transformação. Uma pedagogia da paz.

Educar, enfim, é confiar no poder transformador de cada pessoa. Em tempos de crise, a Educação deve ser farol e esperança. Como disse o Papa, “a Educação nos ensina a olhar para o alto”. E olhar para o alto é lembrar que aprender também é transcender.

Educação 5.0 não é só um modelo pedagógico. É um pacto civilizatório. Um compromisso para que escolas e comunidades sejam espaços de encontro, justiça e criatividade. Em que o saber técnico se alie à sabedoria do coração. E no qual onde a esperança continue sendo o motor do aprender.

ARTIGOS

As tendências de tecnologia que vão acelerar o Brasil em 2026

Das dezenas de apostas tecnológicas listadas anualmente por analistas globais, apenas uma fração tem aderência real à realidade brasileira

29/12/2025 07h45

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A aceleração da inteligência artificial (IA) nas empresas brasileiras neste ano mudou o eixo das discussões sobre tecnologia. De acordo com levantamento da AWS, 9 milhões de empresas no País já utilizam IA de forma sistemática – um aumento de 29% em apenas um ano.

Mas, enquanto a inteligência artificial concentra a atenção, outras tecnologias menos visíveis, porém decisivas, avançam em paralelo e preparam terreno para uma transformação estrutural.

Para entender quais serão as principais tendências que devem dominar a tecnologia de ponta no Brasil a partir do próximo ano, realizamos um levantamento no mercado nacional, cruzando dados de tendências já mapeadas pelo Gartner com informações do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Os temas identificados refletem um novo ciclo de prioridades: mais integração, menos improviso; mais segurança, menos hype. E devem orientar as decisões de investimento de empresas privadas e órgãos públicos até o fim da década.

Das dezenas de apostas tecnológicas listadas anualmente por analistas globais, apenas uma fração tem aderência real à realidade brasileira. Fatores como infraestrutura, regulação, maturidade digital e prioridades setoriais moldam o que, de fato, pode ser escalado localmente.

A seleção a seguir foca em tendências com aplicação prática e impacto direto sobre os desafios e oportunidades do País nos próximos três anos.

Plataformas de desenvolvimento nativas em IA: a forma como empresas desenvolvem software no Brasil está prestes a passar por uma transformação radical.

As plataformas nativas em inteligência artificial, que permitem criar aplicações inteiras por meio de prompts em linguagem natural, vêm sendo rapidamente adotadas por startups e empresa de grande porte no País, oferecendo um caminho direto para contornar a escassez de desenvolvedores e acelerar a entrega de soluções digitais.

A tendência, listada pelo Gartner como uma das principais transformações estratégicas para os próximos anos, aponta um cenário em que a maior parte do código corporativo será gerado, acelerado ou revisado por IA. Para um país com carência de profissionais especializados, mas alta demanda por digitalização, o salto de produtividade pode ser enorme.

Automação inteligente de processos (RPA/IPA): a busca por eficiência operacional, a escassez de mão de obra qualificada e a pressão por escalabilidade são os principais fatores que levaram a automação de processos a ocupar um papel de destaque nas estratégias de transformação digital no Brasil.

Neste ano, a tecnologia deu um salto qualitativo: o modelo clássico de automação robótica (RPA), antes limitado a fluxos fixos e tarefas repetitivas, foi incorporado a recursos de inteligência artificial, dando origem ao que o mercado já chama de IPA ou Intelligent Process Automation.

O conceito vai além de bots que replicam cliques: trata-se de sistemas que leem documentos, interpretam comandos em linguagem natural, tomam decisões com base em aprendizado de máquina e executam ações integradas entre plataformas.

Esse movimento não é novo, mas alcançou uma nova escala com a integração da IA generativa a ferramentas de automação.

E o que antes era privilégio de grandes bancos e multinacionais tornou-se acessível para empresas de médio porte, graças à proliferação de soluções SaaS, plataformas low-code e orquestradores de automação em nuvem.

ARTIGOS

Mudanças nas regras da Previdência elevam exigências para aposentadoria em 2026

Para quem já havia preenchido todos os requisitos para se aposentar até este ano, ou mesmo antes, e optou por adiar o pedido o direito adquirido permanece assegurado

29/12/2025 07h30

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Desde a reforma da Previdência de 2019, o acesso à aposentadoria pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) passou a sofrer ajustes anuais.

Em 2026, essas mudanças voltam a impactar diretamente os segurados que ainda não alcançaram o direito ao benefício e pretendem se aposentar no próximo ano. Por isso, informação e planejamento se tornam decisivos.

Quem já havia preenchido todos os requisitos para se aposentar até este ano, ou mesmo antes, e optou por adiar o pedido pode ficar tranquilo: o direito adquirido permanece assegurado.

Esses trabalhadores ainda poderão se aposentar pelas regras anteriores à reforma, inclusive utilizando períodos que ampliam o tempo de contribuição, como atividade especial (insalubridade), trabalho rural, regime próprio, serviço militar, vínculos reconhecidos em ações trabalhistas, entre outros.

A Emenda Constitucional nº 103, em vigor desde 13 de novembro de 2019, promoveu mudanças profundas tanto nas regras de acesso quanto na forma de cálculo da aposentadoria.

Uma das dúvidas mais frequentes é se a aposentadoria por tempo de contribuição acabou. A resposta é: sim e não. Ela deixou de existir como regra permanente, mas continua válida para quem já tinha direito antes da reforma ou para quem se enquadra em determinadas regras de transição, algumas delas, inclusive, sem exigência de idade mínima.

Há regras que não sofrerão alterações em 2026. Permanecem estáveis: o direito adquirido às normas anteriores à reforma; a regra permanente, que exige idade mínima de 65 anos para homens (com 20 anos de contribuição para novos filiados e 15 para os antigos) e 62 anos para mulheres, com 15 anos de contribuição; além das regras de transição do pedágio de 50% e do pedágio de 100%, que continuam exatamente como foram estabelecidas em 2019.

As mudanças efetivas de 2026 se concentram nas regras de transição progressivas. No sistema de pontos, a soma da idade com o tempo de contribuição sobe novamente: serão exigidos 103 pontos para os homens e 93 para as mulheres.

Já na regra da idade mínima mais tempo de contribuição haverá novo acréscimo de seis meses. As mulheres precisarão atingir 59 anos e 6 meses de idade, com pelo menos 30 anos de contribuição, enquanto os homens deverão alcançar 64 anos e 6 meses de idade, além de 35 anos de contribuição.

Em todas essas hipóteses, o cálculo do valor do benefício permanece o mesmo: parte de 60% da média de todos os salários de contribuição, com acréscimo de 2% ao ano que exceder 15 anos de contribuição para mulheres e 20 anos para homens.

Embora o coeficiente possa ultrapassar 100% da média, o valor final sempre estará limitado ao teto do INSS.

A regra de transição por idade para mulheres, por sua vez, já se estabilizou desde 2023 e segue em 62 anos de idade, com 15 anos de contribuição, sem novas alterações previstas para 2026.

Em síntese, 2026 não trará mudanças no cálculo dos benefícios, mas imporá requisitos mais rigorosos para a concessão da aposentadoria nas regras de transição. Idade mínima, tempo de contribuição e pontuação continuam avançando ano a ano.

Diante desse cenário, o planejamento previdenciário deixa de ser uma opção e passa a ser uma necessidade, permitindo ao segurado identificar a regra mais vantajosa e evitar perdas significativas no valor do benefício.

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