A notícia da venda de bebidas falsificadas no estado de São Paulo acende um alerta que não pode ser ignorado. Não se trata de um problema localizado, mas de uma ameaça que ronda todo o comércio de bebidas no Brasil, especialmente no caso dos destilados, que são mais visados por falsificadores.
O risco à saúde pública é evidente: produtos sem procedência, muitas vezes fabricados em condições precárias, chegam ao consumidor final e podem provocar intoxicações graves ou até mortes. O episódio deixa clara a necessidade de reforçar os mecanismos de fiscalização e comprovação de origem desses produtos.
É preciso compreender que a segurança do que consumimos depende de controles confiáveis. E esses controles só podem ser oferecidos pelo poder público, seja por meio das vigilâncias sanitárias, seja por mecanismos fiscais que comprovem a procedência das mercadorias.
Há quem enxergue os impostos apenas como instrumentos de arrecadação e um fardo que onera excessivamente a sociedade. É verdade que o sistema tributário brasileiro precisa ser simplificado e racionalizado, mas é importante lembrar que a tributação também cumpre outras funções: fiscaliza, atesta a origem lícita e cria uma trilha de comprovação que protege tanto o consumidor quanto o comerciante honesto.
Por que não ampliar a frequência de vistorias em bares, restaurantes e casas de bebidas? Não apenas para coibir a venda de bebidas falsificadas, mas também para fiscalizar a qualidade dos alimentos oferecidos. Em áreas sensíveis como saúde pública, a negligência pode custar caro.
Se em outros setores, como combustíveis, já se discute a transparência da cadeia produtiva – com a ideia de que notas fiscais detalhem não apenas o valor, mas também a origem e o fornecedor do produto –, por que não aplicar lógica semelhante ao comércio de bebidas? Essa seria uma forma de aumentar a rastreabilidade e a confiança do consumidor.
Não se trata de burocratizar ainda mais a vida do empresário ou de sufocar o setor produtivo com regras desnecessárias. A proposta é simples: fiscalizar para evitar a pirataria e garantir que apenas produtos seguros cheguem ao mercado.
Pode até custar um pouco mais, mas o benefício é incalculável. O cidadão, ao comprar uma bebida ou abastecer o carro, precisa ter a certeza de que está levando para casa um produto legal, de qualidade e sem riscos à sua integridade física.
No fim das contas, a fiscalização não é inimiga da economia. Pelo contrário, fortalece os negócios sérios e inibe a ação de quem lucra com fraudes.
O preço a pagar pela ausência de controle é sempre maior: vidas em risco, prejuízos ao consumidor, perda de arrecadação e descrédito no mercado. É hora de agir com rigor e responsabilidade.


