Em tempos em que a informação circula com velocidade e volume, entender o que realmente é uma evidência científica nunca foi tão importante.
Seja no ambiente acadêmico, nas redes sociais ou mesmo dentro de hospitais e laboratórios, frequentemente nos deparamos com conteúdos que se apresentam como científicos, mas que não seguem critérios técnicos e metodológicos para serem considerados como tal.
Por isso, antes de tudo, é preciso reforçar: nem todo dado gerado em um laboratório pode ser considerado uma evidência científica.
O que é uma evidência científica? Evidência científica é o conhecimento produzido por meio de métodos sistemáticos e testáveis, publicado em veículos reconhecidos, e que pode ser replicado por outros pesquisadores.
Esse conhecimento é compartilhado por meio de artigos científicos, que passam por revisão por pares, ou seja, são avaliados por especialistas independentes da área antes de serem publicados.
Para que uma pesquisa seja validada como evidência, ela precisa seguir uma metodologia estruturada, ter um número amostral apropriado (o chamado “n”), controles adequados, análise estatística rigorosa e embasamento teórico consistente.
Além disso, deve apresentar referências confiáveis e atualizadas, geralmente extraídas de bases científicas reconhecidas, como PubMed, Scielo (Electronic Library On-line), Scopus, Cinahl (Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature), entre outras.
Estrutura de um artigo científico confiável: um artigo científico sério e completo deve conter, no mínimo, um resumo, uma introdução que contextualiza o tema abordado, objetivos claros, uma descrição detalhada dos materiais e métodos utilizados, resultados analisados com critérios objetivos, uma discussão que compare os achados com outras pesquisas relevantes, uma conclusão fundamentada e referências bibliográficas confiáveis, devidamente citadas.
É justamente a presença e a organização desses elementos que conferem validade científica ao estudo.
E o que não é evidência científica? Testes pontuais, análises isoladas feitas em laboratório, estudos sem controle metodológico ou com amostras muito reduzidas podem até gerar dados úteis em contextos internos, mas não devem ser interpretados como evidência científica definitiva.
Eles podem representar observações preliminares, hipóteses iniciais ou mesmo análises internas, porém, sem o rigor científico necessário, não devem orientar decisões clínicas, regulamentações ou políticas públicas.
Isso não significa que esses registros não tenham valor, mas é fundamental compreender seu limite de aplicabilidade e comunicar isso com responsabilidade.
Ciência é construção coletiva. A ciência não se faz em um dia. É o resultado de um processo contínuo, que envolve investigação, revisão, repetição e validação.
Por isso, ao nos depararmos com qualquer tipo de “prova” científica, é sempre válido perguntar: Esse dado foi publicado? Onde? Foi revisado? Segue qual metodologia? Com qual tamanho de amostra?
Fazer essas perguntas é um exercício de consciência crítica e de responsabilidade social, especialmente em áreas como a saúde, onde as consequências de informações equivocadas podem ser graves.


