Artigos e Opinião

OPINIÃO

Ruy Sant'anna: "Lula denunciado: badernas e armadilhas contra polícia"

Jornalista e advogado

Redação

16/09/2016 - 01h00
Continue lendo...

A bomba da semana foi anunciada nesta quarta-feira (14) pelo Procurador da República e Coordenador da Força Tarefa do Ministério Público Federal na Lava Jato, Deltan Dallagnol, ele declarou que o ex-presidente Lula “é o comandante máximo dos crimes de corrupção na Petrobras. Sem o poder de influência de Lula esse esquema seria impossível”.

Segundo Dallagnol, não restam dúvidas de que “Lula era o grande general que comandou a realização e a prática dos crimes, e que coordenava o funcionamento e, se quisesse, a paralisação”. De acordo com o gráfico, Lula tinha poder para distribuir os cargos. Para Dallagnol, Nestor Cerveró foi nomeado na Petrobras para atender aos interesses arrecadatórios do PT.

O funcionamento do Mensalão e da Lava Jato dependia não só do poder de Lula como comandante, mas como líder partidário, segundo o procurador. Evidente que numa entrevista os Procuradores da República, Polícia Federal, e membros da Receita Federal não exibiriam as provas concretas contra Lula e demais envolvidos agora na Lava Jato. Então, resta-nos aguardar pelo próximo passo da Lava Jato sobre essa nebulosa vida dupla de Lula. Agora, mais do que nunca, o povo e sobretudo a Polícia tem de ficar com os olhos bem abertos porque se Lula e Dilma já tentavam incendiar os radicais contra o país, todo cuidado é pouco.

Enquanto o “capricocó” contra Lula cresce, tem outra realidade, pois, Michel Temer herdou uma herança maldita. A ajuda que vier agora de todos os setores, não serão dadas a ele, mas ao pais. Precisamos pensar para a frente. Olhar o Brasil com visão ampla. Para os vândalos da vida brasileira, Temer teria que arrumar o Brasil em muito menos que um ano, o que Lula, Dilma e suas tchurmas arruinaram em 13 anos.
Enquanto isso, Lula e Dilma conclamam seus apoiadores e do nada surgem arruaças nas ruas. Essa é a diferença entre estadista e demagogos populistas. É a diferença em quem pensa no país e quem deseja somente o poder e provoca com falsos argumentos pessoas ingênuas.

Os petistas insaciáveis  pregam absurdos como “eleições já” ou “consulta popular” sobre mandato legítimo de Temer. E são absurdas porque são ilegítimas essas lorotas e o pior é que são contra soluções econômicas e políticas que podem tirar o país e o povo do atoleiro que dona Dilma os colocou sem dó nem piedade.

Alguns militantes tipo Black Bloc apoiados por teleguiados provocam, de modo pensado, a polícia depredando equipamentos públicos e privados, lojas comerciais, agências bancárias e até lixeiras. Com essa violência querem além de perturbar a ordem, provocar a confusão generalizada. Nisso, algumas pessoas, que não fizeram nada contra a lei, são confundidas, pois na refrega o corre-corre se instala e são reprimidas no bolo. Essas pessoas, naturalmente, ficam mais revoltadas. Seus parentes e amigos ficam indignados.

A mídia cobre tudo de maneira indistinta. Nesse bafafá é difícil diferenciar quem é quem e assim espalha a versão de que os protestos vinham acontecendo de modo pacífico até a chegada da polícia com “truculência”. Enquanto isso os baderneiros fazem filmagens seletivas e divulgam, calculadamente, nas redes sociais, aumentando a impressão de que estaria havendo uma repressão política aos manifestantes pacíficos. Acredito que a polícia deve ser proativa na medida em que sabe, pelo serviço de inteligência, que haverá protestos, e deveria, então, preparar uma equipe para fotografar e filmar a ação dos baderneiros e lançar em website e mídias sociais as imagens dos que causaram prejuízos materiais e físicos solicitando a colaboração para identificação, com garantia do anonimato. Tal medida foi tomada em Vancouver, no ano de 2011, pela polícia de lá. Como diz a notícia: “os vandalismos simplesmente cessaram”.

As medidas, em parte anunciadas agora por Temer e ministros buscam um novo ciclo de desenvolvimento, inovador e sustentável, procuram a consolidação de conquistas democráticas que podem nos levar a um patamar superior de mobilização para superar velhos desafios, Aí está o motivo dos movimentos tsunamis que quer arrasar tudo para tentar aparecer com as mesmas carcomidas promessas não cumpridas. Graças a Deus, aqui ainda não houve registro de badernas, à la São Paulo, mas nossa polícia deve ficar preparada proativamente, e assim lhe dou hoje o meu bom dia, o meu bom dia pra você.

ARTIGOS

O que tem para dizer o MPF?

19/11/2024 07h45

Arquivo

Continue Lendo...

O que há de ser entendido no silêncio que o Ministério Público Federal (MPF) adotou – quando se calou e se mantém calado – diante da solução que os governos federal e estadual encontraram para pôr fim ao caso da Terra Indígena (TI) Ñande Ru Marangatu, em Mato Grosso do Sul?

Como é sabido, a questão abarcava conflitos violentos que vinham acontecendo há décadas entre indígenas e não indígenas. Esses conflitos foram desencadeados a partir da instrução do processo administrativo em que a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) demarcou – pela ocupação indígena em passado remoto que ela mesmo declarou – um território inteiro de terras particulares em Antônio João, até então, integralmente ocupado, possuído e explorado há quase um século por seus respectivos proprietários. 

O que amparava esses conflitos era a teoria do indigenato, de 1912, do ministro João Mendes, que pela ocupação indígena em passado remoto identificou a TI Ñande Ru Marangatu. Essa forma de identificação de terra indígena tem sido a causa das incontáveis invasões indígenas às terras particulares que ocorreram e que ocorrem todos os dias em MS e em muitas regiões do território nacional.

Lado outro, a Comissão Especial de Autocomposição do Supremo Tribunal Federal (STF) homologou o acordo, o que leva concluir que a mais alta Corte de Justiça concorda com esse modus operandi de se identificar terras indígenas e o adota, como se tanto fosse possível, na solução das causas que julga envolvendo matéria indígena. O exemplo mais recente envolve o julgamento do Recurso Extraordinário nº 1.017.365/SC.

Aliás, a Corte faz confusão quando identifica terras indígenas. Ora adota a teoria do indigenato, ora adota a sua própria interpretação, proclamada na assertiva de que a “configuração de terras ‘tradicionalmente ocupadas’ pelos índios já foi pacificada com a edição da Súmula nº 650, que dispõe: ‘Os incisos I e XI do art. 20 da Constituição Federal não alcançam terras de aldeamentos extintos, ainda que ocupadas por indígenas em passado remoto’”.

Notadamente, o STF relativizou ainda mais o direito de propriedade constitucional diante da matéria indígena, proclamando que, uma vez constatada a ocupação indígena em passado remoto, não há que se invocar o direito de propriedade, o título translativo nem a cadeia sucessória do domínio como defesa. Em resumo, o posicionamento extremo do Supremo é de que a ocupação indígena – seja ela presente, seja ela em passado remoto (indigenato) – define a terra indígena da União. 

A seu turno, por que o MPF – ferrenho defensor dessa ordem jurídica – deixou que os governos federal e estadual pagassem aos particulares pelas terras indígenas que ocupavam e exploravam no distrito de Campestre, em Antônio João? Com a palavra, o MPF em Mato Grosso do Sul!

Assine o Correio do Estado

ARTIGOS

A resiliência e a fé

19/11/2024 07h30

Arquivo

Continue Lendo...

Os desafios diários enfrentados por quem atua na proteção da natureza têm se tornado uma enorme prova de resistência e fé. As condições climáticas extremas, impulsionadas pelas altas temperaturas, ameaçam nossas reservas com o fogo e penalizam a fauna e a flora – já impactadas pela reincidência de incêndios violentos desde 2020.

Percebo que a fauna enfrenta o pior processo de extinção desde o período em que conseguimos a vitória no controle da caça, do tráfico de animais silvestres e da pesca predatória na década de 1980. O cenário atual é de destruição de habitat natural, em que espécies estão sendo dizimadas de forma assustadora, especialmente répteis e insetos. As chamas estão tão intensas que, somadas aos ventos fortes, invadem todos os lugares: locas, copas das árvores, etc, persistindo por meses de forma impiedosa.

Não há dúvidas de que estamos perdendo essa batalha. Somente neste ano já ultrapassamos os 3 milhões de hectares queimados. Esse trágico número foi alcançado mesmo com o empenho de recursos financeiros nas ações de combate, que certamente superam R$ 1 bilhão – entre os investimentos dos governos federal e estadual.

Nunca tivemos – em um histórico de 40 anos – uma infraestrutura de combate tão ampla, incluindo recursos humanos, equipamentos de logística, helicópteros, caminhões e embarcações. É importante destacar o trabalho pioneiro da Famasul, que contabiliza os prejuízos na produção das fazendas no Pantanal, já ultrapassando R$ 50 milhões.

Como podemos ser mais eficientes se nossa capacidade financeira já extrapola seus limites dos desafios e a força humana se mostra insuficiente, em algumas situações até incapaz? Estamos enfrentando algo sem precedentes e que excede nossa capacidade de resposta.

Não devemos nos omitir na identificação dos responsáveis. Eles existem, embora sejam poucos. Ainda assim, acredito que não haverá melhoras significativas na questão comportamental apenas com multas milionárias e possíveis prisões. 

A experiência de outros países, como Portugal e Austrália, nos indica que o ímpeto punitivo não traz uma solução completa. Esses países já lidam com incêndios gigantescos e perdas de vidas humanas em virtude deles há mais de 20 anos.

O mais impressionante – e certamente mais doloroso que as próprias chamas – são as acusações equivocadas e a ignorância de alguns que associam o crescimento dos incêndios às reservas de proteção. Ao contrário, as poucas áreas protegidas no Pantanal (menos de 5%) têm estruturas para evitar incêndios e ações preventivas em seus planos de trabalho, como a presença de brigadas.

Podemos reduzir a escalada dos incêndios ano após ano se implementarmos outras estratégias que não se restrinjam ao combate ao fogo, mas que incluam 
a prevenção. Devemos reconhecer que nossos planos atuais não estão trazendo os resultados esperados e que não será somente o aumento dos investimentos financeiros que nos trará a solução.

O ponto crítico é como um dos biomas mais preservados (cerca de 85%) passou a ser um grande emissor de gás carbônico no País. Os fenômenos naturais são impactados negativamente pelas condições climáticas extremas. Essa situação ameaça nosso bioma e exige novas estratégias que unam ciência e competência para enfrentar esses fenômenos sem precedentes.

Restaurar ao proprietário formas de manejo do fogo pode ser uma alternativa. Eles podem ajudar. Ao mesmo tempo, com mais tecnologia e grupos de ação de combate ao fogo, equipados com boa logística e equipamentos adequados, podemos reduzir o tempo de resposta. Não podemos desistir e precisamos ter fé e resistência para rever nossa relação com o planeta.

Poderíamos, em um gesto responsável, olhar e fazer algo pela nascente do Rio Paraguai. Não sou pessimista, mas talvez apenas a desesperança e o senso de urgência possam nos salvar.

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).