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Um pacto pela natureza

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Nos últimos 60 dias, eu desperto ao som das aeronaves de combate ao fogo, das Airtractor e dos helicópteros, no centro do furacão dos focos de calor – a cidade de Corumbá.

Aproximadamente 900 homens estão dedicados ao combate ininterruptamente, virando turnos de 24 horas. Os custos devem ultrapassar a casa dos R$ 3 milhões diários.

Não temos antecedentes de tanto apoio com brigadistas, helicópteros, barcos e reconhecimento político, especialmente do governo federal, da importância de proteger o bioma. Vivemos extremos climáticos de forma cada vez mais intensa.

O índice meteorológico de perigo de fogo acumulado neste ano é o maior da história desde 1980, segundo relatório do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa/UFRJ).

As altas temperaturas e a seca extrema elevaram a disponibilidade de material combustível em toda a região. O fogo surgiu e ressurgiu em diferentes lugares, ameaçando e queimando propriedades rurais, cidades, pousadas, gente e vidas silvestres.

O fogo mostrou sua força e arrogância diante das limitações humanas. Inúmeras iniciativas, dos governos federal e estadual, antecederam ao fogo com um enorme planejamento, com investimentos e medidas legais.

Mesmo assim, o fogo foi imperdoável em alguns lugares. Não falhamos! Apenas estamos lidando com algo sem precedentes. Vivemos um evento climático com escassez hídrica histórica.

A necessidade de reavaliar as estratégias é o único caminho possível e necessário. Ele não pode ser pautado pelo negacionismo nem por acusações infundadas.

A criminalização tampouco deve ser o único caminho. Atribuir a origem do fogo às reservas ou às áreas protegidas é um preconceito e uma zona de conforto para não querer entender o momento climático atual.

Essas áreas protegidas representam menos de 5% do bioma. Em uma análise preliminar, as causas passam pela necessidade de mudar uma cultura local, a exemplo de usar o fogo para queima de lixo, espantar mosquitos e a extração de mel.

Essas práticas são comuns ainda hoje. A origem do fogo em fazendas não é comum, pois, ao perder o controle, significa prejuízo na queima de cercas, mangueiros, etc.

A necessidade de sentarmos a mesma mesa – a exemplo da elaboração da Lei do Pantanal – é o único caminho possível de criarmos condições para esse enfrentamento. A recente aprovação da nova Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, inspirada na experiência dos manejos tradicionais, representa um avanço importante diante da proibição radical.

Devemos revisitar nosso planejamento para buscar aprimoramento para os próximos combates. Redefinir bases, meios de acesso, e aprimorar o uso de tecnologia, otimizando os recursos disponibilizados.

A maior oportunidade e o maior desafio estarão na necessidade de melhorarmos o tempo de resposta ao início do fogo. Estamos lidando com um território gigantesco sem estradas.
Outro ponto a ser avaliado é que devemos ter quase 1 milhão de hectares sem gado e sem gente por inúmeras razões.

Essas áreas, sem nenhum tipo de manejo, favorecem o acúmulo de material propício à propagação do fogo. Podemos evoluir nessa batalha se pautarmos todas as iniciativas com o mesmo propósito – que é de fato proteger esse bioma – e com todos os que têm esse compromisso, respeitando o propósito de cada um no seu uso da terra.

A chuva necessária chegou de forma a renovar nossas forças e até deu uma pequena trégua, pois teremos extremos de calor nas próximas semanas. Ela nos dá a oportunidade de sermos melhores, afinal, “somos todos devedores dessas águas”.

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O fotojornalista e sua decadência

06/09/2024 07h45

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A história do fotojornalismo é uma narrativa rica e multifacetada, refletindo a evolução da tecnologia e das demandas sociais ao longo das décadas.

Desde os primeiros dias da fotografia, em que as imagens eram capturadas em preto e branco, até a era digital que vivenciamos hoje, a profissão do fotojornalista passou por transformações profundas e complexas.

Nos primórdios do fotojornalismo, a fotografia em preto e branco era a norma. O fotojornalista, equipado com uma câmera de filme e um rolo de película, tinha que capturar a essência dos eventos de maneira concisa e precisa.

A revelação e o processo de impressão eram exigentes, demandando habilidade técnica e uma boa dose de paciência. A imagem em preto e branco, embora estilisticamente marcante, limitava a representação visual da realidade. As nuances de cor e a riqueza dos detalhes visuais eram apenas sugestões no jogo de luz e sombra.

Com o advento da fotografia em cores, a narrativa visual do fotojornalismo começou a mudar dramaticamente. O filme colorido trouxe uma nova dimensão à imagem, permitindo uma representação mais fiel da realidade e oferecendo ao público uma experiência mais rica e imersiva.

A transição para o cromo, ou filme slide, também ofereceu uma maior saturação e contraste, aumentando a dramaticidade das imagens e a capacidade de capturar momentos com um impacto visual mais forte. No entanto, essa evolução tecnológica não veio sem seus desafios.

A fotografia em cores exigia maior cuidado na exposição e no desenvolvimento, o que aumentava o custo e a complexidade do trabalho.

A verdadeira revolução, contudo, chegou com o advento da fotografia digital. A introdução das câmeras digitais transformou radicalmente o campo do fotojornalismo. A capacidade de visualizar as imagens instantaneamente e a possibilidade de editar e ajustar as fotos com facilidade revolucionaram a prática.

A fotografia digital não só simplificou o processo técnico, mas também permitiu uma maior flexibilidade criativa e eficiência na produção. Com o armazenamento digital, a necessidade de filmes e produtos químicos foi eliminada, o que facilitou a experimentação e a inovação.

No entanto, a era digital também trouxe novos desafios. A popularização dos smartphones e a crescente proliferação de mídias digitais alteraram significativamente o panorama do fotojornalismo. A facilidade com que qualquer pessoa pode capturar e compartilhar imagens significativas levou a uma saturação de conteúdo visual, o que tornou mais difícil para os fotojornalistas profissionais se destacarem.

A qualidade das imagens geradas por celulares, embora em constante melhoria, ainda não iguala a de câmeras profissionais, mas a quantidade e a acessibilidade dessas imagens mudaram a dinâmica da profissão.

A ascensão das mídias digitais também impactou a indústria jornalística de maneira ampla. O fechamento de inúmeros jornais impressos é um reflexo das mudanças nos hábitos de consumo de notícias e da migração para plataformas on-line.

O modelo de negócios dos jornais tradicionais, baseado em assinaturas e publicidade impressa, foi severamente desafiado pela oferta gratuita e instantânea de notícias e imagens na internet. Esse fenômeno resultou em uma diminuição significativa do número de empregos no setor de fotojornalismo, à medida que os jornais reduziram suas equipes e cortaram custos.

Os fotojornalistas hoje enfrentam um mercado de trabalho cada vez mais competitivo e incerto. A necessidade de se adaptar a novas plataformas digitais e formatos de mídia é constante, e muitos profissionais têm que lidar com a pressão para produzir conteúdo de alta qualidade em um ambiente em que a velocidade muitas vezes se sobrepõe à profundidade e ao rigor jornalístico.

Além disso, o modelo de negócios em que a maioria das notícias é distribuída gratuitamente on-line também afetou a remuneração e a sustentabilidade das carreiras dos fotojornalistas.

Em suma, a trajetória do fotojornalismo, desde os dias do preto e branco até a era digital, é uma história de inovação e adaptação. As transformações tecnológicas trouxeram tanto oportunidades quanto desafios, refletindo a evolução das práticas e das expectativas no campo do jornalismo visual.

O fotojornalista de hoje deve navegar em um mundo onde a tecnologia e a economia estão em constante mudança, mantendo o compromisso com a captura e a comunicação da verdade visual em um panorama midiático em rápida transformação.

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Como fica o calendário de concursos e nomeações com as eleições municipais?

06/09/2024 07h30

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Em breve, mais especificamente no dia 6 de outubro, teremos as eleições municipais no Brasil, em que os eleitores escolherão seus representantes para os cargos de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores. Por conta do grau de importância das eleições, sempre ocorrem algumas mudanças na esfera pública, incluindo restrições que visam garantir a integridade do processo democrático.

Os cargos públicos são almejados por muitos brasileiros que buscam estabilidade e oportunidades na carreira. É natural que os concurseiros tenham dúvidas se o calendário de concursos, inscrições e nomeações sofrem alguma alteração durante o período eleitoral.

A respeito disso, a Lei nº 9.504/1997, conhecida como Lei das Eleições, estabelece algumas restrições para garantir a igualdade de oportunidades entre candidatos.

De acordo com o art. 73, é proibido nomear, contratar, demitir sem justa causa, suprimir ou readaptar vantagens ou realizar outras mudanças funcionais de servidores públicos na circunscrição do pleito nos três meses que antecedem a eleição e até a posse dos eleitos.

Ou seja, apesar de muitos pensarem que não, os concursos podem ser realizados normalmente, independentemente da categoria da eleição. Lançamento de editais e inscrições também não são afetados.

O cuidado precisa ser redobrado apenas em relação às nomeações, que só poderão ocorrer se a homologação do concurso for feita até três meses antes das eleições. Caso contrário, a nomeação só poderá acontecer após a posse dos eleitos, que ocorrerá no primeiro dia de 2025.

É importante destacar que, neste ano, isso se aplica apenas às nomeações de concursos municipais. Não há restrições para concursos e nomeações nas esferas estadual ou federal. Além disso, a legislação não se aplica a nomeações para cargos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos tribunais ou conselhos de contas e dos órgãos da Presidência da República.

É comum que muitos candidatos deixem de se preparar em ano eleitoral por pensar que esse período pode afetar a realização das provas, porém, é importante estar ciente que isso não ocorre.

O período eleitoral não afeta a realização das provas dos concursos públicos e nem o lançamento de editais ou inscrições.

O único ponto de atenção para os concurseiros é a data de nomeação, que pode ser adiada, se for um cargo municipal. Então, continue se preparando normalmente para a realização das provas e, em caso de aprovação, fique atento que isso poderá ser adiado, caso seja um cargo na esfera municipal.

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