A onda de violência que assola o nosso País em todos os seus quadrantes mostra o tormento que o homem de bem precisa vivenciar no seu dia a dia. Trata-se de uma grande conquista sair cedo para trabalhar e voltar para o recesso do lar vivos. Isso não se trata de ficção. Trata-se da nossa realidade fotografada com fatos concretos.
Não se pode definir esse retrato com outro título. Esse tormento não tem dia e não tem hora para acontecer. Até dentro de casa esse desafio precisa ser vivenciado. Mas temos que nos recolher à noite.
Somos seres vulneráveis nas mãos da bandidagem. Não mostram o seu rosto, são sorrateiros, espertos e enganadores, agem por conta própria ou a mando de terceiros mediante o pagamento de dinheiro sujo de sangue.
Dia desses uma mãe entregou o seu próprio filho para a polícia, ao reconhecê-lo como o autor dos disparos, que vitimou uma incauta vítima que passeava com a sua criança. O preço daquela empreitada criminosa foram sórdidos R$ 20.000,00. A mandante do crime foi a namorada do ex-marido da vítima, que queria a guarda da sua filha.
Não conseguiu fugir do cerco policial e se entregou. Dias antes, no curso da megaoperação da polícia militar nos morros da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, um pai não derramou uma única lágrima, ao constatar que o corpo inerte de seu filho se perfilhava ao lado de outros centenas de corpos que horrorizaram o mundo. Não atendeu o meu conselho, sentenciou o genitor.
Em nosso estado no curso desta semana um padre foi brutalmente assassinado na cidade de Dourados por uma corja de jovens que não trabalham nem estudam para roubarem o seu carro. As evidencias demonstram essa novela da vida real.
Dia desses o editorial do Correio do Estado trouxe à baila uma lição memorável sobre a questão da Segurança Pública que é debatida no Congresso Nacional e que não pode ser politizada, sob penas de contemplarmos o seu fracasso na fase embrionária. Vale a pena a sua leitura. Mostrou o gigantismo da sua redação.
Mas não são apenas as nossas leis que precisam ser mais duras. Precisamos ter outra vertente para o enfrentamento desses criminosos. A interpretação da norma penal por quem tem o dever de oficio em distribuir a justiça precisa acompanhar o raciocínio exteriorizado pelo homem simples do povo.
A história que evidencia que a policia prende e a justiça solta precisa ser urgentemente modificada. A decisão rastreada nesse entendimento fica mais próxima dessa verdade.
O Estado que chamou para si a responsabilidade em administrar a Justiça retirando do cidadão comum o meio selvagem de reparar o dano com as suas próprias mãos é o pior de todos os nossos inimigos. A população como um todo precisa ser alcançada pelo manto da segurança.
Quando o Estado evidencia a sua impotência para debelar o crime, apontar os seus autores e puni-los com o rigor da lei o pesadelo será perene. Mas nem tudo está perdido.
Nesse contexto ainda temos no conjunto da sociedade outras tantas mãos, outras tantas inteligências, outros tantos gestos elegantes, que se direcionam diariamente para a edificação de uma sociedade civilizada sem os vícios que as enfeiam.
Essas pessoas não podem ser esquecidas. Pelo contrário, os seus valores precisam ser exaltados todos os dias como forma de exteriorizarmos a nossa gratidão.
Depois, em outra vida, temos a passagem bíblica que edifica: deixem os mortos cuidarem dos seus mortos – As inúmeras interpretações decorrentes dessa passagem ficam a critério de cada qual. Das mais inteligentes às mais provocativas.


