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FRONTEIRA

Bolivianos em cárcere expõem crise de migrantes em MS

Ministério do Desenvolvimento já foi acionado pelas autoridades locais sobre a falta de estrutura para atender mais de 1,5 mil migrantes passando por Corumbá

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O resgate de cárcere privado em Campo Grande de 70 bolivianos ilegais no Brasil, entre homens, mulheres e crianças, na manhã de ontem, indicou o grau de alerta sobre a crise de migração pela qual Mato Grosso do Sul está passando.

Esse problema vem se agravando desde 2024 e já houve comunicação oficial para o governo federal sobre os riscos, que envolvem até mesmo a infração de direitos humanos por parte de autoridades brasileiras, além de outras ilegalidades e práticas de crimes contra essas pessoas.

A principal porta de entrada dos estrangeiros tem sido a região de Corumbá, que faz fronteira com a Bolívia.

O país vizinho já é conhecido internacionalmente por ser um corredor de entrada e saída de imigrantes, situação que ficou nos holofotes em 2010, quando haitianos vieram para o Brasil, e depois, em 2022 e 2023, quando houve um movimento de saída de haitianos do Brasil para tentar ingressar nos Estados Unidos.

Apesar de a Polícia Militar (PM) ter agido para resgatar os migrantes, o caso foi direcionado para a Polícia Federal (PF). Os bolivianos tinham saído de Corumbá em ônibus fretado, mas de forma ilegal, e pretendiam chegar a São Paulo. 

Em Campo Grande, o veículo parou para descanso e houve cobrança de até R$ 150 para que os migrantes ilegais retirassem suas malas do local de parada. A PM liberou as malas, mas acionou a PF para averiguar a documentação sobre a legalidade no País.

Conforme nota da Polícia Federal, um inquérito foi instaurado e os bolivianos foram multados administrativamente por estarem ilegais no Brasil. 

“Não houve prisões, apenas autuações administrativas e migratórias. A atuação, no caso, foi focada no cumprimento das normas de imigração e no combate ao transporte clandestino. Investigações preliminares seguem em andamento para esclarecer pontos ainda indefinidos”, divulgou a PF.

Diante desse caso específico, outras ocorrências parecidas não estão descartadas, em função do fluxo de migrantes circulando em Corumbá. A migração ilegal, principalmente de bolivianos, vem registrando casos sequenciados há algum tempo. 

Em 2022, entre janeiro e março, foram três ônibus apreendidos pela PF em Corumbá com cidadãos do país vizinho tentando viajar em ônibus irregular até São Paulo.

Desde a primeira quinzena deste mês, a situação grave foi informada ao Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome. No dia 15, o ministro Wellington Dias, que esteve em Corumbá durante os registros de graves incêndios florestais, teve reunião com o juiz da 1ª Vara Cível da Comarca de Corumbá, Maurício Cleber Miglioranzi Santos, para discutir o assunto.

O juiz solicitou o encontro para expor a necessidade de intervenção para atender ao aumento de fluxo migratório na região de fronteira com a Bolívia. 

Só no ano passado, foram acolhidos oficialmente 1.589 migrantes de 13 nacionalidades na Casa do Migrante, que é mantida pela prefeitura de Corumbá. 

“O número de pessoas que chega ao Brasil pela fronteira com Corumbá vem crescendo, e isso acaba sobrecarregando as equipes locais responsáveis pelo processo de regularização de documentos, o que afeta os mais vulneráveis, como crianças e adolescentes”, explicou o magistrado na reunião com o ministro.

SUBSÍDIOS

Conforme Wellington Dias, o governo federal vai agir, porém, depende de subsídios de dados para implantar um reforço na política pública de migração. Entre os enfoques solicitados pela Justiça estadual está a implantação de uma Defensoria Pública da União em Corumbá, equipamento que não existe atualmente.

O ministro reconheceu que a prefeitura de Corumbá não teria condições de estrutura para atender esse fluxo. As autoridades locais na cidade fronteiriça reconhecem que o número de 1,5 mil migrantes pode ser subestimado, pois há outras pessoas que passam pela fronteira sem solicitar apoio direto às autoridades.

Muitas vezes, esses migrantes também não passam pelo posto da PF que fica no Posto Esdras, na entrada do Brasil, mas que não faz regulação individual de quem transita a pé. Esse controle também não existe sobre os veículos, pois a fiscalização ocorre por amostragem.

“Acertamos aqui uma agenda de trabalho para fevereiro em que possamos ter a presença de várias áreas do governo federal, com o Estado, o município, a presença do Judiciário, do Ministério Público, da Defensoria, do Estado e da União, para trabalhar um caminho, uma alternativa, um diagnóstico que possa nos permitir apoiar o município, a região, nesta área do fluxo migratório”, afirmou o ministro.

De acordo com a prefeitura de Corumbá, ontem houve uma reunião de planejamento que também envolveu pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. 

A instituição de Ensino Superior tem um laboratório de estudos fronteiriços (Migrafron) e está fazendo um levantamento, com prazo para conclusão até a primeira quinzena de fevereiro.

“Importante dizer que há uma comissão criada, com técnicos da Secretaria de Assistência Social, as gerentes, a coordenação, o coordenador da Casa do Migrante, a UFMS, com o professor Marco Aurélio e, do gabinete do prefeito, com Renata Papa”, divulgou administração municipal, em nota.

A representante do gabinete do prefeito Dr. Gabriel, Renata Papa, informou à reportagem que está empenhada diretamente para mitigar a situação. 

“Meu mestrado versou sobre o atendimento ao migrante na política de assistência social, e isso me permite para contribuir com o diagnóstico solicitado”, declarou.

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Cidades

Após 10 anos sem registro, criança morre de coqueluche em Campo Grande

Última morte registrada em Mato Grosso do Sul pela doença havia sido em 2014; Nova vítima tinha 1 mês

28/02/2025 18h16

Prevenção da Coqueluche é feita através da vacinação

Prevenção da Coqueluche é feita através da vacinação Foto: Divulgação

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Uma criança de 1 mês e 29 dias morreu vítima de coqueluche, em Campo Grande. É o primeiro registrado pela doença após mais de 10 anos sem registro de óbitos.

De acordo com comunicação de risco publicada nesta sexta-feira (28) pela Coordenadoria de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs-CG), a criança morreu no dia 19 de fevereiro e não apresentava comorbidades, nem tinha histórico de contato ou viagem.

Devido à idade, ela também ainda não tinha a vacina penta, que protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenzae B, mas é indicada para crianças a partir dos dois meses de idade. 

Ainda segundo o Cievs, a criança passou por atendimento médico no dia 10 de fevereiro, na Clínica da Família, com quadro de tosse secretiva que já durava três dias, febre e despertares com dispnéia.

No dia 15, o menino foi novamente atendimento, desta vez em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), com febre e tosse seca, dispneia e tiragem intercostal, que é uma dificuldade respiratória grave.

O bebê foi encaminhado ao hospital no dia 16 de fevereiro, já com quadro de bronqueolite e pneumonia associados, com sinais de gravidade, como esforço respiratório e dependência de oxigênio.

No mesmo dia, ele apresentou piora progressiva, necessitando de ventilação pulmonar mecânica.

"Houve piora progressiva com choque séptico e choque refratário. Evoluiu com PCR [parada cardiorrespiratória] e óbito", diz a nota.

O caso foi notificado como suspeito para coqueluche no dia 17 de fevereiro, sendo coletado material e encaminhado para diagnóstico no Laboratório Central (Lacen). 

O resultado saiu no dia 21 de fevereiro, positivo para coqueluche.

Dez anos sem mortes

Conforme dados do painel epidemiológico do Ministério da Saúde, Mato Grosso do Sul não registrava mortes por Coqueluche desde 2014, quando houve três óbitos, sendo um em Campo Grande. 

Nos anos de 2021, 2022 e 2023, sequer foram registrados casos suspeitos da doença na Capital.

No ano passado, foram registrados nove casos na Capital e 75 em todo o Estado, mas todos evoluíram para cura. No Brasil, foram três mortes em 2024, sendo duas em Minas Gerais e uma no Rio Grande do Sul.

Já neste ano, o único caso registrado até então é o da criança que veio a óbito.

A morbidade da coqueluche no país já foi elevada. No início da década de 1980 eram notificados mais de 40 mil casos anuais, número que caiu abruptamente a partir de 1983, mantendo, desde então, tendência decrescente.

 Coqueluche

A coqueluche é uma infecção respiratória, transmissível e causada pela bactéria Bordetella Pertussis. A principal característica são crises de tosse seca e pode atingir, também, traqueia e bronquios.

As crianças menores de seis meses podem apresentar complicações da coqueluche que, se não tratada corretamente, podem levar à morte.

A contaminação é por meio de gotículas eliminadas pela tosse, fala, espirro e ocorre ainda por meio de objetos contaminados pela secreção do doente.

Os principais sintomas são febre, mal-estar geral, coriza e tosse seca. Gradualmente, a tosse se torna mais intensa e frequente evoluindo para crises de tosse incontroláveis e rápidas que podem causar vômitos.

É necessário ter uma atenção especial para bebês menores de 6 meses, já que são mais propensos a ter as formas graves da doença.

A melhor forma de prevenir é tomar a vacina pentavalente, disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) para crianças até 6 anos, 11 meses e 29 dias, mas o ideal é vacinar antes de completar um ano de idade.

São 3 doses aplicadas, aos 2, 4 e 6 meses de idade. É preciso ainda tomar duas doses de reforço da vacina DTP (tríplice bacteriana), uma aos 15 meses de idade e outra até os 4 anos.

Gestantes, mesmo se vacinadas em gestações anteriores, devem fazer uma dose da vacina do tipo adulto (dTpa), a partir da 20ª semana da gestação atual.

A vacinação é importante para imunização passiva (passagens de anticorpos maternos e a transferência passiva de anticorpos para o bebê), até os dois primeiros meses de vida.

Levantamento

Com R$ 2.169, renda domiciliar de MS é 4,8% maior que a média nacional

Conforme levantamento do IBGE, renda média de domicílios do estado ficou a frente do Espírito Santo, Goiás e Minas Gerais

28/02/2025 18h01

Imagem ilustrativa

Imagem ilustrativa Foto: Arquivo, Correio do Estado

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Mato Grosso do Sul registrou a 8ª maior renda domiciliar per capita do País em 2024. O dado foi divulgado nesta sexta-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua).

Com o valor alcançado de R$ 2.169, o índice é 4,8% maior do que a média nacional, de R$ 2.069. Vale destacar que atualmente, o salário mínimo nacional é de R$ 1.518.

O índice sul-mato-grossense está apenas atrás do Distrito Federal (R$ 3.444), São Paulo (R$ 2.662), Rio Grande do Sul (R$ 2.608), Santa Catarina (R$ 2.601), Rio de Janeiro (R$ 2.490), Paraná (R$ 2.482) e Mato Grosso (R$ 2.276).

E acima de estados como Espírito Santo (R$ 2.111), Goiás (R$ 2.098), Minas Gerais (R$ 2.001) e Tocantins (R$ 1.737). Confira o ranking completo:

Média nacional do Brasil - R$ 2.069  

Unidades Federativas:

  1. Distrito Federal - R$ 3.444  
  2. São Paulo - R$ 2.662  
  3. Rio Grande do Sul - R$ 2.608  
  4. Santa Catarina - R$ 2.601  
  5. Rio de Janeiro - R$ 2.490  
  6. Paraná - R$ 2.482  
  7. Mato Grosso - R$ 2.276  
  8. Mato Grosso do Sul - R$ 2.169  
  9. Espírito Santo - R$ 2.111  
  10. Goiás - R$ 2.098
  11. Minas Gerais - R$ 2.001
  12. Tocantins - R$ 1.737
  13. Rondônia - R$ 1.717 
  14. Rio Grande do Norte - R$ 1.616
  15. Roraima - R$ 1.538  
  16. Amapá - R$ 1.514  
  17. Sergipe - R$ 1.473  
  18. Pernambuco - R$ 1.453  
  19. Paraíba - R$ 1.401
  20. Bahia - R$ 1.366  
  21. Piauí - R$ 1.350  
  22. Pará - R$ 1.344  
  23. Alagoas - R$ 1.331  
  24. Acre - R$ 1.271
  25. Amazonas - R$ 1.238
  26. Ceará - R$ 1.225 
  27. Maranhão - R$ 1.077

Levantamento

O rendimento domiciliar per capita é calculado como a razão entre o total dos rendimentos domiciliares (nominais) e o total dos moradores. Nesse cálculo, são considerados os rendimentos de trabalho e de outras fontes.

Todos os moradores são considerados no cálculo, inclusive os moradores classificados como pensionistas, empregados domésticos e parentes dos empregados domésticos.

Os valores foram obtidos a partir dos rendimentos brutos de trabalho e de outras fontes, efetivamente recebidos no mês de referência da pesquisa, acumulando as informações das primeiras visitas da PNAD Contínua feitas no 1º, 2º, 3º e 4º trimestres de 2024.

A PNAD Contínua é uma pesquisa domiciliar, amostral, realizada pelo IBGE desde janeiro de 2012, que acompanha as flutuações trimestrais e a evolução da força de trabalho, entre outras informações necessárias para o estudo do desenvolvimento socioeconômico do país.

No caso específico dos rendimentos, são coletadas as informações referentes ao trabalho em todas as visitas e referentes às outras fontes de rendimento nas primeiras e quintas visitas ao domicílio. Para o cálculo anual do rendimento domiciliar per capita a partir da PNAD Contínua, utiliza-se a primeira visita ao domicílio.

Em 2020 e 2021, houve queda acentuada de taxas de aproveitamento da coleta, principalmente da primeira visita ao domicílio. As menores taxas de aproveitamento das entrevistas refletiam o contexto excepcional, ocasionado pela pandemia de Covid-19 nesses anos, e os procedimentos adotados para minimizar as perdas de informação que poderiam ocorrer devido à pandemia, ao isolamento social e ao acesso dos entrevistadores aos domicílios.

A partir de 2022, já se observava o processo de recuperação do aproveitamento das entrevistas em curso, o que se consolidou em 2023.

Metodologia

Diante desses impactos, para o cálculo do rendimento domiciliar per capita dos anos de 2020, 2021 e 2022, foi adotada a quinta visita ao domicílio, em alternativa ao padrão até então adotado (primeira visita) e temporariamente suspenso em decorrência da pandemia de Covid-19.

A partir de 2023, com o retorno aos níveis de aproveitamento das amostras, o cálculo do rendimento domiciliar per capita volta a ter como referência o banco de primeira visita aos domicílios.

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