A liquidação do banco Master, anunciada pelo Banco Central na terça-feira (18), causou prejuízo bem superior ao inicialmente estimado em fundos de pensão de servidores públicos municipais em Mato Grosso do Sul, superando os R$ 18 milhões.
Além de Campo Grande, São Gabriel do Oeste e Angélica, os institutos de previdência de Fátima do Sul e de Jateí também fizeram aplicações milionárias e agora dificilmente conseguirão recuperar estes valores.
Os mais prejudicados são os servidores da prefeitura de Fátima do Sul. O IPREFSUL tinha R$ 8,093 milhões aplicados no Master no final de setembro. Isso equivale a 15% de tudo aquilo que o institudo dos servidores tem aplicado no sistema financeiro para bancar o pagamento das aposentadorias.
Servidores de Jateí, cidade vizinha a Fátima do Sul, também apostaram alto nos juros atrativos prometidos pelo banco Master e seus representantes, a consultoria financeira Crédito e Mercado. Eles aplicaram 6,7% de todas as suas economias no Master e no final de setembro estavam com saldo de R$ 2,837 milhões.
Em São Babriel do Oeste, o saldo era de R$ 3,430 milhões (4,14% das economias do instituto). Os servidores de Angélica estavam com R$ 2,293 milhões n(4,74) e o instituto de Campo Grande estava com saldo de R$ 1,413 milhão no final de setembro.
E, de acordo com um consultor financeiro ouvido pelo Correio do Estado, todos eles haviam aplicado em Letras Financeiras. Estas aplicações estão praticamente no final da fila e nem mesmo os R$ 250 mil cobertos pelo fundo garantidor serão devolvidos, explica o economista.
SÉRIE DE CALOTES
Convencidos pela mesma consultoria financeira (Crédito e Mercado), servidores de pelo menos outros quatro municípios já levaram prejuízos milionários ao aplicarem parte de suas poupanças em fundos como Infinity e Texas.
O instituto de Tacuru, por exemplo, havia investido em torno de R$ 2 milhões no Fundo Texas I e agora o saldo é da ordem de 10% daquele montante. Quando da aplicação, cada cota valia em torno de R$ 7 mil. Agora, não vale mais de R$ 920,00, conforme apuração do Correio do Estado.
Nos municípios de Itaquiraí, Mundo Novo e Dois Irmãos do Buriti , parte das poupanças que deveriam bancar as aposentadorias dos servidores também acabaram virando pó, mas desta vez por conta de investimentos feitos no fundo Infinity.
Em Itaquiraí, o saldo no final de abril de 2023 era de R$ 1,191 milhão. No mês seguinte, depois de vir a público a informação de que o fundo não tinha lastro, o valor encolheu para apenas R$ 65 mil.
Em Mundo Novo, o prejuízo foi bem maior. Os servidores estavam com saldo de R$ 6,532 milhões até abril de 2023 na aplicação. Porém, sobraram somente R$ 575 mil. No município de Itaquiraí a situação era parecida. Dos 6,443 milhões, sobraram pouco mais de R$ 570 mil.
E se não bastasse o calote que Angélica levou agora do Master, o instituo dos servidores já havia levado prejuízo em 2023, com o Infinity. O instituto havia aplicado R$ 633 mil. Deste total, sobraram apenas R$ 49 mil.
Embora os institutos de previdência tenham sofrido calotes de empresas diferentes, pelo menos um ponto liga todas as vítimas. O "vendedor" da aplicação é o mesmo, a consultoria Crédito e Mercado.
Os representantes desta empresa mantiveram, ainda, uma série de econtros em outras cidades e conseguiram convencer os diretores dos fundos de pensão a fazerem aplicações diversificadas.
A estratégia é sempre a mesma: juros acima daquilo que pagam os bancos mais tradicionais. O resultado, porém, também costuma ser parecido: o calote.


