A Polícia Civil voltou ontem ao local do acidente aéreo que matou quatro pessoas, na noite de terça-feira, em uma fazenda em Aquidauana, uma delas, o arquiteto e urbanista reconhecido no mundo todo Kongjian Yu. Além disso, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) também foi ao local.
O acidente aconteceu quando a aereonave, uma Cessna 175, prefixo PT-BAN, fabricada em 1958, tentou pousar na fazenda Barra Mansa, localizada a cerca de 100 quilômetros da área urbana de Aquidauana, porém, não conseguiu e arremeteu.
Pouco tempo depois, segundo relatos dos funcionários da fazenda à Polícia Civil, eles perceberam o fogo e foram até o local, momento em que encontraram o avião em chamas e as vítimas já mortas.
Além de Kongjian Yu também morreram o documentarista Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz, o diretor de fotografia Rubens Crispim Júnior e o piloto Marcelo Pereira de Barros.
Com a chegada do Cenipa ao local, o Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), tem um “reforço” na investigação que apura os motivos da queda da aeronave.
Entre os problemas apontados está o fato de que o avião não tinha autorização para fazer voos noturnos, além de não ter permissão para realizar táxi-aéreo. Somados a esses problemas está o fato de que a pista de pouso da fazenda Barra Mansa não tem iluminação para pouco noturno.
Segundo investigação da Polícia Civil, a tentativa de pouso teria ocorrido por volta de 18h20min, mas a pista deveria estar em funcionamento até as 17h39min daquele dia.
“Também está em investigação o horário de tentativa de pouso, pouco mais de 30 minutos após o horário de operação da pista em questão (opera em visual diurno), e o acidente teria acontecido por volta de 18h20min (anoitecer registrado na região por volta de 17h39min)”, diz nota da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).
O que a Polícia Civil já sabe, porém, é que na pista não havia a presença de animais, como testemunhas haviam relatado. Na quarta-feira, a informação era de que o avião havia arremetido porque uma manada de queixadas estava na pista, o que foi desmentido na investigação.
“As apurações iniciais apontam que houve uma tentativa de pouso, por parte do piloto da aeronave, seguido por uma arremetida. Neste momento, diferentemente de relatos iniciais, não haveria presença de animais na pista (situação bastante comum no bioma pantaneiro – testemunhas relataram que, antes da tentativa de pouso, havia alguns animais), fato que também está no âmbito da investigação”, continua a nota da Sejusp. Conforme a polícia, a investigação pode durar até 60 dias.
Matéria do Correio do Estado já havia mostrado que a aeronave tinha sido apreendida pelo Dracco em 2019, durante a Operação Ícaro. À época, o avião apresentava irregularidades de manutenção e também operava em táxi-aéreo sem a devida permissão.
“O avião foi apreendido e o proprietário, o senhor Marcelo [Pereira de Barros] sofreu indiciamento na época. Ele só conseguiu reaver a aeronave em 2022, restituída via judicial, mas só poderia voar após regularizar uma série de problemas encontrados”, relatou a delegada Ana Cláudia Medina.
Essa regularização só foi feita em dezembro do ano passado, quando entregou toda a documentação aos órgãos competentes. O primeiro voo teria acontecido só em janeiro deste ano.
CORPOS
Segundo a Sejusp, a perícia no corpo do arquiteto chinês Kongjian Yu segue aguardando a chegada dos familiares. O exame necroscópico só pode ser feito com a presença e autorização formal da família, em respeito as tradições chinesas. Não se sabe quando a família do chinês chegará em Mato Grosso do Sul.
Os corpos das outras três vítimas já passaram por exames necroscópicos e de identificação. De acordo com a Polícia Civil, foram coletadas amostras para diferentes técnicas de identificação, incluindo confronto com registros médicos.
Em uma das vítimas foi possível realizar o processo de identificação necropapiloscópica (impressões digitais), que se encontra em análise. Todas as amostras biológicas passarão também por exame de DNA.
*SAIBA
Kongjian Yu era um dos arquitetos mais renomados do mundo. Professor na Universidade de Pequim, seu trabalho revolucionou o urbanismo sustentável com projetos com o conceito de cidades-esponja.


Mato Grosso do Sul está em alerta para tempestades (Reprodução / Inmet)


