Cidades

Prefeitura de Ivinhema

CGU vê fraude em licitação do "mais louco do Brasil"

Além de superfaturar merenda, controladoria indica que administração do prefeito Juliano Ferro (PSDB) favoreceu fornecedor e ainda restringiu licitação

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Auditoria realizada pela Controladoria Geral da União (CGU) com os recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), enviados ao município de Ivinhema, indicou favorecimento a uma empresa que omitiu seu faturamento milionário para concorrer com microempresas, burlando o edital, que, segundo os auditores, já havia sido considerado muito restritivo.

A cidade de Ivinhema, localizada a 289 quilômetros de Campo Grande, é administrada pelo influencer Juliano Ferro (PSDB), que se autodenomina “o prefeito mais louco do Brasil”. O município foi apontado pela CGU no mesmo relatório como responsável por um superfaturamento de R$ 224,9 mil com os recursos enviados pelo Ministério da Educação, por meio do PNAE.

O Correio do Estado teve acesso em primeira mão às constatações dos controladores da União. 

Juliano Ferro comemora sua reeleição

Os auditores da CGU, ao inspecionarem os contratos da prefeitura, cujo responsável é o prefeito reeleito Juliano Ferro, notaram que a empresa C E G de Matos Eireli declarou ser uma microempresa e informou ter movimentado R$ 360 mil nos documentos anexados no processo licitatório para a contratação de merenda, realizados no início de 2022.

No entanto, a empresa auferiu, em 2021, um total de R$ 1,76 milhão em receita, valor muito superior ao limite de R$ 360 mil para ser considerada uma microempresa.

Além disso, em 2022, a C E G de Matos Eireli obteve receitas de R$ 1,07 milhão. “Dessa forma, a empresa obteve vantagem em relação às demais concorrentes ao declarar seu enquadramento como microempresa”, apontam os auditores da CGU.

A prefeitura de Ivinhema não se pronunciou sobre as irregularidades encontradas pelos auditores.

Limitação de concorrência

Os auditores também encontraram cláusulas no edital que podem ter limitado a concorrência no pregão. Embora a Lei de Licitações priorize os princípios de isonomia (igualdade entre os concorrentes), seleção da proposta mais vantajosa e vinculação ao edital, a lei também proíbe admitir, prever, incluir ou tolerar cláusulas ou condições que comprometam ou frustrem o caráter competitivo da licitação.

Os auditores identificaram uma cláusula com potencial de restringir indevidamente a competitividade no pregão de número 21/2022. A prefeitura exigiu que os licitantes apresentassem uma Declaração de Enquadramento do Porte Empresarial (MEI/EPP/EPP) emitida por contador ou técnico contábil com firma reconhecida. A legislação, no entanto, não exige o reconhecimento de firma.

Essa restrição pode ter sido a razão pela qual apenas três empresas se candidataram ao certame, que posteriormente resultou em compras superfaturadas.

Superfaturamento

O mesmo documento da CGU identificou superfaturamento de R$ 229,4 mil na compra de ítens da merenda escolar, conforme publicou o Correio do Estado nesta quarta-feira (9)

A reportagem mostra que o sobrepreço que resultou no superfaturamento ocorreu na compra de itens como carne bovina, carne de frango, ovos de galinha, pão, leite e outros alimentos destinados aos estudantes das escolas públicas do município.

O maior sobrepreço identificado pela CGU foi na compra de carne bovina. Enquanto os supermercados de Ivinhema consultados pela CGU cobravam, em média, R$ 33,99 pelo quilo do alimento nas especificações contidas no edital, o município pagou R$ 44,90 pelo produto, resultando em uma diferença de R$ 10,91 por quilo. Como foram adquiridos 9 mil quilos de carne durante o período analisado, o sobrepreço na compra de carne bovina foi de R$ 98.190,00.

Além disso, houve sobrepreço, com posterior superfaturamento, na compra de pão francês. A prefeitura pagou R$ 16,20 pelo quilo do pão, enquanto o preço estipulado no Diário Oficial, que deveria ser seguido, era de R$ 10,61, gerando uma diferença de R$ 61.490,00 em recursos públicos repassados pelo governo federal. A administração do “prefeito mais louco do Brasil” terá de explicar essa discrepância.

“Houve prática de superfaturamento decorrente de sobrepreço contratual no Pregão Eletrônico nº 21/2022 no valor apurado de R$ 224.955,00 (R$ 155.515,00 em favor da C E G de Matos EIRELI e R$ 69.440,00 em favor da B A Marques LTDA), o equivalente a 20% do valor da amostra (10 itens de maior materialidade financeira — 81,03% do valor total adjudicado)”, apontou a CGU em seu relatório.

Para efeito de comparação, o valor utilizado para a compra dos itens foi de R$ 778,2 mil. Ainda segundo a CGU, os recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) foram devidamente transferidos. A prefeitura de Ivinhema não ofereceu qualquer explicação ao órgão federal de controle sobre as inconsistências encontradas.

O sobrepreço foi identificado nos seguintes itens:

  • 12 mil quilos de frango: sobrepreço de R$ 14,1 mil;
  • 12 mil litros de leite pasteurizado: sobrepreço de R$ 17,4 mil;
  • 3 mil litros de óleo de soja refinado: sobrepreço de R$ 12,4 mil;
  • 3 mil quilos de feijão carioquinha tipo 1: sobrepreço de R$ 2,1 mil;
  • 3 mil dúzias de ovos de galinha brancos: sobrepreço de R$ 1,4 mil;
  • 2 mil quilos de cenoura: sobrepreço de R$ 15,3 mil;
  • 2,5 mil quilos de repolho: sobrepreço de R$ 10,025 mil;
  • 9 mil quilos de carne bovina: sobrepreço de R$ 98,1 mil;
  • 11 mil pães franceses: sobrepreço de R$ 14,1 mil.
  • Em contrapartida, o município pagou um item com preço abaixo da média de mercado: R$ 7,6 mil pela compra de 6 mil quilos de coxa e sobrecoxa de frango.

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Trafico

PCC escondia cocaína e maconha em carga de salgadinhos feitos em MS

Gaeco revela esquema que usava caminhão-baú com produtos industrializados em Campo Grande para transportar drogas para São Paulo

13/11/2025 21h07

Caminhão Volvo que era usado pelos traficantes

Caminhão Volvo que era usado pelos traficantes Reprodução

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Um grupo criminoso ligado à organização Primeiro Comando da Capital (PCC) usava cargas de salgadinho industrializado, produzidos em Campo Grande, para esconder drogas como maconha e cocaína.

O transporte era feito em um caminhão Volvo, ano 2007/2008, que pertencia a Kleyton de Souza Silva, traficante ligado ao PCC, que, de dentro do presídio de Aquidauana, comandava uma extensa rede de distribuição de maconha e cocaína para todas as regiões do Brasil, com foco no Estado de São Paulo. O veículo, contudo, estava em nome de Fabrício Aparecido Silva Guilherme, motorista exclusivo, que usava tal artifício para não levantar qualquer suspeita dos policiais.

O caminhão de Kleyton era do tipo baú e frequentemente viajava para o Estado de São Paulo carregado de salgadinhos de uma marca famosa, produzidos na capital de Mato Grosso do Sul, e que tinham como destino a capital paulista e cidades do interior, como São José do Rio Preto e Araçatuba.

Os investigadores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) mapearam pelo menos três fretes agenciados por Kleyton, sendo que, no último deles, Fabrício acabou preso pela Polícia Militar Rodoviária do Estado de São Paulo, em Araçatuba (SP).

Antes, contudo, em 7 de julho de 2022, houve uma entrega bem-sucedida em São José do Rio Preto (SP), de aproximadamente 200 quilos de maconha. Depois, o caminhão seguiu viagem para São Paulo (SP), onde entregou mais uma carga de maconha (a suspeita é que foram outros 200 quilos) em um lava-jato na zona norte da cidade.

Caminhão Volvo que era usado pelos traficantesPreparação de carga de maconha, em Campo Grande (MS), para ser entregue em São José do Rio Preto (SP)/Reprodução Gaeco

Nas notas fiscais, sempre havia cargas de salgadinhos — batatas fritas, salgadinhos de milho e de trigo, entre outros.

No celular de Kleyton, havia conversas entre ele e seu subordinado Fabrício. O caminhoneiro relatava como pretendia fazer um dos fretes, usando salgadinho:

“Eu tô vendo aqui se eu consigo. As cargas que têm daqui de Campo Grande pra lá são só pra São Paulo. Aí eu pego uma carga pra São Paulo mesmo, tô vendo uma carga pequena aqui de salgadinho, se o cara vai me passar, aí eu vou e passo em Birigui, pego essas caixas de som e vou direto pra Rio Preto, e lá descarrega. Daí eu sigo e deixo as caixas de som em Catanduvas, depois desço lá em São Paulo, daí carrego e venho aqui pra Campo Grande de novo”, disse o caminhoneiro.

Frete seguro

Kleyton tinha orgulho do negócio, que chamava de “frete seguro”. A carga de salgadinhos, o caminhão relativamente novo e o mesmo motorista sempre quase não levantavam suspeitas dos policiais.

“Trata o procedimento pelo nome de ‘frete seguro’, modalidade que consiste em embarcar, juntamente com a carga ilícita, mercadoria lícita e regularmente documentada (como regra, a Orcrim escolhia alimentos não perecíveis, como salgadinhos), como forma de encobrir os entorpecentes. Ou seja, o ‘frete seguro’ é arquitetado e executado com a finalidade de conferir aparente legalidade à operação, permitindo que os carregamentos atravessassem as mais diversas barreiras de fiscalização sem levantar suspeitas das forças policiais”, explicam os promotores do Gaeco.

A afirmação acima está na denúncia contra Kleyton, Fabrício e dezenas de outros integrantes da organização criminosa, que operava em grande esquema não apenas de remessa de maconha e cocaína, mas também de extorsão e violência contra pessoas que emprestavam dinheiro de Kleyton ou contra outros traficantes — como um grupo de Santa Catarina que usou os serviços de frete da quadrilha e não pagou.

A suspeita dos policiais do Gaeco é que Kleyton prestou vários serviços de transporte de maconha no fundo falso de seu caminhão-baú, até que seu motorista, Fabrício, foi preso em 22 de outubro de 2022, com 280 quilos de cocaína, na rodovia Marechal Rondon, no município de Araçatuba (SP). A droga tinha como destino a cidade de Birigui (SP).

Conforme a denúncia do Gaeco, o preço do frete variava: R$ 150 por quilo para cargas de maconha e até R$ 700 por quilo para cargas de cocaína.

Se negociado pelo preço máximo, o transporte dos 280 quilos apreendidos no interior paulista renderia R$ 196 mil à quadrilha. A carga, contudo, é avaliada em dezenas de milhões de reais.

Operação Blindagem

O Ministério Público de Mato Grosso do Sul apresentou um novo pedido de prisão contra Kleyton de Souza Silva, apontado como líder da organização criminosa investigada na operação deflagrada em 14 de outubro de 2025. Mesmo já preso por condenação anterior, o Gaeco afirma que ele continuava exercendo comando de dentro do presídio de Aquidauana.

A análise do telefone celular apreendido em sua cela revelou fotografias pessoais, conversas e registros que, segundo o órgão, evidenciam que Kleyton seguia envolvido em negociações de drogas e outras práticas ilícitas, o que justificou a necessidade de reforçar a custódia preventiva.

A operação descreve uma ampla estrutura criminosa vinculada ao PCC, atuando em tráfico interestadual de drogas, remessas pelos Correios, transporte por caminhões com cargas de fachada, comércio ilegal de armas e práticas de extorsão. O relatório destaca que o grupo possuía logística complexa, com caminhões equipados com rastreadores, grande volume de entorpecentes sob sua propriedade e conexões operacionais em diversos estados.

Além de Kleyton, o Gaeco listou outros suspeitos ligados ao grupo, entre eles Sebastião Balejo de Arruda, Ênio de Andrade e Silva Filho, João Lucas Paes de Mello e Ângelo Paes Marquesan. Para esse conjunto de investigados, a promotoria solicitou apenas mandados de busca e apreensão, por ainda não haver elementos suficientes para medidas cautelares mais severas.

Executores diretos das ordens da liderança também foram identificados: Thiago Gabriel Martins da Silva, conhecido como “Especialista PCC”, aparecia como um dos mandantes de cobranças violentas. Já Osvaldo Vianna dos Santos Júnior, o “Juninho”, e Johan Fabiano Rodrigues Lescano foram apontados como responsáveis por extorsões, ameaças e deslocamentos forçados de vítimas em Mato Grosso do Sul e Santa Catarina.

A investigação ainda revelou um setor interno de inteligência, operado por Monique Siqueira Lopes Meireles e pelo próprio “Especialista PCC”, responsável por acessar ilegalmente dados sigilosos de vítimas e repassar informações estratégicas ao grupo.

Essa estrutura hierarquizada reforçou, na avaliação do Ministério Público, a necessidade de impedir que Kleyton continuasse exercendo liderança criminosa a partir do sistema prisional, resultando no novo pedido de prisão apresentado à Justiça.

Caminhão Volvo que era usado pelos traficantesKlayton, com a namorada, de dentro da cadeia, onde comandava o tráfico

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Cidades

Gerente de transporte é exonerado após morte de estudante de enfermagem

Com relação ao motorista do ônibus que estava com a CNH vencida, a secretária de Educação do município informou que o caso deve passar por sindicância, devido a ele ser concursado

13/11/2025 18h07

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A Prefeitura Municipal de Coxim exonerou o gerente de Transporte Escolar, Djair Bezerra Leite. A decisão foi publicada no Diário Oficial do Município nesta quinta-feira (13), um dia após o acidente que tirou a vida da estudante.

No caso que envolveu o servidor Cleyton Matos Campos, de 47 anos, que, segundo a secretária de Educação, Marly Nogueira, é concursado desde 2022 e estava com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) vencida há mais de um ano.

Segundo a Polícia Civil informou, após o acidente que resultou no atropelamento da jovem Letícia Camargo, de 25 anos, ele chegou a dizer que manuseava o celular no momento do ocorrido, mas mudou a versão em seguida.

A secretária de Educação, Marly Nogueira, admitiu que houve falha na verificação da documentação do servidor, o que culminou na exoneração de Djair, que comandava a pasta de Transporte Escolar desde 6 de janeiro de 2025.

“A pasta não averiguou, então nós tomamos as medidas cabíveis. Já instauramos um procedimento interno para apurar e responsabilizar as pessoas, porque houve uma falha”, disse.

Questionada sobre a situação do servidor que atua como motorista do ônibus escolar, a secretária informou que o município instaurou uma sindicância. Uma comissão será montada para apurar os fatos e, por enquanto, ele não será exonerado.

“Não [será exonerado]. É por isso que foi aberto o processo de sindicância, para avaliar e ver como vai ficar a situação dele”, respondeu a secretária.

Devido ao fato de ele ser concursado, segundo explicou a gestora, ele tem direito à defesa.

“Conforme formos avançando com a instauração do procedimento interno, vamos colhendo as provas, com o jurídico e com a controladoria do município”, pontuou.

Morte da Estudante


A estudante de enfermagem Letícia Camargo, de 25 anos, da  Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), morreu após ser atropelada por um ônibus escolar na manhã desta quarta-feira (12), em Coxim, região norte do Estado. O acidente aconteceu por volta das 7h, na Avenida Mato Grosso do Sul, quando a jovem seguia para o estágio.

De acordo com testemunhas, o veículo trafegava em alta velocidade no momento do atropelamento. O ônibus atingiu a estudante e colidiu contra uma árvore. Após o impacto, o ônibus ainda passou por cima da vítima.

Letícia chegou a ser socorrida pelo Corpo de Bombeiros e levada ao Hospital Regional Álvaro Fontoura Silva, mas não resistiu aos ferimentos. O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) de Coxim. Natural de Pedro Gomes, a estudante cursava o último semestre de enfermagem e estava prestes a se formar.

O motorista do ônibus também foi encaminhado ao hospital e, após atendimento, prestou depoimento à Polícia Civil, que investiga as causas do acidente, posteriormente ele foi preso em flagrante. 


Funcionário efetivo da prefeitura municipal,  Cleyton dirigia um ônibus escolar com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) vencida há mais de um ano, recusou-se a realizar o teste do bafômetro e possui antecedentes criminais por tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo.

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