Neste ano, o verão em Campo Grande foi mais chuvoso do que em 2024, mas, levando em consideração a média dos anos anteriores, o volume acumulado de chuva não foi suficiente para reverter o cenário de seca registrado desde o ano passado.
Conforme levantamento do Correio do Estado, com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o verão 2024/2025 em Campo Grande atingiu o volume de 340,4 milímetros de chuva, entre o dia 21 de dezembro do ano passado e esta quinta-feira.
A precipitação acumulada neste período foi superior à registrada no verão passado (2023/2024), quando choveu apenas 224 mm.
Apesar do índice positivo de chuva em um curto prazo, quando comparado à média histórica de verão para Campo Grande, de 504 mm, a precipitação deste ano na Capital foi 32,4% menor que as registradas no período de 1980 a 2010.
O levantamento também informa que nos últimos oito verões, de 2016 até 2025, a média de precipitação em Campo Grande foi de 482,9 mm, acumulado de chuvas maior que o registrado neste ano.
O meteorologista do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec-MS) Vinícius Sperling explica que, nos últimos dois verões, os indicativos de precipitação ficaram abaixo do esperado em função de uma frequência maior na formação de nuvens de chuvas isoladas.
“A falta de aglomerados de chuva em Campo Grande é o que tem nos levado a chuvas abaixo da média. Em um verão mais próximo do normal, as pancadas surgem nos bairros de forma mais intensa e tendem a se unir, transformando-se neste aglomerado de chuva mais branda e abrangente e atuando por várias horas. Mas, nos últimos dois anos, a gente tem visto esta falta da formação desses aglomerados de nuvens de chuvas”, disse.
Sem a aglomeração dessas chuvas que surgem nos bairros, as pancadas de chuvas isoladas, que são típicas de verão, ficam cada vez mais frequentes no período, fazendo com que chova apenas em determinadas regiões da cidade, enquanto em outras o tempo permanece seco.
Isso pôde ser observado nesta semana, quando choveu mais de 70 mm na região sul da cidade, enquanto em outras áreas o acumulado foi bem inferior.
OUTONO
Segundo o Cemtec-MS, a precipitação esperada para o trimestre de abril, maio e junho deste ano, no período do outono em Mato Grosso do Sul, deve variar entre 150 mm e 300 mm.
Nas regiões nordeste e extremo-noroeste do Estado, as chuvas devem variar entre 100 mm e 150 mm. Nas regiões sul, sudeste e extremo-sul do Estado, as chuvas variam entre 300 mm e 500 mm.
A tendência climática indica probabilidade de as chuvas ficarem abaixo da média histórica no outono, principalmente na metade oeste e sudeste de Mato Grosso do Sul.
No restante do Estado, os modelos analisados pelo Cemtec-MS indicam irregularidades nas chuvas, que podem ficar abaixo ou acima da média histórica.
Climatologicamente, em grande parte do Estado, as temperaturas médias devem variar entre 20ºC e 24°C. Por outro lado, nas regiões noroeste e nordeste, as temperaturas devem variar de 22ºC a 26°C.
O outono deste ano teve início às 05h02min (horário de MS) de ontem e terminará no dia 20 de junho. A estação é considerada um período de transição entre as estações chuvosa (verão) e seca (inverno).
No outono ocorrem as primeiras incursões de massas de ar frio, vindas do sul do continente e que provocam uma queda gradativa das temperaturas ao longo da estação.
VERÃO MAIS SECO
O verão 2023/2024 foi o mais seco de Campo Grande em 10 anos, conforme mostrou matéria do Correio do Estado publicada no ano passado. O levantamento da reportagem foi feito com base nos dados fornecidos pelo Inmet.
De acordo com os índices do acumulado de precipitação do Inmet relativos ao verão 2023/2024, entre 21 de dezembro e 20 de março, choveu na Capital 224 mm. Se comparado com o mesmo período do verão de 2022/2023, o volume de chuva teve uma queda de 71%. Isso fica evidente ao levarmos em conta que o verão 2022/2023 teve um acumulado de chuvas de 760,6 mm.
A série histórica disponibilizada pelo Inmet, que vai de 2015 até este ano, mostra que, até então, o verão 2021/2022 tinha sido o mais seco: na época, a precipitação atingiu 386,0 mm. Mesmo assim, esse número é 57,9% maior que a precipitação do verão de 2023/2024.