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Com hospitais superlotados, Campo Grande busca ampliar leitos

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, filas de espera se formaram em razão de todas as 1,3 mil vagas disponíveis em unidades da cidade estarem ocupadas

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Para suportar a alta demanda por atendimentos nos hospitais de Campo Grande, a prefeitura pretende ampliar o número de leitos, que atualmente se encontram todos ocupados. A ideia é conseguir mais 50 leitos de unidades filantrópicas, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau). 

Em entrevista coletiva ontem, a secretária municipal de Saúde, Rosana Leite Melo, informou que a situação é de emergência.

“Nós temos deficit de leitos, nós estamos em uma emergência de vírus respiratórios, que causam as doenças respiratórias, e continuamos com o problema. Hoje, nós temos aproximadamente 1,3 mil leitos e eles estão todos ocupados, por conta de cirurgias eletivas e do alto registro de acidentes”, disse a titular da Sesau.
A falta de leitos resulta em uma fila de espera cada vez maior na Capital.

Até esta quarta-feira, de acordo com a Sesau, 213 pessoas aguardavam por internação em Campo Grande, sendo 195 adultos e 18 crianças, entre pacientes da Capital e do interior do Estado.

Para resolver essa situação crítica, a Sesau informou, em nota, que está atualmente em tratativas com a Secretaria de Estado de Saúde (SES) para “consultar a viabilidade de firmar aditivos aos convênios já existentes com hospitais filantrópicos para uma possível ampliação do quantitativo de leitos de internação disponíveis ao SUS em Campo Grande em mais 50 leitos”.

Uma dessas opções poderia ser a Santa Casa de Campo Grande, no entanto, conforme já informado pelo Correio do Estado, o hospital vem passando por um aumento acentuado no número de pacientes no pronto-socorro, deixando a instituição a um passo de fechar totalmente para novos pacientes, em função da superlotação.

De acordo com o informado pela diretoria técnica da Santa Casa, o setor de urgência e emergência está operando atualmente muito além de sua capacidade máxima.

O setor, originalmente projetado para acomodar 13 leitos, chegou a ter 87 pacientes internados em março, segundo informado pela comunicação do hospital.

A unidade de urgência e emergência do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap) também tem contado, nas últimas semanas, com número de pacientes acima da capacidade instalada, com muitos adultos com doenças que necessitam de tratamento clínico (não cirúrgico).

UPAS

A superlotação também acontece nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Campo Grande, que foram pauta da primeira reunião do Centro de Operações de Emergências de Saúde Pública (COE).

De acordo com a prefeitura da Capital, 36 equipes volantes estão empenhadas para ampliar o número de profissionais dentro das unidades de saúde.

A atuação das equipes tem como objetivo desafogar a superlotação das UPAs. Apesar de atenderem, em média, 3,6 mil pessoas, as equipes já contribuíram no atendimento de 5 mil pessoas por dia.

A reportagem do Correio do Estado esteve presente ontem nas UPAs Coronel Antonino e Leblon, que normalmente atendem a uma grande demanda, para averiguar o fluxo de pacientes.

Conforme observado, as unidades estavam cheias, porém, não superlotadas, e o fluxo de atendimento estava ocorrendo sem grandes esperas, segundo os pacientes.

Esperando atendimento na UPA Leblon, Sebastiana Mendes, de 68 anos, relatou que procurou a unidade em função da falta de médicos em um posto de saúde próximo à sua casa.

“Está demorando muito no atendimento, na Unidade de Saúde do Santa Emília, onde eu moro, a gente não consegue ser atendido porque não tem médico, precisa marcar consulta com antecedência de meses”, disse.

PARTICULARES

O problema, porém, não se resume aos hospitais públicos. A reportagem do Correio do Estado entrou em contato com hospitais particulares de Campo Grande, que, segundo a Sesau, também estão enfrentando problemas de superlotação em função do aumento de casos de doenças respiratórias.

Conforme informou o Hospital Cassems de Campo Grande, a instituição está trabalhando acima da sua capacidade operacional, com 100% dos leitos ocupados. 

“A alta demanda é reflexo do atual surto de doenças respiratórias que atinge nossa cidade. Diante desse cenário, estamos empenhados em ampliar nossas equipes para melhor atender a todos os pacientes.

Reforçamos, ainda, a importância de manter a vacinação contra a gripe em dia, como medida essencial de prevenção”, afirmou a Cassems, em nota.

O Hospital da Unimed também destacou que, nas últimas semanas, registrou um aumento significativo no número de atendimentos no pronto atendimento pediátrico e adulto em Campo Grande, principalmente em função de doenças respiratórias.

“Ressaltamos que, normalmente, esse aumento acontece com a chegada do outono. Em relação à taxa de ocupação, informamos que não há falta de leitos, mas, quando necessário, fazemos uma dinâmica de giro de atendimentos para atender a todas as demandas dos pacientes”, declarou a Unimed, em nota.

Saiba

A reunião do Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE) contou com a presença da prefeita Adriane Lopes e da secretária municipal de Saúde, Rosana Leite, além de autoridades da área da saúde, Ministério Público de Mato Grosso do Sul e Defensoria Pública de MS.

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MATO GROSSO DO SUL

Verba de R$ 10 milhões para reformar presídios está parada há oito anos

Relatórios da Secretaria Nacional de Políticas Penais revelam que verba liberada em 2017 contra incêndios nunca foi usada

08/12/2025 08h20

Inspeções feitas nas unidades prisionais, descrevem um cenário que o governo classifica como

Inspeções feitas nas unidades prisionais, descrevem um cenário que o governo classifica como "fator de risco institucional" Gerson Oliveira

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Documentos oficiais do Ministério da Justiça revelam um abismo entre o cofre e a realidade carcerária em Mato Grosso do Sul. A Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) admite que cerca de R$ 10 milhões repassados ao Estado, parte deles ainda em 2017, para obras essenciais de segurança elétrica, prevenção de incêndios e reforma de celas, jamais resultaram no início das obras.

Inspeções feitas nas unidades prisionais, descrevem um cenário de “infiltrações, ausência de ventilação” e falta de oferta de trabalho para os detentos, gerando o que o governo classifica como “fator de risco institucional”.

O levantamento foi feito a partir do Relatório de inspeção em espaços de privação de liberdade no estado de Mato Grosso do Sul, realizado em outubro de 2024, pelo Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT), com a presenca de defensores públicos estaduais.

A paralisia atinge dois dos principais estabelecimentos penais do Estado. No Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho, a Máxima, em Campo Grande, uma verba de R$ 5,8 milhões destinada especificamente para “instalações elétricas e segurança contra incêndio e pânico” dorme nas contas do governo desde 2017.

O valor, corroído pela inflação de quase uma década, não se transformou em nenhuma melhoria, colocando a massa carcerária e os servidores sob risco constante.

Já na Penitenciária Estadual de Dourados, mais de R$ 4,1 milhões destinados à reforma do Raio 2 (repasses de 2017 e 2022) também constam com o status “não iniciada”.

Inspeções feitas nas unidades prisionais, descrevem um cenário que o governo classifica como "fator de risco institucional"Para o Presídio de Segurança Máxima da Capital a verba não utilizada seria de R$ 5,8 milhões - Foto: Gerson Oliveira

Em um outro despacho, a Divisão de Trabalho da Senappen reconhece a gravidade da situação. Ao analisar um Relatório do MNPCT, e o órgão federal confirma um “quadro crítico”: ambientes insalubres que inviabilizam até a instalação de oficinas de trabalho.

“Observa-se ainda a inexistência de planejamento estratégico (...) sem metas definidas”, aponta o documento técnico, ressaltando que a ociosidade dos presos agrava quadros de ansiedade e potencializa a violência interna. A Senappen, em sua defesa técnica, alega que repassa os recursos fundo a fundo e que cabe ao estado do Mato Grosso do Sul alocar a verba “conforme sua conveniência e oportunidade”, diz trecho do relatório.
Um ponto do documento chama atenção para valores ainda maiores.

“Ademais, cabe destacar que aquela unidade da federação dispõe de mais R$ 42.460.304,03 (quarenta e dois milhões, quatrocentos e sessenta mil, trezentos e quatro reais e três centavos) de recursos repassados via fundo a fundo para aplicação em obras de construção, reforma, ampliação e aprimoramento de estabelecimentos penais e, ainda, quatro contratos de repasse vigentes que possibilitarão a construção de quatro unidades prisionais, sendo uma feminina, com investimentos federais da ordem de R$ 59.534.509,82 (cinquenta e nove milhões, quinhentos e trinta e quatro mil, quinhentos e nove reais e oitenta e dois centavos)”, diz o documento.

OUTRO LADO

A Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) respondeu, em nota, que não possui competência técnica para tocar as obras e que a responsabilidade é da Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos (Agesul).

“À Agepen cabe a gestão administrativa e operacional das unidades, enquanto a elaboração de projetos e execução de obras é inteiramente conduzida pela Agesul”, cita a nota oficial.

Sobre os valores da obra na Máxima, a Agepen confirma que os valores repassados em 2017 pelo governo federal, cerca de R$ 6 milhões, seguem depositados e “gerando rendimentos”. Assim como os R$ 4 milhões enviados, entre 2017 e 2022, para a penitenciária de Dourados.

Segundo a Agepen, nestes quase 10 anos em que o dinheiro foi enviado, o órgão “jamais considerou tais obras como não convenientes ou inoportunas”.

As obras não teriam avançado em razão de “revisões técnicas obrigatórias e complexas; atualizações normativas; necessidade legal de reformulação de projetos e orçamentos; alta carga de demandas sob responsabilidade da Agesul [Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos de Mato Grosso do Sul] e da obrigatoriedade de total conformidade técnica antes da licitação”.

*SAIBA

O levantamento foi feito a partir do Relatório de inspeção em espaços de privação de liberdade no estado de Mato Grosso do Sul, realizado em outubro de 2024, pelo Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura.

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Cidades

Ministras defendem penas maiores para crimes de feminicídio

Protesto foi convocado por organizações da sociedade civil

07/12/2025 19h00

As ministras da Igualdade Racial, Anielle Franco, das Mulheres, Márcia Lopes, e da Gestão, Esther Dweck, durante o Levante Mulheres Vivas, na área central de Brasília

As ministras da Igualdade Racial, Anielle Franco, das Mulheres, Márcia Lopes, e da Gestão, Esther Dweck, durante o Levante Mulheres Vivas, na área central de Brasília Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

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Seis ministras e um ministro do governo federal participaram, neste domingo (7), em Brasília, do ato Levante Mulheres Vivas convocado por dezenas de organizações da sociedade civil. A manifestação ocorreu em diversas capitais do país após sucessão de casos de feminicídios que chocaram a sociedade. 

Sob fortes pancadas de chuva, o ato contou também com a participação da primeira-dama Janja Lula da Silva. O ministro que participou foi o do Desenvolvimento Social, Wellington Dias.

A ministra da Mulher, Márcia Lopes, defendeu que as mulheres precisam ocupar 50% dos cargos políticos no Brasil. “Não vamos votar em homem que agrida, que ofenda as mulheres. Não vamos votar”.

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, disse que essa é uma luta civilizatória, que precisa da participação dos homens.

“É muito importante ter os homens ao lado da gente nessa caminhada. Essa luta é de toda a sociedade. Temos que unir forças para tirar essa chaga da sociedade. Nós temos um problema histórico e cultural de subordinação das mulheres e temos que mudar isso”, afirmou.

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, lembrou sua irmã Marielle Franco, vereadora carioca assassinada em 2018 no Rio de Janeiro (RJ).

“Quando Marielle foi assassinada da maneira que foi, com cinco tiros na cabeça, logo depois a mãe Bernadete, poucos anos depois, com 21 tiros na cabeça, há um recado dado para essas mulheres. A gente tá aqui hoje pra dizer que vai permanecer viva, de pé, lutando, ocupando todos os espaços, eles queiram ou não. A gente vai permanecer”, afirmou.

Mesmo se recuperando de uma cirurgia, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, participou do ato em uma cadeira de rodas. Ela lembrou que a violência contra as mulheres indígenas segue invisível.

“Essa violência que a gente vê hoje em redes sociais, em noticiários, nos territórios indígenas acontece igualmente e nem notícia vira. Elas continuam no anonimato e ainda nem estatística viraram”, lamentou.

Também participou do ato a ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, que argumentou que a luta das mulheres contra a violência é secular. 

“Isso é para que a gente possa ter a dimensão da batalha que tem pela frente. Por isso, a luta para que tenhamos salário igual para função igual, creches, direitos para que, nas universidades, as mulheres que sigam a carreira científica possam avançar sem nenhum tipo de empecilho”, afirmou.

Em sua fala, a primeira dama Janja Lula da Silva lamentou os feminicídios e pediu medidas mais duras contra o assassinato de mulheres.

“Que hoje seja um dia que fique marcado na história desse movimento das mulheres pelo Brasil. A gente precisa de penas mais duras para o feminicídio. Não é possível um homem matar uma mulher e, uma semana depois, estar na rua para matar outra. Isso não pode acontecer”, disse.

Também participou do ato, na Torre de TV, na área central de Brasília, a ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck.

Entenda

A mobilização nacional foi convocada após uma onda de feminicídios recentes que abalaram o país.

No final de novembro, Tainara Souza Santos teve as pernas mutiladas após ser atropelada e arrastada por cerca de um quilômetro, enquanto ainda estava presa embaixo do veículo. O motorista, Douglas Alves da Silva, foi preso acusado do crime.

Na mesma semana, duas funcionárias do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet-RJ), no Rio de Janeiro, foram mortas a tiros por um funcionário da instituição que se matou em seguida.

Na sexta-feira (5), foi encontrado, em Brasília, o corpo carbonizado da cabo do Exército Maria de Lourdes Freire Matos, 25 anos. O crime está sendo investigada como feminicídio após o soldado Kelvin Barros da Silva, 21 anos, ter confessado a autoria do assassinato.

Cerca de 3,7 milhões de mulheres brasileiras viveram um ou mais episódios de violência doméstica nos últimos 12 meses, segundo o Mapa Nacional da Violência de Gênero.

Em 2024, 1.459 mulheres foram vítimas de feminicídios. Em média, cerca de quatro mulheres foram assassinadas por dia em 2024 em razão do gênero. Em 2025, o Brasil já registrou mais de 1.180 feminicídios.

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