Cidades

Ocupação indígena

Após embate com policia, 200 indígenas ocupam e fecham porteiras de fazenda em Rio Brilhante

Conselho indigenista destacou ao Correio do Estado que integrantes permitem arrendatários a retirarem suas commodities e colherem o que plantaram nas terras

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Em meio a conflitos com a polícia, cerca de 200 indígenas ocuparam e fecharam as porteiras da Fazenda Doinho, localizada no km 309 BR-163, em Rio Brilhante, município distante 160 km de Campo Grande. 

A ação tem como justificativa a retomada do território indígena Guarani Kaiowá, em curso desde o início deste mês na região.

Segundo a liderança Guyra Arandú que está no local, a movimentação serve para “acabar com as muitas décadas de dureza, fome, violência, racismo, veneno, intoxicação, confinamento, ameaças e trapaças dos fazendeiros, para poder garantir a Constituição Federal".

Membro do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) em Mato Grosso do Sul, Matias Benno Pempel destacou ao Correio do Estado que a retomada se deu de forma mais incisiva após a Polícia Militar sul-mato-grossense ferir as lideranças com balas de borracha. 

“Acontece que em meio à ocupação, um indígena idoso foi ferido pela PM, e após o ocorrido, três jovens indígenas que vinham de encontro ao idoso para socorrê-lo também foram atingidos e detidos pelos policiais, ação que revoltou outros indígenas que se uniram aos demais”, destacou. 

O missionário indigenista frisou que as represálias por parte do Governo do Estado, Polícia Militar e Prefeitura de Rio Brilhante são irregulares.

Após a ocupação da sede, Benno pontuou que os indígenas fecharam as porteiras da fazenda, entretanto, permitem que arrendatários e donos das commodities plantadas no local, “colham o que plantaram e se retirem da fazenda”.  Neste momento, os indígenas entraram em contato com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), a fim de buscarem o diálogo com o Governo do Estado para “conquistarem o território que lhes é garantido por meio de um estudo antropológico em curso desde 2007”, disse o membro do CIMI.

Segundo ele, os indígenas alocados em Rio Brilhante esperam dialogar diretamente com a presidente da Fundação, Joênia Wapichana.  De acordo com o indigenista, o Governo do Estado "não pode usar a Policia como 'cão de guarda'". Os guardas privados, assim como a Polícia Militar já deixaram o local. 

Falhas

De fato, de acordo com a Constituição Federal, casos que envolvem indígenas são de responsabilidade da Polícia Federal (PF) e não de comandos estaduais ou municipais.

Outra inconsistência constatada por parte do Cimi e confirmada pela reportagem foi de que o prefeito de Rio Brilhante, Lucas Centenaro Foroni (MDB) disse ainda na sexta-feira (3), que os indígenas Guarani Kaiowá haviam sido detidos e liberados pela polícia, fato que ocorreu somente na tarde do sábado (4), por meio de decisão judicial, confirmada pelo advogado Anderson Santos, representante do povo Guarani Kaiowá . 

“Não houve confronto, as conversas aconteceram de forma pacífica, entretanto a região já foi invadida por indígenas há cerca de dois, três anos”, disse Foroni na ocasião.  

Segundo ele, a gestão municipal chegou a contatar o Governo do Estado, entretanto não houve qualquer necessidade de medidas de maior proporção. 

Início 

Com três indígenas detidos, o fazendeiro José Raul das Neves foi à Polícia Civil após ter a propriedade adentrada por indígenas da etnia Guarani e Kaiowá no dia 3 deste mês. 

Entre as justificativas apresentadas pelo fazendeiro aos policiais, o funcionário de José Neves, Lourival de Oliveira, residente da fazenda, “teve que sair correndo, pois indivíduos estavam invadindo a propriedade”.

O registro policial foi notificado às 9h da manhã, entretanto a ação teria ocorrido por volta das 3h da madrugada. 

De acordo com o documento, os indígenas bloquearam o acesso à fazenda após trancarem os portões. Em período de colheita,o fundiário alegou que a ação dos indígenas poderia acarretar em perdas de plantio e que ele poderia “perder tudo o que investiu”.

Segundo o registro da ocorrência, notificada como esbulho (lesão possessória) junto ao distrito policial de Rio Brilhante. “No local há plantio de soja, havendo neste momento uma quantia de duzentos e oitenta hectares para colher”. De acordo com o B.O, o fazendeiro disse ter colhido apenas 40 hectares, e que o local possuía dois  caminhões, colheitadeira e tratores para a realização dos trabalhos.

O Correio do Estado buscou contato com o Governo do Estado para apurar as ações, contudo, não obteve retorno até o momento. 

Nova ação

Na próxima semana, entre os 13 e 17, jovens indígenas da etnia informaram se dirigir à fazenda para ocupar a região, ação descartada pelo CIMI, uma vez que a "região já foi ocupada", finalizou Benno. 

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Previsão do tempo

Confira a previsão do tempo para hoje (25) em Campo Grande e demais regiões de Mato Grosso do Sul

Céu do estado continua encoberto por fumaça, com calor e baixa umidade

25/09/2024 04h30

Baixa umidade e calor seguem no estado

Baixa umidade e calor seguem no estado Arquivo / Correio do Estado

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Nesta quarta-feira (25) a previsão indica tempo firme, com sol e variação de nebulosidade. Pela configuração dos ventos o céu deverá continuar encoberto por uma camada de fumaça oriunda de incêndios florestais na região amazônica e também de estados e países vizinhos.

A situação meteorológica ocorre devido a atuação de um sistema de alta pressão atmosférica favorecendo o tempo quente e seco no estado de Mato Grosso do Sul. O grande destaque destes dias são as temperaturas acima da média aliado a baixos valores de umidade relativa do ar, com valores entre 7% e 20%. Por isso, recomenda-se que a população beba bastante líquido, evite exposição ao sol nos horários mais quentes e secos do dia e umidifique os ambientes.

Além disso, as condições meteorológicas previstas, de tempo quente e seco, favorecem a ocorrência de incêndios florestais. Desta forma, recomenda-se que a população não ateie fogo em nenhuma situação, pois é crime ambiental.

Os ventos atuam entre o quadrante leste e norte com valores entre 40 km/h e 60 km/h. Pontualmente, podem ocorrer rajadas de vento acima de 60 km/h.

Confira abaixo a previsão do tempo para cada região do estado: 

  • Para Campo Grande, estão previstas temperatura mínima de 27°C e máxima de 37°C. 
  • A região do Pantanal deve registrar temperaturas entre 25°C e 41°C. 
  • Em Porto Murtinho é esperada a mínima de 28°C e a máxima de 42°C. 
  • O Norte do estado deve registrar temperatura mínima de 25°C e máxima de 38°C.
  • As cidades da região do Bolsão, no leste do estado, terão temperaturas entre 22°C e 39°C. 
  • Anaurilândia terá mínima de 23°C e máxima de 39°C. 
  • A região da Grande Dourados deve registrar mínima de 24°C e máxima de 38°C. 
  • Estão previstas para Ponta Porã temperaturas entre 25°C e 37°C. 
  • Já a região de Iguatemi terá temperatura mínima de 23°C e máxima de 38°C. 

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Polícia

Em agosto, beneficiários do Bolsa Família desembolsam R$ 3 bilhões em apostas

Dos 20 milhões de beneficiários, 5 milhões fizeram apostas no mês passado. Em média, o valor gasto por eles foi de R$ 100

24/09/2024 23h00

Apostas on-line estão prestes a ser tributadas

Apostas on-line estão prestes a ser tributadas Arquivo

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Os beneficiários do Bolsa Família que fazem apostas esportivas online gastaram R$ 3 bilhões em bets via Pix no mês de agosto, segundo uma análise técnica feita pelo Banco Central. O montante destinado às empresas de apostas corresponde a 20% do valor total repassado pelo programa no mês.

Dos 20 milhões de beneficiários, 5 milhões fizeram apostas no mês passado. Em média, o valor gasto por eles foi de R$ 100. Desse total de apostadores, 70% são chefes de família, ou seja, quem de fato recebe o dinheiro transferido pelo governo. O grupo enviou R$ 2 bilhões por meio do Pix às bets em agosto.

Os dados consideram apenas os recursos pagos pelos apostadores utilizando o sistema de pagamentos instantâneos do BC e não contabilizam desembolsos realizados por outros meios, como cartões de débito ou crédito. Isso significa que as cifras podem ser ainda mais elevadas.

A nota técnica do BC também não contabiliza eventuais prêmios sacados pelos apostadores, mas especialistas alertam que as apostas podem resultar em perdas frequentes, comprometendo o orçamento familiar, especialmente das famílias de baixa renda.

"Para identificar as pessoas em grande vulnerabilidade financeira, utilizou-se a informação de beneficiários do PBF [Programa Bolsa Família] existente em dezembro de 2023. Cerca de 17% desses cadastrados apostaram no período. A proporção de apostadores é praticamente a mesma quando se examina apenas quem de fato recebe o benefício governamental, os chefes de família", diz trecho da nota.

Em agosto, o Bolsa Família repassou R$ 14,1 bilhões para mais de 20 milhões de beneficiários. O valor médio por família pago no mês foi de R$ 681,09.

Na manhã desta terça-feira (24), o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que houve uma piora na inadimplência que poderia ser explicada pela popularidade das bets.
"Não é um trabalho do Banco Central olhar as bets, mas há uma preocupação. O que a gente tem feito é tentar ajudar o governo e o Congresso com os dados que a gente tem. Uma coisa que tem gerado preocupação na ponta é que o crescimento é muito grande", disse.

A análise do BC foi solicitada pelo senador Omar Aziz (PSD-AM). Como mostrou a Folha, o parlamentar pretende acionar a PGR (Procuradoria-Geral da República) para tentar tirar do ar os sites de apostas esportivas, como as bets, até que as empresas sejam completamente regulamentadas pelo governo federal.

"Esses resultados estão em linha com outros levantamentos que apontam as famílias de baixa renda como as mais prejudicadas pela atividade das apostas esportivas. É razoável supor que o apelo comercial do enriquecimento por meio de apostas seja mais atraente para quem está em situação de vulnerabilidade financeira", afirma o Banco Central.
De acordo com o levantamento, cerca de 24 milhões de pessoas físicas participaram de jogos de azar e apostas, realizando ao menos uma transferência via Pix para essas empresas em agosto.

Embora as apostas sejam realizadas por indivíduos de diferentes faixas etárias, a maioria dos apostadores tem entre 20 e 30 anos.

O valor médio mensal gasto com bets aumenta conforme a idade. Enquanto os mais jovens gastam em torno de R$ 100 por mês, a cifra pode ultrapassar R$ 3.000 mensais entre os mais velhos (de mais de 60 anos).

O BC alerta que os resultados são preliminares. Entre as ressalvas, destaca a dificuldade de classificação das empresas que operam jogos de azar e apostas online.

"[Muitas] o fazem sob nomes que não correspondem aos divulgados na mídia, e várias delas não estão corretamente classificadas no setor econômico apropriado", diz. "Além disso, muitas dessas empresas não atuam exclusivamente no setor de apostas, podendo ser substituídas ao longo do tempo, o que torna a análise ainda mais complexa."

Ao longo do ano, os valores mensais de transferência bruta para bets variaram entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões. "Com base nas transferências que são feitas dessas empresas para pessoas físicas, estimamos que aproximadamente 15% do que é apostado seja retido pelas empresas, com o restante distribuído aos ganhadores a título de prêmio", afirma a nota.

Aziz ressalta que o levantamento do BC considera apenas 56 empresas. "O pessoal não está jogando, está doando o dinheiro. E estamos falando só de Pix; fora cartão de crédito e outros meios de pagamento. E isso sem contar as famílias que estão se endividando e pedindo dinheiro para agiota", diz.
 

 

*Informações da Folhapress 

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