Cidades

101 QUILOS

Corregedoria investiga participação de mais policiais em furto de cocaína

Delegado foi preso e será afastado temporariamente das funções

Continue lendo...

O delegado titular de Aquidauana, Eder Oliveira Moraes, e mais onze pessoas estão presas pelo envolvimento no “sumiço” de 101 quilos de cocaína da Delegacia de Polícia Civil do município. A corregedoria da Polícia Civil não descarta o envolvimento de mais policiais no desvio de cocaína para o tráfico de drogas.

O delegado, juntamente com mais sete envolvidos, estão presos nas celas da 3ª Delegacia de Polícia de Campo Grande. Além de preso, o delegado será afastado temporariamente de suas funções. Esse afastamento será publicado na edição de amanhã (25) do Diário Oficial de Mato Grosso do Sul (DOE).

“Na segunda-feira (9), foi constatado a falta dos 101 quilos de cocaína e no mesmo momento a Corregedoria tomou frente. Fizemos diligências com apoio de força tarefa de policiais da Delegacia da Mulher e da 1° DP de Aquidauana, levantamos alguns movimentos nos arredores da delegacia e buscamos informações sobre a apreensão de um veículo Corola que foi utilizado no transporte das drogas. A partir daí conseguimos prisões temporárias de pessoas relacionadas a esses veículos, que nos levaram para prisões em Aquidauana e elucidamos quem teria subtraído essas drogas em duas etapas. Primeiro, na madrugada do dia 6 para o dia 7, e também na madrugada de domingo (8) para segunda-feira (9). Assim, temos 12 pessoas presas, temos evidências fortes da participação do delegado e trabalhamos para elucidar a participação de outros policiais e outras pessoas e também na apreensão do entorpecente subtraído”, explica o delegado Carlos Delano, da Corregedoria da Policia Civil. 

O delegado geral adjunto, Adriano Garcia, explicou que foi cumprido um mandado de busca e apreensão na casa do delegado Eder Moraes, onde os policiais encontraram um revólver não registrado. Diante disso, ele foi preso por porte de arma ilegal e encaminhado para a 3° DP.  "Essa situação gera um desconforto para a Polícia Civil, mas se precisar cortar na própria carne, cortaremos. Temos que separar os policiais bons dos ruins”, argumenta.     

Garcia explica que diante desses fatos, na edição de amanhã (25) do Diário Oficial do Estado sairá o afastamento do delegado Eder Oliveira Moraes de suas funções. "Os policiais de Mato Grosso do Sul são os que mais apreendem drogas no Brasil. Um fato isolado como esse estraga todo o trabalho desses policiais”, avalia. 

Questionado sobre a possível motivação do delegado em cometer o crime, Garcia explicou que “tudo indica que o elevado volume e fato dessa droga ser bastante cara motivou tudo isso”. 

O delegado Carlos Delano, da Corregedoria da Policia Civil, explica que a apreensão dos 101 quilos de cocaína aconteceu no dia 30 de maio por policiais rodoviários federais, onde encontraram o entorpecente escondido dentro do tanque de diesel de um caminhão na região urbana de Aquidauana. A droga foi levada até a delegacia, onde ficou nove dias no local. “Não é usual ficar toda essa quantidade de drogas na delegacia. Não tem uma regra, mas normalmente no dia seguinte já é transferido ou incinerado. Até mesmo por segurança”, explica. 

Garcia comentou ainda que a demora em fazer o procedimento certo de encaminhar a droga para um lugar segurou ou incinerar também pode ser visto como indício de envolvimento no crime. 

De acordo com Carlos Delano, nas investigações foram presos a advogada Mary Stella Martins de Oliveira, o marido que transportava as drogas que estavam na delegacia, em um Toyotta Corola, e o filho do casal. O marido da advogada já havia sido preso com 200 quilos de cocaína no interior de São Paulo e, no ano de 2012, foi preso pela Denar com 900 quilos de maconha. 

Ele explica ainda que foram presos quatro detentos que estavam na delegacia. Todos estavam no local por não pagar pensão alimentícia e podem estar envolvidos no sumiço das drogas e mais dois detentos que fazem parte do semiaberto de Aquidauana, que furtaram a droga na madrugada do dia 6 para 7. 

Nas investigações houve a apreensão de celulares e autorização de acesso a dados dos telefones, que ligaram o envolvimento do delegado, a advogada e o marido. “Conseguimos mais materialidade do crime com informações do celular. Troca de mensagens. Para alguns elementos, temos convicção forte, mas ainda não podemos concluir de maneira firme”, explica.

Ainda segundo o delegado, o inquérito pode demorar 45 dias para ser concluído.

Recuperação  

Para Carlos Delano, a possibilidade de recuperar as drogas são remotas, pois segundo ele, o entorpecente teve vários destinos.  Ele explica que os tabletes de cocaína encontrados no carro e na residência de alguns suspeitos irão ser testados para saber se é a mesma apreendida pela PRF.  

Durante o primeiro furto da droga, os suspeitos cerraram barras de ferro da grade onde pegaram as drogas. No segundo furto, eles esqueceram um tablete que vai servir de prova para comparar com a cocaína encontrada no Toyota Corolla. “Vamos verificar se a porção apreendida é compatível em termos de pureza do que estava no depósito”, disse. 

Afastamento 

O delegado Eder Moraes é policial há 19 anos e já trabalhou nas delegacias de Rio Negro, Juti e Rio Verde. Ele está há quatro anos como delegado em Aquidauna.

Ele já responde a um processo criminal e administrativo, mas que não exigia afastamento da função. Antes de toda essa celeuma, ele foi removido para a delegacia de  Selvíria. Amanhã (25), será publicado a afastamento compulsório do delegado até a apuração de todo o processo.

Com Eder agora são dois delegados que estão presos na 3° DP, localizada no bairro Carandá, o outro delegado é Fernando Araújo da Cruz Júnior, titular da Delegacia de Atendimento a Infância, Juventude e do Idoso (Daiji) de Corumbá, preso por matar um boliviano na cidade morena.

“A Corregedoria da Polícia Civil vai ser implacável nos desvios de conduta. Teremos que cortar na carne. Não podemos misturar os policiais. Isso nós estamos fazendo para preservar os bons policiais”, argumenta.

3º dia de greve

Motoristas ignoram multa de R$ 200 mil e Campo Grande segue sem ônibus

TRT determinou que ônibus funcionem com 70% da frota em horários de pico e 50% em horários normais, mas os motoristas não aceitaram

17/12/2025 07h10

Campo Grande entra no 3º dia de greve dos ônibus

Campo Grande entra no 3º dia de greve dos ônibus MARCELO VICTOR

Continue Lendo...

Campo Grande amanheceu sem ônibus pelo terceiro dia consecutivo nesta quarta-feira (17).

Mais uma vez, os terminais Morenão, Julio de Castilho, Bandeirantes, Nova Bahia, Moreninhas, Aero Rancho, Guaicurus, General Osório e Hércules Maymone amanheceram fechados sem nenhuma "alma viva".

Os pontos estão vazios. Em contrapartida, as garagens estão lotadas de ônibus estacionados.

Com isso, os usuários precisam recorrer a outras alternativas para chegar ao trabalho: bicicleta, a pé, carona, transporte por aplicativo, táxi ou mototáxi. A greve foi alertada antecipadamente, estava prevista e não pegou passageiros de surpresa.

Os motoristas reivindicam pelo pagamento do mês, que foi pago 50%:

  • Pagamento do 5º dia útil – venceu em 5 de dezembro
  • Pagamento da segunda parcela do 13º salário – vai vencer em 20 de dezembro
  • Pagamento do vale (adiantamento) – vai vencer em 20 de dezembro

O Consórcio Guaicurus alega que está em crise financeira e que não tem dinheiro para pagar a folha salarial, 13º salário e custos operacionais básicos (combustível, manutenção da frota e encargos). 

De acordo com o Consórcio, a Prefeitura Municipal de Campo Grande (PMCG) deve R$ 39 milhões à empresa desde 2022 e que os salários dos motoristas só serão pagos caso o poder público repasse o valor.

“O atraso e o pagamento parcial não decorrem de má gestão, mas sim da inadimplência reiterada do Município de Campo Grande/MS no repasse do subsídio financeiro contratualmente instituído no quarto termo aditivo previsto. O valor devido pelo Poder Concedente, apenas no período compreendido desde 2022, quando foi designada a tarifa técnica no quarto termo aditivo do contrato de concessão, já soma um subsídio superior a R$ 39 milhões ainda não repassados ao Consórcio. A dificuldade financeira é uma consequência direta da quebra do equilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão pelo Poder Concedente. O pagamento da complementação do salário de novembro, do adiantamento de dezembro de 2025 (vencível em 20/12/2025) e da segunda parcela do 13º salário está condicionado à regularização desses repasses públicos”, explicou o Consórcio Guaicurus por meio de nota enviada à imprensa.

Mas, a Prefeitura Municipal de Campo Grande (PMCG) rebateu o Consórcio e disse que os pagamentos estão em dia. A prefeita, Adriane Lopes (PP), afirmou que a greve é "abusiva" e "ilegal", pois todos os repasses financeiros foram feitos.

"Além das gratuidades, o Município aporta também o vale-transporte dos nossos servidores, que são adquiridos e utilizados pelos servidores do município e, rigorosamente está em dia esse repasse. As questões judiciais serão discutidas na justiça, dentro da legalidade e da realidade, tanto do Consórcio como do Município. O dinheiro que é a responsabilidade do Município foi pago e, se o Município está rigorosamente em dia, a empresa também teria que estar rigorosamente em dia com os pagamentos dos seus funcionários", disse a prefeita, em coletiva de imprensa realizada na tarde desta terça-feira (16).

"Todas as verbas que são contratuais, que tem relação do Município com o Consórcio Guaicurus foram feitos os repasses, ou seja, a subvenção de R$ 19 milhões, pagamento de vale-transporte de R$ 16 milhões, o Governo do Estado transferiu R$ 7 milhões, ele fez um acordo de R$ 13 milhões neste ano e R$ 4 milhões ficou para o ano que vem, acordado com o consórcio, então todas as verbas que implicam o Poder Público foram transferidas", disse o secretário municipal de Governo, Ulisses Rocha.

DECISÃO JUDICIAL

O desembargador federal do trabalho, César Palumbo, do Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região (TRT-24) determinou, durante audiência de conciliação realizada na tarde desta terça-feira (16), que:

  • 70% da frota funcione entre 6h e 8h30min (horário de pico)
  • 50% da frota funcione entre 8h30min e 17h
  • 70% da frota funcione entre 17h e 20h (horário de pico)
  • 50% da frota funcione entre 20h e 00h

Mas, os motoristas não acataram a ordem judicial mais uma vez e seguem paralisados. Com isso, o Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande leva multa diária de R$ 200 mil. A multa subiu de R$ 20 mil para R$ 100 mil na terça-feira (16) e de R$ 100 mil para R$ 200 mil na quarta-feira (17).

"Não pode existir greve de 100% dos serviços essenciais. A determinação judicial deve ser cumprida. Amanhã, no primeiro período, a categoria vai estar trabalhando. Amanhã, pela manhã [17 de dezembro] o sindicato vai garantir que haja no período compreendido entre 6h e 8h30, 70% da frota funcionando. De 8h30 a 17h, 50% da frota atendendo a população. Entre as 17h e as 20h, 70% da frota. E após, 50% da frota no horário normal", pediu o desembargador aos motoristas, que recusaram.

Presidente do sindicato, Demétrio Freitasfoi a favor da retomada do mínimo exigido em lei, mas foi voto geral dos motoristas venceu.

“A população está sofrendo muito, vai para três dias sem ônibus em Campo Grande, mas o trabalhador também precisa receber. Todo mundo que trabalha precisa receber seus vencimentos”, disse.

3º DIA DE GREVE

Campo Grande está sem ônibus há três dias consecutivos.

Esta é a segunda vez no ano em que a Capital fica sem transporte. Em 22 de outubro de 2025, Campo Grande amanheceu sem ônibus, com terminais fechados e pontos vazios. Os motoristas do transporte coletivo paralisaram atividades por duas horas, das 4h30min às 6h30min, o que refletiu em atrasos o dia todo. O fato pegou usuários de surpresa, que acordaram para ir trabalhar e não tinham meio de locomoção.

Esta é a maior greve dos últimos 31 anos em Campo Grande. Em outubro 1994, na gestão do ex-prefeito Juvêncio César, o transporte coletivo paralisou por dois dias e meio. Os ônibus tomaram as ruas do centro e interditaram o trânsito. Na ocasião, motoristas murcharam os pneus dos ônibus em forma de protesto.

A greve afeta 100 mil usuários, que usam o transporte coletivo diariamente para ir e voltar do trabalho.

PARALISAÇÃO DOS ÔNIBUS

Audiência termina sem conciliação e greve dos ônibus continua em Campo Grande

Motoristas ficaram indignados com a decisão judicial, a qual determina que 70% da frota volte a funcionar em horários de pico.

16/12/2025 19h22

Muitos motoristas do Consórcio Guaicurus compareceram à audiência no Tribunal Regional do Trabalho

Muitos motoristas do Consórcio Guaicurus compareceram à audiência no Tribunal Regional do Trabalho Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

Continue Lendo...

Motoristas do transporte coletivo urbano de Campo Grande lotaram o plenário do Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região, na tarde desta terça-feira (16), para acompanhar a audiência que debateu sobre a greve que paralisou os ônibus desde segunda-feira (14).

A audiência terminou sem conciliação e possibilidades entre o Consórcio Guaicurus, Município de Campo Grande e os profissionais da categoria. No entanto, o desembargador César Palumbo Fernandes determinou que 70% da frota voltasse a funcionar nos horários de pico.

"Não pode existir greve de 100% dos serviços essenciais. A determinação judicial deve ser cumprida. Amanhã, no primeiro período, a categoria vai estar trabalhando. Amanhã, pela manhã, o sindicato vai garantir que haja no período compreendido entre 6h e 8h30, 70% da frota funcionando. De 8h30 a 17h, 50% da frota atendendo a população. Entre as 17h e as 20h, 70% da frota. E após, 50% da frota no horário normal.", disse o desembargador.

Além disso, a multa, caso os ônibus não voltem a circular na manhã de quarta-feira (17), imposta ao Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande, aumentou de R$ 100 mil para R$ 200 mil por dia de descumprimento da decisão.

Apenas metade da folha salarial de novembro foi paga, sendo que a outra parte não tem previsão de pagamento. Ao todo, a dívida em aberto chega a R$ 1,3 milhão líquidos a serem repassados aos trabalhadores.

Diante da decisão do desembargador, os profissionais da categoria se indignaram, levantaram e saíram da audiência. Demétrio Freitas, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo e Urbano de Campo Grande (STCU-CG), disse que a greve está mantida por decisão dos próprios motoristas.

"A gente tá muito chateado com a Justiça do Trabalho por entender que quem paga a conta é sempre o trabalhador. No nosso entendimento, 70% ele simplesmente acabou com a greve. Infelizmente, vai continuar parado. Não é o que a gente quer, a população tá sofrendo muito, vai para três dias sem ônibus em Campo Grande, mas o trabalhador também precisa receber, todo mundo que trabalha precisa receber seus vencimentos", concluiu Demétrio Freitas.

O que disse o Município?

Na audiência, representando a Prefeitura de Campo Grande, a procuradora-geral do Município Cecília Saad afirmou que os repasses foram feitos pelo Executivo e, devidamente, depositados na conta do Consórcio Guaicurus.  De acordo com a representante, o valor destinado, na última sexta-feira (12), foi de R$  3.074.148,73.

Ela também relatou que, em junho/julho de 2024, foi publicado no Diário Oficial do Estado, que o governo se comprometeu em repassar quatro parcelas em torno de R$ 3 milhões, sendo duas no ano de 2025, e a terceira e a quarta em janeiro e fevereiro de 2026, respectivamente.

Diante destas afirmações, ela solicitou ao juiz o prazo de 24 horas para juntar a documentação e comprovar o pagamento ao Consórcio, o qual foi aceito pela autoridade.

Consórcio afirma que não tem dinheiro

Temis de Oliveira, presidente do Consórcio Guaicurus, confirmou o recebimento por parte da Prefeitura, mas alega que há outras pendências a serem pagas além da folha salarial, como os gastos com manutenção, diesel, mecânico, etc.  

"Hoje, o consórcio não tem caixa para pagar a parcela de 50% de novembro. Desses R$ 3 milhões (recebidos), haviam recursos que eram devidos de meses passados e a gente tinha outros compromissos".

"Sem aporte de alguma dessas verbas (cerca de R$ 4 milhões a serem recebidas pelo Consórcio), não temos mais saúde financeira, crédito nos bancos para poder buscar e resolver esses acordes", disse o prsidente Temis de Oliveira. Ele complementa: "Nós vamos procurar conversar com a Prefeitura para receber o que nós temos a receber ainda e negociar, negociar o tempo inteiro".

O presidente do Consórcio Guaicurus lembra que há o cumprimento do quarto termo aditivo do contrato, que precisa ser apurado mensalmente e um valor a ser recebido, algo que não ocorre desde 2022.

"Tem uma obrigação da AGEREG para, ao final de cada mês, fazer a apuração da diferença da tarifa pública para a tarifa técnica ou tarifa de remuneração e a prefeitura buscar os meios para pagar. Isso não tem sido pago desde 2022. Nós buscamos o recebimento dessas verbas também".

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).