Cidades

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Corrupção na Saúde afastou empresa alemã de licitação em Mato Grosso do Sul

Siemens desistiu de pregão com evidências de fraude em que a Health (antiga HBR) venceu contrato de R$ 37 milhões/ano

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A atuação diligente dos irmãos empresários Lucas Coutinho e Sérgio Andrade Coutinho Júnior no esquema de corrupção dentro de secretarias da administração do estado de Mato Grosso do Sul tirou a multinacional alemã Siemens de uma licitação para alugar tomógrafos para atender a rede de urgência e emergência do Estado.

A Health Brasil Inteligência em Saúde, antiga HBR Medical, faturou pregão para fornecer tal serviço a um custo de R$ 36,99 milhões por ano. 

Antes mesmo de o pregão ser aberto, em setembro do ano passado, a multinacional alemã impugnou vários itens da licitação, mas não teve suas solicitações atendidas e caiu fora da disputa. 

O contrato da Health Brasil com o governo de Mato Grosso do Sul continua ativo e substitui vínculo que já era alvo de investigação anteriormente, operado pela empresa sob o nome de HBR Medical.

Para que a empresa saísse vitoriosa do pregão eletrônico, os irmãos Coutinho, que não têm relação societária com a Health Brasil, atuaram fortemente com o contato deles dentro da Secretaria de Estado Administração (SAD), Simone de Oliveira Ramires Castro.

Os três foram presos na quarta-feira na Operação Turn Off, conduzida pelas forças especiais do Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPMS), entre elas, o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) e o Grupo Especial de Combate à Corrupção (Gecoc). 

Os irmãos são proprietários das empresas Isomed (a Isomed está em nome da esposa de Sérgio Andrade) e Isototal, que têm contratos com comprovação de pagamento de propina, conforme os documentos apresentados pelo MPMS na representação encaminhada ao juiz da 2ª Vara Criminal, Eduardo Eugênio Siravegna Júnior, e a Isomed tem atuação casada com a Health nos serviços prestados ao Estado, pois é esta empresa que emite e interpreta os laudos da Health. 

“Ocorre que, criminosamente e no mesmo dia do pregão, a pregoeira Simone de Oliveira Ramires Castro passa a se comportar como ‘longa manus’ da empresa Health Brasil Inteligência em Saúde Ltda., sob as ordens e mediante pagamento de propina por parte de Sérgio Duarte Coutinho Júnior e Lucas Andrade Coutinho, passando informações sigilosas e, inclusive, repassando cópias do processo licitatório”, argumentaram os promotores na petição enviada ao juiz. 

Em 27 de setembro de 2022, dia do pregão, Simone de Oliveira Ramires Castro imprimiu toda a proposta da empresa que havia vencido a disputa, a Chrome Tecnologia, e repassou para Lucas Coutinho. 

Com os documentos em mãos, os irmãos Coutinho passaram os documentos para os integrantes da Health Brasil e, coincidentemente, dois dias depois da entrega dos documentos por Simone, foi apresentado um documento da Central de Compras que informava que “um equipamento de tomografia, apresentado pela empresa vencedora Chrome Tecnologia, não atenderia aos requisitos do edital”.

A Corrupção

Na justificativa para mostrar que a contratação da Health foi fraudada, os promotores mencionam uma testemunha de um inquérito civil que apura outra licitação envolvendo a antiga HBR (atual Health) e a Fundação de Saúde de MS (Funsau), ligada à Secretaria de Estado de Saúde (SES) e à administração o Hospital Regional. 

Os promotores detalham a menção da testemunha sobre a prática da antiga HBR para vencer as licitações no governo.

Segundo os promotores, a empresa tinha êxito nos direcionamentos das licitações se utilizando das especificações técnicas dos equipamentos que tinha a seu dispor, em detrimento daqueles fornecidos por outros concorrentes, assim como foi feito na oportunidade citada pela testemunha por meio dos servidores públicos Simone (pregoeira) e Pedro Caetano (Coordenadoria de Projetos e Infraestrutura Física da SES). 

“Nossa minuta não era só utilizada integralmente, como eram solicitadas mudanças para deixar a licitação mais blindada. Exemplo: tem uma [máquina de] tomografia da Siemens, e ela trabalha com mesa de até 220 quilos, e tem mais duas [máquinas de] tomografias que trabalham com capacidade de 200 quilos. Então, não vamos trabalhar com tomografia de 200 quilos; vamos trabalhar com a de 220 [quilos], e a gente limita a concorrência”, explicou a testemunha, que terá seu nome preservado. 

“Cumpre mencionar que o direcionamento é tão vergonhoso neste pregão que até a própria fabricante Siemens Healthcare Diagnóstico Ltda. impugnou diversos itens e não participou da licitação, dado o nítido e escancarado direcionamento da licitação”, destacaram os promotores.

“Ora, uma das maiores empresas de diagnóstico médico do mundo – Siemens – afirma que está havendo direcionamento da licitação para a empresa Health Brasil. Agora se sabe o motivo: corrupção”, arremataram os promotores.

Desdobramentos

Até o início da noite de ontem, todos os oito envolvidos no esquema continuavam presos: os homens, no presídio de segurança máxima, no anexo que leva outro nome para separar os presos mais elitizados dos de facções: “Centro de Triagem”. Já as mulheres se juntaram as demais criminosas no Estabelecimento Penal Feminino Irmã Irma Zorzi.

Estão presos os irmãos Lucas de Andrade Coutinho e Sérgio Duarte Coutinho, apontados como pagadores das propinas aos servidores para favorecer suas empresas e também outras que não são deles, como o caso da Health Brasil, e a pregoeira-chefe da SAD, Simone de Oliveira Ramires Castro.

O secretário-adjunto de Educação, Édio Antônio Resende de Castro, que liderou a compra de aparelhos de ar-condicionado superfaturados (muitos deles com mais que o dobro do preço) e que recebeu a maior quantia de propina contabilizada até agora (quase R$ 800 mil), entre transferências para a gráfica de um amigo em Maracaju e dinheiro em espécie, também está na cadeia.

A servidora da Educação Andreia Cristina de Souza Lima, que também recebeu propina, também está presa.

Outro preso que tem comprovado o recebimento de mais de R$ 200 mil em propina é o assessor do deputado federal Geraldo Resende (PSDB) e ex-gestor de contratos da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Thiago Mishima. Ele atuou em favor dos irmãos Coutinho em contratos envolvendo a Isomed.

Paulo Henrique Muleta de Andrade, ex-coordenador da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), também está preso: ele pode ter recebido propina de 4% do valor do convênio entre o governo do Estado e a entidade para compra de materiais.

O oitavo preso é Victor Leite de Andrade, gerente do Posto América 2, que pertence aos irmãos Coutinho, segundo o MPMS.

Ele operava o pagamento da propina aos envolvidos entregando quantias em dinheiro (em razão da alta movimentação de dinheiro vivo no posto) ou fazendo transferências, uma outra tática para lavar dinheiro.

ASSISTÊNCIA SOCIAL

Verba da saúde banca mais 240 mil cestas para indígenas

Estado renovou por mais 12 meses contratos que somam R$ 46 milhões para aquisição de alimentos distribuídos em 86 aldeias

23/12/2025 11h30

Cerca de 20 mil famílias indígenas espalhadas em 86 aldeias são contempladas com 25 quilos de alimentos a cada mês

Cerca de 20 mil famílias indígenas espalhadas em 86 aldeias são contempladas com 25 quilos de alimentos a cada mês

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Assinados em dezembro do ano passado com possibilidade de serem prorrogados por até dez anos, cinco contratos para fornecimento de cestas de alimentos para familias indígenas foram renovados até o final de 2026, conforme publicação do diário oficial desta terça-feira (23). 

Juntos, os cinco contratos chegam a quase R$ 46 milhões e apesar da inflação do período, de 4,4%, foram renovados com os mesmos valores do ano passado com as empresas Tavares & Soares (R$ 15,83 milhões), Forte Lux Comércio (R$ 9,6 milhões) e Serviço e a empresa Fortes Comércio de Alimentos (R$ 20,67 milhões) 

Ao todo, em torno de 20 mil famílias estão sendo atendidas  em 86 aldeias de 29 municípios de Mato Grosso do Sul. A cesta conta com arroz, feijão, sal, macarrão, leite em pó, óleo, açúcar, fubá, charque, canjica e erva de tereré.

A estimativa do Governo do Estado é de que o programa beneficie pelo menos 90% das famílias indígenas espalhadas pelo Estado. Ao longo de um ano são em torno de 240 mil cestas, com peso médio de 25 quilos. 

Desde o começo do ano está havendo controle digital como mais um instrumento de garantia da destinação correta dos alimentos. Os beneficiários receberam um cartão com um QR Code para ser usado no momento da retirada da cesta. Existe um cartão azul, que é do titular do benefício e outra na cor verde, entregues a pessoas autorizadas a retirar o alimento caso o titular não consiga. 

Apesar de o programa ser coordenado pela Secretaria de Assistência Social e dos Direitos Humanos (SEAD), ele é bancado com recursos  da Saúde (Fundo Especial da Saúde/FESA/MS). 
 

CAMPO GRANDE

Trabalhadores engrossam paralisação na Santa Casa

Se no primeiro dia manifestação envolveu 1.200 funcionários celetistas, agora, ato é engrossado e pelo menos dois mil  trabalhadores aderiram às reivindicações pelo décimo terceiro salário

23/12/2025 11h00

Consultada, na manhã de hoje (23) a unidade Santa Casa de Campo Grande detalhou que: 

Consultada, na manhã de hoje (23) a unidade Santa Casa de Campo Grande detalhou que: "a paralisação de trabalhadores continua". Marcelo Victor/Correio do Estado

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Se durante o primeiro dia de impacto nas atividades na Santa Casa os atendimentos/serviços foram 30% paralisados, agora, segundo confirmado pela unidade na manhã desta terça-feira (23), o efetivo que aderiu à paralisação em busca do 13° salário subiu para pelo menos metade. 

A presidente da Santa Casa, Alir Terra Lima, e o Terra, e responsável pelo Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem de Mato Grosso do Sul (SIEMS), Lázaro Santana, reuniram a imprensa para tratar das manifestações de trabalhadores que se acumulavam em protesto na frente da unidade, na manhã de ontem (22).

Conforme repassado por Alir - e como bem abordado pelo Correio do Estado -, a paralisação inicialmente chegou a afetar 30% dos atendimentos/serviços, ou seja, com cerca de 70% do andamento da Santa Casa funcionando por tempo indeterminado ou até o pagamento integral do décimo terceiro.

Consultada, na manhã de hoje (23) a unidade Santa Casa de Campo Grande detalhou que: "a paralisação de trabalhadores continua".

"Com efetivo de 50% na paralisação e 50% trabalhando nos setores", complementa a Santa Casa de Campo Grande em retorno. 

Em outras palavras, se no primeiro dia a manifestação envolveu 1.200 funcionários celetistas, agora, a paralisação é engrossada e pelo menos dois mil  trabalhadores da Santa Casa (dos quatro mil totais) aderiram às reivindicações pelo décimo terceiro salário. 

Sem acordo

    

Enquanto a Santa Casa de Campo Grande aponta que, até o momento, não há nenhuma novidade em relação ao pagamento do décimo terceiro, que afeta todos os funcionários celetistas da unidade, a paralisação acaba impactando na vida não somente dos trabalhadores mas também de pacientes e visitantes. 

Ainda ontem no fim da tarde, através das redes sociais, a Santa Casa de Campo Grande emitiu comunicado anunciando ajustes temporários nas rotinas de vista aos pacientes, diante da paralisação. 

Essas visitas estão autorizadas tanto para pacientes internados na Unidades de Terapia Intensiva (UTI) quanto nas enfermarias. 

Esses ajustes na rotina seguem as seguintes diretrizes: 

  • - Apenas um familiar será liberado e permitido vistar o paciente;
  • - Cada paciente tem direito a uma visita por dia, feita pelas manhãs, às 11h. 
  • - Acesso das visitas deve ser feito exclusivamente pela porta de vidro do térreo.  

Há o detalhe de que, para os pacientes da área de trauma, onde ficam os acidentados, os visitantes devem dirigir-se pela entrada específica do setor. 

É o caso de Vitória Lorrayne, que está com o irmão acidentado na Santa Casa, que deu entrada na unidade desde o domingo e seria submetido a cirurgia durante o primeiro dia de paralisação, e sequer conseguiu contatar o parente que foi vítima de acidente de moto. 

"Não facilitaram em nada. Até disse que minha mãe sairia de viagem e precisava de notícias, está preocupada, mas falaram ontem (22) infelizmente que eu não poderia entrar", comenta ela. 

Como se não bastasse, até mesmo as informações sobre quando teria novamente contato com o irmão foram desencontradas, já que num primeiro momento mandaram a jovem voltar à Santa Casa por volta de 16h, quando novamente foi impedida de fazer a visita. 

"Voltei lá e disseram que haviam suspendido as visitas da tarde e da noite. Que seria apenas hoje às 11h, e não facilitaram em nada, sendo que gastei 70 reais ao todo entre idas e vindas", conclui. 

Os serviços afetados são atendimentos (consultas eletivas, cirurgias eletivas, enfermaria, pronto socorro, UTI, etc), limpeza (higienização de centros cirúrgicos, consultórios, banheiros, corredores, etc) , lavanderia (acúmulo de roupas utilizadas em cirurgias ou exames) e cozinha (copa).
**(Colaborou Naiara Camargo)

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