Preso por suposto envolvimento com a facção criminosa Comando Vermelho, o deputado estadual pelo Rio de Janeiro Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como “TH Joias”, utilizava uma loja de produtos esportivos do Flamengo no centro de Campo Grande para lavagem de dinheiro procedente da venda de drogas e armas.
A informação é do chefe do Ministério Público do Rio de Janeiro, Antonio José Campos Moreira. “Ele se utiliza de uma loja, uma franquia, que vende produtos de um clube muito popular, para lavar dinheiro. Há um indicativo concreto de que essa loja é utilizada, porque o volume de dinheiro que circula por ali é incompatível com que uma loja venderia”, disse o procurador, conforme reportagem publicada pelo jornal O Globo.
A loja está registrada no número 285 da Rua 7 de Setembro, endereço onde funciona uma auto-escola. Esta loja de produtos do Flamengo, segundo um advogado que atua na parte superior do prédio (número 283), fechou há cerca de dois anos. Mesmo assim, conforme o procurador carioca, ela continua com significativa movimentação financeira.
“Eu mudei para cá faz pouco mais de dois anos e quando cheguei, aquela sala já estava vazia, mas um pouco antes disso realmente existia essa loja de produtos do Flamengo naquela sala”, afirmou advogado cujo nome será preservado pela reportagem.
Apesar de o local abrigar uma auto-escola atualmente, os dados disponíveis na internet apontam que a loja, fundada em 8 de julho de 2021, continua ativa e tem como um dos sócios o deputado carioca Thiego Raimundo.
Além dele, aparece o nome de Hugo Santana da Silva como segundo proprietário. De acordo com o Econodata, Hugo é “administrador na Nação Rubro Negra, especializada em comércio varejista de artigos de vestuário e acessórios”,
O site informa ainda que Hugo “também desempenha a função de Sócio Administrador na Papo de Cria Bar e Pizzaria, cuja atuação é de bares e outros estabelecimentos especializados em servir bebidas. Além disso, trabalha como sócio na Raças Modas, com foco em comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios”.
O DEPUTADO
O deputado Thiego Raimundo dos Santos Silva (MDB) foi preso na quarta-feira (3) por suposto de envolvimento com o tráfico de drogas, comércio ilegal de armas e lavagem de dinheiro.
Ele teria atuado em favor tanto do Comando Vermelho (CV) quanto do Terceiro Comando Puro (TCP), facções rivais que disputam o controle de comunidades no Rio.
O MP e a PF dizem que o parlamentar intermediou a venda de dois fuzis por R$ 120 mil para traficantes no ano passado. Ele também é acusado de contrabandear bazucas antidrones — equipamentos usados para anular drones da polícia durante operações em favelas cariocas.
HISTÓRICO
TH Joias já havia sido investigado antes por lavagem de dinheiro do crime organizado. Segundo a PF, ele usava a produção de joias sob encomenda como fachada para movimentar valores ilícitos.
Somente na parceria com Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, apontado como chefe do Comando Vermelho no Complexo do Alemão, o deputado teria movimentado cerca de R$ 9 milhões nos últimos três anos.
Entre os clientes da loja estavam também agentes públicos. Um dos casos citados pela PF envolve o delegado federal Gustavo Steel, cuja noiva foi fotografada usando um anel vendido pelo parlamentar.
O delegado também foi preso nesta quarta, acusado de receber propina para vazar informações sigilosas a facções criminosas.
As investigações apontaram ainda que o gabinete do deputado era usado para empregar mulheres ligadas a traficantes, como Fernanda Ferreira Castro, mulher de Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão – preso na operação de quarta-feira e suspeito de chefiar o tráfico na favela do Lixão, em Duque de Caxias.


