Cidades

BR-163

Deputados de MS querem "melar" a relicitação da BR-163

Em 2019, a CCR entregou a concessão da rodovia e não fez investimentos; agora, a um mês do novo certame, parlamentares pedem investigação sobre a empresa

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Uma audiência pública realizada ontem, em Campo Grande, reuniu vereadores da Capital e do interior e deputados estaduais e federais. O evento ocorreu para anunciar que o Legislativo de Mato Grosso do Sul encaminhará um documento ao Ministério Público Federal (MPF) em que pede a paralisação do novo leilão da BR-163, que está marcado para o próximo mês.

O certame ocorre seis anos depois que a CCR MSVia entregou a concessão ao governo federal por alegar desequilíbrio no contrato de concessão. A empresa, que não cumpriu com o cronograma de obras nem com o total de pista a ser duplicada, está desde 2019 sem realizar novos investimentos na via.

Apesar de todo esse tempo passado, apenas agora – a um mês da data marcada para um novo certame – é que os deputados estaduais e os vereadores decidiram discutir e pedir uma investigação sobre os pontos que não foram cumpridos do contrato com a concessionária.

Segundo o deputado estadual Junior Mochi, que é presidente da Comissão de Acompanhamento do Processo de Relicitação ou Repactuação do Contrato de Concessão da BR-163/MS da Assembleia Legislativa, a medida seria para investigar o porquê de o contrato original – que deixou de valer em dezembro 2019, quando a empresa entregou a concessão – não ter sido cumprido.

Inclusive, por conta desse rompimento, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) fez três aditivos para que a CCR MSVia continuasse com a rodovia. O primeiro ocorreu em 2021, enquanto o terceiro deles, neste ano.

Conforme Mochi, apesar de ter arrecadado R$ 3,6 bilhões em pedágios nos últimos 10 anos e de ter conseguido somente com empréstimos públicos quase R$ 4 bilhões, a CCR MSVia investiu apenas R$ 1,9 bilhão, concluindo menos de 18% dos 806 km de duplicação previstos no contrato firmado em 2014.

“Nós estamos com 11 anos desde a data da assinatura do contrato, e somente foram duplicados 150 km. Portanto, 18% do valor do montante que era obrigação pactuada naquele contrato de concessão. Esse é um número que destoa. Aliás, a grande reclamação e os grandes problemas são advindos da inexecução por parte da concessionária”, declarou o deputado durante a audiência.

Por causa disso, o parlamentar preparou um documento, com base – segundo ele – em audiências públicas que foram realizadas nos municípios onde a BR-163 passa, em que pede a paralisação do certame, a paralisação da cobrança de pedágio e a investigação da empresa.

“Vou coletar as assinaturas das entidades, de representações de Câmaras Legislativas e de quem estiver interessado. O documento será encaminhado ao Ministério Público Federal”, relatou o parlamentar, que não deu data para a entrega desse documento ao MPF.

A audiência pública que foi realizada na Câmara Municipal de Campo Grande não contou com a presença nem com a colaboração de pessoas que não fossem do meio político, mas sim com deputados federais e prefeitos e vereadores de outros municípios, além de deputados estaduais e vereadores da Capital.

“A parte do cumprimento dela [CCR MSVia] não foi feita, entretanto, nós estamos pagando pedágio”, frisou Mochi.

NOVO LEILÃO

Além do contrato antigo, os parlamentares também questionam o novo texto do contrato, que foi elaborado pelo Ministério dos Transportes e pela ANTT. Nessa nova pactuação, a empresa vencedora terá que duplicar apenas 203 km, um quarto do que era obrigado no edital antigo.

“Uma de nossas preocupações é que a repactuação poderá manter a atual concessionária. O leilão previsto para 22/5 tem o novo contrato durando 30 anos, e a partir da sua assinatura haverá um aumento da tarifa de pedágio e uma redução das obrigações originalmente previstas. Se não houver interesse de outras empresas, a CCR MSVia continuará administrando a rodovia até 2054”, reclamou o parlamentar em sua exposição.

O certame está marcado para ocorrer no dia 22/5, na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3. Ele ocorre quase um ano e meio depois que o texto do novo contrato, feito inclusive com a ajuda do governo do Estado, ficou pronto e ganhou publicidades.

Em 2024, inclusive, o Correio do Estado mostrou que o Tribunal de Contas da União (TCU) – que deu o aval para que a realização do leilão fosse feita nesses termos – ficou com o documento engavetado por um ano e dois meses até ser colocado em votação em novembro de 2024, quando foi aprovado, em detrimento ao voto de seu relator.

O voto do ministro do TCU Aroldo Cedraz, relator da matéria na Corte, foi inclusive usado nas considerações finais de Mochi. Os argumentos dele, porém, foram derrubados e seis ministros votaram a favor de uma nova solução consensual ajustada durante o debate pelo ministro Benjamin Zymler.

O novo leilão prevê quase R$ 17 bilhões de investimentos ao longo de 30 anos de contrato, com início das obras previstas para ocorrer ao fim deste ano, caso o certame de fato ocorra.

Saiba

A CCR MSVia assinou o contrato de concessão da BR-163 em 11/4/2014. Três anos depois, pediu o reequilíbrio desse contrato. Em dezembro de 2019, ela entregou a concessão. A partir de junho de 2021, vem recebendo aditivos para seguir na via.

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PANTANAL (MS)

Capturada, onça que matou caseiro é um macho de 94 quilos

Animal aparenta estar bem magro; ele foi sedado e seus batimentos cardíacos estão sendo monitorados por um aparelho, veja o vídeo

24/04/2025 07h40

Temperatura e frequência cardíaca da onça está sendo monitorada

Temperatura e frequência cardíaca da onça está sendo monitorada DIVULGAÇÃO/PMA

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Onça, que devorou e matou o caseiro Jorge Ávalo, de 62 anos, foi localizada e capturada pela Polícia Militar Ambiental (PMA) na madrugada desta quinta-feira (24), na região do Touro Morto, em Aquidauana, município localizado a 141 quilômetros de Campo Grande.

De acordo com a PMA, a onça é um macho de 94 kg e está sendo transportada de Aquidauana (MS) para Campo Grande (MS).

O animal aparenta estar bem magro. Ele foi sedado e sua temperatura e batimentos cardíacos estão sendo monitorados por um aparelho. Além disso, está com acesso venoso aberto. 

A previsão é que ele chegue entre 10h e 11h, em uma viatura da PMA, no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), localizado no Parque Estadual do Prosa, na Capital.

No local, será submetido a avaliação e exames para compreender o porquê atacou fatalmente o homem na segunda-feira (21).

Veja o vídeo da onça:

Conforme noticiado pelo Correio do Estado, o secretário adjunto da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Educação (Semadesc), Arthur Falcette, confirmou, nesta quarta-feira (23), que Jorginho praticava ceva, ou seja, alimentava a onça-pintada que o matou em Aquidauana.

A palavra "ceva" vem do meio rural e significa basicamente "isca" ou "alimentação oferecida" com a intenção de atrair determinados bichos a um local específico.

A prática da ceva de animais é uma técnica utilizada principalmente por pesquisadores e fotógrafos da vida selvagem com o objetivo de atrair animais para observação, monitoramento, registro ou estudo científico.

O ATAQUE

Caseiro, Jorge Ávalo, de 62 anos, foi atacado, devorado e morto por uma onça-pintada, na madrugada de segunda-feira (21), na região do Touro Morto, em Aquidauana, município localizado a 141 quilômetros de Campo Grande.

Os restos mortais e pedaços do corpo de Jorge foram encontrados pela PMA na terça-feira (22) em uma área de mata fechada. A onça foi capturada nesta quinta-feira (24). 

O Correio do Estado noticiou que a PMA apurou quatro possíveis hipóteses do ataque silvestre fatal: escassez de alimento; comportamento defensivo do animal; período reprodutivo ou atitude involuntária da vítima. 

A hipótese certeira é a de que prática de ceva. Ataques fatais de onça são raríssimos, tendo em vista que o Pantanal não contabilizava ataques fatais por onça-pintada há 17 anos

Mato Grosso do Sul

Ataque fatal de onça a caseiro no Pantanal foi motivado por ceva

Jorginho alimentava o felino na sede da fazenda onde ocorreu o ataque. A prática é crime e pode causar desequilíbrio no comportamento dos animais.

23/04/2025 19h22

Afirmação foi feita pelo secretário adjunto da Semadesc juntamente com a PMA em coletiva

Afirmação foi feita pelo secretário adjunto da Semadesc juntamente com a PMA em coletiva Correio do Estado/Gerson Oliveira

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O secretário adjunto da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Educação), Arthur Falcette confirmou, nesta quarta-feira (23) que o caseiro Jorge Ávalo, o Jorginho, de 60 anos, alimentava a onça pintada que o matou em Aquidauana.

A afirmação ocorreu durante entrevista coletiva na sede do 1º Batalhão da Polícia Militar Ambiental. 

“Uma das poucas certezas que a gente tem sobre o caso era que estava sendo feita a ceva para o animal no local e essa prática, além de ser crime ambiental, pode desequilibrar o comportamento do animal que está sendo alimentado”, afirmou o secretário-adjunto. 

O ataque fatal de onça pintada ao caseiro ocorreu no fim de semana, entre os dias 20 e 21 de abril. O corpo do caseiro foi encontrado, com sinais de esquartejamento pelo animal, na terça-feira, 22. 

Caça à onça

Um sistema de monitoramento foi montado em volta da casa para tentar entender o comportamento da onça, o que aconteceu e, eventualmente, a sua captura. 

“Amanhã segue para a perícia as câmeras de gravação do local e os vídeos também. A equipe está em posse de uma série de vídeos e fotos. Assim, conseguimos ver um pouco de como era ali a lida no dia a dia desses animais, as interações que esses animais tinham, como é que eles se comportavam ali no entorno da sede. Então, provavelmente, nos próximos dias a gente tenha o resultado dessas perícias, da análise dessas imagens. E seria muito importante que a gente conseguisse efetuar a captura do animal para poder preencher as lacunas que a gente tem”, disse. 

Após a captura, o animal será deslocado para o CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres) para uma série de exames, também para confirmar se é, de fato, o animal envolvido no ataque.

Falcette explica que “dependendo das características que o animal apresentar no CRAS, a equipe técnica irá definir para qual programa ele deve ser encaminhado”. 

Segundo ele, existe um programa do governo federal de manutenção de animais em cativeiro específico para animais que tiveram algum incidente com humanos.

“Existe uma rede de locais do Brasil cadastrados nesse programa, que é capaz de receber e lidar com esses animais. Mas isso depende da avaliação que vai ser feita no CRAS.”

Arthur explica que, nesse programa, a onça deve passar por uma nova avaliação e somente essas instituições poderão determinar algum tipo de retorno do animal à natureza ou para outro tipo de alojamento. 

Comportamento atípico

O comandante da Polícia Ambiental, José Carlos Rodrigues, explicou que esse comportamento é atípico e não deve ser motivo para pânico, principalmente entre os ribeirinhos e demais famílias que moram na região. 

“Nós estamos com equipes na sede justamente para capturar o animal, que não teve um comportamento normal, é atípico. Nunca houve relatos na região de ataques de onça, esse foi o primeiro. Estamos mobilizando nossa equipe para capturar o animal e evitar qualquer incidente”, afirmou José Carlos Rodrigues. 

Para ele, o animal deve estar passando por um tipo de problema fisiológico, o que justificaria o comportamento anormal e interativo com humanos. 

“O que se pode afirmar hoje é que se trate de um animal velho, de idade avançada, que pode apresentar uma fratura de canino, está mancando e tem alguma dificuldade física, o que impede ele de estar caçando outros animais que ele normalmente caça. Então, ele tende a ter alterações de comportamento”, explica Arthur.

Crime ambiental

O comandante da Polícia Militar Ambiental ressalta que nenhuma atitude deve ser tomada sem a presença da Polícia Ambiental. A fala é para desmotivar eventuais caçadores, que possam vir a tentar matar onça por vingança ou outros motivos. Ele lembra que matar animal silvestre, como uma onça, é crime. 

“A Polícia Ambiental é a guardiã do meio ambiente. Estaremos fiscalizando para que os crimes não aconteçam. Matar um animal silvestre, especialmente uma onça, é crime e, se isso acontecer, a pessoa que realizou será penalizada e responsabilizada”, e continua reforçando que esse é um comportamento anormal do felino e que “não existe motivo para estarmos falando em predação do animal. Além de criminosos, seria equivocado”, disse Rodrigues

O que é ceva?

A prática da ceva de animais é uma técnica utilizada principalmente por pesquisadores e fotógrafos da vida selvagem com o objetivo de atrair animais para observação, monitoramento, registro ou estudo científico. A palavra "ceva" vem do meio rural e significa basicamente "isca" ou "alimentação oferecida" com a intenção de atrair determinados bichos a um local específico.

Na prática, a ceva consiste em deixar alimentos ou substâncias atrativas em um determinado ponto da mata ou do cerrado, por exemplo. O objetivo é induzir o animal a visitar aquele local com certa frequência. Essa técnica pode ser feita com carnes, frutas ou até perfumes e odores que imitam feromônios naturais.

Ceva de onças-pintadas

No caso das onças-pintadas, a ceva geralmente é feita com pedaços de carne ou carcaças de animais mortos (como bois, porcos ou outros animais de médio porte). A prática é utilizada especialmente em projetos de pesquisa e documentação fotográfica.

Nos últimos anos, alguns pesqueiros no Pantanal de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul passaram a fazer uso da ceva para atrair turistas. A prática da ceva é condenada por ambientalistas.

 

 

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