Cidades

PRESERVAÇÃO

Desmatamento no Pantanal aumentou 59% em 2023

Dados do MapBiomas revelam que no Pantanal MS foram 43.293 hectares. Incluíndo o cerrado, o total chega a 82,7 mil hectares, o que é 68% a mais que em 2022

Continue lendo...

Dados do Relatório Anual do Desmatamento no Brasil, do projeto MapBiomas, divulgado nesta segunda-feira (27), mostra que os desmatamentos em Mato Grosso do Sul chegaram a 82.695 hectares no ano passado, aumentando em 68% na comparação ao ano anterior, quando o total havia sido de 49.073 hectares. E o mais grave é que 52,3% disso foi no Pantanal, onde os desmatamentos tiveram aumento de quase 60%. 

Com este aumento, o Estado passou de 11º para 8º no ranking nacional daqueles que mais desmatam a vegetação nativa, de acordo com os dados do relatório, que é uma iniciativa do Observatório do Clima, criado e desenvolvido por uma rede multi-institucional envolvendo universidades, ONGs e empresas de tecnologia com o propósito de mapear anualmente a cobertura e uso da terra do Brasil e monitorar as mudanças do território. 

Somente no município de Corumbá, que tem 64 721,719 km², o que o coloca como  11º maior município brasileiro e o maior do Mato Grosso do Sul, foram desmatados 23.425 hectares em 2023, que colocaram o município no quinto lugar entre aqueles que mais desmataram no ano passado. 

Pelo tamanho do território parece não se algo muito expressivo. Porém, se comparado com os anos anteriores, os números são preocupantes. São 64 hectares por dia e 49% a mais que os 15.756 hectares do ano anterior em Corumbá.

Os dados do MapBiomas mostram que em 2023, ano em que Mato Grosso do Sul aumentou o rigor da legislação para tentar frear os desmatamentos no Pantanal, teve o maior volume de supressão dos últimos cinco anos. Na comparação com 2019, por exemplo, o desmatamento no ano passado foi 256,5% maior.

E não foi só município de Corumbá, que o Pantanal perdeu volume significativo de vegetação. Conforme o relatório, houve aumento de 59,2% no desmatamento do bioma pantaneiro como um todo, somando 49,67 mil hectares. 

Deste total, 43.293 hectares, ou 87%, estão no Pantanal de MS e o restante, 6.380, no estado vizinho de Mato Grosso. Cerca de dois terços do bioma estão em Mato Grosso do Sul, mas o tamanho da área desmatada é muito superior a este índice. 

O relatório do MapBiomas é tão preciso que chega a apontar o dia em que foi registrado o maior desmatamento, que foi 28 de julho, quando 189,2 hectares de vegetação foram suprimidos em apenas 24 horas. 

O estudo aponta ainda que no Pantanal, 38% do desmatamento ocorreu em áreas de formação florestal, 35% em formações savânicas e 27% do desmatamento ocorreu em formações campestres ou de outras tipologias. 

BOLETIM

Dourados está à frente de Campo Grande nos casos de dengue em 2025

Após impor objetivo de imunizar até 150 mil pessoas no ano passado e não ter procura da população, município tem dois casos confirmados e outros 42 prováveis no ano

31/01/2025 09h45

Dourados tem mais casos de dengue do que em Campo Grande, mesmo à frente na vacinação

Dourados tem mais casos de dengue do que em Campo Grande, mesmo à frente na vacinação Foto: Marcelo Victor / Correio do Estado

Continue Lendo...

Mesmo após a Prefeitura propor a vacinação em massa, população deixa de se vacinar contra a dengue e vê Dourados à frente de Campo Grande no números de casos confirmados e prováveis em 2025.

Até setembro do ano passado, 87 mil pessoas do maior município do interior de Mato Grosso do Sul haviam se vacinado. Porém, o objetivo imposto era alcançar 150 mil pessoas  entre 4 e 59 anos até o final de abril, mas por conta da baixa procura, foi prorrogado duas vezes.

No boletim epidemiológico divulgado nesta quinta-feira (30), pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), Dourados tem dois casos confirmados e outros 42 prováveis, ou seja, que seguem em investigação. Já Campo Grande, cidade consideravelmente maior, tem um confirmado e 20 prováveis.

Acerca da vacinação, 4.130 douradenses (21,83%) que se enquadram no público-alvo (10 a 14 anos) tomaram as duas doses do imunizante. Enquanto isso, apenas 9,85% (6.021) campo-grandenses de 10 a 14 anos estão com o esquema vacinal completo.

Até o momento, não houve nenhum óbito pela doença no Mato Grosso do Sul em 2025, mas há 204 casos confirmados e 708 prováveis. Sobre vacinação, o estado recebeu 207.796 doses do imunizante e aplicou 122.224 para a idade permitida na bula.

2024

No ano passado, Dourados obteve 491 casos confirmados e 531 prováveis, além de quatro mortes por dengue. Já Campo Grande registrou 724 casos confirmados, 742 prováveis e uma morte.

Mato Grosso do Sul terminou 2024 com 16.229 casos confirmados e 32 óbitos, com uma taxa de letalidade da doença de 0,20%, uma das maiores dos últimos anos.

Oportunidade única

Dourados foi a única cidade do mundo a receber vacinação em massa gratuita contra a dengue, em uma parceria do laboratório Takeda com a prefeitura, sob coordenação científica do infectologista Júlio Croda.

E, apesar de a procura ter ficado abaixo do esperado, o médico acredita que o alcance tenha sido suficiente para fazer novas avaliações sobre a eficácia do imunizante assim que surgirem epidemias da doença na cidade, principalmente do sorotipo um e dois. 

Estes estudos vão se estender pelos próximos três ou quatro anos e somente então será possível certificar a importância que está tendo esse programa, explica o pesquisador e professor da UFMS.

Até o fim de maio, o laboratório japonês havia enviado a Dourados cerca de 210 mil doses em dois lotes e parte delas venceu em agosto.

Assine o Correio do Estado

FRONTEIRA

Bolivianos em cárcere expõem crise de migrantes em MS

Ministério do Desenvolvimento já foi acionado pelas autoridades locais sobre a falta de estrutura para atender mais de 1,5 mil migrantes passando por Corumbá

31/01/2025 09h30

Fronteira entre Mato Grosso do Sul e a Bolívia facilita a entrada de imigrantes ilegais no Brasil

Fronteira entre Mato Grosso do Sul e a Bolívia facilita a entrada de imigrantes ilegais no Brasil Foto: Rodolfo César

Continue Lendo...

O resgate de cárcere privado em Campo Grande de 70 bolivianos ilegais no Brasil, entre homens, mulheres e crianças, na manhã de ontem, indicou o grau de alerta sobre a crise de migração pela qual Mato Grosso do Sul está passando.

Esse problema vem se agravando desde 2024 e já houve comunicação oficial para o governo federal sobre os riscos, que envolvem até mesmo a infração de direitos humanos por parte de autoridades brasileiras, além de outras ilegalidades e práticas de crimes contra essas pessoas.

A principal porta de entrada dos estrangeiros tem sido a região de Corumbá, que faz fronteira com a Bolívia.

O país vizinho já é conhecido internacionalmente por ser um corredor de entrada e saída de imigrantes, situação que ficou nos holofotes em 2010, quando haitianos vieram para o Brasil, e depois, em 2022 e 2023, quando houve um movimento de saída de haitianos do Brasil para tentar ingressar nos Estados Unidos.

Apesar de a Polícia Militar (PM) ter agido para resgatar os migrantes, o caso foi direcionado para a Polícia Federal (PF). Os bolivianos tinham saído de Corumbá em ônibus fretado, mas de forma ilegal, e pretendiam chegar a São Paulo. 

Em Campo Grande, o veículo parou para descanso e houve cobrança de até R$ 150 para que os migrantes ilegais retirassem suas malas do local de parada. A PM liberou as malas, mas acionou a PF para averiguar a documentação sobre a legalidade no País.

Conforme nota da Polícia Federal, um inquérito foi instaurado e os bolivianos foram multados administrativamente por estarem ilegais no Brasil. 

“Não houve prisões, apenas autuações administrativas e migratórias. A atuação, no caso, foi focada no cumprimento das normas de imigração e no combate ao transporte clandestino. Investigações preliminares seguem em andamento para esclarecer pontos ainda indefinidos”, divulgou a PF.

Diante desse caso específico, outras ocorrências parecidas não estão descartadas, em função do fluxo de migrantes circulando em Corumbá. A migração ilegal, principalmente de bolivianos, vem registrando casos sequenciados há algum tempo. 

Em 2022, entre janeiro e março, foram três ônibus apreendidos pela PF em Corumbá com cidadãos do país vizinho tentando viajar em ônibus irregular até São Paulo.

Desde a primeira quinzena deste mês, a situação grave foi informada ao Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome. No dia 15, o ministro Wellington Dias, que esteve em Corumbá durante os registros de graves incêndios florestais, teve reunião com o juiz da 1ª Vara Cível da Comarca de Corumbá, Maurício Cleber Miglioranzi Santos, para discutir o assunto.

O juiz solicitou o encontro para expor a necessidade de intervenção para atender ao aumento de fluxo migratório na região de fronteira com a Bolívia. 

Só no ano passado, foram acolhidos oficialmente 1.589 migrantes de 13 nacionalidades na Casa do Migrante, que é mantida pela prefeitura de Corumbá. 

“O número de pessoas que chega ao Brasil pela fronteira com Corumbá vem crescendo, e isso acaba sobrecarregando as equipes locais responsáveis pelo processo de regularização de documentos, o que afeta os mais vulneráveis, como crianças e adolescentes”, explicou o magistrado na reunião com o ministro.

SUBSÍDIOS

Conforme Wellington Dias, o governo federal vai agir, porém, depende de subsídios de dados para implantar um reforço na política pública de migração. Entre os enfoques solicitados pela Justiça estadual está a implantação de uma Defensoria Pública da União em Corumbá, equipamento que não existe atualmente.

O ministro reconheceu que a prefeitura de Corumbá não teria condições de estrutura para atender esse fluxo. As autoridades locais na cidade fronteiriça reconhecem que o número de 1,5 mil migrantes pode ser subestimado, pois há outras pessoas que passam pela fronteira sem solicitar apoio direto às autoridades.

Muitas vezes, esses migrantes também não passam pelo posto da PF que fica no Posto Esdras, na entrada do Brasil, mas que não faz regulação individual de quem transita a pé. Esse controle também não existe sobre os veículos, pois a fiscalização ocorre por amostragem.

“Acertamos aqui uma agenda de trabalho para fevereiro em que possamos ter a presença de várias áreas do governo federal, com o Estado, o município, a presença do Judiciário, do Ministério Público, da Defensoria, do Estado e da União, para trabalhar um caminho, uma alternativa, um diagnóstico que possa nos permitir apoiar o município, a região, nesta área do fluxo migratório”, afirmou o ministro.

De acordo com a prefeitura de Corumbá, ontem houve uma reunião de planejamento que também envolveu pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. 

A instituição de Ensino Superior tem um laboratório de estudos fronteiriços (Migrafron) e está fazendo um levantamento, com prazo para conclusão até a primeira quinzena de fevereiro.

“Importante dizer que há uma comissão criada, com técnicos da Secretaria de Assistência Social, as gerentes, a coordenação, o coordenador da Casa do Migrante, a UFMS, com o professor Marco Aurélio e, do gabinete do prefeito, com Renata Papa”, divulgou administração municipal, em nota.

A representante do gabinete do prefeito Dr. Gabriel, Renata Papa, informou à reportagem que está empenhada diretamente para mitigar a situação. 

“Meu mestrado versou sobre o atendimento ao migrante na política de assistência social, e isso me permite para contribuir com o diagnóstico solicitado”, declarou.

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).