A diretoria do Hospital Beneficente Dona Elmíria Silvério Barbosa, em Sidrolândia, a 70 quilômetros de Campo Grande, quer apurar o destino de uma verba de aproximadamente R$ 4 milhões entregue à gestão passada para o combate à Covid-19 e cujos vestígios e aplicações são incertos.
Jacob Breuer assumiu as rédeas da unidade de saúde no dia 11 de janeiro. Em entrevista ao Correio do Estado, ele afirma que o caixa da instituição estava negativo em R$ 600 mil, o que fez o alerta se acender.
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Conforme o gestor, a equipe dele ainda não recebeu os relatórios contábeis com o fechamento financeiro de 2020.
Os registros disponíveis mostram que houve o repasse e que de maio a dezembro foram atendidas apenas 156 pessoas com a doença.
“Este ano, até o dia 10 de abril, nós recebemos R$ 480 mil do Estado, R$ 200 mil da Câmara Municipal e mais R$ 50 mil da prefeitura de Sidrolândia e conseguimos atender 126 pessoas.
Ou seja, não faz sentido uma verba milionária ter sido utilizada para atender um número não muito maior do que isso e não ter sobrado nada”, pontua.
Uma das hipóteses poderia ser a compra de medicamentos e equipamentos, mas a gestão atual já teve de fazer aquisição de remédios para intubação e de oxigênio, além disso, movimentou empresários locais para compra de um aparelho de raios X.
Breuer afirma que não pode dizer se houve mau uso, tampouco acusa a gestão passada de ter cometido alguma irregularidade, já que até o momento não tem provas.
Contudo, tão logo a eleição suplementar na cidade seja realizada, pois o vencedor do último pleito foi cassado, o hospital vai fazer uma auditoria interna para descobrir onde foram parar os milhões entregues em 2020.
O atual diretor afirma que a prefeita interina estava na equipe da gestão passada e por isso quer esperar a troca da gestão municipal para dar início aos trabalhos, com medo de que possa haver algum tipo de interferência.
Fato é que o hospital conseguiu, por meio de empréstimos, ficar no azul novamente, mas as contas vão chegar em breve e a falta de recursos para honrar esses compromissos preocupa.
A prefeitura, segundo ele, afirma que não tem recursos, mas Breuer questiona montagem de tendas para vacinação contra a doença que “têm sido pouco utilizadas, já que a população da cidade não é tão grande e os indígenas foram imunizados diretamente na aldeia”.
“O que nós temos certeza é de que, pelos extratos bancários, os milhões repassados para combate à Covid-19 caíram na conta”, diz o diretor.
A unidade garantiu estoque de remédios para intubação e funcionamento de leitos de UTI, porém, não deve durar muito.
Esta pode ser outra grande despesa a ser realizada pela frente, com verbas escassas para conseguir efetuá-las.
“A diretora do hospital se tornou vereadora, depois presidente da Câmara e depois prefeita interina. Com isso, levou com ela todos os que estavam na gestão anterior, de modo que não conseguimos ter acesso ao que realmente aconteceu administrativamente durante o ano de 2020”.
OUTRO LADO
O Correio do Estado conversou com o ex-diretor do Hospital Beneficente Dona Elmíria Silvério Barbosa a respeito dos questionamentos da atual gestão.
Ele disse que as acusações têm caráter político, tendo em vista as eleições de 2022 que se aproximam.
Além disso, o ex-diretor afirma que as contas do ano passado do hospital foram todas aprovadas e declaradas.


