Cidades

QUESTÃO DE PRIORIDADE

Dias após ser liberada, avenida de R$ 84 milhões já recebe remendos

Avenida na região oeste de Campo Grande recebeu sinalização do final do ano passado e desde então está liberada para o tráfego

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Cerca de dois meses depois de ter sido liberada para o tráfego, a Avenida Wilson Paes de Barros, na região do aeroporto de Campo Grande e principal via de um projeto que consumiu R$ 84,6 milhões, apresenta sinais de deterioração e já está recebendo remendos. 

A maior parte desta nova avenida passa no meio de pastagens e plantações de soja numa região em que a maior parte das terras pertence aos pecuaristas Glaucos da Costamarques e José Carlos Bumlai, vizinho e amigo do presidente Luiz Inácio da Silva, respectivamente.

Na tarde desta segunda-feira (3), em meio ao feriadão de órgãos públicos, funcionários de uma empresa privada refaziam trecho do pavimento que estava se esfarelando. O defeito apareceu em um local em que a água ficava acumulada sobre a pista. 

A maior parte da avenida é extremamente plana, o que dificulta o escoamento da água da chuva. Além disso, o lençol freático da região é raso. Mesmo assim, o asfalto foi instalado praticamente no mesmo nível do terreno. 

Para evitar os alagamentos, o projeto previa 1,4 quilômetro dos chamados colchões drenantes, que são estruturas de pedra subterrânea que retém a água e impedem que suba para a superfície, danificado o pavimento. 

Na região do bairro Nova Campo Grande, a água brota do lençol freático a um metro de profundidade, conforme informou a prefeitura em meados de 2022, quando foi licitada a obra. 

Estavam programados 1.504 metros de colchões de pedra, 420 metros na Avenida Wilson Paes de Barros e 1.084 metros na Avenida General Carlos Alberto Mendonça, que é sequência da primeira e que tem características geográficas semelhantes.

FINA CAMADA

Nesta segunda-feira, os trechos do asfalto deteriorado eram removidos manualmente pelos operários, com o uso picaretas e enxadas, deixando à mostra a fina camada de aterro e de asfalto que foram colocadas sobre o solo alagadiço. Confira o vídeo: 

A pista do aeroporto, que é paralela à avenida, está sobre um aterro de pelo menos um metro de altura e rodeada por um sistema de drenagem com valas de pelo menos um metro de profundidade para afastar o risco de alagamentos e períodos de chuvas intensas. 

A nova avenida liga a avenida Duque de Caxias aos fundos dos bairros Santa Emília e São Conrado. Outro trecho desta nova obra liga estes dois bairros à região do Polo Empresarial Oeste, na saída de Campo Grande para Corumbá. 

ADICENTES

Com ciclovia e passeio público, a via já está sinalizada e liberada ao tráfego desde o fim do ano passado, embora ainda não conte com iluminação pública nem redutores de velocidade. Por conta disso, três pessoas já morreram na nova via. 

Na noite de 17 de novembro, um casal morreu depois que o carro em que estava bateu em um poste da rede de energia. A suspeita é de que o acidente tenha ocorrido porque o condutor desviou bruscamente de um monte de terra no meio da pista, que ainda não estava liberada. 

Outra morte aconteceu no último sábado (1), quando um motociclista em alta velocidade bateu num caminhão que fazia uma conversão para entrar no bairro Nova Campo Grande. 

Construída praticamente toda com  recursos federais, a maior obra dos quase três anos de gestão da bolsonarista Adriane Lopes e que já começou a se esfarelar, ficou a cargo da empreiteira capixaba Engevil, embora parte da pista tenha sido feita por outra empreiteira, a Equipe Engenharia, de Mato Grosso do Sul.

Por conta dos repasses federais, as obras na região não sofreram interrupção, ao contrário de praticamente todas as outras em Campo Grande no ano passado.

BENEFICIADOS ILUSTRES

Mas o curioso é que estes investimentos levaram asfalto para uma série de propriedades rurais de Glaucos da Costamarques e José Carlos Bumlai, além de outros três proprietários da região. O primeiro é vizinho e o segundo é amigo do presidente Lula. 

Durante a operação Lava Jato, em 2015, o pecuarista Glaucos, apareceu amplamente na mídia nacional, apontado como sendo “laranja” de Lula,  por ser vizinho de porta de Luiz Inácio. À época, Lula morava no apartamento 122 do edifício Hill House, em São Bernardo do Campo.

Ele também ocupava o apartamento de número 121, como uma espécie de depósito, embora não aparecesse em seu nome. Os procuradores do Ministério Público Federal concluíram que ele teria recebido o imóvel como propina paga pela Odebrecht.

José Carlos Bumlai, que por sua vez, era amigo pessoal de Lula e tinha até livre acesso ao Palácio do Planalto. Bumlai chegou a ser preso e condenado a quase dez anos de prisão pelo então juiz Sérgio Moro.

 O pecuarista Glaucos tem em torno de 180 hectares que ficam às margens desta nova Avenida, além de uma outra propriedade na região do Polo Industrial Oeste que também fica próximo ao novo asfalto. 

José Carlos Bumlai, por sua vez,  tem propriedade na região e também está sendo indiretamente beneficiado pela obra, que está praticamente pronta, faltando somente a conclusão de uma ponte sobre o Córrego Imbirussu. 

Esta chácara, que tem em torno de 80 hectares, não está às margens da nova avenida. Porém, a partir do momento em que chegarem as redes de água e energia, acompanhados dos loteamentos, as terras todas passarão a ter outro patamar de preço. 

A justificativa da administração municipal para fazer o megainvestimento no meio de lavouras e pastagens é de que se trata de implantação de vias estruturantes para levar a urbanização àquela região da cidade.

NOTA DA PREFEITURA

Em nota enviada ao Correio do Estado pela assessoria da Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep)nesta sexta-feira (7) a prefeitura nega que haja deterorioração do asfalto e garante que "o que está sendo feito desde a segunda-feira é a construção de um PV (poço de vista), que faz parte do projeto de drenagem. O PV é o acesso à tubulação da galeria de águas pluviais, por onde os trabalhadores entram para verificar problemas no sistema de captação de água da chuva."

De acordo com a prefeitura, remendo faz parte do projeto original (foto: divulgação)

Além disso, diz a nota, "nesta quinta-feira, foi iniciada a colocação da capa asfáltica. A própria foto que ilustra a reportagem mostra que outros funcionários estão trabalhando na boca de lobo, por onde a água da chuva entra no sistema de drenagem, evitando assim os alagamentos".

A prefeitura destaca, ainda, que "a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep) esclarece que todas as obras executadas pela administração municipal seguem rígido controle de qualidade dos nossos técnicos. Além disso, o pagamento dos serviços executados só é liberado pelo agente financeiro após a sua aprovação".

jogatina

Deputado imprimia material do jogo do bicho dentro da Assembleia de MS

Neno Razuk (PL) foi condenado por juiz de primeira instância a 16 de prisão e à perda do mandato por organização criminosa e outros crimes

17/12/2025 16h22

Roberto Razuk Filho (PL), ou Neno, está no 2º mandato como deputado estadual e foi apontado como chefe de organização criminosa

Roberto Razuk Filho (PL), ou Neno, está no 2º mandato como deputado estadual e foi apontado como chefe de organização criminosa

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Na sentença que condenou o deputado estadual Neno Razuk (PL) a 16 anos de prisão , o juiz José Henrique Kaster Franco utilizou, entre outros argumentos, o fato de o deputado imprimir "material do jogo do bicho nas impressoras da Assembleia Legislativa", para determinar a perda de seu mandato parlamentar.

Além disso, escreveu o magistrado em sua sentença, o deputado  "empregava os comparsas no próprio gabinete. Três dos principais operadores da organização (GILBERTO LUIS DOS SANTOS, MANOEL JOSÉ RIBEIRO e DIEGO DE SOUZA NUNES) estavam nomeados como assessores parlamentares no gabinete do deputado". 

Entre os materiais impressos, "as mensagens mostram que DIOGO FRANCISCO imprimiu fotos de locais ligados aos rivais utilizando a impressora da Assembleia Legislativa, a que tinha acesso através de Diego de Souza Nunes, assessor de ROBERTO RAZUK FILHO". 

E estas impressões precisavam ser de boa qualidade. Prova disso é que "o pedido era específico para usar a impressora colorida da Assembleia Legislativa", detalha o magistrado.

Mas, mesmo condenado, Neno Razuk só terá de deixar a Assembleia se a decisão for mantida em todas as instâncias do Judiciário e depois que não couberem mais recursos judicias. Ele está no segundo mandato como deputado e seu pai, Roberto Razuk, também cumpriu dois mandatos. 

Junto com o parlamentar foram condenados outros 14 integrantes da organização criminosa que, segundo o Ministério Público, "atuava na exploração do jogo do bicho e na prática de roubos à mão armada em Campo Grande para tomar o comando da atividade ilegal". Dentre os condenados, somente o deputado e mais um réu terá direito a recorrer em liberdade.

Somadas, as penas aplicadas pelo Judiciário somam mais de 100 anos de reclusão e multas que ultrapassam R$ 900 mil. As penas individuais variam de 3 anos e 6 meses a mais de 16 anos de reclusão. 

Em sua defesa, o deputado alegou que deveria ter foro privilegiado e que seu caso deveria ser enviado ao Tribunal de Justiça. Porém, o juiz entendeu "o for o por prerrogativa se aplica apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções  desempenhadas, sendo indispensável a existência de relação de causalidade entre o crime imputado e o cargo". 

Ou seja, a série de assaltos a motociclistas de grupo rival do jogo do bicho são crimes comuns e por isso ele acabou sendo julgado em primeira instância. 

MÁFIA

Ao justificar a condenação do deputado por comandar organização criminosa, o magistrato compara os controladores do jogo do bicho à atuação da máfia italiana. Ele caracterias "as associações do tipo mafioso, quando o grupo recorre à prática da intimidação, subjugação e de omertà (pacto de silêncio) para cometer crimes, para adquirir, direta ou indiretamente, a gestão ou, de qualquer forma, o controle de atividades econômicas..."

E, para fundamentar sua convicção de que Razuk comandava uma espécie de máfia, o juiz argumenta que os assaltos a mão armada praticados para intimidar o grupo rival em Campo Grande era o menor dos negócios. 
"Chama atenção outros dois pontos desse diálogo (entre Neno  um irmão): a tomada do jogo em Campo Grande era apenas um dos negócios dos interlocutores, o menor de todos, o que dá ideia da dimensão, ainda não explorada, do grupo. E o fato de terem se associado com um grupo não identificado, o que sugere conexões ainda maiores do que as aqui julgadas,", explica o magistrado.

O grupo segundo a investigação, estava de olho em "um investidor interessado em uma parceria que envolveria um aporte de 30 milhões de reais". Antes de fechar negócio, porém,  "ROBERTO RAZUK FILHO (o Neno) pede para verificar a capacidade financeira do investidor. Ninguém, exceto em posição de liderança, examina acordos desse montante", entende o magistrado.

Na sentença, o juiz ainda destacou a gravidade da infiltração da organização criminosa nas forças de segurança. Dois policiais militares da reserva foram condenados por atuarem como braço armado do grupo, utilizando sua experiência e prerrogativas para garantir a execução das ações ilícitas, conforme denunciou o Ministério Público.

Um deles exercia função de gerência operacional, enquanto o outro participava diretamente das abordagens armadas contra rivais. Essa circunstância, segundo o Juízo, evidencia o risco institucional e a necessidade de medidas rigorosas para impedir que agentes públicos ou ex-agentes se associem a organizações criminosas.

Operação Successione

Deflagrada pelo Gaeco/MPMS em outubro de 2023, a Operação Successione teve como objetivo desarticular uma organização criminosa armada que buscava assumir o controle do jogo do bicho em Campo Grande após a desarticulação do grupo comandado pela família Name, na Operação Omertà, o que explica o nome.

No mês passado, uma segunda fase da operação avançou nas apurações, com novas prisões e buscas e apreensões, ampliando os trabalhos para outras regiões do Estado. Entre os presos estava o ex-deputado Roberto Razuk, pai do deputado Neno, e dois irmãos do parlamentar. O pai acabou sendo liberado para cumprir prisão domiciliar.

Cidades

Uso do 13º salário para pagar pensão alimentícia pode livrar mais de 600 da prisão em MS

Com 630 mandados de prisão em aberto por inadimplência da pensão alimentícia, o TJMS reforça a necessidade de cumprimento das obrigações

17/12/2025 16h16

Crédito: Marcelo Casal Jr / Agência Brasil

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A falta de pagamento de pensão alimentícia resultou em 630 mandados de prisão a serem cumpridos. Diante disso, a orientação é para que, em vez de gastar com compras, o 13º salário seja utilizado para regularizar a situação.

O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) publicou um informe para frisar que a obrigação não é apenas um dever moral, mas uma exigência legal, com graves consequências para quem deixa de cumpri-la, incluindo a possibilidade de prisão civil, conforme prevê o Código de Processo Civil.

Com o alto número de devedores, fica nítida a seriedade do problema, assim como a necessidade de responsabilidade no cumprimento dos compromissos.

Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) indicam que, nacionalmente, o número de ações judiciais relacionadas à pensão alimentícia tem crescido nos últimos anos, segundo o relatório Justiça em Números.

Esse aumento reflete tanto conflitos familiares quanto dificuldades econômicas, que acabam sobrecarregando o sistema judiciário e destacando a urgência de medidas preventivas.

“Utilizar o 13º salário para regularizar débitos de pensão alimentícia pode evitar não apenas as consequências legais, mas também garantir o bem-estar dos filhos que dependem desse recurso para alimentação, saúde e educação”, ressalta o juiz Maurício Cleber Miglioranzi Santos, titular da 1ª Vara Cível da comarca de Corumbá, que recentemente escreveu um artigo sobre o tema, veiculado em portais locais.

Para o juiz Maurício Miglioranzi, é fundamental que os devedores priorizem o cumprimento dessa obrigação antes de realizar gastos com festas ou presentes.

“Além disso, o pagamento regular da pensão contribui para a restauração da paz familiar e ajuda a aliviar a pressão sobre o Judiciário, permitindo que recursos sejam direcionados a outros casos igualmente urgentes”, completa o magistrado.

 

O magistrado advertiu que pessoas nessa situação consultem um advogado ou a Defensoria Pública para esclarecer dúvidas e buscar uma solução viável, garantindo que o 13º salário seja utilizado para resolver pendências financeiras de forma legal e responsável.

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