O Departamento de Operações de Fronteira (DOF) apreendeu, nesta quarta-feira (26), cerca de 30 mil pacotes de cigarros contrabandeados em Itaquiraí, município a 405 quilômetros de Campo Grande.
Os policiais militares realizavam patrulhamento na zona rural da cidade, quando foram informados de uma carreta Iveco Stralis parada de forma suspeita, próxima a uma reserva florestal.
Na vistoria, encontraram 29,4 mil pacotes de cigarros. Ainda, os agentes fizeram buscas no local para achar os responsáveis pela carreta, mas nada foi encontrado, ou seja, sem prisão. Foi constatado que o contrabando foi furtado em Umuarama (PR), um dia antes, mas oriundos do Paraguai.
Ao todo, o material apreendido vale cerca de R$ 1,8 milhão e foram encaminhados à Receita Federal de Mundo Novo. A ação fez parte do Programa Protetor das Fronteiras e Divisas e da Operação Ágata Fronteira I.
Cigarros, contrabando & MS
Em Mato Grosso do Sul, a comercialização de cigarros contrabandeados do Paraguai é muito mais comum que no restante do Brasil, por conta da fronteira com o país vizinho. Esse cenário faz com que, de 10 maços vendidos no Estado, 7 sejam de marcas ilegais, o que resulta em uma perda bilionária aos cofres do governo do Estado, que não recolhe o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) desses produtos.
Estimativa feita pelo Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP), com base nos dados do Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), mostra que, nos últimos seis anos, R$ 2,7 bilhões deixaram de ser arrecadados em Mato Grosso do Sul em razão da venda ilegal de cigarros contrabandeados.
Só no ano passado, ainda de acordo com o FNCP, foram R$ 150 milhões perdidos em imposto que poderia ter sido cobrado.
Esse valor é alto porque o ICMS cobrado em Mato Grosso do Sul sobre o cigarro legal é de 30%. Essa política de impostos altos incidentes sobre esse tipo de produto é uma prática comum no País inteiro, como uma forma de desestimular que a população faça uso de um produto que comprovadamente faz mal à saúde.
Pelos dados do Ipec, no ano passado, 72% dos cigarros comercializados em todo o Estado tinham origem ilegal, porcentual que representa mais que o dobro do valor nacional, que foi de 32% em 2024.
Apesar de o valor ser alto, ele representa uma pequena queda em relação a 2023, quando esse mercado representava 74% das vendas de cigarro no Estado. E esse porcentual já chegou a ser de 85%, em 2019.
Matéria publicada em fevereiro deste ano pelo Correio do Estado mostrou que, de acordo com números da Polícia Federal, no ano passado, a corporação apreendeu R$ 87.771.190 em cigarros contrabandeados em Mato Grosso do Sul. As apreensões ocorreram nas cidades de Mundo Novo (6), Ponta Porã (5), Campo Grande (4) e Corumbá (1).
O maior volume foi apreendido no município de Mundo Novo, cidade que faz fronteira com Salto del Guairá, no Paraguai, onde a quantidade de pacotes de cigarros ilegais apreendida foi avaliada em
R$ 37.125.882.
*Colaborou Daiany Albuquerque