Cidades

Investigação

Dono de Porsche que atropelou e matou entregador do iFood se entrega à polícia após duas semanas

A Polícia Civil explica o atraso na investigação devido à mudança no registro do boletim de ocorrência de 'lesão corporal' para 'homicídio na direção de veículo automotor', após o falecimento do moto entregador

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O empresário Arthur Torres Rodrigues Navarro, de 34 anos, condutor do Porsche Cayenne, avaliado em R$1,2 milhão, que atropelou e matou o entregador do iFood Hudson Oliveira Ferreira, de 39 anos, e fugiu do local sem prestar socorro, se entregou à Polícia nesta sexta-feira (5), 14 dias após o acidente.

Conforme destacado anteriormente pelo Correio do Estado, a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul só deu início à  investigação da morte de Hudson 10 dias após o ocorrido, depois da matéria do Correio do Estado repercutir nacionalmente.

Sobre a demora para dar início à investigação, a delegada Priscilla Anuda, da 3ª Delegacia de Polícia de Campo Grande, explicou que inicialmente o boletim de ocorrência foi registrado como lesão corporal, e apenas após a morte do Hudson no hospital, no dia 24 de março, foi alterado para "homicídio na direção de veículo automotor", e ainda teve o feriado de Páscoa, por isso a procura pelo autor só teve início no dia 2 de abril.

"O fato inicial foi registrado no dia 22 de março, como lesão corporal culposa no trânsito. Em razão de ter sido registrado inicialmente por lesão corporal culposa que houve um delay de tempo para o encaminhamento para a delegacia. O B.O. do dia 22 veio encaminhado, teve feriado de Páscoa, e a complementação do dia 24, que foi no domingo, também veio encaminhada, mas chegou um pouco após", explicou a delegada.

Del Priscilla Anuda. Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado

Priscilla Anuda acrescentou que, assim que o boletim chegou à 3ª Delegacia de Polícia Civil, foi cumprido o regulamento das atividades da polícia, cumprindo todos os prazos previstos.

"A partir do momento do registro do boletim de ocorrencia, a delegacia tem cinco dias para instaurar o inquérito policial. Então, o homicídio culposo no trânsito registrado no dia 24 de março, contando os dias úteis, nós instauramos dentro do prazo de cinco dias, no dia 2 [de abril]. No dia 4, o caso está completamente esclarecido e o autor principal indiciado", acrescentou.

Dono de um bar na região central de Campo Grande, Arthur afirmou que estava indo para a casa após o expediente quando aconteceu o acidente. À polícia, ele relatou que estava "apresssado" porque a esposa gestante estaria passando mal. A investigação apura o excesso de velocidade.

Ainda em depoimento, ele relatou que não tinha percebido que havia "encostado" na motocicleta, e que, no dia seguinte, um funcionário - que estava no banco do passageiro no momento do acidente - o avisou que achava que ele tinha cometido um acidente, já que quando voltou para o estabelecimento, viu o motociclista caído no chão.

"Ele foi olhar o carro dele, viu uma pequena avaria, e diante da pequena avaria achou que não tivesse causado nada grave", disse Anuda.

Questionado sobre o tempo que levou para se apresentar à Polícia, o empresário afirmou que estava "assustado" e "sem saber o que fazer", e por isso preferiu procurar pela instrução de um advogado antes.

Apesar da demora em iniciar a investigação, a delegada garantiu que todas as imagens de segurança foram coletadas.

"Inclusive [imagem] cronológica da atitude dele, do fato. Ele atropelou, seguiu, depois foi para casa, que é nas imediações. Ele entrou, ele estava acompanhado de uma pessoa, [que estava] no banco do carona, essa pessoa saiu do veículo antes dele entrar na garagem, essa pessoa retornou para o local em que os dois estavam anteriormente", listou.

Os dois veículos envolvidos no acidente serão periciados. A investigação ainda estuda a hipótese de que Arthur estivesse sob efeito de bebida alcoólica no momento do acidente, já que ele havia acabado de sair de um bar. 

Ele foi indiciado por homicídio culposo marjorado e pela evasão do local. Caso seja comprovado que ele estava acima da velocidade, vai ser indiciado também por excesso de velocidade.

Além de Arthur, outras duas pessoas podem ser indiciadas: um funcionário, que estava o acompanhando dentro do carro, e um familiar, que teria escondido o veículo durante esses últimos dias.

"Nós vamos analisar a possibilidade também dessa pessoa [acompanhante] ser indiciada pelo crime de omissão de socorro, porque nesse momento ele poderia ter retornado no local e ter auxiliado e prestado socorro à vítima. Posteriormente, esse veículo foi tirado dessa garagem e foi levado pra outro local. Essa pessoa, que é um familiar, e que prestou auxílio para esconder esse veículo ou para guardar esse veículo - a gente ainda vai verificar a circunstância - também poderá ser responsabilizada por um favorecimento a esse autor", pontuou a delegada.

Como se apresentou à polícia somente 14 dias depois do acidente, Arthur Navarro responderá em liberdade.

O que diz a defesa

Em nota, o advogado de defesa afirmou que Arthur Torres Rodrigues Navarro foi surpreendido com a "conversão proibida que interrompeu sua trajetória", mas que estava convicto de que teria conseguido evitar o acidente. No entanto, que assim que ficou sabendo da fatalidade, Arthur se apresentou à polícia.

Confira a nota na íntegra:

“Inicialmente, gostaria de expressar nossas condolências aos familiares. Embora meu cliente, estivesse convicto, até então, de que teria conseguido evitar o acidente, após ser surpreendido com a conversão proibida que interrompeu sua trajetória, tão logo tomou conhecimento da fatalidade, se apresentou, entregou o veículo e está integralmente à disposição da justiça.”

  O acidente

Na noite do dia 22 de março, o motoentregador Hudson Oliveira Ferreira foi atropelado por um veículo Porsche Cayenne cinza na Rua Antônio Maria Coelho, e o condutor fugiu do local sem prestar socorro.

De acordo com o boletim de ocorrência, Hudson foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros em estado grave, com fratura exposta na tíbia e fíbula, além de hemorragia, e encaminhado à Santa Casa de Campo Grande.

Hudson não resistiu aos ferimentos e veio a óbito no dia 24 de março, dois dias após o acidente.

Nas imagens obtidas pela equipe do Batalhão de Trânsito, é possível ver o momento em que Hudson sai de um prédio após uma entrega e é atingido por um carro cinza que trafegava na mesma direção.

Também é possível ver que o motorista não para para prestar socorro.

Imagens das câmeras de segurança do local captaram o momento do acidente. Veja no vídeo abaixo:
 

O caso, inicialmente registrado como "praticar lesão corporal na direção de veículo automotor", foi alterado para "praticar homicídio na direção de veículo automotor".

O enterro de Hudson ocorreu no dia 25 de março, no Cemitério Memorial Park, no Bairro Universitário, com a presença de familiares, amigos e colegas motoentregadores.

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Cidades

Veículos batem de frente e três pessoas da mesma família morrem na BR-267

Motorista de um Virtus tentou fazer uma ultrapassagem, quando colidiu de frente com um Corolla; todas as vítimas estavam no veículo atingido

16/12/2025 18h36

Veículos bateram de frente e três pessoas da mesma família morreram

Veículos bateram de frente e três pessoas da mesma família morreram Foto: Divulgação / PRF

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Três pessoas morreram em um acidente envolvendo dois carros de passeio, na manhã desta terça-feira (16), na BR-267, em Nova Alvorada do Sul. O acidente aconteceu durante uma tentativa de ultrapassagem.

De acordo com informações da PRF, um veículo Toyota Corolla, com placas de São Miguel de Guaporé (RO), seguia no sentido Nova Alvorada do Sul a Distrito de Casa Verde, enquanto um Virtus, com placas de Três Lagoas, seguida no sentido contrário.

Na altura do km 177, os veículos bateram de frente. Segundo testemunhas, o Virtus teria tentado fazer uma ultrapassagem e acabou colidindo com o Corolla.

Com o impacto da batida, duas passageiras no Corolla, de 55 e 73 anos, morreram na hora. Um outro passageiro, de 74 anos, chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e morreu posteriormente no hospital. O motorista, de 53 anos, não teve ferimentos graves.

Conforme informações, as vítimas eram a esposa, pai e mãe do motorista.

No Virtus estavam o condutor e um passageiro, de 42 e 37 anos, respectivamente. Ambos tiveram lesões consideradas leves e foram encaminhados ao hospital em Nova Andradina, mas não correm risco de morte.

Ainda segundo a PRF, foi realizado o teste do bafômetro nos motoristas, com resultado negativo para alcoolemia em ambos.

Informações preliminares são de que a família que estava no Corolla saiu de Rondônia para visitar familiares no interior de São Paulo.

Durante os trabalhos de resgate e perícia, parte da pista ficou interditada. As causas do acidente serão investigadas pela Polícia Civil.

Outro acidente com duas mortes

Na madrugada desta terça-feira (16), outro acidente deixou duas pessoas mortas e três feridas, na BR-158, em Três Lagoas.

Conforme reportagem do Correio do Estado, Fernanda Taina Costa da Silva, de 28 anos, conduzia um Fiat Palio, e Fernando Marconi Ramos, de 27 anos, trabalhava como moto-entregador. Ambos colidiram em ua região conhecida como anel viário Samir Tomé.

No Palio conduzido, além da motorista estavam três crianças, de 9 anos, 5 anos e nove meses, que tiveram de ser levadas ao Hospital Regional, mas o estado de saúde de todas era considerado estável. As três estavam no banco traseiro e as duas maiores estavam conscientes e orientadas.

Imagens divulgadas pelo site 24hnewsms mostram que a motocicleta atingiu a parte frontal do veículo e o piloto acabou sendo jogado sobre o para-brisa, do lado da condutora.

Embora não haja testemunhas, os policiais que atenderam à ocorrência constataram sinais de frenagem da moto, que a moto seguia pelo anel viário no sentido ao shopping Três Lagoas, quando foi atingida frontalmente pelo carro, que teria invadido a pista contrária por motivos ainda ignorados. 

 

Cabe recurso

Jogo do bicho: deputado Neno Razuk é condenado a 15 anos de prisão

Condenação foi proferida  pela 4ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul

16/12/2025 17h45

Deputado estadual Neno Razuk (PL)

Deputado estadual Neno Razuk (PL) Foto: Wagner Guimarães / Alems

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O deputado estadual Roberto Razuk Filho, conhecido como Neno Razuk (PL), foi condenado a 15 anos e 7 meses de prisão, apontado como o "cabeça" de um grupo criminoso para tomar o controle do jogo do bicho em Campo Grande. A condenação foi proferida  pela 4ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) nesta segunda-feira (15) e sentencia outras 11 pessoas. 

Conforme os autos do processo que corre em segredo de Justiça, os réus tentaram anular a condenação sob pedindo a nulidade das investigações. Em resposta ao Correio do Estado, André Borges, advogado de defesa do deputado, disse que irá recorrer da sentença. "Defesa certamente recorrerá; processo está longe de encerrar; Neno confia na decisão final da justiça", declarou. 

Condenações 

  • Carlito Gonçalves Miranda 10 anos, 9 meses e 24 dias de reclusão, em regime fechado; Não tem o direito de recorrer em liberar e segue sendo procurado;
  • Diogo Francisco 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade;   
  • Edilson Rodrigues Ferreira 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade; 
  • Gilberto Luis dos Santos 16 anos, 4 meses e 29 dias de reclusão, em regime fechado; permanecerá preso;
  • José Eduardo Abduladah 4 anos e 1 mês de reclusão, em regime fechado; permanecerá em prisão domiciliar;
  • Júlio Cezar Ferreira dos Santos 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade;
  • Manoel José Ribeiro 13 anos, 7 meses e 1 dia de reclusão, em regime fechado; permanecerá preso;
  • Mateus Aquino Júnior 11 anos e 7 meses de reclusão, em regime fechado; não terá o direito de recorrer em liberdade e segue sendo procurado;
  • Roberto Razuk Filho 15 anos, 7 meses e 15 dias de reclusão, em regime fechado; terá o direito de recorrer em liberdade;
  • Taygor Ivan Moretto Pelissari 4 anos, 11 meses e 15 dias de reclisão, em regime fechado; não terá o direito de recorrer em liberdade e segue sendo procurado; 
  • Valnir Queiroz Martinelli 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade;
  • Wilson Souza Goulart 4 anos, 2 meses e 22 dias de reclusão, no semiaberto; terá o direito de recorrer em liberdade; 

Buscas

Em novembro deste ano, o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), apreendeu mais de R$ 300 mil durante a operação deflagrada contra alvos ligados à família Razuk. A ação, realizada em conjunto com o Batalhão de Choque da Polícia Militar, também resultou na prisão de três familiares do deputado estadual Neno Razuk. 

Foram detidos o pai do parlamentar, Roberto Razuk, e os irmãos Rafael Razuk e Jorge Razuk. Segundo informações, além do montante em dinheiro, equipes recolheram armas, munições e máquinas supostamente usadas para registrar apostas do jogo do bicho.

Os materiais foram apreendidos durante o cumprimento dos 20 mandados de prisão preventiva e 27 de busca e apreensão executados  em Campo Grande, Dourados, Corumbá, Maracaju e Ponta Porã, além de endereços no Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul.

Em Dourados, viaturas foram vistas logo cedo em bairros como Jardim Água Boa e Vila Planalto. A residência de Roberto Razuk foi um dos principais pontos de ação, onde agentes recolheram malotes.

Outro alvo da operação é Sérgio Donizete Balthazar, empresário e aliado político, proprietário da Criativa Technology Ltda., que no início deste ano ingressou no Tribunal de Justiça com mandado de segurança para tentar suspender a licitação da Lotesul, estimada em mais de R$ 50 milhões.

Também aparecem entre os alvos o escritório de Rhiad Abdulahad e Marco Aurélio Horta, conhecido como "Marquinho", chefe de gabinete de Neno Razuk e funcionário da família há cerca de 20 anos.

A família Razuk, já foi alvo de apurações relacionadas ao jogo do bicho em Mato Grosso do Sul. A ação é tratada pelo Ministério Público como uma nova fase dessas investigações.

FASES

Em outubro de 2023, antes das fases da Successione, a Polícia Civil fez uma apreensão de 700 máquinas da contravenção, semelhantes a máquinas de cartão utilizadas diariamente em qualquer comércio, sendo facilmente confundidas.

As prisões foram desencadeadas a partir da deflagração das fases da Operação Successione, que começou no dia 5 de dezembro de 2023. Na ocasião, foram cumpridos 10 mandados de prisão e 13 mandados de busca e apreensão. Foi nesta fase que os ex-assessores parlamentares de Neno Razuk foram pegos.

Duas semanas depois, no dia 20 de dezembro, foi deflagrada a segunda fase da operação, com o cumprimento de 12 mandados de prisão e 4 de busca e apreensão. Ela foi realizada após investigações do Gaeco apontarem que a organização criminosa continuou na prática do jogo do bicho, além de concluírem que policiais militares também atuavam nesta atividade.

No dia 3 de janeiro do ano passado, chegou a vez da terceira fase da operação, com mais dois envolvidos presos pela contravenção na Capital.

A disputa pelo controle do jogo ilegal em Campo Grande se intensificou após a prisão de Jamil Name e Jamilzinho, durante a Operação Omertá, em 2019, que eram apontados pelas autoridades como os donos do jogo do bicho em Mato Grosso do Sul. 

Quatro anos depois, Jamil Name Filho foi condenado a 23 anos de reclusão, após um julgamento de três dias.

O termo italiano "Successione"  que dá nome a operação, é uma referência a disputa pela sucessão do jogo bicho em Campo Grande após a operação Omertá. A decisão desta terça-feira cabe recurso. 

**Colaborou Felipe Machado

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