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"Educação Infantil é fundamental para as crianças", diz especialista

Segundo professoras doutoras ouvidas pela reportagem, a falta de vaga em Emeis afeta o desenvolvimento dos alunos e prejudica não só a vida acadêmica

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Campo Grande enfrenta um deficit de vagas no Ensino Infantil municipal. Esse fator é um dos problemas que a Capital enfrenta para conseguir melhores resultados na Educação Básica.

Para a especialista em Educação Maria Lima, “crianças que passam pela Educação Infantil estão preparadas de maneira mais adequada para enfrentar o Ensino Fundamental”.

Segundo Lima, professora doutora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), a Educação Infantil propicia o contato das crianças não apenas com o conhecimento sistematizado, mas também prioriza o desenvolvimento integral da criança.

“Frequentar a Educação Infantil é muito importante, porque é neste período que a criança pode passar por processos de socialização que vão propiciar o desenvolvimento intelectual, social, motor e emocional”, explica Lima.

Entretanto, no Brasil, de acordo com a Lei nº 9.394 de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a educação é obrigatória dos quatro aos 17 anos de idade, dividida em Pré-Escola, Ensino Fundamental e Ensino Médio.

Sendo assim, as creches, ou seja, a primeira etapa do Ensino Infantil não é abrangida pela lei, o que, segundo especialistas, é um dos problemas da educação.

“Por não ser obrigatória a matrícula, também não há investimento do Estado na infraestrutura escolar para atender à demanda deste segmento, que é uma grande demanda, como os estudos demonstram”, aponta Lima.

Nádia Bigarella, professora doutora da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), aponta que o principal problema para a educação municipal é a dificuldade de construir políticas públicas de universalização da Educação Infantil na Pré-Escola.

Para Nádia, tem de haver uma ampliação da oferta de vagas nas escolas municipais de Educação Infantil (Emeis), de uma forma a atender todas as crianças.

“O objetivo tem de ser a universalização do Ensino Fundamental para toda a população, sem ninguém fora da escola, de forma a garantir que alunos concluam esta etapa na idade recomendada, porque se há uma criança fora da escola, a universalização da educação ainda não aconteceu”, diz.

A realidade de Campo Grande, porém, é de falta de vagas nas Emeis. Dados da Central de Matrículas da Rede Municipal de Ensino (Reme), em 2022, registraram uma fila de 8,7 mil crianças.

As informações sobre o andamento da fila para as creches em 2023 não foram informadas pela Secretaria Municipal de Educação (Semed) até a conclusão desta reportagem.

Enquanto isso, a Capital tem, atualmente, 11 obras de creches inacabadas, que se fossem concluídas poderiam abrir aproximadamente 1.320 vagas para a Educação Infantil, 120 em cada unidade.

Entretanto, as vagas que poderiam ser abertas com a construção dessas Emeis correspondem a apenas 15% da fila de espera atual.

INVESTIMENTOS 

As educadoras também apontam que a qualidade da educação ofertada em Campo Grande passa não apenas pela maior oferta de Educação Infantil, mas também pela necessidade de focar em especificidades da população.

Para Maria Lima, a educação municipal precisa de mais autonomia, ou seja, respeitar as características singulares de cada escola e melhores salários para os professores.

“Cada escola tem suas particularidades. A gestão da escola e os docentes que ali atuam são os profissionais mais qualificados para promover uma educação que atenda àquele grupo específico, e é por isso que a educação não pode ser uniformizada como as políticas atuais têm proposto”, comenta a especialista.

A educadora acompanha desde 2009 o trabalho realizado em diferentes escolas do Estado e, desde 2015, as escolas de Campo Grande, e afirma ter visto várias experiências exitosas em relação à autonomia, que escolhem os conteúdos e as parcerias de formação de equipe escolar.

As parcerias com universidades públicas são uma alternativa positiva para a autonomia, melhor que parcerias público-privadas, que segundo a especialista “gastam o dinheiro público com instituições que nem sempre entregam o que se precisa”.

A professora comenta que desde 2012 a Prefeitura de Campo Grande realiza este trabalho, com reuniões periódicas durante o ano, em que as escolas elaboravam coletivamente seus projetos pedagógicos, focando no desenvolvimento e no andamento do trabalho com os alunos.

No entanto, Lima informa que a partir de 2019 essa autonomia foi diminuindo, com a implantação de formações on-line e o fim dos encontros que as equipes tinham.

“As prefeituras que são ousadas, que ousam mesmo seguir essas orientações, se dão muito bem no quesito qualidade. Tudo que se fizer sem esse elemento, que é a autonomia, é falso e não resulta em melhoria, isso é apontado por estudos e experiências nacionais e internacionais”, afirmou.

O segundo ponto de melhoria para a educação passa por questões salariais. Maria Lima aponta que “quanto melhor estabilidade financeira, maior a possibilidade de dedicação integral dos profissionais à tarefa”.

Já para Nádia Bigarella, a Capital tem demonstrado esforço em cumprir as metas do Plano Nacional de Educação, no entanto, tem de melhorar na elaboração de políticas, planos e programas de educação que assumam compromissos para eliminar as desigualdades educacionais e sociais. 

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Gaeco

Quadrilha de PMs que agiam como agiotas tinha integrante em MS

Gaeco de Rondônia deflagrou a operação contra a organização criminosa formada por policiais, com integrantes em seis estados

07/02/2025 18h30

Durante a operação, foram apreendidas armas e documentos, entre outros

Durante a operação, foram apreendidas armas e documentos, entre outros Foto: Reprodução

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O Ministério Público do Estado de Rondônia (MPRO), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), deflagrou, nesta sexta-feira (7), operação contra policiais e outros servidores envolvidos em esquema de agiotagem, extorsão, lavagem de dinheiro e outros crimes. Um dos mandados foi cumprido em Chapadão do Sul.

A operação é resultado de uma sindicância instaurada pela Corregedoria-Geral da Polícia Militar de Rondônia, que apurou desvios disciplinares e possíveis crimes praticados por policiais militares, como agiotagem, extorsão e expropriação.

Com base na sindicância, o Ministério Público deflagou a operação Soldados da Usura, com objetivo de desmantelar a organização criminosa que agia com o objetivo de obter vantagens financeiras a partir da realização de empréstimos ilegais (usura) e que praticou, no mesmo contexto, os crimes de extorsão, lavagem de dinheiro, estelionato, falsidades ideológicas, dentre outros em apuração.

Foram cumpridos 9 mandados de prisão preventiva e 42 de busca e apreensão em em Porto Velho (RO), Distrito de Três Coqueiros (RO), São Paulo (SP), Goiânia (GO), Cuiabá (MT), Diamantino (MT), Chapadão do Sul (MS) e Rio Branco (AC).

O nome dos alvos não foi divulgado.

Também foi decretada a indisponibilidade de valores, imóveis, cotas sociais de empresas, veículos de luxo, dentre outros, que totalizam R$ 73.655.246,00, todas deferidas pelo Poder Judiciário da Comarca de Porto Velho.

Dentre as apreensões estão celulares, pen drives, notas promissórias, notebooks, cerca de 20 veículos, nova máquinas caça-níqueis e diversos documentos.

Modo de agir

Segundo o promotor de Justiça e coordenador do Gaeco rondoniense, Anderson Batista de Oliveira, a ação visa instruir o procedimento investigatório criminal iniciado em 2022.

"[A investigação] constatou indícios de que alguns policiais militares estivessem envolvidos na prática de crimes de usura e extorsão. A usura é popularmente conhecida como agiotagem, cobrança e empréstimo de dinheiro a juros exorbitantes", explicou o promotor.

"A evolução na investigação constatou que na verdade se tratava de uma organização criminosa que havia, ao todo, seis policiais militares envolvidos e mais de uma dezena de outras pessoas que não eram da corporação policial militar e que eles realmente praticavam centenas de empréstimos a juros exorbitantes, e aquelas pessoas que tinham dificuldades ou atrasavam o pagamento das dívidas eram ameaçadas, constrangidas e agredidas fisicamente para realizarem os pagamentos. Quando não conseguiam realizar o pagamento, eram expropriadas do patrimônio", acrescentou o promotor.

Conforme o MPRO, a quadrilha era composta por uma rede de pessoas que tinham as funções de captar “clientes”, fazer empréstimos com juros ilegais e fazer as cobranças com o uso de violência e grave ameaça, inclusive com uso de armas de fogo.

A quadrilha também agia na expropriação patrimonial, já que, em relação a diversas vítimas, os investigados se apossaram de valores e bens que lhes pertenciam, acumulando e movimentando expressivas cifras em dinheiro e bens móveis e imóveis.

Na sequência, os investigados praticavam crimes visando ocultar e dissimular a origem, disposição e localização de bens e valores, movimentando todo o patrimônio ilicitamente angariado em nome de empresas fantasmas constituídas em nome de “laranjas”, com documentos ideologicamente falsos,

Para converter ativos ilícitos em lícitos, faziam relevantes investimentos na compra de veículos, imóveis e até na construção de uma draga de extração de ouro no Rio Madeira.

A promotora de Justiça Luciana Nicolau de Almeida explicou que, no curso das investigaçõs, foram pedidas algumas cautelares ao Judiciário, como quebra de sigilo bancário, quebra de sigilo fiscal, quebra de sigilo telefônico e interceptações telefônicas.

"Foi possível haver um aprofundamento nessas investigações e ter um resultado realmente bastante contundente a respeito da atuação dessa organização criminosa", disse.

As prisões foram decretadas para manter a ordem pública, pois muitos dos agentes já tinham antecedentes criminais.

"A atuação da Corregedoria-geral reflete um dos eixos prioritários da instituição, que é a intolerância ao crime violento e ao desvio de conduta, bem como o compromisso de proteger o cidadão e garantir que a atuação dos policiais militares esteja alinhada com os princípios da legalidade e moralidade", disse a PMRO, em nota.

As investigações identificaram várias vítimas da organização criminosa, mas o Gaeco ressalta que podem haver mais pessoas lesadas. 

Desse modo, o Ministério Público disponibiliza abaixo link em seu site, contendo formulário para identificação e colheita de reclamações de outras possíveis vítimas da quadrilha investigada.

O nome atribuído à operação é referência ao modus operandi adotado pelos investigados, que empregavam força, ameaças com armas de fogo, violência física, comportando-se como uma legião de saqueadores, explorando e expropriando as vítimas para obter e acumular muita riqueza às custas do patrimônio alheio.

Confusão

Justiça concede medida protetiva contra policial federal que agrediu criança em condomínio

Agressão ocorreu após briga entre criança e filho do servidor público em partida de futebol

07/02/2025 17h20

Momento em que o policial agride o garoto e uma funcionária da família

Momento em que o policial agride o garoto e uma funcionária da família Foto: Reprodução

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Um mês após a justiça conceder uma medida protetiva contra o policial federal que agrediu uma criança de 12 anos em um condomínio localizado no Jardim São Lourenço, o pai do garoto agredido, policial rodoviário federal, foi à Delegacia de Proteção à Criança e o Adolescente (DPCA) nesta quarta-feira (5), desta vez contra a esposa do agressor, que segundo o boletim de ocorrência, estaria difamando ele e seu filho entre os moradores do condomínio em que vivem. 

Iniciada no dia 10 de janeiro deste ano, a discussão começou após uma briga em uma partida de futebol entre a criança agredida e o filho do policial federal, de 11 anos, que vive no mesmo condomínio. 

Momento em que o policial agride o garoto e uma funcionária da família

Nas imagens cedidas ao Correio do Estado, é possível identificar que os garotos se desentendem durante a partida de futebol, contudo, a confusão foi levada até o policial federal, que saiu de sua casa e, segundo o boletim de ocorrência, apertou o braço esquerdo do menor, que estava acompanhado de uma funcionária da família, que assistia a partida entre os jovens.

Momento em que o policial agride o garoto e uma funcionária da família

Ao ver o policial puxar o braço do garoto, a mulher pede para que ele pare com a agressão, entretanto, é possível identificar que o agressor também puxa o braço da mulher, que reclamou do fato. Conforme apurado pela reportagem, tanto a mãe, quanto o pai do garoto agredido não estavam em casa durante o ocorrido. Seguranças do local acalmaram o caso. 

Momento em que o policial agride o garoto e uma funcionária da família

Medida protetiva 

Cabe destacar que a medida protetiva contra o policial federal foi concedida um dia após a agressão, pelo juiz Marcelo Ivo de Oliveira.

Em sua justificativa, o juiz determinou que o policial federal fosse afastado de qualquer convívio com a criança, além de estar proibido de se aproximar do garoto, familiares e testemunhas, por qualquer meio de comunicação, por pelo menos 100 metros de distância.

Novo pedido

Mesmo com o cumprimento da medida por parte do policial federal, o pai do garoto agredido esteve na DPCA, e alegou que a esposa do funcionário público tem pedido para que as demais crianças parem de brincar com seu filho.

Na ocasião, segundo a ocorrência, ela teria dito que o seu filho é quem teria sido agredido e pediu para que a criança saísse “da influência desses marginais", diz o boletim de ocorrência. Segundo contou o pai do garoto agredido, ela teria dito que ele é usuário de drogas e o chamado de “maconheiro”, ocorrência atendida pelo delegado Pablo Gabriel da Silva. O caso segue em segredo de justiça. 

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