Cidades

HABITAÇÃO

Em 10 anos, Campo Grande dobra número de favelas e hoje tem 38 ocupações

Em 2011, a prefeitura estimava ter 16 ocupações e atualmente já contabiliza crescimento de 57%

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A falta de novos programas habitacionais em Campo Grande, aliada ao desemprego e à crise financeira ocasionada pela pandemia da Covid-19, resulta no crescimento de invasões de áreas públicas, que transformam espaços vazios em novas favelas. 

Em 10 anos, a Capital dobrou o número de favelas e já conta com pelo menos 38 ocupações, conforme a Central Única das Favelas (Cufa).  

Em 2011, o então governador do Estado, André Puccinelli (MDB), afirmava que tinha dado início ao processo de desfavelização de Campo Grande em sua primeira gestão na prefeitura da Capital, tirando mais de 1.044 famílias de 178 favelas. 

Na ocasião, o prefeito Nelson Trad (PSD) declarou que herdou de Puccinelli apenas 16 ocupações e que, seguramente, em 2012 Campo Grande não teria nenhuma favela. Após uma década, a favelização não foi extinta, visto que o número de moradias irregulares mais que dobrou e voltou a ser um problema social na cidade.

Espalhados por diversas regiões da Capital, os barracos oferecem abrigo, mas nenhuma proteção ou segurança, a milhares de famílias que ainda esperam conseguir realizar o sonho da casa própria. Campo Grande tem 38 favelas, com 4.516 moradias distribuídas entre essas ocupações irregulares.  

De acordo com a coordenadora da Cufa em Campo Grande, Letícia Polidorio, além das 38 ocupações contabilizadas, outras sete estão em formação na beira dos córregos da Capital. 

São consideradas favelas as formas de ocupação irregular de terrenos públicos ou privados caracterizadas por um padrão urbanístico irregular, por carência de serviços públicos essenciais e pela localização em áreas que apresentam restrições à ocupação.

“Diversas pessoas que perderam o emprego não conseguem pagar o aluguel e começaram a construir barracos em espaços desocupados. Por exemplo, na beira do córrego da Ernesto Geisel tem mais de 20 famílias, é recente a ocupação lá, reflexo da pandemia e da falta de assistência”, avaliou Polidorio.

A favela da Homex, localizada próximo ao Bairro Paulo Coelho Machado, tem o maior número de domicílios da Capital, com 3.632 famílias. Logo em seguida vem a favela do Samambaia, com 434, seguida pela favela do Mandela, com 300 famílias.  

Segundo as diretrizes da Declaração Universal dos Direitos Humanos, todo indivíduo tem o direito à habitação, ou seja, o direito de ter um lar, o que, de acordo com Letícia Polidorio, não acontece na prática. 

Ela destaca que as populações de diversas comunidades vivem sob condições precárias de saneamento, entre outros fatores. Atualmente, Campo Grande tem deficit habitacional de 42 mil famílias em busca de casa popular.  

“O direito de moradia não é cumprido aqui na Capital, entra político, sai político e continua o mesmo discurso, mas nada de ação na prática. Além da pobreza e da vulnerabilidade, a falta de informação é muito visível, algumas pessoas preferem ignorar uma parte da sociedade. A realidade das favelas é muito difícil e se agravou ainda mais com a pandemia”, apontou.

Além de Campo Grande, a Cufa tem representantes em Três Lagoas, em Ivinhema, em Amambai, em Corumbá e em Ladário. Juntos, esses municípios reúnem mais de 56 ocupações no Estado. 

Depois da Capital, Ivinhema é a segunda em número de favelas, são 10 áreas com domicílios irregulares identificadas. Corumbá vem na sequência, com nove, Três Lagoas e Amambai tem seis e em Ladário há os ribeirinhos.

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ESPERA  

Na favela Lagoas, localizada no Bairro Jardim Colorado, moram 30 famílias há mais de 10 anos. A esperança delas é conseguir realizar o sonho da casa própria.  

A dona de casa Rosemeire Rodrigues, 39 anos, mora em um barraco de três cômodos. Ela relata que foi uma das primeiras moradoras a ocupar o espaço, onde vive há oito anos com o marido e com o filho.

“Ninguém espera continuar nesse lugar para sempre, quando cheguei aqui não tinha onde morar. Fiz a inscrição na Emha [Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários – Amhasf] há anos, antes falavam que tinha algumas dificuldades pela política, depois veio a pandemia. Eu não sei quando vão lembrar da gente, o jeito é esperar”, relatou Rodrigues.

Em outro ponto da cidade, a comunidade Alfavela, localizada no Bairro Caiobá, antes da pandemia contava com 52 famílias, mas por conta da crise econômica também recebeu novos moradores. Atualmente, o local abriga 75 habitações, entre elas a da dona de casa Paula Correa da Silva, 29 anos, que também é líder da comunidade.

Paula mora em um barraco de três cômodos há dois anos, com o marido e com três filhos. Alguns barracos acima moram sua mãe e suas irmãs. 

“Eu pagava aluguel, mas não estávamos dando conta, era todo mês aquele aperto. Ninguém quer isso. Hoje eu moro em um barraco de lona, madeira e algumas telhas, é uma situação muito humilhante, e agora com desemprego, comida muito cara, aluguel subindo, isso aqui está aumentando”, relatou a moradora.  

De acordo com um levantamento realizado pela Central Única das Favelas neste mês, Campo Grande possui aproximadamente 5 mil crianças que moram em 26 das 38 favelas.

HABITAÇÃO  

As 42 mil famílias que aguardam por uma casa estão na fila para uma unidade por meio do programa da Amhasf. Quem mora em áreas invadidas diz não ter condições de pagar o aluguel.  

O indicador que reajusta os contratos de aluguel disparou nos últimos meses e tem impactado o orçamento de inquilinos. O Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M) acumula alta de 24,86% nos últimos 12 meses. 

Já a inflação subiu 7,67% em 2021 e 11,25% no acumulado de 12 meses, segundo dados de setembro. Isso tudo resulta em um menor poder de compra do cidadão

O diretor de Administração e Finanças da Amhasf, Cláudio Marques Costa Júnior, afirmou que está sendo feito um levantamento sobre as famílias que vivem em comunidades na Capital, para oferecer melhores condições de moradia. 

“Vamos realizar a regularização de moradia dessas famílias e buscar recursos para outras atividades, como lazer, educação, entre outros aspectos. Estamos fechando um estudo para apresentar para a sociedade, vamos regularizar esses locais [favelas] e oferecer melhores condições de vida para as famílias”, apontou.

Quem quiser ajudar as famílias das comunidades pode entrar em contato por meio do telefone: (67) 99208-5043. 

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Trilha de Hermes

Operação investiga grupo criminoso que matou informante da polícia

O homem identificado como colaborador policial era Aldevan Pontes de Jesus, de 32 anos, que se encontrava sob monitoramento eletrônico

04/12/2025 17h45

A Polícia Civil apreendeu armas, munições, veículos de alto valor, aparelhos celulares e R$ 8 mil em espécie

A Polícia Civil apreendeu armas, munições, veículos de alto valor, aparelhos celulares e R$ 8 mil em espécie Divulgação: Polícia Civil

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A Operação Trilha de Hermes, deflagrada pela Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Fronteira (DEFRON) e da Delegacia Regional (DRP) de Naviraí, investiga a morte de Aldevan Pontes de Jesus, de 32 anos, que era monitorado com tornozeleira eletrônica. O homem foi identificado por um grupo criminoso como sendo um informante da polícia.

Por este motivo, Aldevan foi sequestrado pela quadrilha e possivelmente morto, de acordo com a Polícia Civil, perdendo o sinal de seu equipamento na área rural de Itaquiraí, de onde partiram as investigações.

A DEFRON e a DRP de Naviraí identificaram uma estrutura organizacional criminosa armada, com estruturada cadeia de comando e divisão de tarefas. As prisões temporárias e a busca domiciliar em desfavor dos suspeitos ocorreram durante a terça (2) e quarta-feira (3).

A Operação Trilha de Hermes resultou no cumprimento de cinco mandados de prisão temporária, duas prisões em flagrante, além da apreensão de veículos de alto valor, armas, munições, dinheiro em espécie e diversos outros objetos.

A quadrilha criminosa é investigada pelos crimes de homicídio, ocultação de cadáver, sequestro, lavagem de dinheiro e organização criminosa armada. As investigações prosseguem para apuração de outros envolvidos e para localização de ativos financeiros que o grupo criminoso auferiu durante sua atividade ilícita.

Balanço

No primeiro dia, foram realizados o cumprimento de cinco mandados de prisão temporária e o cumprimento de 12 mandados de busca domiciliar. A operação ocorreu nas cidade de Itaquiraí, Naviraí e Porto Velho (RO), onde um dos alvos estava no momento da operação.  Duas pessoas foram presas em flagrante pelo crime de posse de arma de fogo e de munições. 
 
Já na quarta-feira, foram realizadas diligências em áreas rurais, com o cumprimento do mandado de prisão de um dos alvos que se mantém foragido. As autoridade utilizaram os meios de locomoção fluvial e aéreo para esta etapa da operação, com apoio do Coordenadoria Geral de Policiamento Aéreo (CGPA).
 
Ao todo, a operação resultou no cumprimento da prisão de sete pessoas, entre elas os três líderes do grupo, apreensão de armas, munições, seis veículos de alto valor, dez celulares, R$ 8 mil em espécie e documentos a serem analisados.

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Cidades

Polícia barra contrabando na entrada de Campo Grande

Ação compõe a Operação Protetor das Divisas e das Fronteiras

04/12/2025 17h30

Foto: Divulgação / Policia Civil

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A Policia Civil por meio do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (Dracco) interceptou 4 caixas grandes de óculos, 2 pneus de caminhão, bolas de pneus e 12 caixas de cigarros, fiscalização realizada na  Avenida Gunter Hans, saída para Sidrolândia na manhã desta quarta-feira (3).  

A ação compõe a Operação Protetor das Divisas e das Fronteiras e combate ao contrabando e descaminho no Estado, mercadoria encontrada em uma Fiat/Doblo. 
O material apreendido foi encaminhado diretamente à sede da Polícia Federal de Campo Grande.Dois indivíduos foram conduzidos em flagrante.

A ação faz parte da 3ª etapa da Rede Nacional de Enfrentamento das Organizações Criminosas (Renorcrim), iniciativa nacional de enfrentamento ao crime organizado.

Em todo o país, a organização e preparação da operação envolve ao menos 18 ações estratégicas, que abrangeram desde o encaminhamento de demandas originadas na reunião de alinhamento até a preparação de sistemas e o treinamento de usuários.

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