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Em ascensão meteórica, chef foi de cozinheiro a empresário em 10 anos

Uma das empresas do cozinheiro teve R$ 270 milhões bloqueados pela Justiça, em investigação sobre seu envolvimento no recebimento de valores milionários desviados em grande ataque hacker

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Em um período de 10 anos, Stevan Paz Bastos deixou o emprego de cozinheiro em restaurantes de Campo Grande para se tornar empresário no mercado financeiro, com duas empresas, com capitais de R$ 50 mil e R$ 1 milhão.

Mesmo sem ter experiências gerenciando instituições financeiras, o ex-chef de cozinha se tornou proprietário, em maio deste ano, da fintech Soffy Soluções de Pagamentos, empresa que é uma das suspeitas de receber valores milionários em ataque hacker que desviou mais R$ 541 milhões.

De acordo com informações disponíveis no perfil de Stevan Paz Bastos no LinkedIn, ele se graduou em Contabilidade em uma universidade de Campo Grande, onde estudou de 2005 a 2010, e depois fez curso no Senac-MS para virar chef de cozinha.

Entre suas experiências profissionais, ele foi cozinheiro e chef de cozinha e prestou serviços de consultoria para chefs de empresas da Capital e também do interior do Estado, atuando em vários restaurantes de 2015 a 2020.

Neste período, Stevan Bastos se tornou proprietário da sua primeira empresa, a Distribuidora Peixe Boi, fundada em 2018, que, de acordo com as informações de registro, atua em Campo Grande como comércio varejista de produtos alimentícios de pescados e frutos do mar e tem capital de R$ 50 mil.

A reportagem do Correio do Estado foi até o endereço onde fica a sede da empresa mencionada, porém, o comércio varejista não tem nenhum indicativo em sua fachada de que ali funciona uma empresa que vende produtos alimentícios. 

Já no caso da Soffy Soluções de Pagamentos, fundada em 2020, empresa recém-adquirida pelo ex-chef de cozinha pelo valor de R$ 1 milhão, trata-se de um banking as a service (Baas), que tem a finalidade de oferecer serviços utilizando a tecnologia de instituições financeiras e bancos de uma forma mais rápida, otimizando processos, sem necessitar da infraestrutura bancária tradicional para isso.

A empresa suspeita de receber os valores desviados de bancos no ataque hacker é uma das seis instituições que foram suspensas pelo Banco Central (BC) do arranjo do Pix após o caso. Além disso, a empresa, com sede na Avenida Paulista, em São Paulo, teve R$ 270 milhões bloqueados nesta semana.

O bloqueio é referente ao valor desviado do banco BMP no ataque hacker, já que a Soffy Soluções de Pagamentos é suspeita de receber o dinheiro. 

O BMP teve um prejuízo estimado em R$ 541 milhões com a invasão à empresa de tecnologia C&M Software, alvo direto do ataque cibernético, que conecta instituições financeiras aos sistemas do BC.

FACILITADORA

Em resposta às acusações, a Soffy Soluções de Pagamentos encaminhou uma nota ao Correio do Estado informando que a conta investigada pelo recebimento de valores não é de titularidade da empresa.

“A conta tampouco está vinculada operacionalmente à nossa empresa. Trata-se de uma conta aberta por um cliente parceiro (terceiro) que utilizava nossa infraestrutura tecnológica, atuando de forma totalmente autônoma e independente. Qualquer ilação de que a Soffy seja uma empresa de fachada ou tenha envolvimento direto com desvios é totalmente infundada e irresponsável”, trouxe a nota da Soffy.

A empresa ainda informa que não pode ser responsabilizada por má-fé ou conduta criminosa de terceiros que utilizaram sua plataforma tecnológica. 

Também acrescentou que está colaborando com as autoridades e realizou o bloqueio da conta envolvida no recebimento dos valores desviados.

“Desde que tomamos ciência dos fatos, a Soffy agiu com a máxima diligência e responsabilidade. Bloqueamos imediatamente a conta em questão e notificamos o cliente parceiro responsável pela abertura. Reiteramos que estamos colaborando integralmente com o Banco Central do Brasil e com as autoridades competentes (Polícia Civil e Polícia Federal), disponibilizando todas as informações e documentos pertinentes à apuração do caso. Nossas ações estão em total conformidade com as diretrizes das resoluções do Banco Central do Brasil”, pontuou a Soffy Soluções de Pagamentos.

Ao Correio do Estado, o advogado especialista em Direito Digital Rafael Chaia informou que empresas do ramo banking as a service podem ser mais suscetíveis à criação de contas por golpistas, caso não tenham meios eficientes de controle e fiscalização. 

“Este tipo de instituição pode, sim, servir de intermediário para aplicação de golpes ou fraudes, as banking as a service tem o dever de garantir a segurança das operações, elas não devem ser o elo fraco da operação”, declarou Chaia.

O advogado também informou que empresas deste ramo podem ser responsabilizadas pelos valores depositados em suas contas, ainda mais se seus controles de prevenção de fraude ou lavagem de dinheiro são falhos ou inexistentes.

“Se não tem compliance para evitar e acaba sendo utilizada para fraude, sobra uma responsabilidade objetiva que pode recair sobre as empresas”, disse.

Saiba

Ataque cibernético

A investigação aponta que o golpe financeiro que atingiu a C&M Software se deu por meio de uma modalidade conhecida como supply chain, em que os hackers atacam uma empresa com o objetivo de acessar valores dos clientes. Este tipo de ataque, que afeta várias instituições, é planejado por um longo período, com o objetivo de identificar qual é a empresa que tem acesso ao sistema principal de dados com a pior segurança. “O alvo foi uma rede prestadora de serviço que estava ligada ao sistema das vítimas”, explicou Chaia.

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PARALISAÇÃO DOS ÔNIBUS

Audiência termina sem conciliação e greve dos ônibus continua em Campo Grande

Motoristas ficaram indignados com a decisão judicial, a qual determina que 70% da frota volte a funcionar em horários de pico.

16/12/2025 19h22

Muitos motoristas do Consórcio Guaicurus compareceram à audiência no Tribunal Regional do Trabalho

Muitos motoristas do Consórcio Guaicurus compareceram à audiência no Tribunal Regional do Trabalho Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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Motoristas do transporte coletivo urbano de Campo Grande lotaram o plenário do Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região, na tarde desta terça-feira (16), para acompanhar a audiência que debateu sobre a greve que paralisou os ônibus desde segunda-feira (14).

A audiência terminou sem conciliação e possibilidades entre o Consórcio Guaicurus, Município de Campo Grande e os profissionais da categoria. No entanto, o desembargador César Palumbo Fernandes determinou que 70% da frota voltasse a funcionar nos horários de pico.

"Não pode existir greve de 100% dos serviços essenciais. A determinação judicial deve ser cumprida. Amanhã, no primeiro período, a categoria vai estar trabalhando. Amanhã, pela manhã, o sindicato vai garantir que haja no período compreendido entre 6h e 8h30, 70% da frota funcionando. De 8h30 a 17h, 50% da frota atendendo a população. Entre as 17h e as 20h, 70% da frota. E após, 50% da frota no horário normal.", disse o desembargador.

Além disso, a multa, caso os ônibus não voltem a circular na manhã de quarta-feira (17), imposta ao Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande, aumentou de R$ 100 mil para R$ 200 mil por dia de descumprimento da decisão.

Apenas metade da folha salarial de novembro foi paga, sendo que a outra parte não tem previsão de pagamento. Ao todo, a dívida em aberto chega a R$ 1,3 milhão líquidos a serem repassados aos trabalhadores.

Diante da decisão do desembargador, os profissionais da categoria se indignaram, levantaram e saíram da audiência. Demétrio Freitas, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo e Urbano de Campo Grande (STCU-CG), disse que a greve está mantida por decisão dos próprios motoristas.

"A gente tá muito chateado com a Justiça do Trabalho por entender que quem paga a conta é sempre o trabalhador. No nosso entendimento, 70% ele simplesmente acabou com a greve. Infelizmente, vai continuar parado. Não é o que a gente quer, a população tá sofrendo muito, vai para três dias sem ônibus em Campo Grande, mas o trabalhador também precisa receber, todo mundo que trabalha precisa receber seus vencimentos", concluiu Demétrio Freitas.

O que disse o Município?

Na audiência, representando a Prefeitura de Campo Grande, a procuradora-geral do Município Cecília Saad afirmou que os repasses foram feitos pelo Executivo e, devidamente, depositados na conta do Consórcio Guaicurus.  De acordo com a representante, o valor destinado, na última sexta-feira (12), foi de R$  3.074.148,73.

Ela também relatou que, em junho/julho de 2024, foi publicado no Diário Oficial do Estado, que o governo se comprometeu em repassar quatro parcelas em torno de R$ 3 milhões, sendo duas no ano de 2025, e a terceira e a quarta em janeiro e fevereiro de 2026, respectivamente.

Diante destas afirmações, ela solicitou ao juiz o prazo de 24 horas para juntar a documentação e comprovar o pagamento ao Consórcio, o qual foi aceito pela autoridade.

Consórcio afirma que não tem dinheiro

Temis de Oliveira, presidente do Consórcio Guaicurus, confirmou o recebimento por parte da Prefeitura, mas alega que há outras pendências a serem pagas além da folha salarial, como os gastos com manutenção, diesel, mecânico, etc.  

"Hoje, o consórcio não tem caixa para pagar a parcela de 50% de novembro. Desses R$ 3 milhões (recebidos), haviam recursos que eram devidos de meses passados e a gente tinha outros compromissos".

"Sem aporte de alguma dessas verbas (cerca de R$ 4 milhões a serem recebidas pelo Consórcio), não temos mais saúde financeira, crédito nos bancos para poder buscar e resolver esses acordes", disse o prsidente Temis de Oliveira. Ele complementa: "Nós vamos procurar conversar com a Prefeitura para receber o que nós temos a receber ainda e negociar, negociar o tempo inteiro".

O presidente do Consórcio Guaicurus lembra que há o cumprimento do quarto termo aditivo do contrato, que precisa ser apurado mensalmente e um valor a ser recebido, algo que não ocorre desde 2022.

"Tem uma obrigação da AGEREG para, ao final de cada mês, fazer a apuração da diferença da tarifa pública para a tarifa técnica ou tarifa de remuneração e a prefeitura buscar os meios para pagar. Isso não tem sido pago desde 2022. Nós buscamos o recebimento dessas verbas também".

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ALERTA

OMS emite alerta sobre falsificação de medicamento usado no tratamento do câncer de mama

De acordo com a OMS, os medicamentos falsificados foram identificados em países da África, do Mediterrâneo Oriental e da Europa

16/12/2025 19h00

O remédio, apresentado em cápsulas, é utilizado no tratamento do câncer de mama em estágio avançado

O remédio, apresentado em cápsulas, é utilizado no tratamento do câncer de mama em estágio avançado Divulgação

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta sobre a circulação de versões falsificadas do medicamento palbociclibe, comercializado sob o nome Ibrance.

O remédio, apresentado em cápsulas, é utilizado no tratamento do câncer de mama em estágio avançado.

De acordo com a OMS, os medicamentos falsificados foram identificados em países da África, do Mediterrâneo Oriental e da Europa.

Ao todo, nove lotes do produto foram relatados à organização em novembro deste ano, com registros na Costa do Marfim, Egito, Líbano, Líbia e Turquia.

Segundo o comunicado, os produtos falsificados foram oferecidos aos consumidores por meio de plataformas online e também encontrados em farmácias dessas regiões.

Fabricado pela Pfizer, o Ibrance tem alto custo. No Brasil, conforme dados da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), a menor dosagem do medicamento pode chegar a R$ 10.182.

Lotes falsificados

Os lotes confirmados como falsificados são: FS5173, GS4328, LV1850 e TS2190.

Já os lotes considerados suspeitos, ou seja, possivelmente falsificados, são: GK2981, GR6491, GT5817, HJ8710 e HJ8715.

A OMS classifica esses medicamentos como falsificados por apresentarem, de forma enganosa, informações sobre identidade, composição e origem.

Testes realizados pela Pfizer indicaram que as amostras analisadas não continham nenhum princípio ativo farmacêutico.

Além disso, foram identificadas discrepâncias nas embalagens. Alguns produtos falsificados chegaram a utilizar números de lote legítimos, mas apresentavam anomalias na embalagem, na serialização e na impressão das cápsulas.

Riscos e recomendações

De acordo com a OMS, o uso de medicamentos falsificados, como no caso do Ibrance, pode resultar em falha no tratamento, progressão descontrolada do câncer e aumento do risco de morte devido à ausência de efeito terapêutico.

A organização orienta que profissionais de saúde comuniquem quaisquer reações adversas inesperadas, ausência de resposta ao tratamento ou defeitos de qualidade às autoridades regulatórias nacionais ou aos sistemas locais de farmacovigilância. Em caso de identificação de lotes suspeitos ou falsificados, a recomendação é notificar a OMS.
 

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