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Repasses de 'emendas Pix' para MS chegam a R$ 77,5 milhões

Saiba quanto cada parlamentar de Mato Grosso do Sul transferiu - sem declarar a finalidade dos gastos - para suas bases neste ano

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Dos R$ 149,1 milhões em emendas parlamentares individuais classificadas como transferências especiais – também conhecidas como “emendas Pix”, autorizadas para Mato Grosso do Sul no Orçamento da União deste ano –, pouco mais da metade (R$ 77,5 milhões) já foi transferido até agora.

É o que indicam os mecanismos de transparência do governo federal e do Congresso, que tiveram seus dados filtrados e cruzados pelo Correio do Estado.

Esse tipo de emenda parlamentar para suas respectivas bases, que dispõe de pouquíssima transparência e tem sido a forma preferencial de liberação de recursos pelos congressistas, voltou à pauta após a decisão da semana passada do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino, que determinou que as emendas só devem ser liberadas caso a finalidade da aplicação dos recursos seja descrita pelo parlamentar ou pelo favorecido.

Dos 13 parlamentares da bancada de MS, composta por três senadores e oito deputados federais, apenas a senadora Tereza Cristina ainda não teve nenhum recurso liberado para ela no Orçamento deste ano.

O campeão de “emendas Pix” em MS – pelo menos no que diz respeito aos valores liberados até agora – é o senador Nelsinho Trad. Ele teve R$ 17,5 milhões destinados aos seus favorecidos nessa modalidade orçamentária e que leva a rubrica OEC2.

Quase a totalidade dos recursos destinados por Nelsinho foi para o governo de MS (R$ 10,5 milhões) e para o município de Campo Grande (R$ 4,4 milhões). Já Aparecida do Taboado (R$ 1 milhão), Angélica (R$ 1 milhão), Corguinho (R$ 300 mil), Dourados (R$ 250 mil) e Ivinhema (R$ 67 mil) integram as cidades contempladas com essa modalidade pelo senador.

Quem também não pode reclamar das “emendas Pix” é o deputado federal Dagoberto Nogueira (PSDB). Ele fez apenas uma transferência do tipo até agora, mas com um valor significativo: R$ 10,43 milhões, quantia destinada ao governo de Mato Grosso do Sul.

A senadora Soraya Thronicke (Podemos) fecha a lista dos top 3 parlamentares que mais liberaram “emendas Pix”. Ela destinou até o momento R$ 9,82 milhões para Mato Grosso do Sul, e isso em duas emendas: uma de R$ 9 milhões para o governo de MS e outra de R$ 802 mil para a prefeitura de Miranda.

O quarto lugar nessa modalidade de emenda no Estado é o deputado bolsonarista Rodolfo Nogueira (PL). Apesar da oposição ferrenha ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o alto controle do Congresso sobre o Orçamento da União fez com que ele transferisse, sem nenhuma justificativa nem convênio, R$ 9,74 milhões em uma única emenda destinada ao governo estadual.

Os outros parlamentares tiveram o seguinte total de “emendas Pix” liberadas até agora pelo Ministério da Fazenda: Geraldo Resende (PSDB) com R$ 8,32 milhões; Dr. Luiz Ovando (PP) com R$ 8,30 milhões; Beto Pereira (PSDB) com R$ 5,70 milhões; e Marcos Pollon (PL) com R$ 3,13 milhões.

Os deputados petistas são os que menos enviaram “emendas Pix”. Vander Loubet teve R$ 3,57 milhões em emendas pagas nessa modalidade até agora, enquanto Camila Jara também aderiu a essas emendas sem transparência, com R$ 850,6 mil liberados.

“Milionários”

O governo de Mato Grosso do Sul é, até agora, o maior favorecido pelas “emendas Pix” neste ano. As transferências já somaram R$ 60,43 milhões. A Prefeitura de Campo Grande vem em segundo lugar, com R$ 7,18 milhões: além da emenda de R$ 4,4 milhões de Nelsinho Trad, também há uma emenda de R$ 2,78 milhões de Luiz Ovando.

Coronel Sapucaia, município de 14,2 mil habitantes localizado na fronteira com o Paraguai, no sul do Estado, tem um caso que chama atenção. A cidade foi contemplada com uma “emendas Pix” de R$ 2 milhões do deputado e candidato a prefeito de Campo Grande Beto Pereira.

Assim como as outras “emendas Pix” mencionadas aqui, não há nenhuma descrição sobre a destinação do recurso nas plataformas de transparência do governo federal.

Em consulta ao Portal da Transparência do município, a situação piora. O site se resume a fornecer links da legislação federal sobre transparência e uma cópia da Lei de Acesso à Informação (LAI). O Correio do Estado telefonou para a prefeitura ontem à tarde, a fim de perguntar o que foi feito com o Pix de R$ 2 milhões, mas ninguém atendeu às solicitações da equipe de reportagem.

No ranking dos municípios “milionários” neste ano com as “emendas Pix” ainda aparecem Terenos – contemplada com uma emenda, também sem nenhuma transparência, do deputado federal Beto Pereira (ex-prefeito da cidade) – e Aparecida do Taboado, que foi agraciada com uma emenda de R$ 1 milhão do senador Nelsinho Trad.

Demais cidades

Os demais municípios tiveram as seguintes transferências: Dois Irmãos do Buriti com R$ 900 mil (Beto Pereira); Miranda com R$ 802 mil (Soraya Thronicke); Dourados com R$ 530 mil (R$ 250 de Nelsinho Trad e R$ 280 de Marcos Pollon); Rochedo com R$ 522 mil (Dr. Luiz Ovando); Maracaju com R$ 500 mil (Beto Pereira); Nova Alvorada do Sul com R$ 500 mil (Beto Pereira); Naviraí com R$ 300 mil (Beto Pereira); Ivinhema com R$ 67 mil (Nelsinho Trad); e Jardim com R$ 5,9 mil (Beto Pereira).

 

Valores por Favorecido:

  • ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL: R$ 60.438.781,83
  • MUNICIPIO DE CAMPO GRANDE-CAMPO GRANDE-MS: R$ 7.180.000,00
  • MUNICIPIO DE CORONEL SAPUCAIA-CORONEL SAPUCAIA-MS: R$ 2.000.000,00
  • MUNICIPIO DE TERENOS-TERENOS-MS: R$ 1.500.000,00
  • MUNICIPIO DE APARECIDA DO TABOADO-APARECIDA DO TABOADO-MS: R$ 1.000.000,00
  • MUNICIPIO DE ANGELICA-ANGÉLICA-MS: R$ 1.000.000,00
  • MUNICIPIO DE DOIS IRMAOS DO BURITI-DOIS IRMÃOS DO BURITI-MS: R$ 900.000,00
  • MUNICIPIO DE MIRANDA-MIRANDA-MS: R$ 802.453,93
  • MUNICIPIO DE MARACAJU-MARACAJU-MS: R$ 500.000,00
  • MUNICIPIO DE ROCHEDO-ROCHEDO-MS: R$ 522.155,43
  • MUNICIPIO DE DOURADOS-DOURADOS-MS: R$ 530.000,00
  • MUNICIPIO DE NOVA ALVORADA DO SUL-NOVA ALVORADA DO SUL-MS: R$ 500.000,00
  • MUNICIPIO DE CORGUINHO-CORGUINHO-MS: R$ 300.000,00
  • MUNICIPIO DE NAVIRAI-NAVIRAÍ-MS: R$ 300.000,00
  • MUNICIPIO DE IVINHEMA-IVINHEMA-MS: R$ 67.086,68
  • MUNICIPIO DE JARDIM-JARDIM-MS: R$ 5.948,75

* Atualizado em 13 de agosto de 2024, às 15h20

 

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"Mais louco do Brasil" recebe ultimato para combater megaerosão

Justiça impôs multa diária de R$ 100 mil caso o prefeito de Ivinhema e a Agesul não tomarem providências para combater erosão

20/12/2025 19h30

Água de dois bairros sem drenagem provou erosão de 3,8 quilômetros na margem de rodovia na saída de Ivinhema para Angélica

Água de dois bairros sem drenagem provou erosão de 3,8 quilômetros na margem de rodovia na saída de Ivinhema para Angélica Ivinotícias

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Apesar de uma gigantesca erosão estar ameaçando destruir uma rodovia estadual, a MS-141, que está sob a responsabilidade do Governo do Estado, o prefeito Juliano Ferro, que se autodenomina "o mais louco do Brasil, também recebeu um ultimato da Justiça para que tome providências para tentar acabar com o problema. 

Segundo denúncia do Ministério Público acatada pela Justiça, a erosão ocorre porque falta drenagem no conjunto habitacional Salvador de Souza Lima e no Residencial Solar do Vale. A água destes dois bairros acabar descendo pela margem da MS-141, na saída de Ivinhema para Angélica, e provoca a erosão que se estende por cerca de 3,8 quilômetros.

E, por conta do risco de acidentes e por causa do grande volume de terra que foi arrastado para propriedades rurais vizinhas, a Justiça determinou multa diária de R$ 100 mil para a prefeitura, a Agesul (resposponsável pela manutenção da rodovia) e ao Governo do Estado caso não adotem medidas imediatas para conter a erosão. 

Mesmo com liminar anteriormente deferida, as fortes chuvas das últimas semanas agravaram o cenário e ao longo da última semana a promotoria realizar novas diligências no local e voltou à Justiça para exigir a imposição da multa, no que foi atendida..

Durante as vistorias, foram identificadas valas com cerca de 10 metros de largura e até dois metros de profundidade às margens da rodovia, além da exposição de tubulações de esgoto, que ficaram vulneráveis a rompimentos. 

De acordo com a promotoria, a situação representa risco concreto e iminente de acidentes de grandes proporções, inclusive com possibilidade de vítimas fatais, em um trecho por onde trafegam diariamente ônibus, veículos leves e caminhões pesados.

Diante dos novos fatos, o Promotor de Justiça Allan Thiago Barbosa Arakaki peticionou nos autos destacando a piora do quadro e a ameaça à segurança viária, à saúde pública e ao meio ambiente.

Ao analisar os documentos e fotografias apresentados pelo MPMS, o juiz Rodrigo Barbosa Sanches acolheu os pedidos e determinou que os requeridos iniciem, em até cinco dias, ações emergenciais para conter o escoamento das águas pluviais, realizem a manutenção dos sistemas de drenagem e apresentem, em até 60 dias, relatório técnico com as providências adotadas e os resultados obtidos.

Além da atuação judicial, o MPMS também dialogou com proprietários rurais afetados pelos danos, esclarecendo que prejuízos patrimoniais individuais poderão ser objeto de reparação específica.

Por conta desta terra e de outras erosões, o Córrego Piravevê, que desemboca no Rio Ivinhema e separa os municípios de Angélica e Ivinhema, praticamente desapareceu. O leito foi completamente tomado pela terra e a promotoria também já recorreu à Justiça para tentar obrigar a prefeitura e o Governo do Estado a fazerem a recuperação.

O Correio do Estado procurou o prefeito Juliano Ferro em busca de informações para saber se alguma providência já foi adotada nos dois bairros que dão origem à erosão, mas ele não deu retorno. 

 

 

atraso nas chuvas

Nível do Rio Paraguai começa a subir e traz alento à mineração

Nos últimos 12 dias subiu 24 centímetros na régua de Ladário, mas ainda está longe de alcançar o nível ideal para o transporte de minérios

20/12/2025 18h30

Parte dos embarques de minérios é feita próximo da área urbana de Ladário, mas o volume maior ocorre em Porto Esperança

Parte dos embarques de minérios é feita próximo da área urbana de Ladário, mas o volume maior ocorre em Porto Esperança

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Depois de chegar a 3,31 metros na régua de Ladário no dia 16 de julho, o nível do Rio Paraguai estava baixando ininterruptamente até o dia 8 de dezembro, quando atingiu a mínima de apenas 24 centímetros. Depois disso, começou a subir, mas tardiamente. No ano passado ele começou a subir quase dois meses mais cedo.

E, apesar de até agora as chuvas terem sido escassas na região norte de Mato Grosso do Sul e no sul de Mato Grosso, o nível do rio está melhorando nos últimos 12 dias e neste sábado amanheceu  em 54 centímetros. O nível ainda está longe do necessário, mas já traz alívio para o setor de transporte de minérios, que está praticamente parado faz dois meses. 

Nos dez primeiros meses do ano foram escoados, segundo dados da Agência Nacional de Transporte Aquaviário (Antaq), 7,6 milhões de toneldas de minérios pela hidrovias, batendo todos os recordes de movimentação. Incluindo grãos e outros produtos, o volume transportado pelo Rio Paraguai chega a 8,2 milhões de toneladas em dez meses de 2025.

Em 2023, que até então era o melhor ano do setor, o volume de minérios havia chegado a 5,6 milhões de toneladas nos dez primeiros meses do ano. Naquele ano, porém, havia muito mais água no rio e o pico da cheia chegou a 4,24 metros. Depois que ultrapassa os quatro metros em Ladário o rio começa a transbordar e a alagar a planície pantaneira.

No ano passado, quando atingiu seu pior nível da história, com 69 centímetros abaixo de zero na régua de Ladário, as chuvas fortes chegaram mais cedo e o Rio Paraguai começou a subir já a partir do dia 17 de outubro. 

Por conta disso, no dia 20 de dezembro já estava em 94 centímetros, o que é 40 centímetros acima do nível em que amanheceu neste sábado (20). Estas chuvas logo no início da temporada, em setembro do ano passado, foram fundamentais para que o transporte de minérios fosse retomado logo no começo de 2025.

O cenário, porém, será diferente no começo de 2026. Sem as dragagens que estão previstas no projeto de concessão da hidrovia, o nível ideal para o transporte é acima de 1,5 metro. Porém, as barcaças ainda descem pela hidrovia, com volume menor, até que o rio tenha em torno de um metro na régua de Ladário. 

E, como até agora os rios subiram pouco na região sul de Mato Grosso, a pespectiva é de que o nível em Ladário só chegue a 1,5 metro depois de janeiro, atrapalhando o transporte de minérios no primeiro mês do ano. Em janeiro de 2025, por exemplo, foram despachadas 521 mil toneladas de produtos. No final do mês o rio já estava em 1,34 metro. 

O nível se manteve acima de um metro até o dia 20 de outubro deste ano. No dia primeiro daquele mês ainda estava em 1,79 metro, mas recuou rapidamente e no final do mês estava em apenas 66 centímetros. Mesmo assim, segundo a Antaq, ainda foram despachadas 678 mil toneladas de minérios, o que equivale ao volome de cerca de 14 mil carretas bi-trem somente em outubro. 

TRIBUTÁRIOS IMPORTANTES

Embora os rios Miranda e Aquidauana desemboquem no Rio Paraguai abaixo da régua de Ladário, a água destes dois tributários é fundamental para melhorar a navegabilidade. E, esta semana foi a primeira vez que ambos superaram a marca dos quatro metros, segundo dados do Imasul. 

Na sexta-feira (19), em Aquidauana, o rio com o mesmo nome da cidade alcançou 4,56 metros, o que ainda é 1,5 metro abaixo do nível de alerta. Somente quando supera os 7,3 metros é que entre em situação de emergência. Ou seja, já se passaram quase quatro meses do período de chuvas e o Aquidauana não encheu nenhuma vez. 

Situação parecida ocorreu com o Miranda. Após as chuvas do começo da última semana, ele chegou a 4,48 metros na régua instalada próximo à cidade de Miranda. Ele também só entra em situação de emergência depois que ultrapassa os 7 metros, o que não aconteceu nenhuma vez na atual temporada de chuvas. 

O Rio Coxim, por sua vez, chegou a entrar em nível de alerta ao longo da última semana, ultrapassando os quatro metros. Mas, depois de alcançar 4,16 metros começou a baixar. Somente depois que ultrapassa os cinco metros é que se considera que ele encheu. 

O Rio Piquiri, na divisa com Mato Grosso, que entra em situação de emergência somente depois que ultrapassa os 5,8 metros, estava em apenas 2,12 metros nesta sexta-feira, apesar das chuvas que atingiram a região ao longo da semana. 


 

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