Diagnosticado com a síndrome de Guillain-Barré, Guilherme enfrentou a paralisia desde os quatro anos de vida e, diante da possibilidade de nunca mais voltar a andar, foi "salvo" pelo trabalho do centro de equoterapia que funciona no município de Maracaju.
No interior do Mato Grosso do Sul, distante cerca de 159 quilômetros da Capital, o trabalho do Sindicato e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/MS) foi fundamental para que o pequeno voltasse a correr, brincar e praticar esportes como é o desejo de toda criança.
Inaugurado em novembro de 2017, o Centro de Equoterapia de Maracaju conta com apoio técnico do Senar/MS e parceria da prefeitura, ofertando ao praticante uma equipe multidisciplinar e pista estruturada pelo sindicato, no parque de exposições da cidade.
Ao todo, Mato Grosso do Sul conta com cinco dessas unidades, apoiados através do programa "Passo a Passo", de apoio á criação e funcionamento de Centros de Equoterapia no Estado.
Gerente do Sindicato Rural de Maracaju, Cláudia Nogueira faz questão de ressaltar que a unidade local, hoje, é referência para todo o Mato Grosso do Sul.
"O Senar/MS nos garante a capacitação da equipe, alguns equipamentos, materiais para o andamento do centro, como sela, manta. Então é muito importante para nós essa parceria", cita ela em nota divulgada pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul.
Superação
Samara Marques, mãe de Guilherme, diz que presenciou um "renascimento" do próprio filho, após essa história ter início com as reclamações do pequeno de que não sentia as próprias pernas, sem conseguir segurar o choro ou se mover.
Inicialmente, Guilherme foi diagnosticado de forma equivocada como um caso de "dor de crescimento", sendo que Samara não precisaria se preocupar.
Em menos de 24 horas, contrariando o indicativo, Guilherme foi trazido para Campo Grande já em quadro de comprometimento nos órgãos internos e movimentos reduzidos.
A partir de então foi necessário um tratamento agressivo no pequeno, a base de imunoglobulina, medicamento que é derivado do soro do cavalo e usado na tentativa de conter o avanço da doença.
"Era como se eu tivesse um bebê de tamanho maior. Ele não andava mais, ´tinha que usar fralda, ficava só na cadeira de rodas e tínhamos que carregar ele no colo para todo lado", relembra Samara em material divulgado pelo Sistema Famasul.
Após receber alta, na prática, Guilherme foi considerado tetraplégico com uma recuperação de movimentos considerada "improvável".
Em busca de tratamentos e terapias, o nome da solução saiu da bota de uma médica e trouxe esperança para essa mãe, que pesquisou por vídeo e notou que na própria cidade havia oferta do tratamento gratuito.
Oferecido pelo Sindicato em parceria com o Senar, ela conta que a surpresa veio já na primeira aula, já que após sentar com apoio sobre o animal Guilherme mexeu, ainda que discretamente, um de seus dedos, levando a mãe às lágrimas.
O feito se repetiu na terceira sessão, Guilherme já conseguia sozinho manter o equilíbrio sobre o cavalo, evolução que foi apoiada pelo uso de órteses e andador.
Com a rotina de brincadeiras, hoje, o amor pelos cavalos se mantêm. "Eu gosto de jogar bola na educação física, sou goleiro do meu time", comenta o pequeno.


