Cidades

Conflito Fundiário

Famasul diz que há 900 propriedades reivindicadas por indígenas em MS

Em reunião na Alems, os representantes dos produtores rurais pedem o cumprimento de reintegração de posse em terras

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De acordo com informações da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), no Estado, 900 propriedades rurais que são apontadas como território indígena pela Funai estão sendo revindicadas pelos povos originários. Essas áreas, segundo a Famasul, somam mais de 275 mil hectares e abrangem 30 municípios do Estado. 

“Considerando áreas pretendidas nas fases delimitadas e declaradas, são cerca de 9 milhões de hectares que afetam 10.200 propriedades rurais, em 25 estados do Brasil”, disse a federação em nota.

As informações sobre as terras que são alvo de disputa entre proprietários rurais e indígenas foram proferidas em reunião organizada pela Famasul, que ocorreu ontem na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems), com a participação da Frente Parlamentar Invasão Zero (FPIZ) e a Frente Parlamentar de Defesa do Direito da Propriedade (FPDDP), comandadas pelo Deputado Estadual Coronel David (PL). 

Ao fim da reunião, o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni, demonstrou preocupação com o conflito fundiário, principalmente com o impedimento do trabalho dos produtores rurais, que alegam dificuldades com o plantio e a colheita, por conta das retomadas indígenas nas terras.

“O produtor tem sofrido realmente com isso [conflitos fundiários], porque só com a decisão de reintegração de posse o produtor consegue o direito de plantar na área. Os produtores estão atrasados, porque não conseguiram jogar os insumos na terra antes do plantio, e eles precisam ter acesso à propriedade para plantar até o dia 15 de setembro”, declarou Bertoni.

Na reunião, os representantes dos produtores rurais alegaram que as comunidades indígenas, que estão reivindicando os territórios delimitados, mas não demarcados, não estão cumprindo com decisões judiciais de reintegração de posse e defendem a constitucionalidade do Marco Temporal.

Ao Correio do Estado, o deputado Coronel David informou que as partes envolvidas na reunião chegaram a um entendimento de que é necessário pressionar o Poder Judiciário para que essas ordens de reintegração sejam respeitadas.

“Houve o entendimento de que as invasões continuam acontecendo porque não está sendo respeitada a lei e, sobretudo, não estão sendo cumpridas as ordens de reintegração de posse. Por isso, foi decidido o encaminhamento de uma carta ao Ministro Gilmar Mendes, solicitando que a Justiça faça cumprir a lei e execute as ordens de reintegração”, disse o deputado.

Coronel David reforçou em reunião que a discussão dura mais de 25 anos e fere a preservação do Estado de Direito.

O presidente da Famasul ainda relatou que está apreensivo quanto a possíveis imparcialidades de decisões que podem ser tomadas pelo governo federal. Bertoni alega que houve exclusão dos produtores rurais nas discussões sobre segurança pública na região da terra indígena Panambi-Lagoa Rica, em Douradina, quando foi criada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública uma Sala de Situação para monitorar e adotar providências quanto às demandas na região.

A reunião na Alems também contou com a presença do presidente da Acrissul, Guilherme Bumlai, do presidente da Nelore-MS, Paulo Matos, do presidente da Novilho Precoce, Rafael Gratão, da assessora da casa Civil, Luana Ruiz, do presidente da Casa de Leis, Gerson Claro, além de outros parlamentares.

Saiba: No dia 28 de agosto, a segunda reunião de conciliação sobre o Marco Temporal foi realizada no Supremo Tribunal Federal (STF), onde foi discutido as propostas de indenizações. Ao término do debate, foi solicitado aos membros da comissão que trouxessem especialistas para serem ouvidos no próximo encontro, marcado para o dia 9.

VIOLÊNCIA EM DOURADINA

O conflito iniciado em julho, na terra indígena Panambi-Lagoa Rica, teve a sua tensão escalonada entre fazendeiros e indígenas no mês passado, quando ocorreram dois ataques de homens armados, deixando onze indígenas guarani-kaiowás feridos em Douradina, município localizado a 201 quilômetros de Campo Grande.

Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), o primeiro ataque ocorreu no dia 3 de agosto.

De acordo com os relatos, homens armados em uma caminhonete atiraram contra os indígenas com munição letal e balas de borracha.

Dois indígenas ficaram em estado grave e foram levados para o Hospital da Vida, em Dourados. Um levou um tiro na cabeça e outro no pescoço.

O ataque ocorreu na área retomada Pikyxyin, uma das sete da terra indígena Panambi-Lagoa Rica, identificada e delimitada desde 2011.

Na noite do dia 4 de agosto, outro ataque contra os indígenas foi organizado. Homens armados atiraram balas de borracha na direção da comunidade e, novamente, indígenas foram feridos.

No total, cinco pessoas foram levadas em ambulância ao Hospital da Vida, em Dourados. Três deles foram feridos por armas de fogo e dois por balas de borracha.

Os casos mencionados fizeram com que as lideranças indígenas se reunissem com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e com a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, para relatar o ocorrido e pedir a intervenção do governo federal para acelerar o processo demarcatório da região.

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CAMPO GRANDE

Polícia apura destruição de prontuários médicos em CAPS no Aero Rancho; vídeo

Em busca por cerca de 23 mil prontuários, equipes estimam que apenas oito mil foram localizados

07/04/2025 11h40

Objetivo é localizar documentos físicos, registros digitais, mídias e outros elementos de prova que possam comprovar a destruição indevida

Objetivo é localizar documentos físicos, registros digitais, mídias e outros elementos de prova que possam comprovar a destruição indevida Naiara Camargo/Correio do Estado

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Para apurar a destruição de prontuários médicos que seriam de pacientes em tratamento psiquiátrico na Capital, a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul esteve em ação na manhã de hoje (07) no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Aero Rancho, localizado na avenida Rachel de Queiroz, em Campo Grande.

O Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (DRACCO) investiga irregularidades na gestão, guarda e descarte desses documentos, que deveriam ser preservados por, no mínimo, 20 anos, conforme a legislação.

A investigação faz parte da Operação “S.O.S Caixa Preta”, nome que faz referência ao caráter emergencial da situação, já que o termo “S.O.S” simboliza o alerta acionado pela Defensoria Pública.

Conforme apurado pela reportagem, as investigações começaram em outubro de 2024, quando o Departamento Nacional de Auditoria do SUS (DENASUS) recebeu uma denúncia de possíveis irregularidades no armazenamento de documentos e solicitou à Secretaria Municipal de Saúde a relação de todos os prontuários físicos dos pacientes atendidos entre 1º de janeiro de 2009 e 31 de dezembro de 2024.

Os policiais compareceram à unidade de saúde e cumpriram mandados de busca e apreensão em dois endereços residenciais de servidoras públicas investigadas.

O objetivo é localizar documentos físicos, registros digitais, mídias e outros elementos de prova que possam comprovar a destruição indevida de documentos médicos, quebra de sigilo profissional e manipulação de sistemas informatizados. 

S.O.S

Em coletiva no Posto de Saúde Guanandi, em Campo Grande, a delegada Ana Medina, do Dracco, e o diretor do DENASUS, Rafael Bruxelas, esclareceram sobre as ações desempenhadas na manhã desta segunda-feira (07). 

Segundo a delegada, constatada inconsistência na catalogação de prontuários médicos desses pacientes psiquiátricos, a estimativa é que apenas oito mil (dos 23 mil totais) foram encontrados. 

Sobre as servidoras apontadas como responsáveis pela destruição dos prontuários, foi revelado que ambas atuavam na área administrativa, porém não houve afastamento tendo em vista que elas não trabalham mais no Caps do Aero Rancho. 

"Também havia fatos que remetiam à questão de manuseio dessa documentação por pessoas não autorizadas, havia quebra de sigilo funcional, bem como esse descarte feito de maneira irregular", complementou Ana Medina. 

Com a denúncia protocolada pela defensoria pública, ainda não há uma confirmação oficial dos motivos que levaram as servidoras a destruírem os prontuários. 

"Algumas servidoras já haviam sido inclusive ouvidas em declarações na nossa unidade, mas agora nós precisamos aprofundar e alinhar esse trabalho técnico com o Ministério da Saúde, para que a gente possa entender o que a gente está de fato enfrentando aqui e adotar outras diligências", completa a delegada.

Sobre o descarte, a delegada Ana Cláudia Medina acrescenta que alguns prontuários foram inclusive levados para a reciclagem, o que forneceria acesso à dados sigilosos de pacientes psiquiátricos descartados antes do tempo. 

Durante a operação houve apreensão de computadores e celulares no Caps Aero Rancho, com a equipe do DENASUS presente por uma semana apenas para acompanhar o caso, em apuração que deve se estender de hoje (07) até a próxima sexta-feira (11).  

"A primeira coisa é identificar que tipo de desperdício de recurso público nós tivemos nesse procedimento... é evidente que esse é um trabalho que nós vamos realizar em conjunto com a Polícia Civil, mas nós vamos fazer essa análise criteriosa, por isso nós não podemos inclusive antecipadamente informar ou passar informações para respaldar os pacientes", conclui. 

O que diz a Sesau

Secretária Municipal de Saúde de Campo Grande, a Dra. Rosana Leite afirma que esses papéis foram extraviados durante mudança de uma unidade de saúde para outra, uma vez que o Caps do Aero Rancho foi transferido de outro lugar para o Guanandi 2. 

Além disso, a secretária expõe que não tem ciência de onde os papéis foram parar: "também já foi procurado, inclusive a gente fez a impressão do sistema... nós temos a versão digital de todos eles e foi reimpresso", afirma Rosana Leite. 

Sobre a possibilidade de que alguns prontuários foram parar no lixo, Rosana diz que desconhece tal denúncia de que foram descartados em reciclagem e, caso seja verdade, irão tomar as medidas cabíveis. 
 

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INTERIOR DO ESTADO

Custo das obras do aeródromo de Inocência fica 18% mais caro

Serviço começou há 10 meses no município que deve receber a maior fábrica de celulose do mundo e já tinha ganhado em março investimento de R$ 3 milhões para "sinalização noturna"

07/04/2025 10h59

Em valores absolutos, a execução teve um acréscimo de R$ 2.931.608,81. 

Em valores absolutos, a execução teve um acréscimo de R$ 2.931.608,81.  Reprodução/Agesul

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Cerca de dez meses após o início das obras,  o contrato para obras que vão tirar o aeródromo de Inocência do papel recebeu seu primeiro termo aditivo confirmado em extrato publicado hoje (07) no Diário Oficial do Governo de Mato Grosso do Sul. 

Segundo o Governo do Estado, a execução do serviço de Implantação de PPD, taxiway, cerca operacional e pátio para o aeródromo de Inocência teve acréscimo de 18.22% no contrato.

Em valores absolutos, a execução inicialmente prevista para custar R$16 milhões saltou para R$19.020.606,83, um acréscimo de R$ 2.931.608,81. 

A obra desse aeroporto em Inocência - que servirá para a fábrica de R$ 28 bi da Arauco - teve início em meados 2024 e quando estava com cerca de 15% de execução em junho do ano passado, tinha entrega prevista até junho/julho deste 2025. 

Porém, o aditivo ao valor trouxe também a prorrogação do prazo de execução do contrato, que chega ao fim em 13 de outubro de 2025. 

Além disso, cabe destacar que o Governo do Estado confirmou mais recentemente até mesmo a  “execução do sistema de sinalização noturna” no novo aeródromo da cidade, ao preço de R$ 3.138.037,95. 

Longe cerca de 330 km da Capital de Mato Grosso do Sul, Inocência conta com cerca de 8,4 mil habitantes, mas está prestes a ser palco da maior fábrica de celulose do mundo.

Para comportar toda essa mão de obra, a Arauco prevê investimento de R$ 242 milhões para a construção de alojamentos dos trabalhadores que vão atuar na instalação da fábrica. 

Entre as aeronaves que devem usufruir do novo aeródromo, o avião turbo-hélice modelo ATR 72-600, da empresa Imetame, que chamou a atenção recentemente no Aeroporto Internacional de Campo Grande por trazer dezenas de trabalhadores que iriam para a fábrica de celulose de Ribas do Rio Pardo.

Avance Construtora

Responsável pela execução no aeródromo de Inocência, a empresa AVANCE CONSTRUTORA que abocanhou esse aditivo recente de quase três milhões de reais é responsável por tocar outras obras pelo interior do Estado. 

Entre elas, a Avance é responsável pelas obras de asfalto e drenagem em Miranda pelo valor de R$ 1,8 milhão, conforme extrato de contrato que veio à tona em junho de 2024 com validade de um ano. 

Antes disso, porém, a Avance Construtora já era contratada, por R$ 46,069 milhões para obra na rodovia de acessão ao Porto São Pedro, em trabalhos de implantação de revestimento primário retomados sem as devidas licenças ambientais, como noticiou o Correio do Estado. 

A Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos de Mato Grosso do Sul (Agesul) foi procurada, para que pudesse esclarecer quais mudanças justificam o aumento concedido pelo aditivo, bem como se posicionar a respeito, porém, até o fechamento da matéria não foi obtido retorno. O espaço segue aberto. 

 

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