Cidades

JULGAMENTO HISTÓRICO

Fazenda de R$ 700 milhões foi pivô do crime que derrubou a família Name

Disputa pela posse do imóvel com mais de 19 mil ha, em Jardim, foi apontada como causa do atentado mal sucedido que resultou na morte de Matheus Teixeira

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A fazenda Figueira tem 19.176 hectares e está avaliada em cerca de R$ 700 milhões de reais atualmente, conforme corretores ouvidos pelo Correio do Estado.  E, conforme a investigação, ela foi o  pivô que levou a família Name a determinar a execução do ex-PM Paulo Roberto Teixeira Xavier. 

Porém, os pistoleiros cometeram um erro e acabaram matando o filho dele, Matheus Xavier, de 20 anos. E por conta dessa morte, ocorrida em abril de 2019, é que Jamil Name  e o filho, Jamil Name Filho, Filho foram presos meses depois, em setembro. Jamilzinho, como é conhedido, começa a ser julgado na próxima segunda-feira, dia 17, no fórum de Campo Grande. 

A suspeita de que a disputa pela posse dessas terras seria a motivação do atentado mal sucedido é do próprio pai de Matheus. Em depoimento voluntário prestado à polícia no dia 30 de maio de 2019, ele relatou que no final dos anos 90 trabalhava como PM em Miranda e acabou se aproximando de integrantes da seita do Reverendo Moon, que à época comprou em torno de 80 mil hectares de terras na região sudoeste do Estado e outros 200 mil no Paraguai. 

Cerca de uma década depois, contudo, o projeto do reverendo em Mato Grosso do Sul fracassou e estas terras começaram a ser revendidas. E, de acordo com o depoimento do pai de Matheus, um advogado paulista, Antônio Augusto de Souza Coelho, que se dizia próximo de ministros do STJ e do STF, conseguiu procuração dos representantes legais do reverendo para revender boa parte  dos 80 mil hectares

Esse advogado, conforme depoimento do ex-policial, deu um golpe na associação do reverendo e se apropriou de cerca de 40 mil hectares. A maior destas fazendas, a Figueira, teria sido negociada com a família Name. 

Contudo, esse advogado acabou dando golpe também na família Name e nunca entregou as terras, conforme depoimento ex-policial. E, a suspeita dos supostos responsáveis pela morte do filho dele teriam chegado à conclusão de que teria participado desse golpe.

De acordo com o depoimento, na época em que trabalhava como PM  em Miranda se tornou amigo próximo do coreano Kim Young Sang. A esposa dele (mãe de Matheus) inclusive se tornou advogada particular desse coreano, que seria um dos cabeças da associação no Estado

E mesmo depois de ser transferido para Campo Grande manteve contato com Kim e por conta disso também se aproximou do advogado que supostamente passou o reverendo Moon e a família Name para trás. 

No depoimento ele também admite que neste mesmo período prestou alguns serviços como segurança para a família Name, inclusive para Jamil Name Filho, algo comum entre policiais civis e militares ao longo de décadas no Estado. 

Paulo Xavier nega, contudo, que tenha levado alguma vantagem financeira nesta disputa milionária pela posse da fazenda Figueira ou de outros imóveis supostamente tomados pelo advogado paulista. O reverendo Moon morreu em 2012 e seus herdeiros acabaram entrando em acordo com o advogado, conforme ele alegou posteriormente. 

Conforme a investigação da Operação Omertá, que levou Jamil Name e Jamilzinho à prisão, o advogado poderia ser um dos próximos alvos da milícia, mas a morte acidental do estudante de Direito acabou mudando tudo e derrubando parte do imperio do clã Name. O pai, Jamil Name, acabou morrendo em 2021, aos 83 anos, vítima de covid. Ele estava preso junto com o filho no presídio federal de Mossoró.

A FAZENDA

Cerca de 9,5 mil hectares da fazenda Figueira, no município de Jardim, são da área de transição ou fazem parte do Parque Nacional da Serra da Bodoquena, por isso o valor de venda é baixo. Mas, embora as terras façam parte do parque, são utilizadas para criação de gado e no futuro os proprietários podem receber indenização. A outa metade é de terras agricultáveis e utilizadas para produção de soja e milho. 

Corretores ouvidos nesta quinta-feira (13) pelo Correio do Estado e que conhecem o histórico de disputas pela posse do imóvel acreditam que o valor médio do hectare na fazenda seja de R$ 30 mil a R$ 40 mi.

Ou seja, uma disputa por um imóvel que vale até R$ 765 milhões foi a causa do assassinato do acadêmico cujo julgamento acontece na próxima semana. 

Além de Jamil Name Filho, também estarão na cadeira dos réus o ex-policial Vladenilson Daniel Olmedo e o ex-guarda municipal Marcelo Rios. O responsável pelos disparos fatais, José Moreira Freites, conhecido como Zezinho, foi morto pela polícia no Rio Grande do Norte em dezembro de 2020.

E, além de quatro promotores, os três acusados terão de encarar a mãe do estudante morto por engano. O crime aconteceu quando ele manobrava a caminhonete do pai e o atirador acertou pelo menos sete tiros de fuzil no veículo acreditando que o motorista fosse o ex-capitão da PM. 

Advogada pessoal de longa data de um dos “cabeças” da associação do reverendo Moon,  Cristiane de Almeida Coutinho Teixeira foi incluída nesta semana na equipe que fará o trabalho de acusação dos réus durante o júri que deve se estender por quatro ou cinco dias. 
 

Cidades

Veículos batem de frente e três pessoas da mesma família morrem na BR-267

Motorista de um Virtus tentou fazer uma ultrapassagem, quando colidiu de frente com um Corolla; todas as vítimas estavam no veículo atingido

16/12/2025 18h36

Veículos bateram de frente e três pessoas da mesma família morreram

Veículos bateram de frente e três pessoas da mesma família morreram Foto: Divulgação / PRF

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Três pessoas morreram em um acidente envolvendo dois carros de passeio, na manhã desta terça-feira (16), na BR-267, em Nova Alvorada do Sul. O acidente aconteceu durante uma tentativa de ultrapassagem.

De acordo com informações da PRF, um veículo Toyota Corolla, com placas de São Miguel de Guaporé (RO), seguia no sentido Nova Alvorada do Sul a Distrito de Casa Verde, enquanto um Virtus, com placas de Três Lagoas, seguida no sentido contrário.

Na altura do km 177, os veículos bateram de frente. Segundo testemunhas, o Virtus teria tentado fazer uma ultrapassagem e acabou colidindo com o Corolla.

Com o impacto da batida, duas passageiras no Corolla, de 55 e 73 anos, morreram na hora. Um outro passageiro, de 74 anos, chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e morreu posteriormente no hospital. O motorista, de 53 anos, não teve ferimentos graves.

Conforme informações, as vítimas eram a esposa, pai e mãe do motorista.

No Virtus estavam o condutor e um passageiro, de 42 e 37 anos, respectivamente. Ambos tiveram lesões consideradas leves e foram encaminhados ao hospital em Nova Andradina, mas não correm risco de morte.

Ainda segundo a PRF, foi realizado o teste do bafômetro nos motoristas, com resultado negativo para alcoolemia em ambos.

Informações preliminares são de que a família que estava no Corolla saiu de Rondônia para visitar familiares no interior de São Paulo.

Durante os trabalhos de resgate e perícia, parte da pista ficou interditada. As causas do acidente serão investigadas pela Polícia Civil.

Outro acidente com duas mortes

Na madrugada desta terça-feira (16), outro acidente deixou duas pessoas mortas e três feridas, na BR-158, em Três Lagoas.

Conforme reportagem do Correio do Estado, Fernanda Taina Costa da Silva, de 28 anos, conduzia um Fiat Palio, e Fernando Marconi Ramos, de 27 anos, trabalhava como moto-entregador. Ambos colidiram em ua região conhecida como anel viário Samir Tomé.

No Palio conduzido, além da motorista estavam três crianças, de 9 anos, 5 anos e nove meses, que tiveram de ser levadas ao Hospital Regional, mas o estado de saúde de todas era considerado estável. As três estavam no banco traseiro e as duas maiores estavam conscientes e orientadas.

Imagens divulgadas pelo site 24hnewsms mostram que a motocicleta atingiu a parte frontal do veículo e o piloto acabou sendo jogado sobre o para-brisa, do lado da condutora.

Embora não haja testemunhas, os policiais que atenderam à ocorrência constataram sinais de frenagem da moto, que a moto seguia pelo anel viário no sentido ao shopping Três Lagoas, quando foi atingida frontalmente pelo carro, que teria invadido a pista contrária por motivos ainda ignorados. 

 

Cabe recurso

Jogo do bicho: deputado Neno Razuk é condenado a 15 anos de prisão

Condenação foi proferida  pela 4ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul

16/12/2025 17h45

Deputado estadual Neno Razuk (PL)

Deputado estadual Neno Razuk (PL) Foto: Wagner Guimarães / Alems

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O deputado estadual Roberto Razuk Filho, conhecido como Neno Razuk (PL), foi condenado a 15 anos e 7 meses de prisão, apontado como o "cabeça" de um grupo criminoso para tomar o controle do jogo do bicho em Campo Grande. A condenação foi proferida  pela 4ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) nesta segunda-feira (15) e sentencia outras 11 pessoas. 

Conforme os autos do processo que corre em segredo de Justiça, os réus tentaram anular a condenação sob pedindo a nulidade das investigações. Em resposta ao Correio do Estado, André Borges, advogado de defesa do deputado, disse que irá recorrer da sentença. "Defesa certamente recorrerá; processo está longe de encerrar; Neno confia na decisão final da justiça", declarou. 

Condenações 

  • Carlito Gonçalves Miranda 10 anos, 9 meses e 24 dias de reclusão, em regime fechado; Não tem o direito de recorrer em liberar e segue sendo procurado;
  • Diogo Francisco 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade;   
  • Edilson Rodrigues Ferreira 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade; 
  • Gilberto Luis dos Santos 16 anos, 4 meses e 29 dias de reclusão, em regime fechado; permanecerá preso;
  • José Eduardo Abduladah 4 anos e 1 mês de reclusão, em regime fechado; permanecerá em prisão domiciliar;
  • Júlio Cezar Ferreira dos Santos 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade;
  • Manoel José Ribeiro 13 anos, 7 meses e 1 dia de reclusão, em regime fechado; permanecerá preso;
  • Mateus Aquino Júnior 11 anos e 7 meses de reclusão, em regime fechado; não terá o direito de recorrer em liberdade e segue sendo procurado;
  • Roberto Razuk Filho 15 anos, 7 meses e 15 dias de reclusão, em regime fechado; terá o direito de recorrer em liberdade;
  • Taygor Ivan Moretto Pelissari 4 anos, 11 meses e 15 dias de reclisão, em regime fechado; não terá o direito de recorrer em liberdade e segue sendo procurado; 
  • Valnir Queiroz Martinelli 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade;
  • Wilson Souza Goulart 4 anos, 2 meses e 22 dias de reclusão, no semiaberto; terá o direito de recorrer em liberdade; 

Buscas

Em novembro deste ano, o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), apreendeu mais de R$ 300 mil durante a operação deflagrada contra alvos ligados à família Razuk. A ação, realizada em conjunto com o Batalhão de Choque da Polícia Militar, também resultou na prisão de três familiares do deputado estadual Neno Razuk. 

Foram detidos o pai do parlamentar, Roberto Razuk, e os irmãos Rafael Razuk e Jorge Razuk. Segundo informações, além do montante em dinheiro, equipes recolheram armas, munições e máquinas supostamente usadas para registrar apostas do jogo do bicho.

Os materiais foram apreendidos durante o cumprimento dos 20 mandados de prisão preventiva e 27 de busca e apreensão executados  em Campo Grande, Dourados, Corumbá, Maracaju e Ponta Porã, além de endereços no Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul.

Em Dourados, viaturas foram vistas logo cedo em bairros como Jardim Água Boa e Vila Planalto. A residência de Roberto Razuk foi um dos principais pontos de ação, onde agentes recolheram malotes.

Outro alvo da operação é Sérgio Donizete Balthazar, empresário e aliado político, proprietário da Criativa Technology Ltda., que no início deste ano ingressou no Tribunal de Justiça com mandado de segurança para tentar suspender a licitação da Lotesul, estimada em mais de R$ 50 milhões.

Também aparecem entre os alvos o escritório de Rhiad Abdulahad e Marco Aurélio Horta, conhecido como "Marquinho", chefe de gabinete de Neno Razuk e funcionário da família há cerca de 20 anos.

A família Razuk, já foi alvo de apurações relacionadas ao jogo do bicho em Mato Grosso do Sul. A ação é tratada pelo Ministério Público como uma nova fase dessas investigações.

FASES

Em outubro de 2023, antes das fases da Successione, a Polícia Civil fez uma apreensão de 700 máquinas da contravenção, semelhantes a máquinas de cartão utilizadas diariamente em qualquer comércio, sendo facilmente confundidas.

As prisões foram desencadeadas a partir da deflagração das fases da Operação Successione, que começou no dia 5 de dezembro de 2023. Na ocasião, foram cumpridos 10 mandados de prisão e 13 mandados de busca e apreensão. Foi nesta fase que os ex-assessores parlamentares de Neno Razuk foram pegos.

Duas semanas depois, no dia 20 de dezembro, foi deflagrada a segunda fase da operação, com o cumprimento de 12 mandados de prisão e 4 de busca e apreensão. Ela foi realizada após investigações do Gaeco apontarem que a organização criminosa continuou na prática do jogo do bicho, além de concluírem que policiais militares também atuavam nesta atividade.

No dia 3 de janeiro do ano passado, chegou a vez da terceira fase da operação, com mais dois envolvidos presos pela contravenção na Capital.

A disputa pelo controle do jogo ilegal em Campo Grande se intensificou após a prisão de Jamil Name e Jamilzinho, durante a Operação Omertá, em 2019, que eram apontados pelas autoridades como os donos do jogo do bicho em Mato Grosso do Sul. 

Quatro anos depois, Jamil Name Filho foi condenado a 23 anos de reclusão, após um julgamento de três dias.

O termo italiano "Successione"  que dá nome a operação, é uma referência a disputa pela sucessão do jogo bicho em Campo Grande após a operação Omertá. A decisão desta terça-feira cabe recurso. 

**Colaborou Felipe Machado

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