Cidades

análise

Fim de defesa da honra é passo para coibir a violência contra a mulher

STF formou maioria para retirar a validade da legítima defesa de honra, usada na absolvição de acusados de feminicídio; julgamento, no entanto, foi paralisado e será retomado em agosto

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O Supremo Tribunal Federal (STF) votou contra a validade da legítima defesa de honra, usada na defesa de acusados de feminicídio, na sexta-feira. A advogada criminalista Janice Andrade afirma que a decisão parcial é um passo positivo na luta contra a violência à mulher. 

“Infelizmente, essa tese era levantada pela defesa de réus do feminicídio com o intuito de desumanizar a vítima, dizer que ela é culpada, dizer que era promíscua, que ela traiu, sempre com a tese de ‘matei porque traiu’, mas a gente sabe que os homens matam todo dia, não é porque traiu”, comenta Janice. 
A advogada relembra casos em que a desumanização e a tentativa de culpar a vítima aconteceram por parte da defesa do réu, como aconteceu com Mayara Amaral, violinista morta pelo companheiro em um hotel de Campo Grande. 

O acusado, Luis Alberto Barros, tentou ocultar o corpo da vítima e ateou fogo na tentativa de sumir com as provas. 

Apesar de a defesa de Luis Alberto não ter alegado a tese de defesa da honra, Janice Andrade diz que tentaram culpabilizar a vítima, afirmando que Mayara teria seduzido o músico. 

“[Falaram] Que ele era casado com uma moça de família, que ela era usuária de drogas, prostituta, promíscua, era isso e aquilo”, retoma. O autor dos crimes foi condenado, em 2019, a 27 anos de prisão. 
O STF começou a análise na quinta-feira, e o ministro relator do caso, Dias Toffoli, afirmou que a tese de defesa da honra é inconstitucional por contrariar os princípios da dignidade da pessoa humana, da proteção à vida e da igualdade de gênero. 

Na sexta-feira, dando sequência à análise, os ministros Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, André Mendonça e Kassio Nunes Marques acompanharam o relator com votos contrários à tese e fizeram reflexões sobre o tema, considerando uma tentativa de defesa arcaica e cruel. 

Alexandre de Moraes comentou ainda que esse é um julgamento que manda um recado direto ao cidadão de que não será mais admitida a absolvição de uma pessoa que tenha cometido feminicídio com a alegação de defesa da honra do acusado. 

O ministro disse ainda que não serão mais toleradas condutas e discursos discriminatórios em relação a gênero. 

Dias Toffoli também aceitou a sugestão do ministro Edson Fachin e ampliou o seu voto, abrangendo a permissão de recurso contra decisões de júris que levaram em conta a tese de defesa de honra. 
O tribunal retomará as análises em agosto, quando as atividades do STF voltarem do recesso. 

CASOS 

Em setembro de 2020, a 1ª Turma do STF foi favorável à absolvição de um homem que tentou matar a ex-mulher a facadas em Minas Gerais. 

A defesa do acusado fez uso da tese de legítima defesa de honra e conseguiu unanimidade do Tribunal do Júri. 

Na ocasião, a votação foi 3 a 2 a favor da manutenção da absolvição, com votos favoráveis de Dias Tofolli, atual relator da análise que visa anular a tese, Marco Aurélio Mello e Rosa Weber. 

Os ministros que votaram contra a manutenção de absolvição foram Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. 

Durante o voto favorável, Marco Aurélio disse: “Temos que a lei maior assegura a soberania dos veredictos. O que é julgamento pelo Tribunal do Júri? É o julgamento por iguais, é o julgamento por leigos, a partir dessa previsão constitucional”. 

A advogada Janice Andrade informa que a aplicação dessa tese é chamada de “lawfare de gênero”, que é quando mesmo depois de morta a vítima sofre violência, principalmente em razão de julgamentos morais levantados durante o Tribunal do Júri. 

“Eu vejo com muito bons olhos isso. O STF demorou, nós estamos em 2023, faz tempo que está essa discussão nos tribunais, deveria já ter acabado com isso há 10 anos”, comenta a advogada criminalista. 

DADOS

Apenas este ano, dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) apontam pelo menos 11 casos de feminicídio em Mato Grosso do Sul, sendo os dois últimos registrados em Campo Grande, em um intervalo de dois dias. 

Brenda Possidonio de Oliveira foi morta em frente ao filho, de apenas sete anos, pelo seu então companheiro, Lyennan Camargo de Mattos Oliveira. A criança foi quem chamou os vizinhos, que prestaram socorro, mas Brenda não resistiu. 

A delegada Analu Lacerda Ferraz disse que as informações a respeito do quarto feminicídio na Capital este ano estão sendo levantadas. 

De acordo com os vizinhos que socorreram a criança, o menino perguntou diversas vezes se tinha conseguido salvar a mãe. 

Analu Lacerda e Elaine Benicasa afirmaram que a vítima não tinha registrado denúncias contra o autor do crime. Lyennan já tinha boletins de ocorrência por furto, roubo e violência doméstica contra a mãe do próprio filho. 

No sábado, outro feminicídio foi registrado na Capital. Natali Gabrieli da Silva Souza, 19 anos, foi morta pelo marido, Cléber Corrêa Gomez, 30 anos, a facadas.

O crime aconteceu na Rua Leopoldina de Queiroz Maia, no Parque do Lageado, e o autor foi preso em flagrante pelo Grupo de Operações e Investigações (GOI) e encaminhado para a Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (Deam), onde prestou depoimento. 

Ainda de acordo com a polícia, a mulher foi esfaqueada pelo marido enquanto fugia da residência onde o casal morava. 

Ela carregava a filha de 1 ano e 4 meses no colo, mas nem isso impediu o homem de golpear a mulher diversas vezes até que caísse morta a poucos metros da residência. 

A criança é fruto do relacionamento do casal e foi acolhida por familiares da vítima após a morte da mãe.
Conforme registrado no boletim de ocorrência, os vizinhos informaram que as brigas entre os dois eram constantes, especialmente quando ingeriam bebidas alcoólicas. Inclusive, o irmão do acusado, que também conversou com os policiais, disse que na sexta-feira aconteceu um desses momentos. 

Ainda segundo ele, o casal bebeu durante a noite toda na companhia de amigos e, por volta de 4h30min de sábado, Natali e Cléber começaram a brigar e a quebrar objetos da casa onde moravam. 

O cunhado da vítima conta que quando já estava em casa, que fica vizinha à residência do casal, viu Natali passando com a cabeça machucada e Cléber atrás, com uma faca. Ele a esfaqueou até que ela morresse. 
Depois de matar Natali, Cléber fugiu, mas foi encontrado na casa da irmã, próximo ao local do crime. Ele confessou e foi preso em flagrante.

Mato Grosso do Sul tem altos índices de feminicídio. Em 2022, foram registrados 42 casos pela Sejusp e, em 2021, foram 34 notificações.

PARALISAÇÃO

Prefeitura e Governo Estadual afirmam que repasses à Santa Casa estão em dia

Além da verba repassada pelo convênio entre Município, Estado e Governo Federal, o Executivo alega que aporta R$ 1 milhão extra, por mês, pagos desde o início do ano

22/12/2025 17h30

Os profissionais de enfermagem, limpeza e copa da Santa Casa reivindicam pelo pagamento do 13º salário

Os profissionais de enfermagem, limpeza e copa da Santa Casa reivindicam pelo pagamento do 13º salário Marcelo Victor / Correio do Estado

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A Prefeitura Municipal de Campo Grande emitiu nota, durante a tarde desta segunda-feira (22), para afirmar que os repasses financeiros estão em dia com o Hospital Santa Casa. Além disso, também relata que aporta, mensalmente, R$ 1 milhão extra à instituição.

Atualmente, a Santa Casa recebe R$ 392,4 milhões por ano (R$ 32,7 milhões por mês) do convênio entre Governo Federal, Prefeitura de Campo Grande e Governo do Estado para atendimento via Sistema Único de Saúde (SUS).

Confira a nota do Município:

"A Prefeitura de Campo Grande está rigorosamente em dia com todos os repasses financeiros de sua responsabilidade destinados à Santa Casa. Desde o início deste ano vem, inclusive, realizando aportes extras de R$ 1 milhão mensais.

Diante do cenário de greve, o Executivo tem adotado todas as medidas possíveis para colaborar com a instituição neste momento, mantendo diálogo permanente, buscando alternativas que contribuam para a regularidade dos atendimentos e a mitigação de impactos à população".

Além da Prefeitura, o Governo do Estado também se manisfestou sobre os recursos repassados ao hospital. Através da Secretaria Estadual de Saúde (SES) negou estar em débito com a Santa Casa e, por isso, não pode ser responsabilizado pelo pagamento do 13º salário aos servidores. 

Em nota, a Secretaria também afirmou que vem realizando um pagamento extra aos hospitais filantrópicos do Estado nos últimos anos, a fim de auxiliá-los nos custos e no cumprimento de suas obrigações. 

Além disso, a pasta afirmou que todos os pagamentos destinados à Santa Casa são feitos ao Município de Campo Grande, sempre no quinto dia útil. 

O balanço divulgado pela SES mostrou que, de janeiro a outubro de 2025, foram repassados R$ 90,7 milhões, distribuídos em R$ 9,07 milhões mensais. Na parcela referente aos mês de novembro, houve um acréscimo de R$ 516.515, o que elevou o repasse mensal ao hospital para R$ 9,59 milhões. 

“O Estado está integralmente em dia com suas obrigações. Cabe destacar que, além dos repasses obrigatórios, em 2025 o governo estadual já destinou mais R$ 25 milhões em recursos oriundos da bancada federal para atender a Santa Casa de Campo Grande”, ressaltou a nota da SES.

Greve

A paralisação das atividades dos profissionais de enfermagem, limpeza e copa da Santa Casa nesta segunda-feira (22) foi motivada pela falta de pagamento do 13º salário. 

O movimento afeta, até o momento, 30% dos serviços oferecidos no hospital, resultando em 1.200 funcionários “de braços cruzados”, entre profissionais do atendimento (consultas eletivas, cirurgias eletivas, enfermaria, pronto socorro, UTI, etc), limpeza (higienização de centros cirúrgicos, consultórios, banheiros, corredores, etc), lavanderia (acúmulo de roupas utilizadas em cirurgias ou exames) e cozinha (copa).

Na última sexta-feira (20), a Santa Casa alegou que não tinha dinheiro para o pagamento do benefício aos servidores, e propôs o parcelamento do 13º salário em três vezes, em janeiro, fevereiro e março. 

No entanto, a proposta não foi aceita pelos profissionais, que foram às ruas pedindo pelo pagamento integral do salário, em parcela única. 

De acordo com a Lei nº 4.090/1962, o 13º pode ser pago em duas parcelas: uma até o dia 30 de novembro e outra até o dia 20 de dezembro, sem atrasos.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Enfermagem, Lázaro Santana, explicou que a movimentação não se trata de uma greve, mas sim, de uma paralisação, e que os serviços estarão funcionando em períodos. 

“Nós não estamos de greve, estamos fazendo paralisações por período. A gente só vai voltar a hora que o dinheiro estiver na conta. Qualquer 30% que você tira da assistência, isso pode gerar uma morosidade, não uma desassistência, mas uma morosidade no atendimento”, explicou ao Correio do Estado. 

Segundo Santana, Estado e Município dizem que os pagamentos estão em dia.

“Ninguém sabe quem está certo, porque o governo fala que está fazendo tudo em dia, o município também, e a Santa Casa fala que não. Só que toda essa falta de comunicação, esse consenso que eles não chegam nunca gera esse tipo de problema, porque hoje nós estamos reivindicando ao pagamento do décimo, mas durante todo o ano paralisamos também cobrando o pagamento do salário do mês. Isso gera um transtorno muito grande. O que a Santa Casa alega é que ela depende de reajuste de melhorias no contrato para poder honrar o compromisso”.

 

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Cidades

Homicida se entrega à Polícia 8 meses após o crime

Homem estava foragido deste a data do crime, em abril

22/12/2025 17h00

Divulgação/PCMS

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Um homem foi preso ontem (21) ao se entregar na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário do Centro Especializado de Polícia Integrada (DEPAC/CEPOL) após ter estado foragido por 8 meses por ter participado de um homicídio registrado na zona rural do distrito de Anhanduí.

O Crime

De acordo com as informações levantadas, o corpo de um homem foi localizado na manhã do dia 12 de abril de 2025, às margens de um córrego próximo à BR-163. 

As investigações iniciais indicaram que, no dia anterior ao desaparecimento, a vítima esteve no local na companhia de dois conhecidos, após consumo de bebida alcoólica. Apenas um deles retornou para casa. O outro passou a apresentar comportamento considerado suspeito e não foi mais localizado.

Após dois dias de buscas realizadas por familiares, Guarda Municipal e Polícia Militar, o corpo foi encontrado no mesmo ponto onde o grupo havia se reunido. Durante os trabalhos periciais, foram recolhidos objetos que podem ter relação com o crime.

Rendição

No dia 21 de dezembro de 2025, cerca de oito meses após o homicídio, o homem foragido compareceu espontaneamente à Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário do Centro Especializado de Polícia Integrada (DEPAC/CEPOL), onde confessou a autoria do crime.

Diante dos elementos colhidos, a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul representou pela prisão preventiva do autor. O pedido foi analisado pelo Poder Judiciário, que decretou a prisão preventiva no mesmo dia, resultando no imediato recolhimento do autor ao sistema prisional.

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