Cidades

Dourados

Fiscalização de Isa Marcondes contra médicos é 'tragédia anunciada', diz sindicato

Para o Sindicato dos Médicos, a vereadora está tentando fazer sensacionalismo nas redes sociais para ganhar seguidores

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O Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul (Sindmed/MS) afirmou que as chamadas fiscalizações promovidas pela vereadora Isa Marcondes (Republicanos) nas unidades de saúde estão se tornando insustentáveis e colocam a categoria em risco no município de Dourados.

O presidente do Sindicato dos Médicos, Marcelo Santana Silveira, classificou a exposição dos profissionais, desde o período da campanha eleitoral, como “sensacionalismo barato”, que não chega ao cerne da questão.

Em conversa com a reportagem do Correio do Estado, Marcelo Santana afirmou que a vereadora tenta atribuir aos profissionais da rede pública a responsabilidade pela situação da saúde no município.

“Ela faz essas fiscalizações e a gente percebe que ela coloca em rede social e expõe, onde ela tem um número significativo de seguidores, e a gente não vê ações concretas da parte dela [para sanar o problema]. Parece mais com uma intenção de autopromoção, gerando desinformação e situações em que ela coloca o profissional como responsável por toda a situação de saúde que o município enfrenta”, destacou o presidente do Sindmed.

À frente do sindicato e recebendo diversas denúncias, o médico relata que acompanha a situação com cautela, já que as publicações podem eventualmente inflamar a população contra os profissionais.

“A maior parte dos profissionais de saúde, no caso dos médicos, está exercendo sua atividade de forma digna, trabalhando pela saúde. São a linha de frente nesse atendimento. E esses profissionais, a gente está vendo não só no estado, mas no Brasil inteiro, vêm enfrentando um aumento da violência”, afirmou.

Segundo o presidente, um estudo apresentado pelo Conselho Federal de Medicina apontou que, nos últimos dez anos, cerca de 40 mil boletins de ocorrência foram registrados por médicos por diversos tipos de violência.

“No estado, foram em torno de 200 boletins de ocorrência no ano passado. Então, a gente está entrando em uma situação em que temos uma saúde pública muito deficitária, e isso, obviamente, gera na população, que tem carência de assistência de qualidade, uma insatisfação total com o serviço”, declarou.

A falta de insumos, remédios e estrutura, conforme destacou o presidente do sindicato, acaba afetando diretamente os médicos na ponta do atendimento. Ele entende que a forma como a vereadora Isa Marcondes publica seu material termina por atribuir aos profissionais a culpa pelas falhas do sistema.

Repercussão


Na noite da última quinta-feira (3), a vereadora entrou em um embate com um médico, e a situação terminou na delegacia. Um episódio que, conforme pontuou Marcelo Santana, está tornando o trabalho da categoria “insustentável”.

“Os profissionais estão indo trabalhar com medo. Eles estão denunciando para a gente toda essa situação que vem ocorrendo lá. Essa exposição denigre o profissional e está gerando um estopim, um barril de pólvora. E ontem, dentro desse vídeo, o profissional, já cansado e que inclusive já havia denunciado que ela o estava expondo nas redes sociais, chegou à situação que chegou”, relatou.

Mas onde estava o médico?


O levantamento realizado pelo Sindmed em relação às reclamações sobre supostas faltas na unidade de saúde - com relação ao médico que discutiu com a vereadora - demonstrou que, em uma das ocasiões, o médico estava realizando visitas domiciliares e, em outra, participando de um curso.

“Tanto visitas domiciliares como cursos estão previstos dentro das atribuições dos profissionais do SUS. E esse profissional, obviamente, questionou esse tipo de exposição que ela estava fazendo dele, e começou essa confusão que, pelo desfecho, parece que levou ambos à delegacia, com ela dando voz de prisão ao profissional”, explicou Santana.

Desfecho


Diante do ocorrido, o Sindmed informou que denunciou o caso ao Ministério Público, por mais de uma vez e, em outra ocasião esteve reunido com o Conselho Municipal de Saúde de Dourados.

“Esse tipo de ação midiática, que acho que é a grande questão, não visa melhorar as condições de saúde da população. Um vereador sério tem que cobrar a administração pública municipal também em relação ao que falta nas unidades”, afirmou.

Entretanto, o sindicato acredita que o intuito das publicações tem sido o aumento do número de seguidores nas redes sociais, em que aparece apenas a visão da vereadora, sem direito de resposta aos profissionais.

O órgão pontuou que não é contrário às fiscalizações, desde que sejam feitas de maneira ética e sem “sensacionalismo barato visando autopromoção”, em ações que podem colocar a vida de profissionais em risco.

“O que a gente cobra realmente dela é que tenha propostas concretas para a melhoria da saúde da população. Isso aí não tem nada de concreto. São só exposições vagas, em que a gente vê profissionais da saúde,  que são servidores públicos, sendo expostos de forma injusta”, finalizou o presidente.

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CAMPO GRANDE

Ônibus voltam a circular após fim da maior greve em 31 anos

Em junho de 1994 ocorreu a greve de ônibus mais duradoura na cidade, quando o transporte público ficou parado por 4 dias

19/12/2025 08h00

Ônibus retornaram no final da tarde de ontem e encerraram a greve de 3 dias e meio

Ônibus retornaram no final da tarde de ontem e encerraram a greve de 3 dias e meio Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A greve dos motoristas de ônibus chegou ao fim na tarde de ontem em Campo Grande, após três dias e meio desde o início da paralisação. Esta se tornou a maior interrupção do serviço já feita na Capital desde junho de 1994, quando o serviço ficou parado por quatro dias.

Na tarde de ontem, horas depois de o governo do Estado anunciar a antecipação do repasse de R$ 3,3 milhões de janeiro para que fosse paga a folha salarial de novembro, o Consórcio Guaicurus e trabalhadores se reuniram novamente na tentativa de oficializar o fim da paralisação e discutir os últimos ajustes, sob mediação do desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região (TRT24) César Palumbo Fernandes, que foi responsável pelas decisões judiciais recentes envolvendo o caso.

Reuniram-se Demétrio Freitas, presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande (STTU-CG), Themis de Oliveira, diretor-presidente do Consórcio Guaicurus, e Otávio Figueiró, diretor-executivo da Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos (Agereg).

Com cerca de duas horas de duração, a audiência terminou com final feliz para as partes. Após a assinatura da homologação da decisão, Demétrio Freitas confirmou o fim da greve e disse que a parte atrasada referente ao salário de novembro foi depositada, permitindo que os serviços fossem retomados de forma gradual durante o restante do dia.

“Com essa garantia de pagamento, eu vou convocar todos os trabalhadores para que retornem ao trabalho imediatamente, e amanhã [sexta-feira] volta à normalidade. Sabendo que todos os trabalhadores vão receber, que era o que a gente queria, a greve com certeza vai ser suspensa”, reforçou o presidente do STTU-CG.

Sobre a multa prevista na decisão judicial, que acumula valor de R$ 520 mil desde segunda-feira, Demétrio disse que ainda segue, mas o desembargador prometeu que haverá uma nova rodada de conversas para determinar se será paga ou retirada. Porém, garantiu que os motoristas não serão penalizados pelos dias parados.

Mesmo com a decisão sendo oficializada no fim da tarde, o presidente do sindicato garantiu que os ônibus já voltariam a circular no mesmo dia. Como prometido, às 17h51min saiu o primeiro coletivo da garagem do Consórcio Guaicurus em direção a um dos terminais.

Ônibus retornaram no final da tarde de ontem e encerraram a greve de 3 dias e meioOs ônibus voltaram a pegar passageiros na noite de ontem, após três dias inteiros sem nenhum carro em circulação na Capital - Gerson Oliveira/Correio do Estado

Pelo lado do Consórcio Guaicurus, Themis de Oliveira destacou o empenho do poder público para que se conseguisse o valor necessário para quitar os vencimentos.

Além da antecipação anunciada pelo governador Eduardo Riedel (PP), o diretor-presidente da empresa disse que conseguiu cerca de R$ 1,5 milhão com a ajuda de acionistas, o que vai contribuir pagar o 13º e o adiantamento salarial (vale) até hoje.

“Foi um esforço conjunto para acharmos uma solução, que foi encontrada. A greve já foi encerrada e, a partir de agora, voltamos à normalidade na cidade. Eu acho que era isso o importante para se conseguir nessa audiência”, disse Oliveira ao fim do debate entre as partes.

É esperado que hoje volte a circular toda a frota de ônibus desde o primeiro horário, às 4h30min.

HISTÓRICO

A maior greve do transporte coletivo começou no dia 17 de junho de 1994, quando cerca de 1,5 mil motoristas pararam a frota de ônibus de Campo Grande pedindo melhores condições salariais.

Assim como ocorreu desta vez, o prefeito da época, Juvêncio da Fonseca, criticou a paralisação total e, inclusive, conseguiu uma liminar para que 45% da frota voltasse a circular, mas sem cumprimento por parte da classe.

Como noticiado pelo Correio do Estado na época, há 31 anos, mais de 270 mil campo-grandenses foram afetados pela greve.

“Na periferia, os trabalhadores apelaram para a carona, lotação e táxis. No Centro, o movimento foi baixo e o clima era de um sábado à tarde. Os hospitais temem pelos pacientes caso a greve perdure”, trouxe a edição impressa do dia 18 de junho de 1994.

Quatro dias depois, no dia 21 de junho, os ônibus voltaram a circular normalmente, após os empresários do transporte público garantirem uma estabilidade de 40 dias para a classe, sem desconto dos dias parados, semelhante ao acordo firmado ontem na audiência de conciliação.

Curiosamente, quatro meses depois, em outubro de 1994, outra greve foi realizada pelos motoristas de ônibus. No dia 25, cerca de 310 mil campo-grandenses ficaram sem transporte coletivo, já que os funcionários (chamados de rodoviários na época) estavam pedindo reposição salarial de 20% e o cumprimento de algumas conquistas trabalhistas.

Porém, três dias depois, a Justiça determinou que o serviço voltasse à atividade, sob multa diária de R$ 10 mil. Ao contrário do acontecido agora e em junho daquele mesmo ano, os motoristas não peitaram a decisão e decidiram decretar a retomada dos trabalhos.

Além disso, os dias parados foram descontados do salário e uma multa de R$ 20 mil foi aplicada ao sindicato, por ter desrespeitado duas decisões anteriores.

A última greve do transporte público havia acontecido em novembro de 2021, quando motoristas pediram aumento salarial. Porém, no mesmo dia em que foi iniciada a paralisação, o problema foi resolvido, após uma reunião no TRT24 que terminou em acordo, garantindo, assim, a retomada das atividades em poucas horas.

*SAIBA

A greve e o sindicato não representam apenas os motoristas, mas também todos os trabalhadores envolvidos, como os empregados na parte administrativa e mecânicos do consórcio, totalizando 1,1 mil funcionários.

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Mato Grosso do Sul

Corretor que vendeu fazenda pivô da Ultima Ratio é suspenso pelo Creci-MS

Suspensão administrativa atinge intermediador de negócio supostamente fraudulento que virou símbolo do esquema de venda de sentenças investigado pela Polícia Federal em MS

19/12/2025 05h00

Fazenda Vai quem Quer, no Pantanal de Mato Grosso do Sul

Fazenda Vai quem Quer, no Pantanal de Mato Grosso do Sul Acervo/Correio do Estado

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O Conselho Regional dos Corretores de Imóveis de Mato Grosso do Sul (Creci-MS) suspendeu por seis meses o corretor de imóveis Paulo Aparecido Rocha Alves como punição por intermediar a transação que resultou no golpe na permuta da Fazenda Vai Quem Quer.

A tentativa de anulação do negócio jurídico fraudulento deu origem a um acórdão suspeito de ter sido comprado em um esquema de venda de sentenças e acabou se tornando um dos pivôs da Operação Última Ratio, da Polícia Federal.

“A Turma Julgadora do Creci-MS decidiu pela procedência do Termo de Representação e pela aplicação ao denunciado da sanção de suspensão, acumulada com multa equivalente a seis anuidades do exercício corrente”, informou, na decisão, o gestor de conformidade do Creci-MS, Guilherme Rubens Arcanjo Hinze.

Há cinco anos, quando Ricardo Pereira Cavassa  firmou contrato de permuta com o casal Lydio de Souza Rodrigues e Neiva Rodrigues Torres, a negociação envolvia a transferência da Fazenda Vai Quem Quer, no Pantanal sul-mato-grossense, em troca de quatro propriedades rurais localizadas em Iguape, no litoral sul de São Paulo.

À época, a intermediação foi feita pelo corretor Paulo Aparecido Rocha Alves, agora punido pelo Creci-MS, que participou diretamente da formalização do negócio posteriormente classificado como fraudulento.

O corretor de imóveis, dono da P3 Agronegócio e especialista em compra e venda de fazendas, mesmo com o negócio não tendo sido concretizado e com acusação de estelionato apresentada pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul contra os compradores, chegou a cobrar uma comissão de R$ 750 mil do pecuarista Ricardo Cavassa.

O produtor perdeu a posse da Fazenda Vai Quem Quer e recebeu, na permuta, fazendas no Vale do Ribeira (SP) repletas de irregularidades omitidas no negócio.


O golpe


Segundo o Ministério Público de Mato Grosso do Sul, as fazendas paulistas oferecidas na permuta estavam repletas de vícios ocultos, como penhoras, bloqueios judiciais e passivos ambientais, além de possuírem área inferior à anunciada.

Cavassa afirma que os problemas só foram descobertos após a assinatura do contrato, ocasião em que documentos falsos teriam sido utilizados para mascarar as irregularidades e viabilizar a concretização do negócio.

Diante da descoberta do golpe, o produtor rural ingressou com ação judicial para rescindir o contrato e reaver a posse da Fazenda Vai Quem Quer. Em primeira instância, a Justiça reconheceu a fraude, anulou a permuta e determinou a reintegração da propriedade ao vendedor.

A decisão, contudo, foi revertida em segunda instância por três desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, em julgamento que mais tarde passaria a ser investigado pela Polícia Federal.

A manutenção do negócio em favor do casal, mesmo diante das provas de vícios e da ação criminal por estelionato, tornou-se um dos episódios centrais da Operação Última Ratio.

A investigação identificou indícios de venda de sentença, com troca de mensagens e áudios que sugerem articulação prévia entre magistrados para modificar votos e validar a permuta considerada fraudulenta.

Esse contexto levou o caso ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que recentemente suspendeu o acórdão do TJMS, marcando a primeira reversão, em instância superior, de uma decisão ligada ao suposto esquema de corrupção investigado no Judiciário sul-mato-grossense.

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