As forças leais ao ditador da Líbia, Muammar Kadhafi, retomaram nesta quarta-feira (30) o controle da cidade de Brega, a leste de Ras Lanuf, que já havia sido reconquistada pela manhã, anunciaram à France Presse fontes ligadas aos rebeldes em Ajdabiyah, onde também houve bombardeios.
A informação ainda não foi confirmada, mas jornalistas em Ajdabiyah, cidade situada 80 km a leste de Brega, podiam ouvir tiros de canhão nesse setor.
A reconquista de Brega poucas horas depois da de Ras Lanuf confirmaria a rápida progressão do exército governamental para o leste do país, reduto dos insurgentes. Ela ocorre mesmo após os bombardeios ocidentais terem fragilizado as tropas de Kadhafi.
Mais cedo, rebeldes deixaram a cidade petroleira de Ras Lanuf após pesados bombardeios feitos pelas forças governamentais.
A rápida reversão vem apenas dois dias após os rebeldes terem corrido para oeste ao longo da mais importante estrada costeira.
Na ofensiva geralmente usada pelo governo, tanques e artilharia desencadeiam um feroz bombardeio sobre as cidades e forçam rebeldes a fugir rapidamente.
A Líbia enfrenta uma verdadeira guerra civil desde a metade de fevereiro, quando manifestações de opositores se intensificaram e se tornaram uma revolta armada pela saída de Kadhafi, há 42 anos no poder.
No dia 17 de março, a ONU aprovou uma resolução que permitia quaisquer medidas para evitar um massacre de civis. Logo depois, uma coalizão internacional começou a bombardear o país.
"Kadhafi nos atingiu com foguetes enormes. Ele entrou em Ras Lanuf", disse o rebelde lutador Muftah Faraj, à agência de notícias Reuters depois de se retirar da cidade. "Nós estávamos no portão ocidental e fomos bombardeados", disse outro rebelde, Hisham.
Ajdabiyah
Um ataque aéreo contra as forças de Kadhafi foi lançado nesta quarta-feira pouco antes das 15h GMT (12h de Brasília) a oeste de Ajdabiya, comprovou um jornalista da France Presse.
Depois do ataque aéreo, a vários quilômetros da cidade, era possível ver uma enorme bola de fogo de dezenas de metros, seguida uma coluna de fumaça negra, constatou jornalista.
O ataque, o primeiro em dois dias, foi imediatamente saudado por uma centena de rebeldes posicionados na entrada oeste de Ajdabiyah.
Bastidores
Enquanto os combates prosseguem, numa reunião em Londres, as potências mundiais pressionaram Kadhafi a renunciar.
Na conferência, os 40 governos e organismos internacionais concordaram em prosseguir com o bombardeio aéreo sob a liderança da Otan das forças da Líbia até que Kadhafi cumpra a resolução da ONU que pede o fim da violência contra civis opositores ao regime. No encontro ainda foi criado um grupo de 20 países e organizações, incluindo estados árabes, a União Africana e a Liga Árabe, para coordenar o apoio internacional para uma transição ordenada para a democracia na Líbia.
"Todos nós devemos continuar a aumentar a pressão e aprofundar o isolamento do regime de Kadhafi por outros meios também", disse a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, após a reunião. "Isso inclui uma frente unificada de pressão política e diplomática que torna claro a Kadafi que ele deve ir."
Os Estados Unidos, Grã-Bretanha e o Qatar sugeriram que Kadhafi e sua família poderiam ser autorizados a ir para o exílio se eles aceitaram a oferta de por fim de seis semanas de derramamento de sangue. Washington e Paris também levantaram a possibilidade de armar os rebeldes, apesar de ambos sublinharem que nenhuma decisão tenha sido tomada.
No entanto, o presidente Barack Obama disse à rede de televisão NBC que ele já havia concordado em fornecer ajuda, como equipamentos de comunicação, suprimentos médicos e, potencialmente, auxílio transporte para a oposição da Líbia, mas nenhum equipamento militar.