Cidades

FALCATRUA

Fraude; golpe da conta de luz faz campo-grandenses pagarem mais de R$ 400 em tarifas falsas

Farsa tem sido percebida por funcionários com ordem de serviço para o corte de energia e Polícia Civil já aponta para sete casos registrados

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Como se pagar um boleto já não fosse algo custoso de se fazer, pagar uma conta de energia - que vale mais de R$ 400 - falsa, é uma dor que campo-grandenses tem descoberto com uma fraude que está se tornando recorrente. 

Funcionários da Engelmig - terceirizada da Energisa que, entre as funções presta o serviço de corte e religamento de energia -, são os que tem percebido o golpe. 

Segundo informações da Polícia Civil, entre o dia 1.º de outubro até este 25 de novembro, já foram registrados um total de sete casos. 

"Todos foram da mesma forma, entraram num site falso, pensando que era da energisa. Conversaram com atendente pelo whats, que passou uma chave de pix e eles efetuaram o pagamento", informa a PC através de contato com assessoria. 

Com medo de represálias, um funcionário do setor de corte que preferiu não se identificar, relata que, ao chegar em uma residência localizada no bairro Cabreúva, próximo à Orla Morena, enquanto realizava o serviço foi abordado pelo morador. 

Indignado com a presença do trabalhador, o cidadão então corre para tentar justificar e mostrar a conta já paga, momento esse em que se percebe o golpe. 

Comprovantes de transação, ao qual o Correio do Estado teve acesso através dos funcionários, mostram boletos pagos nos valores de R$ 465,46 e até R$ 491,83.

No campo "Dados do recebedor", no boleto de valor mais caro é possível visualizar o nome "Energisa Mato Grosso do Sul" sem a identificação do CNPJ. 

Já na outra conta, a farsa vem à tona, sendo que neste mesmo campo, o recebedor é propositalmente identificado com a grafia incorreta, porém semelhante "ENGIRSA DISTRIBUIDORA", o que, num momento corriqueiro, pode passar desapercebido aos olhos menos atentos. 

Com essa segunda fatura apresentando o CNPJ, é possível identificar que não se trata de uma cobrança legítima, já que uma simples consulta pelo registro leva até o nome empresarial de "João Victor Ferreira Nunes Alves", onde deveria constar "Energisa Mato Grosso do Sul - Distribuidora de Energia S.A".

Através da consulta pode-se notar que, ao menos esse criminoso, parou de agir através do CNPJ simulando ser energisa, já que a situação cadastral é detalha como "baixada", ou seja, foi extinto pelo próprio responsável. 

Sentindo na pele 

Eber dos Santos Arruda foi uma dessas vítimas. Pastor, ele revela que sempre pagou suas contas através do código de barras, mas a promoção que oferece 1 ano de energia grátis, aos pagamentos feitos por pix, foi o que o levou até o golpe.

"Meu problema é que eu fui no Google, busquei WhatsApp da Energisa e me mostrou um número que adicionei e comecei a conversar. Dei o bom dia, como já fiz em outras vezes com a Energisa, e eles tem os códigos de quando você conversa com o computador", revela . 

Ainda, ele diz que foi quesitonado sobre sua solicitação e, ao dizer que queria "pagar conta", automaticamente foi solicitado seu CPF, momento esse em que o cliente foi identificado. 

"Como é que você vai desconfiar? Eu ponho o CPF, que é a identificação, e o cara na hora te chama pelo nome, você acha que é a Energisa mesmo", conta ele. 

Ao arquivar o comprovante de transação após o pix, Eber parece que já previa o que chama de "problema no futuro". 

Alguns dias passam até que o primeiro funcionário chega para realizar o corte, voltando para trás ao ser confrontado pela suposta fatura paga, sem que ninguém se atentasse nas primeiras três vezes que, na verdade, os moradores do Cabreúva haviam caído em um golpe. 

Após o constrangimento, a quarta visita de um funcionário, para realizar o corte, foi que trouxe o golpe à tona. 

"Falando com a minha esposa pediu pra ela mostrar a conta, aí falou que esse Pix não era da Energisa. Realmente, resolvi entrar no site e estava em aberto", comenta. 

Num primeiro momento, Eber chegou a pensar que se tratava de um erro da energisa. "Então aí que a esposa ligou pra mim e falou, olha, nós caímos num golpe", completa a vítima. 

Empresa alerta

Procurada, a concessionária de energia ressalta que é importante sempre estar atento às informações que aparecem nas cobranças. 

Além disso, a empresa pede que as pessoas confiem apenas nos canais oficiais da concessionária: aplicativo Energisa ON; assistente virtual Gisa; os totens de autoatendimento, além do call center 0800 722 7272.

Confira a nota na íntegra: 

"A Energisa orienta os clientes a utilizarem, no pagamento de faturas, apenas os códigos solicitados por meio de seus canais oficiais: aplicativo Energisa ON, a assistente virtual Gisa (www.gisa.energisa.com.br), a agência virtual, os totens de autoatendimento e o call center 0800 722 7272.

Em caso de contas impressas, os clientes podem consultar o QR Code em destaque ao final da fatura para validar as informações fiscais. Além disso, é importante sempre conferir os dados da conta ao realizar o pagamento: o beneficiário, o banco emissor e a razão social. No caso da Energisa, os boletos são emitidos pelo Banco do Brasil.

Clientes que forem vítimas de golpes devem informar a empresa por meio dos canais oficiais de atendimento".

 

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INFRAESTRUTURA

Chuvas em excesso levam asfalto, em meio a uma crise financeira

Com a precipitação que ultrapassou os 100 mm entre quarta-feira e quinta-feira, Campo Grande teve trechos de pavimentação levados pela força da água

14/11/2025 08h40

Rotatória nas Avenidas Rachid Neder e Ernesto Geisel foi tomada pela água ontem

Rotatória nas Avenidas Rachid Neder e Ernesto Geisel foi tomada pela água ontem Gerson Oliveira

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Perto dos 1.000 milímetros este ano, as chuvas evidenciam ainda mais os buracos no asfalto em Campo Grande. Em conversa com o Correio do Estado, Marcelo Miglioli, titular da Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep), afirmou que o problema não será solucionado enquanto a situação financeira do Município não for regularizada.

“Os buracos nas vias tendem a demorar mais para serem resolvidos, nós estamos com o serviço de tapa-buraco, mas muito aquém do que a gente gostaria e, enquanto não conseguirmos equalizar o financeiro, essa situação deve continuar”, disse o secretário à reportagem.

Na semana passada, quando foi convidado a participar de uma audiência na Câmara Municipal, Miglioli já havia afirmado que os buracos são “o maior problema que Campo Grande tem na parte de zeladoria da cidade” e acrescentou que “não se corrige problemas históricos de mais de 30 anos em apenas um ou dois anos”.

Com a dificuldade em captar recursos financeiros, as dívidas com as empresas que fornecem o serviço de tapa-buracos só aumenta, o que faz a Sisep realizar revezamento de dias e regiões onde serão feitos os serviços.

“A hora que nós colocarmos em ordem essa questão financeira, nós vamos ter todas [equipes] trabalhando simultaneamente e em ritmo acelerado”.

Como um dos exemplos de asfalto em condição ruim, o secretário menciona a Avenida Mascarenhas de Moraes, onde ele diz que é “preciso ser feito um projeto maior, com drenagem e uma melhor infraestrutura de pista, para isso, são necessários R$ 22 milhões”. Miglioli afirma que está buscando conseguir esse recurso.

Porém, depois, ele reafirma a falta de recurso para realizar todas as demandas que a Capital precisa e diz que a prioridade são áreas de urgência.

“A gente não tem estrutura própria para resolver esses problemas no asfalto, mas, dentro do que está disponível pelas empresas, estamos solucionando o que for prioridade, como as avenidas principais. Estamos trabalhando em ritmo forte, as questões mais emergenciais a gente está tentando resolver primeiro”, reforçou.

CHUVAS

Antes mesmo de conseguir resolver os problemas causados pela chuva da semana passada, a precipitação que caiu entre a noite de quarta-feira e ontem causou mais problemas na Capital.

De acordo com dados do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec-MS), Campo Grande registrou 111,4 mm de chuva de quarta-feira até as 15h30min de quinta-feira. A Capital foi a recordista do Estado no quesito.

Em levantamento realizado pela reportagem, com base em números do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e do Cemtec-MS, foi revelado que este ano, ainda a cerca de 45 dias de terminar, já superou o total de precipitação registrado em 2024: 922,4 mm, contra 780,6 mm (uma diferença de 18,17%).

Porém, mesmo que este ano demonstre que deverá ultrapassar a barreira dos 1.000 mm de chuva, ainda estaria longe do catalogado de 2020 a 2023, quando a Capital chegou a alcançar incríveis 1.503,4 mm, volume levemente maior que a normal climatológica – média estatística de um elemento meteorológico (como temperatura, chuva, vento) calculada ao longo de um período padrão de 30 anos –, que no caso de Campo Grande é de 1.455,3 mm.

Como era de se esperar, a forte chuva causou estragos em várias regiões de Campo Grande. Na rotatória entre as Avenidas Ernesto Geisel e Rachid Neder, uma árvore de grande porte caiu, arrastando fios de energia e rompendo um poste de luz, que acabou atingindo o totem da floricultura Jatobá Park.

Na tarde de ontem, com o retorno da chuva após horas de hiato, a Avenida Rachid Neder, mais uma vez, transformou-se em um rio de águas lamacentas. O Córrego Segredo transbordou e alagou a Avenida Ernesto Geisel. 

O alagamento deixou uma mulher e sua filha, uma criança de colo, isoladas em um carro no meio da enxurrada. As duas tiveram que ser socorridas por um homem em um trator.

Marcelo Miglioli comentou a situação da região. “O ponto mais crítico foi na Ernesto Geisel com a Rachid Neder, lá choveu 110 milímetros [até as 11h]. Já é uma região que fica comprometida quando chove muito, mas tivemos também quedas de árvores”, destaca.

A rotatória da Avenida Euler de Azevedo também foi tomada pela água.

A prefeita Adriane Lopes (PP) afirmou que as inundações que ocorreram, de forma específica, na Avenida Rachid Neder, em razão das fortes chuvas que caíram durante a noite são consequência da falta de envio de recursos do governo federal à cidade.

Em outro ponto da cidade, na Praça Itanhangá, carros foram arrastados pela enxurrada durante a chuva e parte da grade do local se desprendeu, ficando pendurada. Também houve registro de queda de árvore na Avenida Senador Antônio Mendes Canale. Equipes da Sisep foram acionadas e realizaram a limpeza do
local.

Uma árvore de grande porte caiu sobre a fiação elétrica na Rua Goiás, no Bairro Vila Célia, provocando danos em três postes. A queda da árvore interrompeu o fornecimento de energia ao prédio de uma escola e também para parte das residências vizinhas.

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SEGURANÇA PÚBLICA

Forte no tráfico, facções entram no contrabando de cigarros

Investigações da PF mostram que essas organizações ligadas ao tráfico de drogas também comandam a venda do produto

14/11/2025 08h00

Em Campo Grande, cigarros contrabandeados do Paraguai são vendidos sem problemas por locais que até anunciam o produto

Em Campo Grande, cigarros contrabandeados do Paraguai são vendidos sem problemas por locais que até anunciam o produto Gerson Oliveira

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Historicamente ligadas ao tráfico de drogas, as facções criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), entraram também para o ramo do contrabando de cigarros do Paraguai. Isso é o que já apontam algumas investigações da Polícia Federal (PF).

De acordo com investigações da PF, na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai o negócio, que antes era comandado apenas por quadrilhas especializadas no contrabando, agora também tem facções criminosas por trás da atividade.

“Existem informações muito consistentes de que facções criminosas já estão controlando esta atividade criminosa na fronteira”, afirmou a Polícia Federal ao Correio do Estado.

Entre os motivos para que esta atividade tenha entrado no radar das facções criminosas estaria o alto valor que o contrabando traz para os grupos.

“O contrabando de cigarros em nosso estado, e por conseguinte em todo o País, tem se tornado uma alternativa muito rentável e com menor risco de prisão do que o tráfico de drogas, por este motivo, muitos criminosos têm se dedicado a este tipo de crime, pois a pena é bem mais branda e a lucratividade é bastante alta”, explicou a PF à reportagem.

Mato Grosso do Sul é um estado estratégico para este tipo de atividade. Com grande fronteira com o Paraguai, principal produtor de cigarros ilegais, as quadrilhas usam essa fragilidade na fronteira para entrar para o Brasil com o produto contrabandeado.

CIGARROS

A distribuição de cigarros na fronteira de Mato Grosso do Sul, porém, começou muito antes das facções criminosas se estabelecerem no Estado e muitas são especializadas apenas neste tipo de atividade criminosa.

Matéria publicada pelo Correio do Estado ontem mostrou que um grupo descoberto pela Polícia Federal que atuava no contrabando de cigarros na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai tinha uma grande estrutura e levava o produto para o interior de São Paulo.

O grupo contava até com uma frota de veículos, que era utilizada para levar os produtos do país vizinho para Dourados. A investigação aponta que a quadrilha atuava há seis anos, pelo menos, o que indica que receberam cerca de R$ 600 milhões neste período.

De acordo com as investigações da PF, o grupo costumava utilizar carros de porte médio para transportar as cargas de cigarro. Eles saíam sempre em comboio de mais de 10 veículos de Pedro Juan Caballero com destino a Dourados.

O cigarro tinha como destino principalmente a região de Presidente Prudente (SP), informou a PF.

A investigação começou após uma apreensão feita pela Polícia Militar, em outubro deste ano, durante um bloqueio policial, na região de fronteira. Na abordagem, segundo informou a Polícia Federal, um comboio formados por 12 veículos tentou furar o bloqueio. Desses 12 carros, três foram apreendidos e o restante conseguiu fugir.

Nos veículos, do modelo Fiorino, a polícia encontrou mais de 2 mil pacotes de cigarros em cada um deles, ou seja, se os 12 veículos fossem apreendidos, seriam 24 mil pacotes.

A PF estima que o grupo seja formado por, pelo menos, 20 integrantes, que cuidavam da logística de transporte da carga do Paraguai até o interior de São Paulo. O grupo atua, pelo menos, desde 2019.

PCC E CV NA FRONTEIRA

Mato Grosso do Sul é uma região predominantemente dominada pelo PCC, facção de origem paulista que atua principalmente em Ponta Porã e em outros municípios do Estado de fronteira com o Paraguai.

Enquanto isso, o Comando Vermelho tem uma atuação mais forte no norte do Estado, na divisa com o Mato Grosso. Porém, alguns municípios da fronteira paraguaia já estão sob domínio da facção carioca, como é o caso de Coronel Sapucaia, na divisa com Capitán Bado.

Porém, matéria do Correio do Estado mostrou que as facções estão em guerra, principalmente na região de fronteira, por rotas de escoamento de drogas e de armas.

A briga tem impactado diretamente nas mortes em cidades de fronteira de Mato Grosso do Sul, como mostrou reportagem de outubro deste ano. Segundo os dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), municípios de Mato Grosso do Sul que fazem fronteira com os países vizinhos contabilizaram 2 a cada 10 assassinatos no Estado este ano.

Os municípios que fazem fronteira com países vizinhos registraram até outubro 75 vítimas de homicídios dolosos na região fronteiriça este ano, o que representa 21,43% dos assassinatos no Estado no ano.

Além da briga nas ruas, dentro dos presídios a facção carioca tem se estruturado. uma matéria publicada no dia 1º de novembro mostrou que desde 2022 já há registros de que o CV tem montado uma base no Estado. A informação veio por meio da identificação de quatro celulares em uma cela da Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira II, há três anos, em que a facção criou uma cadeia de comando no Estado. 

*SAIBA

As facçãos criminosas ampliaram a sua atuação na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai após a execução de Jorge Rafaat, conhecido como o Rei da Fronteira, em junho de 2016. Segundo investigações, a morte dele teria sido acordada entre PCC e CV.

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