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Geração atual tem pouco contato com a natureza, alertam especialistas

Geração atual tem pouco contato com a natureza, alertam especialistas

AGÊNCIA BRASIL

21/07/2019 - 12h38
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"Uma nuvem de calças". Foi assim que o jornalista e tradutor Eduardo Bueno definiu o poeta, historiador e filósofo norte-americano Henry David Thoreau, conhecido por escrever o livro Walden (ou A Vida nos Bosques). Na obra, Thoreau compartilha a experiência de levar uma vida simples, longe dos centros urbanos. 

Encantado com o esplendor da natureza, o filósofo buscou descobrir, aos 28 anos, o que seria o avesso da industrialização. Já no século 19, esperava se libertar do que classificava "uma falsa pele", empreitada que seria possível somente ao se distanciar do consumismo, segundo ele. Ao partir, não quis se explicar a ninguém, pois acreditava que as pessoas ao seu redor não entenderiam suas razões, julgando sua jornada "impertinente".

Em um trecho do livro, Thoreau afirma que a humanidade trabalha "sob engano" e se dedica a "acumular tesouros que serão roídos pelas traças". Para ele, a maioria das pessoas "não tem tempo de ser nada além de uma máquina".

Viver sem tantas frivolidades e usufruir mais intensamente de cenários naturais é também uma das propostas da Sociedade Brasileira de Pediatria e do Instituto Alana, de defesa dos direitos de crianças e adolescentes. Em maio, as duas instituições divulgaram o manual Benefícios da Natureza no Desenvolvimento de Crianças e Adolescentes. 

No documento, destacam que fatores como o planejamento urbano deficiente, o adensamento populacional, a especulação imobiliária e a "supremacia dos carros em detrimento de pedestres ou ciclistas" têm levado ao desaparecimento de espaços verdes nas cidades. Conforme explica Laís Fleury, coordenadora do projeto Criança e Natureza, do Instituto Alana, o manual tem como principal público crianças e adolescentes da zona urbana, por sofrerem mais fortemente os prejuízos resultantes desse cenário.

Déficit de natureza

Ela diz que a infância nesses locais tem como característica um progressivo "confinamento" e que esse estilo de vida provoca impactos grandes na saúde. O conjunto de efeitos citado pela coordenadora é relacionado ao chamado Transtorno de Déficit de Natureza. O termo foi cunhado por um dos co-fundadores do Children & Nature Network, Richard Louv, que escreveu o livro A Ultima Criança na Natureza (Last child in the woods).

Laís defende que o contato com a natureza promove o desenvolvimento integral das crianças porque "sua linguagem é o brincar". "Principalmente o brincar espontâneo. É através dele que a criança se conhece, compreende o mundo. O brincar passa muito pelo corpo, que é uma linguagem de conhecimento que ela vai desenvolvendo quando está crescendo", acrescenta.

"Quando está em um ambiente aberto, ao ar livre, a forma como [a criança] se comunica é através do corpo. Quando está presente em um ambiente com bastante espaço, numa praia, por exemplo, ela sente, naturalmente, vontade de correr, de pular, e esses são os verbos da infância. Ela se sente convidada, dialoga, é uma criança que, fisicamente, tende a ser mais saudável, tende a não ter problema com sobrepeso, porque está em constante movimento, desenvolvendo a força motora, a coordenação, o equilíbrio", pontua.

Segundo Laís, ao incorporar atividades ao ar livre ao cotidiano dos filhos, os pais geram benefícios adicionais, no âmbito da saúde mental. "A gente sabe, intuitivamente, do poder restaurativo que a natureza tem. Adultos, quando estão cansados, passam tempo na natureza, na floresta, isso nos regenera. E é a mesma coisa para as crianças. Esse bem-estar, esse poder regenerativo que a natureza tem é algo que impacta, de maneira muito positiva, a saúde da criança", frisa Laís.

Transformações: do individual ao coletivo

A especislita cita outros benefícios do contato das crianças com a natureza. "Há várias pesquisas que mostram que tendem a ser crianças mais equilibradas emocionalmente. É um ambiente que favorece muito a integração entre pares, membros da família, favorece vínculos, porque um ajuda o outro e tem brincadeiras acolhedoras. Quando está em meio à natureza, a criança brinca com possibilidades. Ela está, o tempo todo, criando os próprios brinquedos. Na brincadeira com o outro, não há um limitador", afirma a coordenadora.

"Ela [a criança] estabelece uma brincadeira muito criativa com a natureza, onde a gente percebe que ela ressignifica [coisas]. A gente vê um pauzinho, que, uma hora, pode ser uma espada de um príncipe e, outra hora, pode ser um rabinho de um bicho, algo para puxar um barco, uma caneta pra escrever na areia. [Nota-se] Como um mesmo elemento nutre criativamente a criança, a imaginação", complementa.

De quebra, o lúdico na natureza, diz Laís, é capaz de ampliar a resistência diante de dificuldades. "Por exemplo, ao subir em uma árvore, a criança está lidando com o risco, por estar trabalhando com a altura. E o fato de ela estar lidando com essas adversidades faz com que esteja desenvolvendo uma resiliência maior. Está trabalhando a coragem dela, com o imprevisível".

O incentivo a passeios em áreas verde é tema do guia Acampando com Crianças, elaborado pelo Instituto Alana, com o apoio da Coalizão Pró-Unidades de Conservação da Natureza e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Também participam da iniciativa o portal de campismo MaCamp e a organização Outward Bound Brasil. O material tem distribuição gratuita e pode ser baixado por download.

O guia lista oito parques nacionais com áreas reservadas para acampamento. Um deles é o Parque Nacional do Caparaó, que fica na Serra do Caparaó, divisa entre os estados de Minas Gerais e Espírito Santo. A unidade tem fama de ser um dos destinos mais procurados pelos adeptos do montanhismo no Brasil e abrigar o terceiro ponto mais alto do país, o Pico da Bandeira. 

Laís finaliza ressaltando que especialistas observam que as contribuições não se restringem às esferas espiritual e de saúde, manifestando-se, similarmente, no campo da consciência ambiental. Ela argumenta que uma pessoa, ao crescer com vivências que valorizam a biodiversidade, ano após ano, passa a prezar por uma rotina de hábitos mais sustentáveis. "Além de proporcionar para as crianças uma alegria de poder brincar, é uma experiência relacionada a valores humanos, de desenvolvimento de ética, de respeito ao outro, ao meio ambiente, de contemplação do belo", afirma.

campo grande

Pet shop que prescreve medicamentos e aplica vacinas sem médico veterinário é condenado

Justiça considerou que atividades são típicas e privativas de profissional da área veterinária e determinou a contratação do profissional, além de manter multa

22/03/2025 16h31

TRF3 manteve decisão que determinou a contratação de veterinário e manteve multa aplicada pelo CRMV-MS

TRF3 manteve decisão que determinou a contratação de veterinário e manteve multa aplicada pelo CRMV-MS Arquivo

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Um pet shop de Campo Grande, localizado nas Moreninhas, que faz prescrição de medicamentos e realiza vacinação sem um médico veterinário deverá contrarar um profissional e efetuar o registro do estabelecimento no Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Mato Grosso do Sul (CRMV-MS).

A Sexta Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) confirmou decisão que manteve auto de infração emitido pelo CRMV-MS contra a empresa.

Os magistrados seguiram o previsto na Lei nº 5.517/1968 de que a prática clínica e assistência técnica aos animais são atividades privativas da área veterinária. 

Conforme o processo, durante fiscalização do CRMV, foi constatado que o pet shop não tinha registro no conselho e nem um responsável técnico, mas oferecia os serviços de vacina e prescrição de medicamentos, e foi aplicada multa.

A empresária responsável acionou o Judiciário contestando a infração.

Ela argumentou que atua em um pet shop, no comércio de animais vivos, artigos de embelezamento e alimentos para animais de estimação, o que dispensaria a obrigatoriedade de inscrição no CRMV e a contratação de médico. 

Em primeira instância, a 2ª Vara Federal de Campo Grande julgou o pedido improcedente e manteve as sanções aplicadas pelo conselho. A mulher recorreu ao TRF3.  

Ao analisar o caso, o relator, desembargador federal relator Souza Ribeiro, considerou comprovantes originários de fiscalização conjunta efetuada no estabelecimento.  

Segundo o magistrado, documentos demonstraram receituários timbrados da empresa com prescrições de remédios para animais diversos, além de medicação injetável em uso, carteiras de vacinação em branco e tabela de preços com a oferta de consultas, exames e vacinas. 

“Embora os atos constitutivos da empresa indiquem como objeto social tão somente a atividade de venda de medicamentos e alimentos para animais de estimação, os documentos apresentados pelo réu, oriundos de fiscalização conjunta do Procon e Decon/MS, demonstram a presença de receituários contendo prescrições de medicamentos para animais diversos com o timbre da empresa, medicamento injetável em uso, juntamente com seringas, carteiras de vacinação em branco”, fundamentou o relator. 

“O auto de infração goza de presunção de legitimidade e veracidade, pois se trata de ato administrativo, subscrito por servidor dotado de fé pública. As alegações apresentadas pela apelante em nada interferem no reconhecimento da legalidade da autuação”, concluiu o magistrado. 

Com esse entendimento, a Sexta Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso.

Cidades

Militar da Marinha de MS é preso com droga avaliada em R$ 100 mil em MG

Ele saiu de Corumbá e tinha como destino a cidade de Uberaba, mas foi flagrado durante operação da Polícia Militar mineira com carga de supermaconha

22/03/2025 14h30

Maconha estava escondida em compartimento oculto de carro

Maconha estava escondida em compartimento oculto de carro Foto: Divulgação / PMMG

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Um militar da Marinha do Brasil, de 33 anos, lotado no 6º Distrito Naval de Ladário, em Mato Grosso do Sul, foi preso por tráfico de drogas em Frutal (MG), na última quinta-feira (20).

De acordo com a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), o flagrante aconteceu por meio do Grupo Tático Rodoviário da Polícia Militar Rodoviária (GTR/BPMRv), durante operação de combate ao tráfico de drogas na cidade de Frutal.

O militar estava em um Honda Civic e quando foi abordado, disse que iria visitar um amigo, mas entrou em contradição e não soube informar qual seria o endereço do suposto amigo, além de demonstrar nervosismo.

Diante da suspeita, os policiais fizeram uma vistoria minuciosa no veículo e encontraram oito pacotes de droga em um compartimento secreto dentro do tanque de combustível.

No total, foram apreendidos 4,3 quilos de skunk, conhecida como supermaconha, por ser de origem da planta cannabis sativa com concentração elevada de tetraidrocanabinol (THC).  A droga está avaliada em R$ 100 mil.

Segundo o site Portal Itatitaia, durante a abordagem, o militar quebrou o próprio celular e precisou ser imobilizado. Ele permaneceu em silêncio durante o flagrante. 

O militar foi preso e encaminhado à Delegacia de Polícia Civil de Frutal, onde o caso será investigado. O nome do suspeito não foi divulgado.

Em nota, o Comando do 6º Distrito Naval, informou que está acompanhando o caso e irá colaborar com os órgãos competentes na investigação.

O que é skunk?

O skunk, conhecido também como “skank” ou “supermaconha”, é uma droga pertence ao grupo dos canabinóides, mas com efeitos mais potentes e nocivos ao cérebro do que a maconha tradicional.

O skunk é produzido a partir do cruzamento genético e do cultivo hidropônico da planta Cannabis sativa, a mesma que dá origem à maconha.

A droga é criada em laboratório através da manipulação de espécies com engenharia genética e tem uma concentração mais forte de THC (Tetra-hidro-canabidinol), substância psicoativa que age alterando os níveis de serotonina e de dopamina, os hormônios ligados às sensações de prazer e satisfação no cérebro.

Alguns estudos apontam que a concentração de THC do skunk pode ser de sete a dez vezes maior do que a encontrada na maconha, com uma porcentagem de aproximadamente 20% na droga sintética (ou de 40%, dependendo da versão “híbrida”) contra 2,5% na sua forma tradicional.

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