O governador André Puccinelli (PMDB) voltou a desprezar a pressão do PSDB e mandou os aliados insatisfeitos colocarem a “tropa na estrada” para enfrentá-lo na batalha pela sucessão estadual, em outubro deste ano. Depois, ele disse que só vai tratar de política a partir de março e até declarou que não conversa antes sobre aliança porque, ao contrário “dos outros”, ele trabalha. Ontem, durante apresentação do relatório do desempenho das indústrias de Mato Grosso do Sul em 2009, Puccinelli destacou que “Governo que se preza, às vezes, ouve menos os políticos e mais a sociedade”. “Meu time (tempo em inglês) é diferente do time dos outros porque eu trabalho”, completou, durante conversa com empresários. A declaração é em resposta à pressão do PSDB, que com o apoio do DEM e do PPS, ameaça lançar a senadora Marisa Serrano (PSDB) na disputa pelo Governo do Estado. A disposição reflete a insatisfação dos partidos ante a indefinição do governador sobre alianças eleitorais. O fato é que a cúpula dos partidos não quer mais esperar até às vésperas das convenções para tratar do assunto. Dessa forma, ameaça candidatura própria na tentativa de forçar Puccinelli a anunciar a quem vai apoiar na briga pela sucessão presidencial. Pressão sem efeito Porém, o governador faz questão de demonstrar que a pressão dos aliados não vai surtir efeito. “Quem quiser pode colocar a tropa na estrada”, desafiou, ontem. Na sequência, ele reafirmou que só vai discutir alianças eleitorais a partir de 31 de março. Ao ser questionado sobre declaração de Marisa Serrano, que, em uma escala de zero a dez, dez é a possibilidade de concorrer ao Governo do Estado, Puccinelli se mostrou indiferente e até ironizou a pergunta, respondendo simplesmente: “oh my God!” (oh meu Deus!). O que os tucanos querem com pressa é a garantia do apoio de Puccinelli ao candidato do partido na batalha pela sucessão presidencial. Porém, o governador ainda não decidiu se vai ficar do lado da ministra Dilma Rousseff (PT) ou do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), que são cogitados para concorrer a presidente. Puccinelli chegou a dar sinais claros de que o plano seria dar palanque a Dilma, o que irritou os tucanos. No entanto, o PT está decidido a lançar o ex-governador José Orcírio dos Santos na batalha pela sucessão estadual. A disposição dos petistas, afasta Puccinelli de Dilma, pois ele não aceita a possibilidade de a ministra ter dois palanques no Estado. Mesmo assim, ele não anuncia apoio ao PSDB, que está decidido a ter palanque para o seu candidato a presidente em todos os estados.