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Governo cria sistema de "meritocracia" nas escolas de Mato Grosso do Sul

Instituições mais bem avaliadas ganharão o dobro das que ficarem nas piores colocações; prova será feita com alunos do 2º ano do Fundamental

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O governo do Estado de Mato Grosso do Sul apresentou para análise da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems) o programa MS Alfabetiza, que, entre suas diretrizes, cria uma premiação.

Por meio de avaliação, para as escolas públicas que se destacarem na alfabetização, prevendo repasses de até R$ 2,4 milhões, o que de acordo com especialistas em educação cria um sistema de meritocracia.

 

De acordo com a justificativa do projeto, a intenção é criar “política pública de fomento ao processo de alfabetização de crianças nas redes públicas de ensino”. 

A medida tem como objetivo aferir os níveis de aprendizagem dos estudantes, por meio de avaliações anuais para as turmas do 2º ano do Ensino Fundamental, nas redes municipais e estadual.

A partir do resultado das provas, será concedido o Prêmio Escola Destaque às escolas que obtiverem os melhores índices de alfabetização “como forma de reconhecimento das entregas realizadas e de incentivo à continuidade do bom trabalho desempenhado”.  

Segundo a coordenadora de formação continuada da Secretaria de Estado de Educação (SED), Alessandra Beker, a medida inicia na Educação Infantil, com a formação continuada dos professores, mas o foco são os estudantes do 2º ano do Ensino Fundamental.

“O programa tem como o foco a alfabetização. Vamos ter um trabalho de formação diferenciado com a Educação Infantil, por meio de formação continuada com os professores, e isso vai transpor para o Ensino Fundamental".

"O nosso objetivo é concluir o processo de alfabetização no 2º ano do Ensino Fundamental, o foco da avaliação será para avaliar o ciclo final da alfabetização. Com isso, vamos iniciar o trabalho de aprendizagem desde cedo com esse grupo”, declarou Beker.

IMPRESSÕES

A premiação será voltada para as 30 melhores classificadas, que dividirão o valor de R$ 2,4 milhões.

Já as 30 escolas com os piores resultados, intituladas “escolas apoiadas”, deverão receber assistência das melhores classificadas, em convênio de cooperação técnico-pedagógica, que deve durar um ano, o que, de acordo com especialistas em educação, deve aprofundar ainda mais a desigualdade.  

“O projeto sugere uma meritocracia, as escolas estão localizadas em diferentes regiões e atendem uma população heterogênea, com diferenças culturais, sociais e de gênero, por isso essa premiação para as escolas com ‘melhores resultados’ não promove a justiça social, muito pelo contrário”, apontou a psicopedagoga e doutora em Educação, Gisele Morilha Alves.

Últimas notícias

A doutora em Educação Ângela Maria Costa reitera que o projeto deverá agravar ainda mais os problemas da educação no Estado.  

“Eles partem da premissa da meritocracia, em que o Brasil não oferece oportunidades iguais para todos os cidadãos. A marca da educação brasileira, infelizmente, é a desigualdade. Enquanto não resolvermos os nossos problemas sociais, não iremos resolver o problema da educação”, destacou Ângela.  

O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) entregou o projeto de lei à Alems na manhã de ontem, com a justificativa de que muitos alunos que chegam ao Ensino Médio ainda têm problemas em relação à alfabetização.

“Queremos fortalecer o aprendizado dos nossos jovens das redes municipais. A alfabetização é a base de tudo, se você não tiver um aluno bem alfabetizado, quando ele chegar no Ensino Médio vai ter extremas dificuldades para chegar ao Nível Superior”, apontou o chefe do Executivo estadual.

Gisele defende a importância da realização de avaliações diagnósticas e investimentos financeiros nas escolas do Estado, principalmente pelo período de ensino remoto causado pela pandemia do coronavírus, contudo, segundo a psicopedagoga, as diretrizes do projeto em discussão estabelecem disputa entre as escolas.  

“A alfabetização e letramento no País passa por período crítico, principalmente com a pandemia da Covid-19, que afastou das escolas as crianças no momento crucial desse processo. Deveria ser investido recursos financeiros em todas as escolas, independentemente do resultado da avaliação anual".

"A educação infantil é o período importante da formação integral da criança, da sua autonomia, do seu desenvolvimento psicomotor, neurológico, emocional, cultural entre outros”, destacou.  

O projeto pretende atender às escolas da rede municipal e estadual de Mato Grosso do Sul. A Secretaria de Estado de Educação (SED) conta com 205 mil alunos, enquanto a Rede Municipal de Ensino (Reme) atende 109 mil alunos em Campo Grande.  

“Temos outros tipos de estímulos para promover na educação, por exemplo, a valorização dos professores, melhora na infraestrutura das escolas, entre outros pontos".

"Não existe escola de qualidade se não resolvermos primeiro os problemas sociais que temos, vivemos uma situação tão delicada para um projeto desse estar sendo discutido”, avaliou Ângela Maria Costa.

PROJETO  

Caso a medida seja sancionada, a previsão para 2022 e 2023 é que sejam desembolsados pelo governo do Estado a quantia de R$ 14.479.952, dos quais R$ 7.239.976 para cada um dos anos. Parte desse valor será revertido, anualmente, para a aquisição de livros didáticos no valor de R$ 1,8 milhão.

De acordo com a medida, serão premiadas as 30 escolas que tiverem os melhores índices de alfabetização e outras 30 com os piores desempenhos. 

A contribuição financeira para as escolas denominadas “escolas apoiadas”, ou seja, com os menores índices, deve ser de R$ 1,2 milhão, sendo metade do valor recebido pelas “campeãs”, que é de R$ 2,4 milhões.  

A premiação será repassada em duas parcelas, entretanto, para as escolas mais bem classificadas, a primeira etapa será de 75% do valor total e a segunda o remanescente de 25%.  

Enquanto para as “escolas apoiadas” será repassado 50% do valor total, o qual será pago no ano subsequente ao pagamento, condicionado à manutenção ou à melhoria dos resultados apresentados na avaliação anterior.

Ângela Costa aponta que a premiação não faz sentido, visto que as escolas com maiores dificuldades deveriam receber maior suporte financeiro para aperfeiçoamento.

“Essa premiação das escolas é uma injustiça. As escolas que não alcançarem os melhores índices deveriam receber mais ajuda. Quando oferecem esse tipo de premiação, estão apenas tentando esconder os gravíssimos problemas da educação".

"O foco deveria ser em oferecer a todas as crianças e jovens uma educação de qualidade, que ofereça igualdade de oportunidade para todos, não avaliação para promover disputa”, apontou a doutora em Educação.

Já a realização das avaliações será feita pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica de Mato Grosso do Sul (Saems), que terá o custo de R$ 1,8 milhão por ano. 

Os valores repassados para as escolas só poderão ser utilizados em ações de melhoria dos resultados de aprendizagem.  

Segundo a medida, também haverá prestação de contas e outros meios de fiscalização do recurso repassado por meio da Pasta de Educação. Os recursos serão provenientes da SED, por meio de arrecadação tributária. 

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Cabe recurso

Jogo do bicho: deputado Neno Razuk é condenado a 15 anos de prisão

Condenação foi proferida  pela 4ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul

16/12/2025 17h45

Deputado estadual Neno Razuk (PL)

Deputado estadual Neno Razuk (PL) Foto: Wagner Guimarães / Alems

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O deputado estadual Neno Razuk (PL) foi condenado a 15 anos e 7 meses de prisão, apontado como o "cabeça" de um grupo criminoso para tomar o controle do jogo do bicho em Campo Grande. A condenação foi proferida  pela 4ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) nesta segunda-feira (15) e sentencia outras 11 pessoas. 

Conforme os autos do processo que corre em segredo de Justiça, os réus tentaram anular a condenação sob pedindo a nulidade das investigações. Em resposta ao Correio do Estado, André Borges, advogado de defesa do deputado, disse que irá recorrer da sentença. "Defesa certamente recorrerá; processo está longe de encerrar; Neno confia na decisão final da justiça", declarou. 

Condenações 

  • Carlito Gonçalves Miranda 10 anos, 9 meses e 24 dias de reclusão, em regime fechado; Não tem o direito de recorrer em liberar e segue sendo procurado;
  • Diogo Francisco 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade;   
  • Edilson Rodrigues Ferreira 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade; 
  • Gilberto Luis dos Santos 16 anos, 4 meses e 29 dias de reclusão, em regime fechado; permanecerá preso;
  • José Eduardo Abduladah 4 anos e 1 mês de reclusão, em regime fechado; permanecerá em prisão domiciliar;
  • Júlio Cezar Ferreira dos Santos 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade;
  • Manoel José Ribeiro 13 anos, 7 meses e 1 dia de reclusão, em regime fechado; permanecerá preso;
  • Mateus Aquino Júnior 11 anos e 7 meses de reclusão, em regime fechado; não terá o direito de recorrer em liberdade e segue sendo procurado;
  • Roberto Razuk Filho 15 anos, 7 meses e 15 dias de reclusão, em regime fechado; terá o direito de recorrer em liberdade;
  • Taygor Ivan Moretto Pelissari 4 anos, 11 meses e 15 dias de reclisão, em regime fechado; não terá o direito de recorrer em liberdade e segue sendo procurado; 
  • Valnir Queiroz Martinelli 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade;
  • Wilson Souza Goulart 4 anos, 2 meses e 22 dias de reclusão, no semiaberto; terá o direito de recorrer em liberdade; 

Buscas

Em novembro deste ano, o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), apreendeu mais de R$ 300 mil durante a operação deflagrada contra alvos ligados à família Razuk. A ação, realizada em conjunto com o Batalhão de Choque da Polícia Militar, também resultou na prisão de três familiares do deputado estadual Neno Razuk. 

Foram detidos o pai do parlamentar, Roberto Razuk, e os irmãos Rafael Razuk e Jorge Razuk. Segundo informações, além do montante em dinheiro, equipes recolheram armas, munições e máquinas supostamente usadas para registrar apostas do jogo do bicho.

Os materiais foram apreendidos durante o cumprimento dos 20 mandados de prisão preventiva e 27 de busca e apreensão executados  em Campo Grande, Dourados, Corumbá, Maracaju e Ponta Porã, além de endereços no Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul.

Em Dourados, viaturas foram vistas logo cedo em bairros como Jardim Água Boa e Vila Planalto. A residência de Roberto Razuk foi um dos principais pontos de ação, onde agentes recolheram malotes.

Outro alvo da operação é Sérgio Donizete Balthazar, empresário e aliado político, proprietário da Criativa Technology Ltda., que no início deste ano ingressou no Tribunal de Justiça com mandado de segurança para tentar suspender a licitação da Lotesul, estimada em mais de R$ 50 milhões.

Também aparecem entre os alvos o escritório de Rhiad Abdulahad e Marco Aurélio Horta, conhecido como "Marquinho", chefe de gabinete de Neno Razuk e funcionário da família há cerca de 20 anos.

A família Razuk, já foi alvo de apurações relacionadas ao jogo do bicho em Mato Grosso do Sul. A ação é tratada pelo Ministério Público como uma nova fase dessas investigações.

FASES

Em outubro de 2023, antes das fases da Successione, a Polícia Civil fez uma apreensão de 700 máquinas da contravenção, semelhantes a máquinas de cartão utilizadas diariamente em qualquer comércio, sendo facilmente confundidas.

As prisões foram desencadeadas a partir da deflagração das fases da Operação Successione, que começou no dia 5 de dezembro de 2023. Na ocasião, foram cumpridos 10 mandados de prisão e 13 mandados de busca e apreensão. Foi nesta fase que os ex-assessores parlamentares de Neno Razuk foram pegos.

Duas semanas depois, no dia 20 de dezembro, foi deflagrada a segunda fase da operação, com o cumprimento de 12 mandados de prisão e 4 de busca e apreensão. Ela foi realizada após investigações do Gaeco apontarem que a organização criminosa continuou na prática do jogo do bicho, além de concluírem que policiais militares também atuavam nesta atividade.

No dia 3 de janeiro do ano passado, chegou a vez da terceira fase da operação, com mais dois envolvidos presos pela contravenção na Capital.

A disputa pelo controle do jogo ilegal em Campo Grande se intensificou após a prisão de Jamil Name e Jamilzinho, durante a Operação Omertá, em 2019, que eram apontados pelas autoridades como os donos do jogo do bicho em Mato Grosso do Sul. 

Quatro anos depois, Jamil Name Filho foi condenado a 23 anos de reclusão, após um julgamento de três dias.

O termo italiano "Successione"  que dá nome a operação, é uma referência a disputa pela sucessão do jogo bicho em Campo Grande após a operação Omertá. A decisão desta terça-feira cabe recurso. 

**Colaborou Felipe Machado

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Greve

Sem ônibus, idosos enfrentam dificuldade com carros de aplicativo

Ao procurar atendimento médico no Centro Especializado Municipal, em Campo Grande, idosos enfrentam alto custo e confusão na hora de solicitar o serviço por aplicativo

16/12/2025 17h15

Crédito: Pagu / Correio do Estado

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Com a greve dos motoristas de ônibus, idosos que tinham consultas marcadas enfrentaram dificuldades para chamar veículos por aplicativo na tarde desta terça-feira (16), na saída do Centro Especializado Municipal, em Campo Grande.

Na ausência de pessoas para ajudar, a reportagem foi abordada pelo auxiliar de pedreiro Davi Soares, de 60 anos, que tentava voltar para casa, mas não conseguia auxílio.

O idoso relatou que iria de ônibus, mas, devido à greve do transporte público, teve de recorrer ao serviço por aplicativo. Ele compareceu ao Cem para uma consulta com o dentista, pois está em processo de confecção de uma prótese dentária.

Morador do Jardim Noroeste, Davi passou pela consulta, e o retorno está previsto para fevereiro de 2026. No entanto, ele enfrentava dificuldades para entender o funcionamento do aplicativo.

“Eu tô com dificuldade para chamar um carro e voltar para casa, né?”, disse.

Davi Soares, tentando entender o aplicativo / Crédito: Pagu / Correio do Estado

Além da mudança na forma de transporte, como noticiou o Correio do Estado, a greve dos ônibus aumentou em 140% as viagens por veículos de aplicativo.

Com isso, idosos que não podem perder consultas estão desembolsando valores mais altos. É o caso da artesã Shirley Aparecida Dias, de 64 anos, que levou a mãe para uma consulta.

“A corrida [quando o ônibus não está em greve] fica, em média, uns R$ 17 ou R$ 18, e hoje deu R$ 24”, informou Shirley, em uma situação em que a mãe dela aguardou um ano e meio para passar pela consulta com um médico entomologista.

Greve

Com o transporte parado pelo segundo dia consecutivo e a paralisação sem previsão de término, esta é a maior greve que a Capital enfrenta nos últimos 31 anos.

Hoje, mais uma vez, os terminais Morenão, Julio de Castilho, Bandeirantes, Nova Bahia, Moreninhas, Aero Rancho, Guaicurus, General Osório e Hércules Maymone amanheceram fechados sem nenhuma "alma viva".

Em contrapartida, as garagens amanheceram lotadas de ônibus estacionados. A greve foi alertada antecipadamente, estava prevista e não pegou passageiros de surpresa.

Por conta da chuva, ficou mais difícil recorrer a alternativas nesta terça-feira (16), sendo impossível chegar de bicicleta ao trabalho e complicado pagar o preço sugerido pelos transportes por aplicativo.

A greve ocorre por falta de pagamento. Com isso, os motoristas reivindicam por:

  • Pagamento do 5º dia útil, que deveria ter sido depositado em 5 de dezembro – foi depositado apenas 50% - está atrasado
  • Pagamento da segunda parcela do 13º salário – vai vencer em 20 de dezembro
  • Pagamento do vale (adiantamento) – vai vencer em 20 de dezembro

** Colaborou: Naiara Camargo

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